31 de outubro de 2025 - por Sidemar Castro
O lucro tributável é a base de cálculo sobre a qual incidem os impostos de renda, como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), no contexto da legislação fiscal brasileira.
Na matéria a seguir, entenda mais sobre o lucro tributável, como calcular e exemplos
Leia mais: Lucro: entenda melhor esse importante conceito
O que é lucro tributável?
Lucro tributável é o montante sobre o qual a empresa ou a pessoa jurídica vai efetivamente pagar impostos, conforme as regras da legislação. Ele não é simplesmente o lucro líquido que aparece no balanço contábil, mas sim esse lucro ajustado, ou seja, partindo do lucro líquido são feitas adições, exclusões ou compensações que a lei permite.
Em outras palavras: você começa com o resultado que a empresa apurou, faz os ajustes previstos pela legislação fiscal (por exemplo, incluir despesas que não são dedutíveis ou excluir receitas que são isentas) e o valor que resta é o chamado lucro tributável.
Entender isso é importante porque é esse valor que define a carga de imposto e, portanto, tem impacto no planejamento financeiro e contábil da empresa.
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Lucro tributável e o lucro Real
Vamos imaginar de outra forma: a empresa faz suas contas contábeis, receita menos custos, despesas etc., e chega a um número que chamamos de lucro líquido. No entanto, para fins de tributação, esse valor precisa ser “ajustado” conforme as regras do fisco.
É aí que entra o conceito de lucro tributável: o lucro líquido ajustado pelas adições (por exemplo, despesas que não podem ser deduzidas) e exclusões (por exemplo, receitas isentas ou que não devem entrar na base) definidas pela legislação.
Quando uma empresa está sujeita ao regime de lucro Real, ela declara e paga os tributos com base nesse lucro tributável. Ou seja: no lucro Real, os impostos têm como base o lucro efetivamente apurado, com todos os ajustes legais. Isso torna a tributação mais “justa”, porque considera a realidade da empresa: seus custos, despesas, lucros ou até prejuízos.
Isso também significa que se a empresa tiver prejuízo ou margem de lucro muito baixa, o regime lucro Real pode ser uma opção mais vantajosa (ou mesmo obrigatória, dependendo do faturamento ou tipo da atividade).
Lucro tributável e os regimes de tributação
Você tem uma empresa e, ao final do mês, sobra um valor depois de pagar todas as contas. Esse valor é o lucro. Mas, para o governo, o que importa é o quanto desse lucro será usado como base para calcular os impostos. Esse valor é o chamado lucro tributável.
Só que nem sempre o lucro contábil é o mesmo que o lucro tributável. A legislação permite que algumas despesas sejam excluídas ou adicionadas nesse cálculo. E tudo isso muda conforme o regime de tributação adotado.
No lucro Real, o cálculo é mais detalhado e exige controle rigoroso das finanças. No lucro presumido, o governo presume quanto a empresa lucra com base na receita. E no Simples Nacional, tudo é mais enxuto e voltado para empresas menores.
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Como calcular o lucro tributável?
Vamos simplificar: imagine que o “lucro contábil” é a foto da empresa ao fim do período: receitas menos despesas.
Para saber “sobre o que a empresa vai pagar imposto”, não basta olhar essa foto. É preciso adaptar às regras fiscais: acrescentar ou retirar valores conforme o que a lei permite ou não.
Esse resultado ajustado é o chamado lucro tributável (ou base para o imposto). Aí sim, você aplica a alíquota que a lei define para o imposto de renda e para a contribuição social sobre o lucro.
Por exemplo, se depois dos ajustes a base for R$ 100.000, para o IRPJ você calcula 15 % ou mais, se aplicável, e para a CSLL 9 %, conforme regras vigentes.
Em suma: lucro contábil ajustado = lucro tributável; lucro tributável × alíquotas = imposto.
Como considerar o lucro tributável nos investimentos?
Você aplicou seu dinheiro, teve um bom rendimento e agora precisa ver quanto desse rendimento vai “ficar no bolso” depois dos impostos. O primeiro passo é perceber que o que aparece como lucro bruto nem sempre é o que será considerado para o imposto — entra aí o tal “lucro tributável”. Esse termo, no uso contábil-tributário, representa o resultado ajustado para efeito de imposto, isto é, lucro apurado + acréscimos permitidos – exclusões permitidas – compensações que a legislação autoriza.
Para investidores pessoa física, vale olhar para os ganhos obtidos (por exemplo, venda de ações, cotas de fundo, rendimento de aplicações) e ver como se dá a tributação: qual alíquota se aplica, qual o prazo da aplicação, se há isenção ou limite.
Com isso em mente, você passa a calcular sua rentabilidade “líquida de imposto”, ou seja: lucro obtido menos o imposto devido.
Isso ajuda a comparar diferentes investimentos de forma justa, um com rendimento alto, mas tributação pesada pode no fim render menos do que outro com rendimento moderado e faixa de imposto menor. Em outras palavras: considerar o imposto no planejamento é tão importante quanto considerar o rendimento bruto.
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Diferença entre lucro tributável e lucro contábil
Pense assim: imagine que a empresa olhe para os seus registros contábeis e apure “quanto ganhou”: esse é o lucro contábil. Ele considera receitas, custos, despesas, provisões e segue o regime de competência da contabilidade, ou seja, reconhece efeitos mesmo que não tenha havido fluxo de caixa imediato.
Agora imagine que o fisco chega e diz: “Bom, vamos ver quanto desse lucro a empresa realmente vai usar como base para tributar.” Esse valor é o lucro tributável. Ele parte do lucro contábil, mas aplica regras da legislação fiscal que determinam que algumas despesas não podem abater, algumas receitas não entram, alguns prejuízos de anos anteriores podem compensar parcialmente, e por aí vai.
Ou seja, embora ambas as figuras, lucro contábil e lucro tributável, partam do conceito de “resultado da empresa”, elas têm finalidades diferentes.
O lucro contábil serve para demonstrar à sociedade, aos acionistas, aos investidores e aos outros stakeholders qual foi o desempenho da empresa segundo as normas contábeis. Já o lucro tributável serve para calcular os impostos devidos, conforme as regras fiscais. Por isso, as diferenças entre eles são comuns e esperadas.
Se a empresa for desprevenida quanto a esse “salto” entre contabilidade e tributos, pode acabar com surpresas de impostos maiores ou com base de cálculo inesperada, por isso, o planejamento tributário e o bom controle contábil caminham juntos.
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Qual a importância do lucro tributável?”
O conceito de lucro tributável é importante porque ele define a base sobre a qual o fisco vai cobrar impostos. Para uma empresa, não basta olhar apenas o “resultado contábil” ou o que aparece nas demonstrações financeiras, é preciso saber quanto desse resultado será considerado para fins de imposto, ou seja, o lucro ajustado segundo as normas tributárias.
Quando a empresa ou o investidor entende bem qual o valor do lucro tributável, fica mais fácil planejar de forma estratégica: se sabe quanto será a “mordida” do imposto, pode avaliar melhor os projetos de investimento, os regimes fiscais ou as deduções possíveis.
Além disso, ter clareza sobre o lucro tributável ajuda a evitar surpresas: por exemplo, descobrir que grande parte do “lucro” aparente não era dedutível ou que certas receitas foram excluídas da base de imposto. Com esse controle, melhora a conformidade com a legislação e diminui o risco de autuações ou penalidades.
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Fontes: Mais Retorno, Suno, Maxima Rentabilidade, Fundacion Mapfre, Investopedia, Guia Tributário.