Como as criptomoedas causam impacto ambiental?

9 de novembro de 2022 - por Jaíne Jehniffer


As criptomoedas causam impacto ambiental por causa da mineração, que exige um alto gasto de energia. Em resumo, é na mineração que os usuários validam as transações na rede Blockchain.

Desse modo, ela é necessária para que ocorra o registro das transações. Com isso, se evita que a mesma cripto seja usada mais de uma vez, por exemplo.

Nesse processo de validação, os usuários precisam resolver problemas matemáticos. Para isso, é usado o poder computacional, na tentativa de resolver os problemas e validar as transações.

O usuário que conseguir resolver o problema e validar a transação, recebe uma recompensa: uma fração de criptomoeda.

O problema de todo esse processo é que vários computadores tentam resolver os problemas ao mesmo tempo. Sendo assim, todos eles gastam uma grande quantia de energia.

Portanto, a poluição ambiental em si, ocorre na geração de energia. Isso sobretudo com a queima de combustíveis fósseis: petróleo, carvão e gás natural.

Impacto ambiental causado pelas criptos

As criptomoedas causam impacto ambiental de forma indireta. Isso porque a mineração de criptos exige um alto gasto de energia.

A geração de energia, por sua vez, causa poluição ambiental. Ainda mais se considerarmos a queima de combustíveis fósseis: petróleo, carvão e gás natural.

No processo de mineração, são vários computadores tentando resolver o problema matemático para validar a transação e receber criptomoeda como recompensa.

Como são vários computadores tentando resolver o problema e apenas um será resolver a questão e receber a recompensa, existe um desperdício de energia.

Afinal de contas, vários computadores terão gasto energia à toa, sem receber nada em troca. Sendo que os computadores voltados à mineração gastam muito mais energia que computadores comuns.

Marcos Antônio Simplício Júnior, professor e pesquisador no Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC-USP) da Escola Politécnica da USP, explica que:

“Muita gente tenta a mesma resposta e testa a chave uma a uma. Todo mundo que não conseguir vai desperdiçar energia, já que boa parte das criptos têm baixa taxa de transação e gastam bastante energia – o Bitcoin é particularmente ruim do ponto de vista energético”.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Cambridge, esses processos computacionais consomem cerca de 121,36 terawatt-horas (TWh) por ano.

Isso equivale a 1 bilhão de quilowatts, o consumo de energia anual da Argentina, com 40 milhões de habitantes.

A energia 100% limpa existe?

Talvez você esteja se perguntando se no Brasil a mineração não polui. Afinal de contas, por aqui existe um grande uso de energia gerada por usinas hidrelétricas, tidas como energia limpa.

De fato, segundo dados da FGV, a energia gerada por usinas hidrelétricas corresponde a 29% da matriz energética brasileira em 2019.

No entanto, como explica o professor de física do Instituto Federal de Santa Catarina Marcelo Schappo:

“Muita gente acredita que energias ‘limpas’, de fontes renováveis, não geram qualquer impacto ambiental, o que é um mito. Não existe fonte de energia 100% limpa.

Mesmo quando falamos em energia eólica ou solar, existe o processo de fabricação das hélices, geradores, placas solares, baterias: existem emissões de gases de efeito estufa escondidas ao longo do processo fabril.

O mesmo vale para as hidrelétricas, que só se tornam eficientes com o alagamento e represamento da água. Toda fonte energética está associada a algum tipo de impacto ambiental”.

Tem como reverter?

Existem algumas possibilidades para deixar de lado os processos que geram um grande gasto de energia.

O professor do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli-USP, Bruno Albertini, explica que:

“Teremos que mudar para criptos verdes do ponto de vista energético. Em vez de gastar dinheiro em uma expedição à Amazônia, os locais fazem a extração de DNA, entram no sistema de blockchains e inserem o dado. Quando alguém comprar esse DNA, eles serão remunerados.

A pessoa vai receber não por consenso (como o Bitcoin), mas por contribuir com informações úteis e sem gastar poder computacional. É blockchain aplicado a ativos com valores intrínsecos, com valor comercial de verdade”.

Enfim, existem formas de pensar em um gasto de energia mais sustentável.

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