Dividendos: o que são, como funcionam e como receber?

20 de agosto de 2020, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 10 min, 8 seg


Os dividendos são uma parte dos lucros da empresa distribuídos entre os acionistas de forma proporcional à sua participação no negócio. Sendo assim, quanto maior a quantidade de ações uma pessoa tiver, maior a quantidade de dividendos que ela receberá.

Para receber dividendos, basta investir em empresas listadas na bolsa de valores. Por lei, todas elas devem distribuir dividendos, mas algumas distribuem proventos de uma forma mais frequente do que outras. Depois de investir nessas empresas é só esperar. Quando distribuírem dividendos o dinheiro cai direto na conta do investidor.

Existem diferentes tipos de dividendos como, por exemplo, os JCP e as bonificações em ações. Mas o tipo mais comum é em dinheiro mesmo. Ou seja, os investidores recebem um valor em reais de forma proporcional a quantidade de ações da empresa que eles têm na carteira.

O que são dividendos?

As empresas que estão na bolsa de valores, isto é, as empresas de capital aberto, periodicamente dividem parte dos seus lucros. Essa divisão de uma porcentagem dos ganhos da empresa é chamada de dividendo ou proventos.

Os dividendos podem ser vistos como uma espécie de remuneração que a empresa paga aos seus acionistas. Essa remuneração é proporcional ao valor de ações que você tiver na empresa.

A sua porcentagem de ganhos vai cair na sua conta da corretora, sendo opcional transferir o valor para sua conta de um banco ou reinvestir esse valor na mesma ou em outra empresa. 

Mas atenção, o fato de uma empresa distribuir mais proventos não quer dizer que ela seja melhor do que, por exemplo, uma Small cap. Quer dizer apenas que ela teve lucro o suficiente para distribuir.

Por outro lado, pode ser que a empresa não esteja investindo em si mesma, dessa forma, o valor futuro de dividendos pagos pode sofrer alteração futura.

Tipos de dividendos

1. Em ações

O dividendo em ações é chamado de bonificação em ações. Nesse tipo, o investidor recebe ações ao invés de dinheiro. Sendo assim, a pessoa não recebe uma quantia em reais, ela recebe uma quantidade de ações, o que serve para aumentar a sua participação acionária na empresa.

A quantidade de ações a serem recebidas é de acordo com a participação acionária de cada investidor. Por exemplo, vamos supor que a empresa X anuncia que distribuirá 3 ações para cada 100 ações para os acionistas. Neste caso, se você tem 200 ações da empresa, você receberá 6 ações como provento.

A vantagem de receber ações é que você aumenta a sua participação acionária sem precisar investir ativamente para isso. Ao elevar a sua participação acionária, você aumenta a sua participação na distribuição de dividendos no futuro, já que a distribuição é sempre proporcional à quantidade de ações que o acionista possui.

2. Em dinheiro

Esse é um dos tipos mais comuns de distribuição de proventos. Neste caso, você recebe uma quantia em dinheiro de forma proporcional a quantidade de ações que tem da empresa.

O dinheiro cai diretamente na sua conta na corretora e você tem a opção de transferir esse dinheiro para a sua conta bancária ou reinvestir.

A dica é reinvestir esse dinheiro para aumentar a sua participação na empresa, assim terá uma participação maior na distribuição de dividendos no futuro. Além disso, no longo prazo, esse reinvestimento resulta na mágica dos juros compostos.

3. Dividendo especial

Os dividendos especiais são também conhecidos como dividendos one-time. Eles ocorrem em situações quando a empresa distribui proventos fora da agenda de dividendos. Ou seja, é um dividendo não esperado, o que o torna especial.

A empresa pode distribuir dividendos especiais por vários motivos. Por exemplo, a empresa pode ter registrado um aumento de caixa depois de vender uma parte do negócio, logo, ela decide compartilhar uma parte desses ganhos com os acionistas.

4. Direito de subscrição

O direito de subscrição é a preferência que os acionistas de uma empresa têm na compra de ações quando a empresa emite novas ações no mercado.

Repare que é um direito do acionista e não uma obrigação. Isso significa que você pode comprar ações para manter a sua participação acionária ou não comprar. Como a empresa emitiu novas ações, o acionista que não comprar mais ações, acaba tendo a sua participação no negócio reduzida.

5. Juros sobre capital próprio

Os Juros Sobre Capital Próprio (JCP) se parecem com os proventos em dinheiro. Mas, neste caso, ocorre uma tributação de 15% de Imposto de Renda em cima do valor distribuído. A tributação ocorre diretamente na fonte, ou seja, o dinheiro cai na sua conta já descontado o imposto.

Como eles funcionam?

Os dividendos funcionam como parte dos lucros da empresa distribuídos entre os acionistas de forma proporcional à sua participação no negócio. Isso significa que, para distribuir dividendos, a empresa precisa ter um bom faturamento.

Toda empresa tem um conselho administrativo que vai analisar, dentre outras coisas, o índice de cobertura, o que significa dizer que irão decidir se o faturamento foi suficiente para destinar uma parte aos acionistas. Esse conselho administrativo é um órgão interno da empresa e supervisiona a organização e suas atividades. 

Posteriormente, caso o conselho decida favoravelmente à distribuição de dividendos, a decisão é protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ligada ao Banco Central. É ela a responsável pela regularização do mercado de capitais. Finalmente, a notícia de que a empresa vai pagar dividir os lucros é anunciada publicamente. 

Um detalhe importante é que o pagamento de dividendos é estipulado por lei. Portanto, todas as empresas que constituem o quadro da bolsa de valores, devem distribuir, pelo menos, 25% dos seus lucros entre os acionistas, mas essa prática não precisa ser mensal, é a empresa que decide.

Entretanto, para as empresas também é importante dividir seus lucros, pois é uma forma de atrair a atenção de investidores. Até porque, dividir seus ganhos é uma forma de mostrar que a empresa está estável, com bons lucros e que é confiável investir nela.

Uma característica importante dos dividendos é que, antes de seu pagamento, a empresa realiza a dedução do imposto de renda. Portanto, a remuneração que chega ao acionista é completamente isenta de imposto, já que ele já foi pago pela empresa.

Quais são as datas importantes dos dividendos?

1. Data de declaração ou aprovação

É nessa data que o conselho de administração da empresa anuncia o pagamento de dividendos.

Essa é uma data muito importante, já que, ao anunciar que irá distribuir dividendos, a empresa se torna obrigada por lei a honrar com o compromisso assumido publicamente. Essa declaração geralmente vem acompanhada das seguintes informações:

  • Valor do dividendo: o valor que será pago por cada ação.
  • Data de registro: quando a empresa registra todos que vão receber os lucros.
  • Data de pagamento: a data efetiva em que os investidores irão receber os proventos.

2. Data de ex-dividendos

Também chamada de data ex, a data ex-dividendos é estabelecida pela Bolsa de Valores e funciona como uma forma de organizar quem vai receber os dividendos anunciados pela empresa.

Na prática, quem comprar ações até a data ex-dividendo tem direito ao recebimento de proventos. Quem comprar depois não receberá dividendos.

3. Data de pagamento

Por fim, temos a data de pagamento, que é o dia onde os investidores, de fato, recebem os dividendos.

Quais são os investimentos e ações que pagam dividendos?

As ações que pagam muitos dividendos são chamadas de ações de dividendos. Elas pertencem a grandes empresas com alto faturamento, o que permite a distribuição de dividendos em várias ocasiões do ano.

Por lei, todas as empresas listadas na bolsa são obrigadas a distribuir dividendos, a cada ano fiscal, se houver lucro. No entanto, algumas empresas distribuem proventos mais do que outras. Vários aspectos influenciam na decisão da empresa entre distribuir ou não os proventos.

Por exemplo, uma empresa pode ter alto faturamento, mas optar por reinvestir esse dinheiro para o seu crescimento e expansão das atividades. Mas as ações não são o único tipo de investimento que paga dividendos, apesar de ser o mais famoso.

Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) também distribuem muitos proventos. Na verdade, os FIIs costumam distribuir proventos de forma mensal,  o que é muito bom para quem quer montar uma carteira de dividendos para viver de renda.

Os fundos de ações também podem distribuir proventos, pois recebem dividendos das empresas em que possuem participação. No entanto, esse tipo de distribuição não é comum no Brasil, pois os fundos costumam reinvestir esses dividendos.

Por fim, outra forma de receber proventos é por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Em síntese, os BDRs são negociados na bolsa brasileira, mas representam ações de empresas internacionais. Quando essas empresas distribuem proventos, eles são repassados aos investidores.

Como calcular os dividendos?

Para analisar uma empresa e descobrir se ela é uma boa pagadora de dividendos, é preciso calcular o Dividend Yield (DY). Traduzindo do inglês significa: Rendimento do Dividendo. O Dividend Yield é o índice de rendimento dos dividendos dentro de um período em relação ao valor das ações. 

Para calcular o Dividend Yield usamos uma equação: Valor dos dividendos pagos em uma unidade de ação dividido pelo valor das cotações unitárias da ação atualmente. O resultado, portanto, é o quanto seus dividendos renderam por ação. 

Vamos para um exemplo prático. Suponhamos que você tenha uma ação que custa R$ 100,00 e ontem foi anunciado o pagamento da distribuição de parte dos ganhos da empresa.

Para fazer as contas, é só pegar o valor anunciado de R$ 7 reais por ação que ela vai pagar e multiplicar pela quantidade de ações que você tem. Suponhamos, então, que sejam 100 ações dessa empresa. Logo, você receberá R$700,00, e o Dividend Yield vai ser de 7%.

Após usar esse cálculo em todas as empresas que distribuíram dividendos da sua carteira de investimentos, faça o comparativo. Por fim, você poderá saber qual paga o melhor dividendo. 

Como criar uma carteira de dividendos?

Para montar uma carteira de dividendos, basta seguir o passo a passo:

1º passo: Faça um levantamento das empresas que mais pagam dividendos. Para isso, você pode usar alguns indicadores, tais como:

  • Dividend yield
  • Payout
  • Preço da ação

2ª passo: Analise a saúde e perspectiva financeira da empresa. Não é indicado investir em uma empresa apenas porque ela paga muitos dividendos.

O ideal é optar por empresas com boa saúde financeira e perspectivas de crescimento futuro. Uma das formas de analisar uma empresa é por meio da análise fundamentalista de ações.

3º Diversifique. A diversificação da carteira de dividendos é uma forma de reduzir os riscos e aumentar as chances de altos retornos. Por isso, não invista em apenas uma empresa, aplique em diferentes empresas de setores de atuação variados.

Agenda de dividendos

A agenda de dividendos é um apanhado de todas as empresas que podem fazer o pagamento de dividendos em certo prazo. Com base nessa agenda, os investidores podem se planejar melhor, principalmente aqueles que vivem do recebimento de dividendos.

Mas é preciso não confiar em excesso nessa agenda, pois ela é apenas uma previsão dos pagamentos que podem ocorrer nos próximos meses ou semanas, o que significa que mudanças podem ocorrer. Enfim, essa agenda é composta por:

  • Data de declaração
  • Ex-dividendo ou data ex
  • Data de registro
  • Data de pagamento

Enfim, gostou de aprender sobre dividendos? Então leia também: Dividend yield acima da Selic – Ações baratas que pagam bons dividendos

Fontes: BTG, Empiricus, Infomoney, Toro investimentos, Suno, Rico