Finanças comportamentais, o que são? Como surgiu e importância

13 de janeiro de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 6 min, 29 seg


As finanças comportamentais são um campo de estudo voltado para a compreensão das decisões financeiras das pessoas. Dessa maneira, o objetivo é entender como o ser humano é influenciado no setor econômico. 

Antes do surgimento das finanças comportamentais, a ciência acreditava que as pessoas analisavam todas as alternativas e escolhiam sempre a opção com menos riscos. Ou seja, acreditavam que as decisões humanas eram racionais. 

No entanto, as pesquisas que resultaram na criação das finanças comportamentais descobriram que existem inúmeras influências nas decisões humanas e que, no geral, o ser humano não é muito racional. 

O que são finanças comportamentais

As finanças comportamentais são um campo de estudo que visa compreender como funciona o processo que leva as decisões financeiras, usando como base a economia e a psicologia. Em outras palavras, o seu objetivo é entender como as pessoas tomam suas decisões econômicas. 

As pesquisas nesta área começaram a surgir, quando pesquisadores perceberam que o comportamento humano em relação às finanças não poderia ser totalmente explicado como tomadas de decisões racionais.

Finanças comportamentais, o que são? Como surgiu e importância

Financials

Acontece que, antes do surgimento desta área de estudos, os cientistas acreditavam que as decisões financeiras eram baseadas em conhecimentos racionais.

Entretanto, o que se descobriu foi que as decisões financeiras das pessoas, eram influenciadas por diversos fatores individuais, como por exemplo, suas crenças em relação ao dinheiro

Como as finanças comportamentais surgiram

Durante décadas, a economia e a psicologia se aproximaram e se distanciaram. Sendo assim, muitos anos se passaram desde a primeira vez em que os termos economia e psicologia apareceram juntos, no século XX, através da obra Psicologia Econômica do sociólogo Gabriel Tarde, até a criação do campo de estudo de finanças comportamentais. 

Antes de se começar a estudar o que levava as decisões financeiras das pessoas, a ciência afirmava que o ser humano conseguia ser completamente racional em suas escolhas financeiras. Na época, a Teoria da Utilidade Esperada, pregava que as pessoas avaliavam todas as possibilidades antes de fazer sua escolha. 

Finanças comportamentais, o que são? Como surgiu e importância

Anti-frágil

Além disso, os cientistas acreditavam que as pessoas eram totalmente avessas ao risco e sempre escolhiam a opção mais segura. Contudo, os estudos dos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky colocaram esta certeza científica à prova. 

Acontece que os pesquisadores descobriram que as pessoas aceitaram correr riscos, desde que acreditassem que o risco evitava a perda de parte do dinheiro. Outro dado descoberto pelos psicólogos, é que emoções como o medo possuem uma forte influência na tomada de decisão. Portanto, não somos totalmente racionais nas nossas decisões financeiras. 

A importância de entender as finanças comportamentais

Entender sobre as finanças comportamentais é extremamente importante para os investidores, já que ela ajuda a compreender como as decisões financeiras são tomadas. Sendo assim, ela pode te ajudar a entender o porquê tomou determinadas atitudes, quando tinha se comprometido com o contrário. 

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Investidor em valor

As finanças comportamentais são importantes também para os investidores que querem entender como são influenciados pelas emoções e porque são contrários à alguns produtos financeiros. 

Equívocos de lógica

Dentro das finanças comportamentais são estudados os equívocos de lógica, que consistem nos mecanismos que o cérebro usa para enganar-se a si mesmo. Os equívocos de lógica podem ser separados em dois grandes grupos: os vieses e as heurísticas. Apesar de serem divididos em grupos, geralmente mais de um padrão pode ser percebido ao mesmo tempo. 

1- Vieses

Os vieses são todos os padrões de julgamentos errados que fazemos nas tomadas de decisões financeiras. 

Confirmação: No viés de confirmação, as pessoas dão mais peso para as informações que confirmam as suas convicções. Por exemplo, se um investidor deseja aplicar em determinada empresa, ele dá maior credibilidade aos dados que confirmam a sua vontade de investir nela. 

Energy capsule

Custo afundado: Este viés se refere à dificuldade humana em abandonar projetos depois de investir neles. Dessa forma, mesmo que a pessoa perceba indícios de que ela cometeu um erro, ela tem dificuldades em desapegar.

Informação: No viés da informação, a pessoa busca por excesso de informações para solucionar seus problemas. Este viés atrapalha nas decisões financeiras porque, por mais que se busque informações, a pessoa nunca está satisfeita. 

Retrospectiva: Também chamado de viés de retrovisor, o viés de retrospectiva se refere à tendência humana de ressignificar o passado. Dessa maneira, depois que os eventos passaram, é fácil fazer uma nova interpretação e supervalorizar a capacidade humana de prever os fatos inesperados. 

2- Heurísticas

As heurísticas são os atalhos que o cérebro cria para tomar decisões de forma rápida. 

Disponibilidade: Neste atalho mental, o cérebro estabelece a probabilidade que um evento tem de acontecer novamente, apenas com base na lembrança de algum evento similar do passado. 

Afeto: Com este atalho mental, as pessoas tomam decisões baseadas exclusivamente nas emoções que elas sentem. A influência do afeto é tão grande nas decisões financeiras, que, por vezes, nem percebemos que estamos agindo por emoção.

Finanças comportamentais, o que são? Como surgiu e importância

Martinelli Guimarães

Ancoragem: Neste caso, o cérebro se ancora em números e informações para julgar rapidamente uma decisão. Um exemplo disso é quando vemos a palavra “promoção” e, automaticamente, ficamos com vontade de gastar. 

Representatividade: Por fim, a heurística da representatividade é a tomada de decisão baseada no sentimento de pertencimento, ou seja, representatividade da pessoa. 

O que influencia as decisões financeiras

Existem diversos fatores que influenciam nas nossas decisões financeiras, como por exemplo, as crenças construídas ao longo da vida e as emoções primárias. Além dos vieses e heurísticas, podemos destacar alguns padrões muito comuns no dia a dia:

Aversão às perdas: Ninguém gosta do sentimento de perder. Justamente por isso, criamos alternativas e estratégias para evitar a perda. Levando isso para o mundo dos investimentos, podemos imaginar um investidor que prefere continuar com um ativo esperando ele se valorizar, apenas para não assumir que perdeu dinheiro com aquela aplicação. 

Eu sem fronteiras

Rebanho: O comportamento de rebanho é uma tendência forte não apenas em relação às finanças, mas em diversos aspectos da vida. Podemos citar como exemplo, o efeito manada, que leva os investidores a aplicar em uma ação somente porque todos estão fazendo aportes nela. 

Contabilidade mental: Este padrão pode ser percebido pelas pessoas que fazem cálculos mentais antes de realizar gastos inesperados ou um investimento ruim. Em resumo, a pessoa faz um rápido cálculo mental e toma a decisão sem antes analisar profundamente se aquela é a alternativa mais racional. 

Confiança em excesso: O excesso de confiança no mundo financeiro é um verdadeiro risco. Este comportamento pode ser observado em muitos investidores que conseguem altos retornos em algumas aplicações e ficam confiantes de que vão continuar com altas rentabilidades.

O mais aconselhável antes de investir é pesquisar a fundo o ativo, uma boa estratégia é a Análise Fundamentalista, o que é? Conceitos, cálculos e como aplicar.

Fontes: Mais retorno, Suno, Mais retorno,  André Bona e Mais retorno

Imagens: Financials, Investidor em valor, Martinelli Guimarães, Anti-frágil, Energy capsule, Eu sem fronteiras e Investnews