Índice de Basileia: o que é, para que serve e importância

12 de abril de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 7 min, 52 seg


O Índice de Basileia (IB) é usado para indicar a proporção entre o dinheiro do banco e o dinheiro que ele deve para outras entidades e pessoas.

Por essa razão, ele serve como um dado importante na análise da saúde financeira de uma instituição. 

De acordo com o Banco Central do Brasil (BC), para ser considerada saudável, uma instituição financeira deve ter um Índice de Basileia de, no mínimo, 11% e, no máximo, 50%. Isso significa que, a cada R$ 100,00 emprestados, o banco precisa ter pelo menos R$ 11,00. 

Analisar o Índice de Basileia é, portanto, muito importante para os investidores que pretendem aplicar em títulos emitidos por bancos.

Caso você pretenda investir, por exemplo, em um Certificado de Depósito Bancário (CDB), você espera receber seu dinheiro de volta acrescido de juros, não é mesmo?

Logo, o banco deve ter dinheiro suficiente para arcar com os seus compromissos, inclusive, os juros dos investimentos dos clientes.

E aí, achou interessante esse índice? Então, vamos lá aprender muito mais sobre ele.

O que é o Índice de Basileia?

O Índice de Basileia é um indicador internacional que mensura a saúde financeira dos bancos, com base na relação entre o capital próprio e o de terceiros.

Vale, aqui, destacar que os índices econômicos são indicadores que servem para visualizar de forma rápida e prática certo cenário do mercado. Desse modo, ele permite a análise, mas também a criação de projeções com maior clareza.

Além do mais, ele pode ajudar o investidor a analisar a possibilidade de solvência da instituição bancária, isto é, a capacidade do banco em arcar com as dívidas, usando os recursos de seu patrimônio.

Por fim, o Índice de Basileia é conhecido, também, como índice de solvência ou solvabilidade. Ele é determinado por meio da relação entre o Patrimônio de Referência e o valor dos ativos ponderados pelo risco (Risk Weighted Assets – RWA).

Agora está bem mais claro, né?!

Como surgiu?

Senta que lá vem história…

Em 1998, o Comitê de Supervisão Bancária de Basileia firmou o Acordo de Capital de Basileia, também conhecido como Basileia I.

A intenção era estabelecer um índice, com validade para todo o mundo, o qual indicasse o valor mínimo de recursos próprios que os bancos deveriam ter para custear suas operações.

Em 2004, houve a revisão do acordo que estabeleceu o Basileia II. A mudança principal foi a que tornaram os números mais rigorosos, para que o índice, enfim, fosse mais preciso.

No entanto, apesar dessas alterações, o mundo passou pela crise de 2008. Você ainda se lembra dela?

A partir desse fato, os organismos internacionais perceberam que o índice de solvência deveria ser ainda mais restrito e, por isso, surgiu em 2010 o Basileia III, que é usado até hoje como base para a análise da capacidade de pagamentos dos bancos.

Listamos abaixo, para você, os principais aspectos desse índice:

  • Novos requerimentos de liquidez e alavancagem;
  • Aumento da qualidade e quantidade do capital regulatório;
  • Introdução dos buffers (colchões) de capital para contracíclico e conservação;
  • Requisitos prudenciais para as instituições sistêmicas.
  • Melhorias dos fatores para ponderação de ativos pelo risco.

Como ele funciona?

O Índice Basileia funciona como um indicador da saúde financeira dos bancos. Ele é muito importante, pois o funcionamento dos bancos é diferente das empresas, visto que as companhias, no geral, captam dinheiro para investir em seu próprio crescimento.

Por outro lado, os bancos captam dinheiro para conceder empréstimos e financiamentos para os seus clientes e outras instituições.

Dessa forma, o lucro do banco deriva do spread entre o empréstimo que ele pegou e o empréstimo que ele concedeu.

É por esse motivo, que o Índice de Basileia serve para analisar qual a capacidade dos bancos em honrar seus compromissos financeiros com seus recursos próprios.

O BC exige que o IB tenha valor mínimo de 11% e o máximo de 50%, já os bancos cooperados devem apresentar percentual de, pelo menos, 13%.

Na prática, meu caro, quanto mais alto for o Índice Basileia, mais sólida é a instituição financeira, enquanto que as instituições com IB mais baixo, têm maior risco.

Qual é a importância do Índice de Basileia?

O acordo de Basileia é muito importante para dar maior segurança e solidez ao sistema bancário mundial.

Ele é, ainda, fundamental pela razão de ser um índice internacional, que serve como parâmetro para que os países possam manter a saúde do seu sistema bancário.

Ademais, esse índice é essencial na análise da saúde financeira dos bancos por parte dos investidores. Dessa forma, analisando o Índice de Basileia você, como investidor, consegue optar por instituições mais seguras e com menos risco de crédito nas operações.

Como calcular?

O cálculo do IB serve para estabelecer a relação entre o capital próprio do banco e o capital de terceiros. Dessa maneira, para fazer o cálculo, basta usar a seguinte fórmula:

IB = PR / RWA

Não se desespere! Vamos te explicar essa sopa de letras:

  • IB = Índice de Basileia (esse você já sabe);
  • PR = Patrimônio de Referência;
  • RWA = É o valor dos ativos ponderados pelo risco. 

Assim sendo, o Patrimônio de Referência é determinado por meio da soma de dois níveis de capital: o nível I e o nível II. O nível I é composto pelo capital principal (ações ordinárias e preferenciais + reserva de lucros + lucros acumulados) e o capital complementar.

Esses dados são facilmente identificados no balanço patrimonial da companhia

Imagine o seguinte cenário: Suponha que ao analisar o balanço patrimonial de 2019 do Banco X, você encontrou um Patrimônio de Referência de R$ 66.363.890. Ademais, o RWA é de R$ 440.562.919.

Lançando esses dados na fórmula, você terá: IB = 66.363.890 / 440.562.919 = 15,06%. Portanto, a cada R$ 100,00 que o Banco X empresta, ele possui um patrimônio de R$ 15,06.

Como o BC estabelece que o mínimo é de R$ 11,00 para cada R$ 100,00 emprestados, então, o Banco X está dentro do limite permitido. Certo?!

ATENÇÃO: Se fazer contas não é seu forte, não se preocupe, pois você não precisa fazer o cálculo ensinado acima. Isso porque é possível acessar o valor do Índice de Basileia de todos os bancos pela internet.

Por fim, antes de emprestar seu suado dinheiro para algum banco, pesquise o IB dele e analise se a taxa de rendimento proposta vale a pena.

Viu, que nem doeu calcular?!

Como saber os valores do Índice?

Se você é de humanas, e, claro, não é muito chegado nos cálculos, não se desespere! Calma!!!

Você pode muito bem consultar o Índice de Basileia no próprio site do Banco Central. Veja como:

Primeiramente, basta acessar o site do BC, selecionar o período desejado, o tipo de instituição Conglomerados Prudenciais e Instituições Independentes, e, por fim, optar pelo tipo de relatório Resumo. Certo até aqui?

Outra opção acessível é o Site Bancodata. Acesse o site e, logo após, pesquise pelo nome do banco na aba de pesquisa na página principal do site.

Fácil, não é mesmo?!

Índice de Basileia dos principais bancos brasileiros

Os bancos brasileiros devem seguir todas as normas e regras definidas pelo Banco Central do Brasil, que é, claro, bem exigente.

Você sabia que o sistema financeiro brasileiro é considerado muito seguro e eficiente? Pois é. E um dos motivos é essa exigência.

Logo, o Brasil serve como exemplo para muitas outras nações, inclusive, para países desenvolvidos.

Como queremos que você aprenda de verdade, listamos, em seguida, o Índice de Basileia dos principais bancos presentes, hoje, no Brasil. São eles:

  • Itaú: Basileia de 14,7%
  • Bradesco: Basileia de 15,8%
  • Banco do Brasil: Basileia de 16,7%
  • Caixa Econômica: Basileia de 18,4%
  • Santander Brasil: Basileia de 14,4%
  • Nubank: Basileia de 17,7%
  • Banco Inter: Basileia de 29,8%
  • Banco Safra: Basileia de 12,3%
  • BTG Pactual: Basileia de 15,2%

Diferença entre o Índice de Basileia e o Índice de Mobilização

Como você já sabe, o Índice de Basileia indica a proporção entre o dinheiro do banco e o dinheiro que ele deve para outras entidades e pessoas.

Por outro ladoo Índice de Mobilização aponta o quanto a instituição tem de investimentos em ativos imobilizados como, por exemplo, veículos e imóveis.

Na prática, quanto maior o Índice de Basileia, melhor, pois isso indica uma maior saúde financeira. Em contrapartida, o BC tolera um Índice de Imobilização máximo de 50%. Portanto, o ideal é um Índice de Basileia alto e um Índice de Imobilização baixo.

Enfim, um Índice de Imobilização alto é ruim, porque, em uma situação de emergência financeira, o banco não conseguiria levantar dinheiro de forma rápida com a venda dos bens.

Então, compreendeu, agora, a importância desse índice?

Caso você queira aprender muito mais, sugerimos que você leia esta outra matéria sobre saúde financeira, suas vantagens e 7 dicas para equilibrar as finanças. Boa leitura!

Fontes: Capital research, Magnetis, Investnews, Fortes tecnologia, Kinvo, Valor investe e  The cap.