O Índice de Basileia (IB) é usado para indicar a proporção entre o dinheiro do banco e o dinheiro que ele deve para outras entidades e pessoas. Sendo assim, ele serve como um dado importante na análise da saúde financeira de uma instituição.
De acordo com o Banco Central do Brasil (Bacen), para ser considerada saudável, uma instituição financeira deve ter um Índice de Basileia de no mínimo 11% e no máximo 50%. Isso significa que, a cada R$ 100,00 emprestados, o banco precisa ter pelo menos R$ 11,00.
Analisar o Índice de Basileia é muito importante para os investidores que pretendem aplicar em títulos emitidos por bancos.
Por exemplo, se você pretende investir em um Certificado de Depósito Bancário (CDB), você espera receber seu dinheiro de volta acrescido de juros, não é mesmo? Portanto, o banco deve ter dinheiro suficiente para arcar com os seus compromissos, inclusive os juros dos investimentos dos clientes.
O que é o Índice de Basileia?
O Índice de Basileia é um indicador que mensura a saúde financeira dos bancos. Vale destacar que os índices econômicos são indicadores que servem para visualizar de forma rápida e prática certo cenário do mercado. Desse modo, ele permite a análise e a criação de projeções com maior clareza.
Nesse cenário temos o Índice de Basileia, um indicador internacional que indica a saúde financeira dos bancos, com base na relação entre o capital próprio e o de terceiros.
Sendo assim, ele pode ajudar o investidor a analisar a possibilidade de solvência da instituição bancária. Isto é, a capacidade do banco em arcar com as suas dívidas com os recursos do seu patrimônio.
Inclusive, o Índice de Basileia é conhecido também como índice de solvência ou solvabilidade. Ele é determinado por meio da relação entre o Patrimônio de Referência e o valor dos ativos ponderados pelo risco (Risk Weighted Assets – RWA).
Como surgiu?
O Comitê de Supervisão Bancária de Basileia firmou, em 1998, o Acordo de Capital de Basileia, também conhecido como Basileia I. A intenção era estabelecer um índice, com validade para todo o mundo, que indicasse o valor mínimo de recursos próprios que os bancos deveriam ter para custear suas operações.
Posteriormente, em 2004, foi realizada a revisão do acordo e estabeleceu-se o Basileia II. A mudança principal foi que os números se tornaram mais rigorosos, para que o índice se tornasse mais preciso. No entanto, mesmo com as alterações, o mundo passou pela crise de 2008.
Dessa forma, os organismos internacionais perceberam que o índice de solvência deveria ser ainda mais restrito e assim surgiu o Basileia III em 2010. O Basileia III é usado como base para a análise da capacidade de pagamentos dos bancos até hoje e suas características principais são:
- Novos requerimentos de liquidez e alavancagem;
- Aumento da qualidade e quantidade do capital regulatório;
- Introdução dos buffers (colchões) de capital para contracíclico e conservação;
- Requisitos prudenciais para as instituições sistêmicas.
- Aperfeiçoamento dos fatores para ponderação de ativos pelo risco.
Como ele funciona?
O Índice Basileia funciona como um indicador da saúde financeira dos bancos. Ele é muito importante, pois o funcionamento dos bancos é diferente de outros tipos de empresas, pois as companhias no geral captam dinheiro para investir em seu crescimento.
Já os bancos, captam dinheiro para conceder empréstimos e financiamentos para os seus clientes. Portanto, os bancos pegam dinheiro emprestado para emprestar para seus clientes e outras instituições. O lucro do banco deriva do spread entre o empréstimo que ele pegou e o empréstimo que ele concedeu.
É por isso que o Índice de Basileia serve para analisar qual a capacidade dos bancos em honrar seus compromissos financeiros com seus recursos próprios. O Bacen exige que o IB tenha valor mínimo de 11% e o máximo de 50%, já os bancos cooperados devem apresentar percentual de, pelo menos, 13%.
Na prática, quanto mais alto for o Índice Basileia, mais sólida é a instituição financeira, ao passo em que as instituições com IB mais baixo, têm maior risco.
Qual é a importância do Índice de Basileia?
O acordo de Basileia é muito importante para dar maior segurança e solidez ao sistema bancário mundial. Ele é um índice internacional, que serve como parâmetro para que os países possam manter a saúde do seu sistema bancário.
Além disso, ele é essencial na análise da saúde financeira dos bancos por parte dos investidores. Sendo assim, analisando o Índice de Basileia você consegue optar por instituições mais seguras e com menos risco de crédito nas operações.
Como calcular?
O cálculo do IB serve para estabelecer a relação entre o capital próprio do banco e o capital de terceiros. Dessa maneira, para fazer os cálculos, basta usar a fórmula: IB = PR / RWA
O PR é o Patrimônio de Referência e o RWA é o valor dos ativos ponderados pelo risco. O Patrimônio de Referência é determinado por meio da soma de dois níveis de capital: o nível I e o nível II. O nível I é composto pelo capital principal (ações ordinárias e preferenciais + reserva de lucros + lucros acumulados) e o capital complementar.
Esses dados são facilmente identificados no balanço patrimonial da companhia. Vamos para um exemplo prático. Suponhamos que analisando o balanço patrimonial de 2019 do Banco X, nós encontramos um Patrimônio de Referência de R$ 66.363.890.
Além disso, o RWA é de R$ 440.562.919. Lançando os dados na fórmula, temos que: IB = 66.363.890 / 440.562.919 = 15,06%. Desse modo, a cada R$ 100,00 que o Banco X empresta, ele possui um patrimônio de R$ 15,06.
Como o Bacen estabelece que o mínimo é de R$ 11,00 para cada R$ 100,00 emprestados, então o Banco X está dentro do limite permitido.
Se fazer contas não é sua praia, não se preocupe, pois você não precisa fazer os cálculos ensinados acima. Isso porque, atualmente, é possível acessar o valor do Índice de Basileia de todos os bancos pela internet. Portanto, antes de emprestar seu dinheiro para algum banco, pesquise o IB e analise se a taxa de rendimento proposta vale a pena.
Como saber os valores do Índice?
Se você não gosta de fazer cálculos, não se preocupe. Você pode consultar o Índice de Basileia no site do Banco Central do Brasil.
Para isso, basta acessar o site do Bacen, selecionar o período desejado, o tipo de instituição Conglomerados Prudenciais e Instituições Independentes, e, por fim, optar pelo tipo de relatório Resumo. Outra opção é entrar no Site Bancodata, pesquisar o nome do banco .
Índice de Basileia dos principais bancos brasileiros
Os bancos brasileiros devem seguir todas as normas e regras definidas pelo Banco Central do Brasil, que é bem exigente. O sistema financeiro brasileiro é considerado muito seguro e eficiente justamente por isso. Logo, o Brasil serve como exemplo para muitas outras partes do mundo, inclusive para países desenvolvidos.
Enfim, Índice de Basileia dos principais bancos do Brasil são:
- Itaú: Basileia de 14,7%
- Bradesco: Basileia de 15,8%
- Banco do Brasil: Basileia de 16,7%
- Caixa Econômica: Basileia de 18,4%
- Santander Brasil: Basileia de 14,4%
- Nubank: Basileia de 17,7%
- Banco Inter: Basileia de 29,8%
- Banco Safra: Basileia de 12,3%
- BTG Pactual: Basileia de 15,2%
Diferença entre o Índice de Basileia e o Índice de Mobilização
Como você já sabe, o Índice de Basileia indica a proporção entre o dinheiro do banco e o dinheiro que ele deve para outras entidades e pessoas. Por outro lado, o Índice de Mobilização aponta o quanto a instituição tem de investimentos em ativos imobilizados como, por exemplo, veículos e imóveis.
Na prática, quanto maior o Índice de Basileia melhor, pois indica uma maior saúde financeira. Em contrapartida, o Bacen tolera um Índice de Imobilização máximo de 50%. Ou seja, o ideal é um Índice de Basileia alto e um Índice de Imobilização baixo.
Um Índice de Imobilização alto é ruim, pois em uma situação de emergência financeira, o banco não conseguiria levantar dinheiro de forma rápida com a venda dos bens.
Fontes: Capital research, Magnetis, Investnews, Fortes tecnologia, Kinvo, Valor investe e The cap.