Método Scuttlebutt: aprenda a encontrar empresas lucrativas

19 de setembro de 2022 - por Jaíne Jehniffer


O Método Scuttlebutt é uma forma de encontrar empresas lucrativas por meio de 15 perguntas que devem ser respondidas ao se analisar a empresa para investir.

O Método é proposto por Philip Fisher e explicado em detalhes no seu livro Ações comuns, lucros extraordinários.

Em resumo, o intuito é que o investidor busque responder as perguntas ao conversar com clientes, concorrentes, fornecedores e funcionários.

Com base nessas perguntas, você terá uma visão bem detalhada do funcionamento e atuação da empresa e poderá decidir se vale a pena ou não investir nela.

15 perguntas para achar uma empresa lucrativa com o Método Scuttlebutt

O Método Scuttlebutt consiste em avaliar as seguintes questões ao investir:

1- A empresa tem produtos ou serviços com potencial de mercado suficiente para viabilizar um aumento considerável nas vendas por vários anos? 

Para que uma empresa sobreviva e cresça, ela precisa ter vendas crescentes no longo prazo. Sendo assim, Philip Fisher tem como foco as empresas com décadas de crescimento futuro.

Ou seja, ele não tem como foco as empresas que conseguem lucros de vez em quando por meio, por exemplo, do corte de custos.

Além disso, ele também não foca nas empresas com ganhos no curto prazo. Ao invés disso, a ideia é dar preferência às companhias que consigam manter o crescimento no longo prazo.

2- A administração está determinada a continuar desenvolvendo produtos ou processos que aumentariam ainda mais o potencial do total de vendas caso o potencial de crescimento das linhas de produção mais atraentes no momento já tenha sido explorado exaustivamente?

Todos os produtos têm uma fase de crescimento. Mas Fisher explica que para que haja um crescimento contínuo, a empresa precisa inovar constantemente.

Portanto, a chave do sucesso de uma empresa está no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Sendo que a preferência é que o setor de P&D desenvolva produtos que tenham alguma relação comercial com os produtos que já estão no escopo das atividades da empresa.

3- Método Scuttlebutt: Quão eficazes são os esforços da empresa em termo de pesquisa, com relação ao seu porte?

Fisher explica que é possível avaliar rapidamente o investimento em P&D ao se dividir o número relativo à pesquisa pelo total de vendas e, com isso, chegar ao percentual que a empresa dedica a esse tipo de atividade.

4- A empresa tem um departamento em vendas acima da média?

As vendas e marketing são as partes mais importantes do negócio. Isso porque, se a empresa não vender nada, o negócio não gerará dinheiro e a empresa não conseguirá se manter.

Além disso, as vendas e marketing superiores podem fazer com que um produto inferior domine o mercado.

Fisher fala ainda sobre a importância da reincidência de vendas para satisfazer clientes. Sendo que as vendas recorrentes devem ser alinhadas ao poder da marca (branding).

No fim das contas, o dinheiro que a empresa investe para melhorar a sua capacidade de vendas, podem ser indicadores do sucesso de vendas.

5- A empresa tem uma margem de lucro considerável?

Para Fisher um dado muito importante era o quanto a empresa consegue fazer em cima de suas operações, expresso em percentual de vendas.

Em resumo, uma empresa com margem operacional estreita, tem uma tendência maior de ter variabilidade de resultados.

Isso porque, em momentos difíceis, essas margens podem ficar ainda menores do que as empresas com margens superiores.

Por outro lado, em épocas prósperas, as margens devem crescer proporcionalmente mais, por estarem começando em patamares mais baixos.

Portanto, o conselho de Fisher é dar preferência para empresas com grandes margens, já que essas margens servem como proteção contra altos e baixos.

6- Método Scuttlebutt: O que a empresa faz para manter ou melhorar as margens de lucro?

Para Fisher, o investidor deve ficar atento para a criatividade do trabalho que deve ser feito com novas ideias para diminuir os gastos e melhorar as margens de lucro da empresa.

Portanto, é essencial que a empresa trabalhe no sentido de aumentar as suas margens de lucro. Ou seja, o desejado é que a empresa adote uma política de aperfeiçoamento contínuo da sua efetividade.

7- A empresa tem boas relações (trabalhistas) com seu quadro de pessoal?

Muitas empresas não têm boas relações trabalhistas com os seus funcionários. No entanto, as boas relações trabalhistas são essenciais e impactam na performance da empresa.

Isso porque, se os gerentes e trabalhadores estão satisfeitos uns com os outros, eles conseguem trabalhar juntos com o intuito de aumentar a produtividade da empresa.

Em contrapartida, uma empresa com trabalhadores infelizes corre risco de perder bons funcionários e de ter um giro maior de executivos.

8- A empresa conta com boas relações com seus executivos?

É importante que a empresa mantenha não apenas os funcionários satisfeitos, mas também os executivos felizes. Isso porque, os executivos tomam decisões que refletem diretamente no futuro da empresa.

Uma empresa com executivos infelizes pode ter que lidar com demissões e acomodação.

No 1ª caso, a companhia terá que substituir essas pessoas por outras que precisarão de tempo para aprender o novo trabalho.

Por outro lado, a acomodação dos executivos pode prejudicar os resultados da empresa.

9- Método Scuttlebutt: A empresa conta com certa “profundidade” com relação à sua gestão?

Quando uma empresa é fundada, ela pode vencer pelas mãos de uma única pessoa. Contudo, conforme ela vai crescendo, é preciso de mais pessoas.

Nesse cenário, é preciso delegar atividades para as pessoas certas. Além disso, essas pessoas precisam receber autoridade na sua área sem as interferências desnecessárias do CEO.

10- Quão boa é a autoanálise de custos da empresa e seu controle contábil?

Uma boa análise de custos é essencial pois mostra aos administradores onde é preciso concentrar esforços para maximizar a eficiência das operações.

Os investidores, geralmente, só têm acesso a documentos públicos, que trazem poucos detalhes sobre isso. Desse modo, apenas quando alguma coisa vai muito mal é que temos uma visão melhor dos custos da empresa.

11- Há outros aspectos dos negócios da empresa, peculiares ao seu segmento de atuação envolvido, que possam dar ao investidor dicas importantes sobre como a empresa pode se sobressair com relação a seus concorrentes?

Apesar dessa pergunta ser importante no Método Scuttlebutt, Fischer explica que ela é bem ampla. Isso porque, o que pode ser importante para um tipo de empresa, não é para a outra.

Por exemplo, para uma empresa de varejo a localização pode ser muito importante, ao passo em que para uma empresa de manufatura a localização pode não ser tão relevante.

No entanto, uma coisa que fica clara é a força de uma patente. Isso porque, uma patente protege a empresa do risco de serem copiadas pela concorrência.

Contudo, depois que uma patente expirar a concorrência poderá gerar uma guerra de preços.

É por isso que o setor de P&D tem que continuar trabalhando de forma contínua para manter a liderança sobre a concorrência.

12- Método Scuttlebutt: A empresa tem uma estratégia de curto ou longo prazo em relação aos lucros e resultados?

Uma empresa não deve pensar apenas nos seus lucros e resultados no curto prazo, mas também no longo prazo. Afinal de contas, a intenção é que a empresa tenha vida longa.

13- Em um futuro previsível, o crescimento da empresa exigirá um parcela maior de financiamento via capital próprio, de tal forma que o número maior de ações poderá diminuir o benefício dos acionistas atuais sobre esse crescimento antecipado?

A intenção dessa pergunta é analisar a capacidade financeira de uma empresa desenvolver o seu negócio no futuro. O ideal é que a empresa tenha os recursos necessários para expandir o negócio dentro da própria empresa.

No entanto, isso fica complicado em empresas de crescimento rápido. Isso porque, elas costumam crescer mais rápido do que os lucros permitem.

Se a empresa não obter os recursos necessários para financiar sua expansão dentro da própria empresa ou por meio de empréstimos, uma possível solução é financiar o seu patrimônio.

Ou seja, a empresa terá que emitir novas ações para conseguir o dinheiro necessário, diluindo o percentual de seus acionistas.

14- Método Scuttlebutt: A empresa fala abertamente a seus acionistas, mas “se fecha” em situações conturbadas e diante de decepções?

Quando uma empresa vai bem, é normal que ela fale abertamente com os seus acionistas. No entanto, em situações conturbadas muitas empresas não se comunicam com os acionistas.

O ideal é que a empresa mantenha os investidores atualizados independente do cenário, para que possa passar por altos e baixos de forma transparente.

15- A empresa conta com uma diretoria de integridade inquestionável?

Por fim, temos o ponto tido por Fisher como o mais importante.

Esse é um ponto muito importante, pois ao investir em uma empresa, você está aplicando não apenas nos seus produtos, mas também na habilidade da empresa em fazer um bom uso do seu dinheiro.

Portanto, é essencial que a diretoria tenha uma integridade inquestionável.

LEIA MAIS

“Antifrágil”: lições de como tirar vantagens do caos

9 lições principais do livro “Do mil ao milhão”

7 lições do livro “Ações comuns, lucros extraordinários

13 lições ensinadas no livro “Os segredos da mente milionária”

Lições de O Investidor Inteligente: 9 ensinamentos preciosos do livro

O homem mais rico da Babilônia: lições e ensinamentos do livro

8 lições do livro Pai Rico, Pai Pobre de Robert Kiyosaki

Fontes: Investidor em valor, Mais retorno e Invest news.  

SG&A: o que é, como funciona e como calcular?

DMPL: o que é, para que serve e como fazer?

Guidance: o que é, para que serve e qual a importância?

SFH: o que é e como funciona o sistema financeiro de habitação?