Nova Rota da Seda: o que é, objetivos e efeitos econômicos

8 de maio de 2023 - por Jaíne Jehniffer


A Nova Rota da Seda é um projeto de infraestrutura regional e global lançado pela China em 2013. Seu objetivo é realizar investimentos em transporte e infraestrutura. O nome faz referência à antiga Rota de Seda, que conectava países do leste africano, Europa, Oriente Médio e leste asiático.

Saiba mais sobre essa iniciativa do governo chinês, seus objetivos e efeitos econômicos. Leia adiante.

O que foi a Rota da Seda?

A Rota da Seda foi uma vasta rede de rotas comerciais que conectava o Oriente e o Ocidente, estendendo-se por milhares de quilômetros e atravessando diferentes territórios e regiões desde o século II a.C. até o século XV. O epicentro dessa rota era a China, berço da seda, um produto muito cobiçado na época, já que só os chineses dominavam a técnica para sua confecção.

Além da seda, especiarias, pedras preciosas, metais, porcelana e muitos outros bens eram transportados por caravanas que enfrentavam vastos desertos, montanhas imponentes e vastas planícies. O comércio ao longo da Rota da Seda não se limitava apenas à troca de mercadorias, mas também facilitava a disseminação de conhecimento, cultura e religiões.

O grande valor da Rota da Seda foi o intercâmbio cultural. Arte, religião, filosofia, tecnologia, linguagens, ciência, arquitetura, e todos os outros elementos da civilização foram intercambiados ao longo daquelas rotas, carregados junto aos bens comerciais que os mercadores levavam de país a país. O fechamento da Rota da Seda forçou mercadores a lançarem-se ao mar para exercerem suas trocas, assim dando início à Era dos Descobrimentos, que levou à interação mundial e ao início de uma comunidade global.

E o que é a Nova Rota da Seda?

A Nova Rota da Seda, também conhecida como Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative – BRI), é um ambicioso projeto de infraestrutura e desenvolvimento lançado pela China em 2013, sob a liderança do presidente Xi Jinping. O objetivo é revitalizar as antigas rotas comerciais da Rota da Seda, intensificando as conexões entre a China e os demais continentes.

Desde seu lançamento, a Nova Rota da Seda já se expandiu para várias regiões do mundo como África, América Latina e Oceania. Até 2022, 147 países já aderiram ou manifestaram interesse em participar do projeto, de acordo com o Council on Foreign Relations. Na América Latina, ao menos 20 países fazem parte da iniciativa.

Os investimentos previstos incluem a construção de portos, ferrovias, estradas, aeroportos, parques industriais, oleodutos e gasodutos. Estima-se que o projeto já gerou US$ 2 trilhões em contratos em todo o mundo, segundo o governo chinês. No entanto, também acarretou uma dívida de US$ 300 bilhões contraída pelos países participantes.

A Nova Rota da Seda busca promover o comércio, a cooperação econômica e o desenvolvimento de infraestrutura nos países ao longo das rotas. Apesar das críticas sobre as dívidas geradas, seus defensores argumentam que se trata de uma ferramenta de desenvolvimento econômico.

Qual a origem dos principais investimentos?

Os principais investimentos da Nova Rota da Seda originam-se principalmente de bancos chineses, incluindo o Banco de Importação e Exportação da China (Eximbank) e o Banco de Desenvolvimento da China (CDB). Esses bancos têm desempenhado um papel crucial no financiamento de projetos de infraestrutura ao longo das rotas terrestres e marítimas da iniciativa.

De acordo com um documento do Conselho de Estado chinês, os países participantes da Nova Rota da Seda devem mais de US$ 300 bilhões ao Eximbank. Diferentemente do Banco Mundial e do FMI, os empréstimos bancados pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), liderado pela China, não exigem condicionalidades políticas.

Desde seu lançamento em 2013, a Nova Rota da Seda já gerou US$ 2 trilhões em contratos mundiais. Estima-se que o projeto tenha recebido investimentos totais variando de US$ 890 bilhões a US$ 1 trilhão desde então. No entanto, esses investimentos maciços em infraestrutura também têm gerado uma dívida considerável para os países participantes.

Quais são os possíveis impactos da Nova Rota da Seda?

No mundo

A Nova Rota da Seda visa ligar a China ao mundo exterior por meio de investimentos e projetos de transporte, como ferrovias, portos e usinas energéticas. Os projetos da Nova Rota da Seda melhoram o comércio e o investimento estrangeiro nos países beneficiados. Isso pode estimular o crescimento econômico global.

A iniciativa impulsiona a construção de infraestrutura em várias regiões, o que pode melhorar a conectividade e o desenvolvimento socioeconômico. A China busca expandir sua influência global por meio desses investimentos. No entanto, isso também gera preocupações sobre dependência econômica e política.

Além disso, a construção de infraestrutura em grande escala pode ter impactos ambientais significativos, incluindo emissões de carbono.

No Brasil

O Brasil está considerando aderir à Nova Rota da Seda. A adesão do Brasil seria um ganho político para a China, especialmente no contexto do aniversário da iniciativa.

Uma parceria com a China poderia ajudar a superar gargalos na infraestrutura nacional, incluindo projetos de ferrovias e outros setores estratégicos.

No entanto, há divergências entre diplomatas brasileiros sobre a adesão. Alguns acreditam que o Brasil já recebe investimentos chineses significativos, enquanto outros veem oportunidades de alavancar projetos locais.

Quais são os elogios à Nova Rota da Seda?

Defensores da Nova Rota da Seda argumentam que se trata de uma ferramenta de desenvolvimento econômico. Existem pesquisas do Banco Mundial que mostram que os investimentos da Nova Rota da Seda têm diminuído os custos do comércio mundial.

O projeto busca promover o comércio, a cooperação econômica, a logística e o desenvolvimento de infraestrutura nos países ao longo das rotas. A China se utiliza de uma capacidade milenar de fazer comércio como forma de integração com outros países, e quando isso acontece, exploração, dominação ou colonização ficam em segundo plano porque a linguagem comum é o comércio.

Portanto, apesar das preocupações com o endividamento, defensores argumentam que a Nova Rota da Seda pode impulsionar o desenvolvimento econômico e a integração comercial entre os países participantes.

Fontes: BBC, Politize, G1 Mundo, FIA

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