Bootstrapping: o que é, como fazer e quais as vantagens?

3 de novembro de 2020, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 7 min, 27 seg


Bootstrapping é um termo que se originou na década de 1880 como um acessório para ajudar a calçar botas e que gradualmente adquiriu uma coleção de significados metafóricos adicionais. O tema comum a todos esses significados é a realização de um processo sem ajuda externa, mas com etapas de facilitação interna.

Na área de negócios, bootstrapping significa começar um negócio a partir de recursos limitados, sem o apoio de investidores, ou seja, o empreendedor geralmente utiliza recursos próprios para lançar o negócio sem o apoio de fundos de investimento externos. Empresas como Microsoft e Dell foram criadas por meio de bootstrapping.

Quer saber mais sobre o tema? Continue a leitura.

O que é bootstrapping?

Bootstrapping é um termo que se refere ao início de uma empresa sem investidores e capital limitado. Em outras palavras, a empresa começa com recursos limitados, geralmente com o dinheiro do próprio fundador da empresa. Nesse caso, os empreendedores são chamados de bootstrappers.

Aqui estão algumas características e vantagens do bootstrapping:

  • Foco no lucro: As empresas de bootstrapping geralmente desenvolvem um produto com boa margem de lucratividade para começar o negócio.
  • Crescimento orgânico: O crescimento é a longo prazo, com a receita gerada sendo reinvestida no negócio.
  • Controle sobre o negócio: Ao iniciar um negócio por meio de bootstrapping, o empreendedor é forçado a estar ainda mais atento ao caixa e às despesas para manter a startup financeiramente saudável.
  • Cultura e valores da empresa: Quando você tem controle sobre seu negócio, pode construir a cultura e os valores da empresa.

Existem diversas maneiras de conseguir recursos para iniciar a startup que não requerem fundos de investimento, como faturamento próprio, capital próprio, crowdfunding, modelo de negócio alternativo e empréstimo.

Empresas como Microsoft e Dell, hoje gigantes em seu mercado de atuação, foram criadas por meio de bootstrapping.

Histórico

Apesar de parecer bem moderno, o termo bootstrapping é proveniente da década de 1880. Contudo, quando surgiu, na Inglaterra, ele servia para designar um acessório para calçar botas.

Dessa maneira, as botas de cano longo possuíam uma alça em sua parte superior. Essa alça se chamava bootstrap, e servia para ajudar a calçar a bota. 

Com o decorrer do tempo, surgiu o ditado popular “pull oneself up by one’s bootstraps”, que traduzindo seria algo como “puxar para cima pelas próprias botas”. Essa expressão era usada quando se tinha uma tarefa quase impossível. 

Entretanto, como a língua é dinâmica e evolui, com os anos o ditado foi adquirindo novos significados. Desse modo, na década de 1920, o termo era usado para se referir à melhorar a si mesmo, sem a ajuda de outras pessoas. 

Mas as mudanças de interpretação não pararam por aí. Atualmente, o termo bootstrapping é usado na administração para se referir à empresas que começam completamente do zero. Uma curiosidade é que cerca de 80% das startups começam assim, como bootstrappings. 

Características do bootstrapping

Algumas características são inerentes as empresas que nasceram por meio de bootstrapping. Primeiramente, a empresa é focada em gerar lucro, por isso, geralmente, elas desenvolvem um produto com boa margem de lucratividade para começar o negócio. 

Outra característica é que a empresa cresce organicamente. Isso significa que o crescimento é a longo prazo, com a receita gerada sendo reinvestida no negócio. Dessa forma, é fundamental encontrar clientes leais que irão consumir os produtos da empresa todos os meses, gerando sempre receita.

Já como características dos bootstrappers, podemos citar o fato de que eles, normalmente, sabem fazer de tudo um pouco, desde contratar profissionais, até cuidar de diversos setores na empresa. 

Além disso, os bootstrappers estão dispostos a arriscar o dinheiro que possuem para se dedicar ao negócio. Por fim, os bootstrappers também são conhecidos pela criatividade e capacidade de adotar um estilo de vida simples até que a empresa se torne lucrativa.

Como fazer?

Fazer bootstrapping envolve iniciar um negócio com recursos limitados, geralmente sem o apoio de investidores externos. Aqui estão algumas estratégias que você pode considerar:

  • Gastar de forma consciente: Evite gastos desnecessários e mantenha um controle rigoroso sobre suas finanças.
  • Crescer de forma ordenada: Planeje seu crescimento para evitar falhas por falta de planejamento.
  • Prototipar rapidamente e testar com clientes reais: Isso permite que você obtenha feedback valioso e faça ajustes necessários.
  • Corrigir e começar novamente: Se algo não está funcionando, não tenha medo de fazer mudanças significativas ou até mesmo começar de novo.

Além disso, existem várias maneiras de obter recursos para iniciar sua startup que não requerem fundos de investimento:

  • Faturamento próprio: A maneira mais saudável de manter um negócio é conseguir um faturamento que consiga sustentar seu crescimento.
  • Capital próprio: Requer planejamento para que o próprio empreendedor invista no negócio e equilibre as contas pessoais.
  • Crowdfunding: Alguns tipos de negócio têm potencial para conseguir apoio de possíveis clientes de forma colaborativa.
  • Modelo de negócio alternativo: É possível criar um modelo de negócio paralelo, que possa pagar as contas temporariamente.
  • Empréstimo: Deve-se ter cuidado ao solicitar empréstimos com bancos, por causa dos juros.

Lembre-se, empresas como Microsoft e Dell começaram com bootstrapping. Portanto, embora possa parecer desafiador, é definitivamente possível ter sucesso com essa abordagem.

Estágios do bootstrapping

Em relação ao crescimento de uma empresa aberta por meio de bootstrapping, podemos dividir em dois estágios:

1º estágio

A primeira etapa do bootstrapping é chamado de dinheiro semente. Em síntese, essa etapa consiste na atitude do fundador de juntar as economias para começar o negócio. 

Além das próprias economias, essa verba inicial pode ser resultante de outra profissão ou negócio do fundador. Ou seja, nesse caso, o bootstrapper mantém emprego, por exemplo, e paralelamente cuida do novo negócio. 

2º estágio

No segundo estágio a empresa já consegue gerar receita por meio dos novos clientes. Dessa forma, o dinheiro proveniente dos clientes é reinvestido no negócio para que ele possa crescer. 

As empresas que nascem com bootstrapping possuem crescimento orgânico. Isso porque, a empresa nasce com o dinheiro do dono e cresce com o dinheiro dos clientes. Justamente por ser orgânico, o crescimento da empresa é mais lento do que se tivesse o apoio de grandes investidores. 

No entanto, o crescimento de uma empresa com bootstrapping é sim possível. Algumas marcas de sucesso como eBay, Oracle, Cisco e Microsoft, são exemplos disso. 

Quais são as vantagens do bootstrapping?

As vantagens do bootstrapping incluem maior controle sobre a empresa, liberdade para tomar decisões estratégicas, tempo para construir uma base sólida, maior clareza sobre o funcionamento do negócio e mercado de atuação, além de não precisar compartilhar a sociedade da empresa com terceiros.

Empreendedores bootstrappers são normalmente altamente qualificados e habilidosos, buscando estruturar e alavancar o crescimento do negócio com as próprias pernas, mostrando valor com a sua solução e integrando o mercado com reconhecimento e adesão.

E as desvantagens/riscos?

O bootstrapping é uma estratégia de financiamento de startups que permite iniciar e desenvolver o negócio com recursos próprios, sem a necessidade de investidores externos. Como qualquer opção de financiamento, o bootstrapping tem suas vantagens e desvantagens.

Desvantagens e riscos do bootstrapping incluem:

  • Menor capacidade de crescimento e expansão, devido à limitação de recursos financeiros disponíveis.
  • Menor acesso a redes de contatos e mentores, que podem oferecer apoio, orientação e oportunidades de negócios.
  • Maior risco e responsabilidade dos fundadores, que assumem todo o ônus do negócio e podem perder todo o seu investimento em caso de fracasso.
  • Maior estresse e pressão dos fundadores, que têm que lidar com múltiplas funções e desafios sem contar com o suporte de uma equipe.
  • Contratar novos talentos para compor a equipe pode ser impossível, e fazer bons investimentos em divulgação em marketing também não está ao alcance do bootstraper.
  • A credibilidade do negócio pode ser mais restrita pelo bootstrapping, já que uma das formas de conseguir mais visibilidade e respeito entre os clientes e os fornecedores é através de investimentos significativos.

Apesar dessas desvantagens, o bootstrapping pode ser uma opção viável para empreendedores que desejam iniciar um negócio com total controle sobre a empresa e sem a necessidade de compartilhar a sociedade com terceiros.

Fontes: Abstartups, Sebrae, Startupsc, Remessa online, Exame