28 de março de 2025 - por Diogo Silva

O Orçamento Base Zero, ou OBZ, é uma metodologia orçamentária onde as despesas precisam ser justificadas para cada novo período, diferente do método tradicional que se baseia em orçamentos passados. Esse método foi desenvolvido por Peter Pyhrr na década de 1970 e vem se tornando cada vez mais popular.
O motivo dessa crescente é a promoção de uma gestão financeira mais rigorosa, estratégica e otimizada. Preparamos alguns detalhes sobre o assunto a seguir.
O que é o orçamento base zero?
O orçamento base zero (OBZ) é uma metodologia de planejamento financeiro na qual todas as despesas devem ser justificadas a partir do zero, independentemente do que foi gasto no período anterior.
Diferente do modelo tradicional, que parte do histórico orçamentário e apenas ajusta valores, o orçamento base zero exige que cada área da empresa ou setor governamental analise suas atividades, avalie a real necessidade de cada gasto e comprove sua relevância para os objetivos estratégicos.
Dessa forma, nada é considerado garantido ou automático: cada despesa precisa ser validada como se estivesse sendo solicitada pela primeira vez. Isso permite identificar desperdícios, repensar processos e redirecionar recursos de maneira mais eficiente.
Embora o OBZ exija um esforço maior de análise e planejamento, ele contribui para um controle financeiro mais rigoroso e consciente, além de estimular a cultura de responsabilidade e eficiência na utilização do dinheiro.
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Como funciona o orçamento base zero?
O funcionamento do orçamento base zero começa com a definição dos objetivos estratégicos da organização. A partir daí, cada área ou departamento precisa elaborar um planejamento detalhado, justificando todas as despesas como se fossem solicitadas pela primeira vez, sem considerar o que foi gasto no passado.
Esse processo é feito por meio da criação de “pacotes de decisão”, que são propostas de atividades ou projetos, com custos, benefícios esperados e impacto para a empresa. Cada pacote é analisado e classificado de acordo com sua importância e contribuição para os resultados.
Em seguida, a liderança compara esses pacotes entre si, prioriza os mais relevantes e aloca os recursos disponíveis com base nas prioridades estratégicas, e não por mera tradição ou histórico.
Na prática, o OBZ obriga cada gestor a olhar criticamente para o seu orçamento e tomar decisões racionais sobre o que manter, cortar ou criar. O resultado final é um orçamento totalmente alinhado às metas do negócio, eliminando gastos desnecessários, otimizando recursos e garantindo que cada investimento faça sentido.
Embora seja um processo mais trabalhoso e detalhado, ele proporciona mais clareza, eficiência e foco nos resultados.
Quando e como implementar o OBZ?
Colocar o orçamento base zero em prática pode ser um desafio. No entanto, com um planejamento bem organizado, é possível adotar essa metodologia de maneira eficaz.
O primeiro passo é conquistar o envolvimento das equipes nesse processo. Mudanças nem sempre são facilmente aceitas, especialmente quando são profundas e impactam a rotina. Por isso, manter todos informados e alinhados é fundamental. Aposte em uma comunicação interna clara, próxima e empática.
Defina com precisão os objetivos da empresa. Qual o motivo dessa mudança? Traçar metas de curto, médio e longo prazo ajuda a direcionar as ações durante essa fase de adaptação.
Faça um mapeamento e revise os gastos. O orçamento base zero se apoia na análise contínua das despesas. Portanto, o ideal é começar justamente por aí. Examine cada gasto minuciosamente, classificando-os por área e tipo. Ferramentas como planilhas ou sistemas de gestão financeira serão indispensáveis nesse processo.
Não deixe passar nenhum detalhe. Isso significa avaliar cada despesa com atenção, desde custos fixos até variáveis.
Verifique o retorno gerado. Em outras palavras: avalie a importância de cada gasto em relação às metas da organização. No OBZ, só fazem sentido as despesas que realmente contribuem para o desenvolvimento do negócio.
Por fim, envolva os líderes de cada setor nas discussões orçamentárias, buscando negociar e ajustar o orçamento de forma colaborativa.
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Quais são as vantagens do orçamento base zero?
O orçamento base zero oferece diversas vantagens para as organizações que o adotam. Uma das principais é o controle rigoroso dos gastos, já que cada despesa precisa ser justificada do zero, evitando desperdícios e cortes aleatórios.
Esse processo estimula uma análise profunda dos custos, permitindo identificar ineficiências e direcionar os recursos para áreas que realmente geram valor e contribuem para o crescimento do negócio.
Além disso, o OBZ promove uma cultura de responsabilidade financeira, incentivando gestores a pensarem de forma estratégica e consciente sobre o uso do orçamento.
Outro benefício importante é a flexibilidade para adaptação, pois o método obriga a revisão constante de prioridades, tornando a empresa mais ágil diante de mudanças de mercado.
Por fim, o orçamento base zero melhora a transparência interna, uma vez que todas as áreas participam do processo, compreendem os critérios adotados e têm clareza sobre as decisões, fortalecendo o alinhamento entre os objetivos estratégicos e a alocação de recursos.
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E quais são as desvantagens do OBZ?
Embora o orçamento base zero traga muitos benefícios, ele também apresenta algumas desvantagens que precisam ser consideradas.
O principal ponto negativo é o tempo e o esforço demandados para sua implementação, já que o processo exige análises detalhadas, justificativas individuais para cada despesa e a elaboração de pacotes de decisão, o que pode ser trabalhoso e burocrático.
Além disso, o OBZ pode gerar resistência interna, especialmente em equipes acostumadas com o orçamento tradicional, criando desconforto e insegurança diante de mudanças tão estruturais.
Outro desafio está no risco de cortes excessivos em áreas importantes, quando a análise é feita de maneira muito rígida ou sem visão estratégica, o que pode prejudicar o desempenho a longo prazo.
Por fim, a metodologia demanda um alto nível de preparo dos gestores, que precisam ter conhecimento profundo sobre seus processos e capacidade de argumentar sobre o valor de cada custo, o que pode exigir treinamentos e desenvolvimento adicionais.
Fontes: Truckpagbank; Oracle; Treasy; Concur; Zendesk