7 de dezembro de 2020 - por Nathalia Lourenço

A Teoria Malthusiana, formulada pelo economista inglês Thomas Malthus no final do século XVIII, é uma das mais influentes explicações sobre a dinâmica populacional. Ela defende que o crescimento populacional tende a superar a capacidade de produção de alimentos, o que resultaria em problemas como a fome e a miséria.
Malthus observou o rápido crescimento da população e acreditava que isso levaria a um desequilíbrio entre a quantidade de pessoas e os recursos disponíveis. No entanto, essa teoria foi alvo de diversas críticas ao longo dos anos, especialmente à luz de avanços tecnológicos e sociais que Malthus não previu.
Quer entender mais sobre os fundamentos dessa teoria, suas propostas e as críticas que recebeu? Continue lendo e descubra como a Teoria Malthusiana moldou a visão sobre o crescimento populacional e suas implicações.
O que é Teoria Malthusiana
A Teoria Malthusiana surgiu no final do século XVIII, durante a Primeira Revolução Industrial na Grã-Bretanha. Esse período trouxe grandes mudanças sociais, econômicas e tecnológicas. A industrialização e a urbanização fizeram a população crescer rapidamente, especialmente nas cidades. Contudo, as condições de vida nas cidades eram precárias, com falta de higiene e doenças.
Ao mesmo tempo, a medicina avançava. A vacina contra a varíola ajudou a reduzir as mortes e aumentou a expectativa de vida. Isso fez o número de pessoas crescer ainda mais.
Nesse cenário, o economista e clérigo Thomas Robert Malthus publicou, em 1798, o livro “Ensaio sobre o Princípio da População”. Ele observou o crescimento populacional na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, que ainda eram principalmente rurais. A partir disso, ele criou sua teoria.
O que diz a Teoria Malthusiana?
A Teoria Malthusiana foi proposta pelo economista inglês Thomas Robert Malthus no final do século XVIII. Ele acreditava que o crescimento da população sempre superaria a capacidade de produzir alimentos, o que causaria problemas como fome e miséria.
Malthus explicou que a população cresce rapidamente, em progressão geométrica (por exemplo: 2, 4, 8, 16, 32). Por outro lado, a produção de alimentos cresce de forma mais lenta, em progressão aritmética (por exemplo: 2, 4, 6, 8, 10). Ele acreditava que a população dobraria a cada 25 anos. Se isso acontecesse, não haveria comida suficiente, e a fome seria inevitável.
Além disso, Malthus via a pobreza como algo natural e parte do destino da humanidade. Para ele, a desigualdade era inevitável. Ele acreditava que, se todos se tornassem mais prósperos, a população aumentaria ainda mais, agravando o desequilíbrio entre a oferta e a demanda de alimentos.
Soluções propostas por Malthus:
Para conter o crescimento populacional acelerado, Malthus propôs soluções controversas, influenciadas por sua formação religiosa e moralista. Ele acreditava que a pobreza era uma consequência inevitável do descompasso entre o crescimento populacional e a produção de alimentos. Para ele, a responsabilidade pela pobreza recaía sobre as classes mais baixas.
Suas principais soluções incluíam:
- Controle Moral: Malthus defendia o que chamava de “controle moral” da natalidade, baseado na abstinência sexual e no adiamento dos casamentos, especialmente entre os mais pobres. Ele via o uso de métodos contraceptivos como inaceitável.
- Restrição da Ajuda aos Pobres: Malthus se opunha a programas de assistência social. Para ele, essas iniciativas apenas incentivavam o aumento da população pobre sem resolver as causas da pobreza. Ele acreditava que a ajuda temporária pioraria o desequilíbrio entre a população e os recursos.
Por que o Malthusianismo não deu certo?
A teoria de Malthus não se concretizou, principalmente porque ele não previu os efeitos da Revolução Industrial na produção de alimentos. Com a modernização, a mecanização da agricultura e o desenvolvimento de novas técnicas, a produção de alimentos aumentou bastante, o que ajudou a acompanhar o crescimento populacional.
Malthus baseou sua análise em uma realidade limitada, com uma população principalmente rural, e generalizou essas condições para todo o mundo. Ele não imaginou que a Revolução Industrial mudaria o cenário global, trazendo para o campo novas técnicas que aumentariam a produção de alimentos e, assim, a oferta de comida.
Além disso, a Revolução Industrial também alterou o crescimento da população, contrariando as previsões de Malthus:
- A população não cresceu no ritmo geométrico que ele imaginava.
- A entrada das mulheres no mercado de trabalho, a urbanização e o acesso à educação ajudaram a reduzir as taxas de natalidade em vários países.
- O uso de contraceptivos também contribuiu para diminuir a taxa de fertilidade.
Com os avanços tecnológicos, a produção de alimentos conseguiu, em muitos casos, acompanhar o aumento da população. Portanto, a fome e a miséria não podem ser atribuídas à falta de alimentos, como Malthus acreditava, mas sim à maneira desigual com que os alimentos são distribuídos.
Quais são as críticas à Teoria Malthusiana?
Apesar de sua grande influência no estudo da população, a Teoria Malthusiana recebeu muitas críticas ao longo do tempo. As críticas mais comuns são sobre seu pessimismo, a forma como culpabiliza os pobres, a falta de atenção aos avanços tecnológicos e sociais, e a negligência da desigualdade social como causa da fome e da miséria.
1. Pessimismo Exagerado e Crueldade
A teoria de Malthus é muito criticada por sua visão pessimista sobre o futuro. Ele acreditava que a pobreza e a fome seriam inevitáveis por causa do crescimento populacional descontrolado. Essa visão é vista como cruel, pois culpa os mais pobres pela miséria e sugere que a solução seria limitar a reprodução das classes mais baixas.
2. Ignorância do Progresso Tecnológico e Social
Uma das maiores falhas da teoria foi a incapacidade de Malthus de prever os avanços trazidos pela Revolução Industrial. A mecanização da agricultura, o uso de fertilizantes e novas técnicas de cultivo aumentaram muito a produção de alimentos, desafiando a ideia de que os alimentos cresceriam apenas de forma lenta.
Além disso, Malthus não considerou mudanças sociais, como a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o acesso à educação e contracepção, que reduziram as taxas de natalidade.
3. Desigualdade Social como Causa da Fome e Miséria
Críticos argumentam que a fome e a miséria não vêm da superpopulação, mas da desigualdade social e da má distribuição de recursos.
A concentração de renda, a falta de acesso à terra, a exploração do trabalho e a escolha de monoculturas para exportação, em vez de produzir para consumo local, contribuem para a pobreza e insegurança alimentar, mesmo em países com alta produção de alimentos.
4. Soluções Moralistas e Ineficazes
As soluções propostas por Malthus, como abstinência sexual e adiamento de casamentos, são vistas como moralistas e difíceis de implementar. Ele sugeriu que a pobreza seria resolvida controlando a natalidade dos pobres, mas ignorou as causas reais da desigualdade social e colocou a responsabilidade nos mais vulneráveis.
5. Influência do Pensamento Religioso
Alguns críticos acreditam que a formação religiosa de Malthus, como pastor anglicano, influenciou sua visão negativa sobre a pobreza e a sexualidade, além de suas propostas de soluções moralistas.
6. Análise Limitada a um Contexto Específico
Malthus baseou suas ideias em observações feitas na Grã-Bretanha durante a Revolução Industrial e em áreas rurais, como os Estados Unidos. Ele generalizou essas situações para todo o mundo, sem considerar as diferentes realidades sociais, econômicas e culturais de outros lugares.
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Outras teorias demográficas
Além da Teoria Malthusiana, outras teorias demográficas foram desenvolvidas para explicar o crescimento populacional e seus efeitos. As duas principais são a Teoria Reformista e a Teoria Neomalthusiana.
1. Teoria Neomalthusiana
A Teoria Neomalthusiana surgiu no século XX, retomando as ideias de Malthus, e se tornou relevante após a Segunda Guerra Mundial, quando o crescimento populacional nos países subdesenvolvidos aumentou rapidamente.
Princípios:
- Preocupação com a superpopulação: Os neomalthusianos temem que o crescimento populacional rápido esgote os recursos naturais e prejudique o meio ambiente.
- Controle de natalidade: Eles defendem o uso de métodos contraceptivos e políticas de planejamento familiar para controlar o crescimento da população, especialmente nos países em desenvolvimento.
- Relação com o desenvolvimento econômico: Eles argumentam que o excesso de população pode atrapalhar o desenvolvimento econômico, reduzindo a renda per capita e aumentando o desemprego e a pobreza.
Críticas à Teoria Neomalthusiana:
- Culpar os países pobres: A teoria ignora as causas estruturais da pobreza, como a desigualdade social e a exploração econômica.
- Ignorar o consumo nos países ricos: Foca apenas no controle da natalidade nos países subdesenvolvidos, sem levar em conta o consumo excessivo nos países desenvolvidos, que também afeta o meio ambiente e os recursos naturais.
- Medidas autoritárias: As políticas de controle de natalidade podem resultar em práticas autoritárias, violando os direitos reprodutivos das mulheres.
2. Teoria Reformista
A Teoria Reformista surgiu como uma resposta à Teoria Neomalthusiana. Ela propõe que o crescimento populacional não é a causa da pobreza e do subdesenvolvimento, mas, sim, uma consequência desses problemas.
Princípios:
- Inversão da causalidade: Para os reformistas, as altas taxas de natalidade são consequência da pobreza e do subdesenvolvimento, não a causa deles.
- Ênfase no desenvolvimento social: O controle da população depende de políticas públicas focadas em áreas como educação, saúde, saneamento básico e distribuição de renda.
- Melhoria das condições de vida: Quando a qualidade de vida das pessoas melhora, as taxas de natalidade tendem a diminuir naturalmente.
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Fontes: Suno, Mundo educação e Toda matéria