27 de outubro de 2025 - por Millena Santos
Você já ouviu falar na Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)? Parte do Grupo Banco Mundial, essa instituição tem um papel fundamental no cenário global: apoiar países de baixa renda na luta contra a pobreza e na busca por um crescimento sustentável.
Por meio de empréstimos com condições especiais, concessões e assistência técnica, a AID ajuda governos a investir em áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura e meio ambiente. Neste texto, a gente fala mais sobre isso. Vem com a gente!
O que é Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)?
A Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) é uma das instituições que fazem parte do Grupo Banco Mundial e tem um papel essencial no apoio aos países de baixa renda.
Criada em 1960, sua missão é ajudar na redução da pobreza e na promoção de um crescimento econômico sustentável em regiões que enfrentam maiores desafios sociais e financeiros.
Enquanto o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) oferece empréstimos e assistência técnica a países de renda média e em desenvolvimento, a AID atua de forma complementar, voltada especialmente às nações que não têm condições de contrair empréstimos com juros altos.
Em vez disso, ela fornece créditos a longo prazo e, em muitos casos, doações, permitindo que esses países invistam em áreas como educação, saúde, infraestrutura e energia limpa.
Quais os objetivos da AID?
Os principais objetivos da AID giram em torno de um propósito central: combater a pobreza extrema e melhorar as condições de vida nos países mais pobres do planeta.
A instituição busca criar oportunidades reais de desenvolvimento, oferecendo recursos e apoio técnico para que essas nações consigam fortalecer suas economias e investir em setores essenciais.
Ainda, ela atua como a maior fonte de financiamento em condições acessíveis para países de baixa renda, oferendo empréstimos com prazos longos, juros reduzidos, e, em muitos casos, até doações, para facilitar o avanço em áreas como educação, saúde, infraestrutura e sustentabilidade ambiental.
A AID não atua apenas para liberar recursos, já que a organização tem como meta estimular o crescimento econômico inclusivo, apoiar políticas públicas eficientes e promover a estabilidade social, ajudando cada país a construir bases sólidas para um futuro mais equilibrado e próspero.
Como funciona a AID?
Financiamento da AID
O financiamento da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) é voltado a oferecer apoio financeiro em condições extremamente favoráveis aos países que mais precisam.
A instituição concede empréstimos altamente concessionais, com juros muito baixos ou até inexistentes, levando em conta alguns fatores, como a renda do país e seu histórico de gestão econômica e de execução de projetos.
Esses recursos, como a gente já viu, têm como objetivo impulsionar o desenvolvimento de forma sustentável. Por meio do financiamento da AID, são realizados projetos que vão desde a construção de infraestrutura essencial, como estradas, sistemas de energia e saneamento, até investimentos em áreas fundamentais para o bem-estar da população, como educação, saúde pública e acesso à água potável.
A AID também prioriza iniciativas voltadas à responsabilidade ambiental e à adaptação às mudanças climáticas, uma vez que estimula o crescimento econômico de maneira mais equilibrada e com foco na melhoria da qualidade de vida das comunidades locais.
Rodadas de reposição
As chamadas rodadas de reposição formam um aspecto fundamental do funcionamento da Associação Internacional de Desenvolvimento, que se diferencia das outras instituições do Banco Mundial justamente por depender de um reabastecimento contínuo de seus recursos.
Essas reposições acontecem periodicamente e são viabilizadas por meio das contribuições dos países-membros, que destinam parte de seus recursos para manter as operações da AID.
Além dessas doações diretas, a instituição também conta com fundos complementares vindos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e da Corporação Financeira Internacional (IFC), o que reforça sua capacidade de oferecer apoio financeiro a nações de baixa renda.
Atualmente, cerca de metade do total de recursos da AID é formada pelas contribuições de aproximadamente 45 países doadores. Nos primeiros anos de sua história, o Reino Unido e os Estados Unidos tiveram papel de destaque nesse processo, sendo os principais responsáveis por garantir o financiamento necessário para que a AID pudesse cumprir sua missão.
Como os fundos da IDA são alocados?
A forma como os fundos da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) são distribuídos segue critérios bem definidos e voltados para garantir que o apoio chegue a quem mais precisa.
A alocação dos recursos leva em conta fatores como o nível de renda de cada país, sua capacidade de pagamento e o histórico de gestão econômica e administrativa, especialmente no uso responsável dos financiamentos recebidos anteriormente.
Essa avaliação permite justamente que a AID direcione seus recursos de maneira estratégica, priorizando as nações com maiores dificuldades financeiras e maior vulnerabilidade social e econômica.
A ideia é que o dinheiro investido gere impacto real, promovendo melhorias em áreas essenciais, fortalecendo instituições locais e ajudando esses países a trilhar um caminho mais sólido rumo ao desenvolvimento sustentável
Implementação de projetos da AID
A implementação dos projetos da Associação Internacional de Desenvolvimento é resultado de um trabalho conjunto entre a equipe operacional do Banco Mundial, os governos dos países beneficiários e as agências locais responsáveis pela execução das ações.
Essa parceria garante que cada iniciativa seja adaptada às necessidades e particularidades de cada região, aumentando as chances de sucesso e o impacto positivo dos resultados.
A proposta é fortalecer políticas públicas, aprimorar instituições e investir no capital humano, criando bases sólidas para um crescimento mais justo, inclusivo e ambientalmente sustentável.
Portanto, todo o processo, que envolve planejamento, execução, monitoramento e avaliação, é acompanhado de perto para garantir a boa aplicação dos recursos e a eficiência das ações. Além disso, cada projeto passa por avaliações sociais e ambientais detalhadas, assegurando que as estratégias respeitem o contexto local e gerem benefícios reais para as comunidades atendidas.
Países-membros da AID
Países mutuários da AID
Atualmente, a Associação Internacional de Desenvolvimento oferece apoio financeiro e técnico a cerca de 75 países, concentrando suas ações principalmente nas regiões mais vulneráveis do planeta.
A maior parte desse grupo está localizada na África Subsaariana, com 38 países beneficiados, seguida pela Europa e Ásia Central (10 países), América Latina e Caribe (10 países) e Sul da Ásia (8 países).
Entre os países que recebem esse tipo de apoio estão Afeganistão, Bangladesh, Benim, Butão, Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde e Camboja, entre muitos outros.
Em comum, todos enfrentam grandes desafios econômicos e sociais, com baixa renda per capita e forte dependência de assistência internacional para investir em setores essenciais, como educação, saúde e infraestrutura.
Países contribuintes da AID
Os países contribuintes da Associação Internacional de Desenvolvimento formam o grupo de nações que ajudam a manter viva a missão da instituição.
Entre os principais doadores estão Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Austrália e Noruega, além de outros integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Esses países destinam recursos financeiros em rodadas periódicas de reposição, garantindo que o fundo continue a apoiar as nações de baixa renda em seus projetos de desenvolvimento.
Países graduados da AID
Os chamados países graduados da Associação Internacional de Desenvolvimento são aqueles que, ao longo do tempo, alcançaram um nível de crescimento econômico e estabilidade suficiente para não depender mais dos financiamentos concessionais oferecidos pela instituição.
Esse processo marca uma importante transição, já que essas nações passam a ter acesso a condições de crédito regulares do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
Desde o início das operações, 36 países já conquistaram esse status. Entre eles estão Albânia (2008), Armênia (2014), Azerbaijão (2011), Botsuana (1974), Chile (1961), China (1999), Colômbia (1962), Coreia do Sul, Egito, Índia, Marrocos, Tailândia e Turquia, entre outros.
Exemplos de apoios, empréstimos e ações da AID
1- Ásia
Em toda a Ásia, a AID tem sido uma importante parceira no processo de desenvolvimento de várias nações. Países como Filipinas, China, Coreia do Sul, Tailândia e Índia já participaram de seus programas de financiamento e, ao longo do tempo, muitos deles conseguiram se graduar, tornando-se economias mais autossuficientes.
Atualmente, cerca de 20 países asiáticos ainda são beneficiários da AID. Nessa região, os recursos têm sido direcionados principalmente para projetos de educação, saúde, transporte, agricultura e energia, áreas fundamentais para reduzir desigualdades e impulsionar o crescimento de longo prazo.
2- África
A África é o continente que mais recebe recursos da AID, aproximadamente metade de todo o financiamento concedido é destinado a países africanos.
Os resultados dessa atuação são notáveis: desde o final da década de 1990, os programas apoiados pela AID levaram eletricidade a mais de 66 milhões de pessoas, reconstruíram ou pavimentaram cerca de 240 mil quilômetros de estradas e possibilitaram que mais de 15 milhões de crianças ingressassem na escola.
Além disso, a AID tem priorizado a inclusão e o empoderamento feminino. Um exemplo marcante é o Projeto de Desenvolvimento de Mulheres Empreendedoras, aprovado em 2012, que destinou US$ 50 milhões em crédito para a Etiópia.
O objetivo é apoiar mulheres no acesso ao mercado de trabalho e em posições de liderança, fortalecendo sua participação em negócios e iniciativas locais
Importância da AID
A Associação Internacional de Desenvolvimento desempenha um papel essencial no combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento sustentável em escala global.
Criada para apoiar os países de baixa renda, a AID atua como um pilar de esperança para nações que enfrentam grandes desafios econômicos e sociais, oferecendo condições de financiamento mais acessíveis e suporte técnico especializado.
Por meio de empréstimos, concessões financeiras e assistência técnica, a AID direciona recursos para áreas fundamentais como saúde, educação, agricultura, infraestrutura e proteção social.
Atualmente, a associação apoia cerca de 75 países em desenvolvimento, que abrigam aproximadamente dois terços da população mundial vivendo em pobreza extrema. Essa abrangência, claro, faz da AID uma das maiores e mais importantes fontes de financiamento para serviços sociais básicos em todo o mundo.
História da AID
1- Fundação (1960)
A AID foi oficialmente criada no final de janeiro de 1960, quando quinze países assinaram o acordo que deu origem à instituição. Seu lançamento ocorreu em setembro do mesmo ano, com um orçamento inicial de US$ 913 milhões, o equivalente a cerca de US$ 7,1 bilhões em valores de 2012.
Desde o início, o objetivo era claro: oferecer financiamentos com condições altamente favoráveis para nações que não tinham acesso aos empréstimos tradicionais do Banco Mundial.
2- Expansão e consolidação (1960 – 1979)
Durante as duas primeiras décadas, a AID passou por um processo de expansão significativa. Em 1978, seus recursos disponíveis chegaram a US$ 18,1 bilhões (cerca de US$ 89,4 bilhões em valores de 2025).
Desse total, US$ 1,1 bilhão (US$ 5,4 bilhões em valores atuais) veio de contribuições regulares dos países-membros, enquanto US$ 15,6 bilhões (US$ 77,1 bilhões atualizados) foram obtidos por meio de aportes suplementares.
3- Apoio crescente aos países de baixa renda (1980 – 1999)
Nos anos 1980 e 1990, a instituição ampliou ainda mais seu alcance. Em 1983, um relatório das Nações Unidas apontava que mais de 50 países eram elegíveis para receber apoio, todos com um Produto Nacional Bruto (PNB) inferior a US$ 796 por pessoa, valor que corresponderia a cerca de US$ 2.821 em 2025.
4- Consolidação global e diversificação de projetos (2000 – 2019)
Com a entrada no século XXI, a AID se tornou ainda mais abrangente. Em 2005, o volume de recursos destinados a novos projetos chegou a US$ 8,7 bilhões, o equivalente a US$ 14,4 bilhões em valores de 2025, distribuídos entre 160 iniciativas em 66 países.
Essa fase ficou marcada pela diversificação das áreas de atuação, com foco em sustentabilidade ambiental, inclusão social e fortalecimento das instituições locais, consolidando sua relevância como instrumento essencial de apoio ao desenvolvimento global.
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Fonte: IDA, World Bank, Juristas.