Descorrelação: o que é, como funciona, importância

Entenda o que é descorrelação nos investimentos e descubra como diversificar sua carteira reduz riscos e aumenta a segurança dos seus resultados.

26 de setembro de 2025 - por Millena Santos


A descorrelação é um conceito da Estatística que é também muito importante no mundo dos investimentos.

Na prática, ela mostra como a diversificação ajuda a proteger o patrimônio: ao distribuir os recursos em diferentes ativos, o investidor evita concentrar todo o capital em um só lugar e consegue reduzir riscos sem abrir mão do potencial de rentabilidade. Neste texto, a gente te explica mais sobre isso.

Veja mais: Diferenças entre rendimento e rentabilidade

O que é descorrelação?

A descorrelação é um conceito estatístico que se refere à ausência de relação significativa entre duas variáveis. Em outras palavras, quando dizemos que há descorrelação, significa que o comportamento de uma variável não exerce influência direta ou previsível sobre a outra.

Isso difere tanto da correlação positiva (quando ambas as variáveis se movimentam na mesma direção) quanto da correlação negativa (quando se movimentam em direções opostas).

No mundo dos investimentos, esse conceito tem papel central na estratégia de diversificação de carteiras. Ao reunir ativos que não apresentam correlação forte entre si, o investidor consegue equilibrar os riscos.

Por exemplo, se um ativo sofre uma queda relevante, a tendência é que o impacto negativo não seja necessariamente acompanhado pelos demais, preservando parte do portfólio.

A descorrelação, portanto, funciona como um mecanismo de proteção, já que reduz a exposição do investidor a movimentos concentrados em um único tipo de ativo ou setor.

Esse princípio é especialmente relevante em cenários de incerteza econômica, nos quais diferentes classes de investimentos, como ações, renda fixa, imóveis e commodities, podem reagir de maneiras distintas aos mesmos acontecimentos do mercado.

Como funciona a descorrelação?

A gente já sabe que a descorrelação ocorre quando o coeficiente de correlação entre duas variáveis ou ativos é igual a zero ou muito próximo disso. Isso significa que o comportamento de um ativo não depende do desempenho do outro, ou seja, não existe uma relação estatisticamente relevante entre eles.

Na prática, esse conceito funciona como um sinal de alerta positivo para o investidor: se os ativos não se movem de forma semelhante, vale considerar a combinação deles na carteira, pois isso tende a reduzir riscos.

Ao construir um portfólio com ativos descorrelacionados, o investidor evita a concentração excessiva em uma única classe ou setor. Assim, quando um investimento sofre oscilações negativas, há maior chance de outro se manter estável ou até apresentar ganhos, equilibrando os resultados gerais.

Logo, esse mecanismo é justamente o que sustenta a estratégia de diversificação.

Exemplos de descorrelação

A aplicação prática da descorrelação fica evidente quando a gente para e observa diferentes classes de investimentos que não se movimental de forma igual diante das mesmas condições de mercado.

Entre os principais exemplos, destacam-se:

Saiba mais: Diversificação e pulverização: qual a diferença?

Importância da descorrelação nos investimentos

No mundo dos investimentos, compreender como funciona a descorrelação é muito importante para reduzir riscos e tomar decisões mais conscientes. Esse conceito ajuda o investidor a identificar ativos que não apresentam comportamentos semelhantes diante das mesmas condições de mercado.

Ao incluir ativos descorrelacionados em uma carteira, o investidor consegue alcançar um nível maior de equilíbrio, já que as oscilações negativas de um ativo podem ser compensadas pela estabilidade ou até mesmo pela valorização de outro.

Essa lógica está no coração da estratégia de diversificação, que busca preservar o patrimônio em cenários de instabilidade.

Imagine uma carteira composta apenas por ações de empresas de tecnologia. Se esse setor enfrentar uma crise, todo o portfólio sofrerá uma queda acentuada.

Porém, se junto às ações houver títulos de renda fixa e fundos imobiliários, o impacto tende a ser menor, já que esses ativos não reagem da mesma forma às variações do mercado de tecnologia.

Assim, a descorrelação se torna um recurso indispensável para quem deseja montar uma carteira com menos riscos, capaz de enfrentar diferentes cenários econômicos sem comprometer totalmente o desempenho dos investimentos.

Diferença entre descorrelação, correlação positiva e correlação negativa

Para entender a descorrelação, é importante primeiro compreender o que significa correlação.

Na estatística, correlação é o termo utilizado para medir o grau de dependência entre duas variáveis, ou seja, a forma como uma variável pode influenciar o comportamento da outra.

Esse grau de correlação é representado pela letra R e varia de -1 a 1:

  • Correlação positiva (R próximo de +1)

Nesse caso, as variáveis se movimentam na mesma direção. Quando uma sobe, a outra também sobe; quando uma cai, a outra também cai.

Aqui a gente pode mencionar as ações de empresas do mesmo setor, como duas companhias aéreas. Se o preço do combustível aumenta, ambas tendem a sofrer impactos semelhantes, fazendo com que suas ações caiam juntas.

  • Correlação negativa (R próximo de -1)

Aqui, as variáveis seguem em direções opostas. Quando uma sobe, a outra tende a cair, e vice-versa.

Em alguns períodos, por exemplo, o ouro costuma ter correlação negativa com o mercado de ações. Quando a Bolsa cai por causa de incertezas econômicas, o ouro tende a se valorizar, funcionando como um ativo de proteção.

  • Descorrelação (R próximo de 0)

Quando há descorrelação, significa que não existe relação estatisticamente significativa entre as variáveis. O comportamento de uma não permite prever o da outra.

Um bom exemplo aqui é desempenho de startups em estágio inicial que pode não ter qualquer ligação direta com o mercado imobiliário ou com títulos de renda fixa. Enquanto uma pode se valorizar rapidamente, a outra pode permanecer estável sem apresentar qualquer padrão de dependência.

Logo, é fundamental entender essas diferenças é essencial para o investidor, pois a correlação (ou a falta dela) entre ativos é justamente o que possibilita montar carteiras mais equilibradas e protegidas contra riscos excessivos.

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Fonte: Hurst, Dividendos, Urbanitae.

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