23 de maio de 2025 - por Sidemar Castro

O mercantilismo foi um sistema econômico que dominou a Europa entre os séculos XV e XVIII. Ele se baseava na ideia de que a riqueza de um país dependia da quantidade de metais preciosos que possuía. Por isso, os governos incentivavam a exportação e limitavam a importação, buscando acumular ouro e prata.
Para fortalecer suas economias, as nações adotavam medidas como altos impostos sobre produtos estrangeiros e estímulo à produção interna. Além disso, exploravam colônias para obter matérias-primas e vender produtos manufaturados. Esse modelo favorecia o poder dos monarcas e o crescimento das nações europeias, mas prejudicava as colônias, que tinham pouca liberdade econômica.
Com o tempo, o mercantilismo perdeu força, dando lugar ao liberalismo econômico, que defendia menos intervenção do Estado e mais liberdade para o mercado. Esse novo pensamento influenciou a Revolução Industrial e a economia moderna.
Veja também: Qual a diferença entre liberalismo e neoliberalismo?
O que é mercantilismo?
O mercantilismo foi um conjunto de práticas econômicas adotadas pelos países europeus entre os séculos XV e XVIII. Ele tinha como objetivo principal o acúmulo de riquezas e o fortalecimento do Estado por meio do comércio.
Os mercantilistas acreditavam que a riqueza de um país dependia da quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que ele possuía. Por isso, os governos incentivavam a exportação de produtos e dificultavam a importação, buscando sempre vender mais do que comprar. Essa estratégia ficou conhecida como balança comercial favorável.
Além disso, os países criavam monopólios, controlavam colônias e impunham altas taxas sobre produtos estrangeiros para proteger sua economia. Essas medidas ajudaram a financiar governos poderosos e impulsionaram a expansão marítima europeia.
Quais são as características do mercantilismo?
1) Controle Estatal da Economia
O mercantilismo se baseou fortemente na intervenção do Estado na economia. Os reis absolutistas, com o apoio da burguesia mercantil, controlavam a economia nacional para fortalecer o poder central e obter recursos necessários para expandir o comércio.
2) Balança Comercial Favorável
Uma das principais metas do mercantilismo era manter uma balança comercial favorável, ou seja, exportar mais do que importar. Assim, isso garantiria um superávit comercial, aumentando a riqueza da nação.
3) Metalismo
O metalismo, também conhecido como bulionismo, enfatizava a acumulação de metais preciosos, como ouro e prata, como principal forma de obtenção de riquezas. A Espanha foi um exemplo notável dessa prática, graças às suas colônias na América.
4) Protecionismo
Para proteger a economia interna, os governos adotavam políticas protecionistas, como taxas alfandegárias altas sobre produtos importados, tornando-os caros e menos competitivos no mercado interno.
5) Monopólio Econômico
Os monopólios eram comuns no mercantilismo. O Estado concedia a uma empresa ou grupo a exclusividade sobre determinada atividade econômica, garantindo lucros para a coroa.
6) Colonialismo
O colonialismo foi uma ferramenta fundamental do mercantilismo. As colônias eram exploradas para fornecer matérias-primas e comprar produtos manufaturados da metrópole, fortalecendo a economia do país colonizador.
7) Criação de Manufaturas
A criação de manufaturas foi incentivada para transformar matérias-primas em produtos finais, aumentando o valor agregado e a capacidade de exportação. O colbertismo, na França, é um exemplo notável dessa prática.
Quais são os tipos de mercantilismo?
O mercantilismo apresentou diferentes formas de prática ao longo do tempo. Aqui estão os principais tipos de mercantilismo:

1) Mercantilismo Metalista ou Bulionismo
Este tipo de mercantilismo enfatizava a acumulação de metais preciosos, como ouro e prata, como medida de riqueza. Países como Espanha e Portugal adotaram essa prática, explorando suas colônias para obter esses recursos valiosos.
No entanto, a acumulação de metais não necessariamente promoveu o desenvolvimento econômico sustentável, pois o metal acumulado não circulava na economia.
2) Mercantilismo Comercial
O mercantilismo comercial se baseava na exploração das colônias para comprar produtos baratos e revendê-los a preços mais altos. Portugal, por exemplo, explorou o comércio de especiarias no Oriente e desenvolveu a produção de açúcar nas Américas para exportação. Esse modelo incentivou a expansão comercial e o fortalecimento do capitalismo nascente.
3) Mercantilismo Industrial
Também conhecido como Colbertismo, este tipo de mercantilismo focava no desenvolvimento de manufaturas nacionais para proteger a economia interna e aumentar as exportações. A França, sob a liderança de Jean-Baptiste Colbert, foi um exemplo notável, incentivando a produção de artigos de luxo para exportação e fortalecendo a indústria nacional.
4) Mercantilismo Colonial
As metrópoles exploravam suas colônias para obter matérias-primas e vender produtos manufaturados. O comércio entre colônia e metrópole era rigidamente controlado, garantindo que a riqueza ficasse concentrada na Europa.
5) Mercantilismo Cameralista
Esse modelo era mais comum nos estados alemães e focava no fortalecimento da economia por meio da administração eficiente dos recursos do país. O governo tinha um papel central na organização da economia para aumentar a arrecadação de impostos.
Esses tipos de mercantilismo refletem as diferentes estratégias adotadas pelas nações europeias para acumular riquezas e fortalecer suas economias durante a Idade Moderna.
Leia também: Sistema econômico: o que é, quais são e quais as características?
Qual é a origem e história do mercantilismo?
O mercantilismo, sistema econômico que moldou a Europa entre os séculos XV e XVIII, surgiu no contexto da transição do feudalismo para o capitalismo. Nesse sentido, a formação dos Estados Nacionais Modernos e a ascensão da burguesia foram essenciais para o seu desenvolvimento.
Durante a Idade Média, a economia europeia era dominada pelo feudalismo, sistema baseado na agricultura e na autossuficiência. No entanto, a partir do século XV, o comércio começou a se expandir, impulsionado pelas Grandes Navegações e pela descoberta de novas rotas marítimas.
Além disso, a burguesia, classe de comerciantes e artesãos, ganhou poder e influência, buscando expandir seus negócios e acumular riquezas.
A formação dos Estados Nacionais Modernos
Nesse contexto, os monarcas absolutistas buscavam fortalecer seus reinos e aumentar seu poder. Desse modo, o mercantilismo surgiu como uma forma de alcançar esses objetivos. Em outras palavras, os governos adotaram políticas para acumular metais preciosos, incentivar a produção de manufaturas e expandir o comércio.
Ao longo dos séculos XVI e XVII, o mercantilismo atingiu seu auge. Nesse sentido, as nações europeias competiam por colônias, rotas comerciais e mercados consumidores.
Além disso, a intervenção do Estado na economia se intensificou, com a criação de monopólios, a concessão de subsídios e a implementação de tarifas protecionistas.
A partir do século XVIII, o mercantilismo começou a declinar. Em outras palavras, as críticas ao sistema, feitas por economistas como Adam Smith, ganharam força. Além disso, a Revolução Industrial e a ascensão do liberalismo econômico levaram à adoção de políticas de livre mercado.
Como foi o mercantilismo no Brasil?
O mercantilismo foi a política econômica adotada por Portugal durante a colonização do Brasil, entre os séculos XVI e XVIII. Esse sistema visava enriquecer a metrópole por meio da exploração de suas colônias, garantindo o acúmulo de riquezas e o fortalecimento do Estado português.
Portugal implementou o mercantilismo no Brasil de diversas formas:
1) Monopólio Comercial: Portugal estabeleceu o exclusivismo comercial, que impedia o Brasil de comercializar diretamente com outras nações. Toda a produção brasileira deveria ser enviada à metrópole, que redistribuía os produtos conforme seus interesses.
2) Produção Agrícola e Extrativista: A economia colonial brasileira baseou-se na agricultura e na extração de recursos naturais. Inicialmente, o pau-brasil foi explorado intensamente. Posteriormente, a cana-de-açúcar tornou-se a principal atividade econômica, especialmente no Nordeste, devido à alta demanda europeia por açúcar.
3) Uso de Mão de Obra Escrava: Para maximizar os lucros e atender à crescente demanda por produtos tropicais, os colonizadores utilizaram mão de obra escravizada, inicialmente de indígenas e, posteriormente, de africanos. Essa prática garantiu baixos custos de produção e altos lucros para a metrópole.
4) Companhias de Comércio: Portugal criou empresas monopolistas para administrar e fomentar o comércio colonial. Um exemplo foi a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, fundada em 1755, que controlava o comércio na região Norte do Brasil, incentivando a produção local e garantindo o abastecimento de escravos africanos.
Impactos do Mercantilismo no Brasil
A adoção do mercantilismo no Brasil teve consequências significativas:
- Dependência Econômica: O Brasil tornou-se dependente da metrópole, sem autonomia para desenvolver uma economia diversificada.
- Estrutura Agrária Concentrada: A política mercantilista incentivou a formação de latifúndios e a monocultura, resultando em uma estrutura fundiária concentrada que perdura até hoje.
- Desigualdades Sociais: A utilização de mão de obra escrava e a concentração de terras contribuíram para profundas desigualdades sociais, cujos efeitos são sentidos até os dias atuais.
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Fontes: Genial, Brasil Escola e Toda Matéria.