3 de dezembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer
O front runner acontece quando uma pessoa tem informações que irão impactar os investimentos na bolsa de valores e, como isso, decide se antecipar, visando retornos financeiros próprios.
Essa atitude é considerada ilegal pelo mercado financeiro e pode ser punida com reclusão de um a cinco anos, além de multa equivalente à três vezes o valor lucrado com a ação.
A responsável por fiscalizar o mercado e garantir que os operadores das corretoras não irão se privilegiar com informações confidenciais, é a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que estabelece uma série de normas e padrões éticos para se operar no mercado.
O que é front runner
O front runner, que traduzindo significa correr na frente, é uma atividade considerada ilegal no mercado financeiro.
Geralmente, a atividade ocorre quando uma pessoa, que é intermediadora de investimentos, fica sabendo de uma operação interna e realiza os investimentos dela antes de realizar os do cliente.
Em outras palavras, todos os investidores dependem da intermediação de uma corretora.
Caso o operador desta corretora perceba que, ao realizar a ordem do cliente, ela terá um grande impacto no mercado, ele pode querer se antecipar e realizar seus próprios investimentos, antes de cumprir a ordem do cliente, e assim conseguir bons retornos.
Front runner versus insider trading
Tanto a prática de front runner quanto a de insider trading, são consideradas ilegais no mercado financeiro, mas possuem características diferentes.
O front runner ocorre somente por meio de um operador da corretora, que antes de executar a ordem de compra ou venda de um ativo, realiza a sua própria.
Por outro lado, o insider trading é o uso de informações internas e privilegiadas de uma companhia com o intuito de ganhos próprios. Assim, uma pessoa que trabalha em uma empresa negociada na bolsa, pode se aproveitar das informações para investir e conseguir bons retornos.
Por que o front runner é ilegal?
O front runner é ilegal, pois se utiliza de informações que não estão disponíveis para o mercado de maneira geral. Basicamente, o que uma pessoa que corre na frente faz é usar uma informação privilegiada em proveito próprio.
Como diariamente ocorre um grande fluxo de operações, pode ser que a pessoa não seja pega ao realizar o front runner pela primeira vez, se os lucros não forem exorbitantes. Entretanto, dificilmente uma pessoa faz isso só uma vez.
Portanto, quando a pessoa passa a praticar o front runner de maneira frequente, um padrão começa a se estabelecer. A responsável por fiscalizar e punir esse tipo de ato é a Comissão de Valores Mobiliário (CVM). Quando a CVM percebe o padrão, o infrator é pego.
Punição
O front runner e o insider trading são considerados como um ato ilícito na esfera administrativa. Sendo assim, ambos são tipificados como crimes na esfera penal. Desse modo, se uma pessoa é pega praticando front runner, ela pode pegar reclusão de um a cinco anos.
Além disso, o infrator pode ser punido com multa de até três vezes o valor recebido decorrente das operações de front runner por ele realizadas.
Como é a responsável por fiscalizar o mercado, a CVM pode ainda estabelecer algumas restrições de títulos e valores imobiliários que podem ser caracterizadas como front runner e insider trading.
A maioria dos investidores pode não sofrer diretamente os impactos de um front runner, já que são realizados somente por operadores das corretoras.
No entanto, uma corretora pode ser punida e se desestabilizar financeiramente, o que pode resultar em complicações para os clientes que tenham conta nessas corretoras. Dessa forma, o ideal é escolher uma corretora de confiança.
Exemplos de front runner
Como dito anteriormente, uma pessoa que realiza front runner, dificilmente faz isso somente uma vez. Logo, a consequência é que elas acabam sendo pegas, veja alguns exemplos:
1- Vovó trader
Em 2017 a vovó trader bombou na internet. Entre os anos de 2012 e 2013, uma senhora de 92 anos teria movimentado R$ 113 milhões e lucrado R$ 450 mil realizando operações de day trade.
Porém, foi descoberto que o seu neto Luiz Mori, que trabalhava na corretora do Credit Suisse, estava usando a conta da avó para fazer front runner.
Entretanto, Luiz Mori não estava agindo sozinho, ele contava com o apoio de Bruno Guisard e Rafael Spinardi. Com as operações, eles lucraram cerca de R$ 1,84 milhão.
2- HSBC
O caso de front runner do banco HSBC repercutiu na mídia, em 2011. Acontece que o banco tinha sido contratado por uma empresa escocesa para fazer a conversão de US$ 3,5 bilhões em libras esterlinas.
Dessa maneira, de posse da informação da data em que essa conversão iria ocorrer, os operadores de câmbio do banco compraram as libras com o dinheiro da instituição financeira.
Sendo assim, no dia em que a ordem de compra foi feita, a libra esterlina se valorizou. O resultado foi o lucro de US$ 3 milhões com a operação, além de US$ 5 milhões com a taxa de serviços de câmbio.
E aí, curtiu conhecer sobre o front runner? Então, aproveite para aprender mais sobre a responsável por punir as atividades de front runner, a Comissão de Valores Mobiliários – O que é, como funciona e importância
Fontes: Suno, Top invest e Edufinance
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