Como surgiu o dinheiro: conheça a história no Brasil e no mundo

16 de fevereiro de 2021, por Jaíne Jehniffer

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A origem do dinheiro remonta ao século VII antes de Cristo na Lídia (atual Turquia), onde surgiram as primeiras moedas de ouro e prata, que eram fabricadas de forma bem rudimentar. Antes disso, as pessoas em todo o mundo usavam o escambo, que era a troca de mercadorias.

Sendo assim, uma pessoa trocava um produto por outro com outra pessoa. Por exemplo, um fazendeiro poderia trocar carne por feijão. Contudo, com o passar do tempo, essas trocas se tornaram complicadas. Isso porque, com o desenvolvimento do comércio, desenvolveram-se novos produtos.

Portanto, chegou um ponto onde era preciso de um mecanismo para facilitar as trocas de mercadorias. Esse mecanismo foram as moedas, que inicialmente eram feitas de ouro, prata, cobre, bronze e o ferro.

Enfim, a origem do dinheiro facilitou muito as trocas e ajudou no desenvolvimento econômico das sociedades. Além disso, com o passar do tempo ele continuou se desenvolvendo e hoje nós temos várias formas de usar dinheiro como, por exemplo, cartões, cheques e, por fim, as criptomoedas.

Qual é a origem do dinheiro?

A origem do dinheiro remonta ao período em que as trocas comerciais funcionavam por meio do escambo, isto é, a troca de uma mercadoria por outra. Durante séculos, o escambo foi a forma das pessoas adquirirem os produtos que elas não conseguiam produzir sozinhas.

No entanto, conforme a sociedade se desenvolveu, surgiram novas profissões e produtos. Dessa maneira, já não era mais tão fácil determinar a troca justa entre um produto e outro. 

Como as trocas se tornaram mais complexas, surgiu a necessidade de algo que pudesse facilitar o comércio, e assim surgiu o dinheiro. As primeiras moedas de ouro e prata tinham uma fabricação rudimentar, no século VII a.c, na Lídia (atual Turquia).

Na época, as moedas eram marcadas por meio de pancadas com um objeto pesado nos cunhos primitivos. Com o passar do tempo, surgiu a cunhagem a martelo, em que as características de cada moeda eram valorizadas também de acordo com os metais usados, como o ouro e a prata.

Existem algumas teorias sobre a motivação da criação do dinheiro. Por exemplo:

  • O dinheiro teria surgido com o intuito de ser um elemento de medição nas trocas
  • A criação do dinheiro seria uma forma de criar retribuições ou compensações.
  • A 3ª teoria diz que a criação do dinheiro está relacionada com a necessidade do estado em gerir as taxas e impostos.

Como era antes da origem do dinheiro?

Antes do dinheiro ser criado, o escambo era muito usado. A troca entre produtos e serviços era a forma com que as pessoas adquiriam mercadorias. Em outras palavras, duas partes trocavam produtos sem o uso de um papel-moeda como intermediador.

Para que ocorra o escambo, as duas partes devem estar de acordo em relação aos bens trocados. Ou seja, os produtos a serem trocados não precisam possuir o mesmo valor, desde que as duas pessoas estejam de acordo. Por exemplo, um fazendeiro poderia trocar carne de vaca por sal.

Inicialmente, as trocas ocorriam entre a unidade de um produto pela unidade de outro. No entanto, com o passar do tempo, as pessoas perceberam que alguns produtos eram mais abundantes do que outros. Dessa forma, as trocas passaram a ser entre duas unidades do produto mais abundante, em troca de uma unidade do produto mais raro.

Conforme novos produtos foram sendo introduzidos na sociedade, esse sistema de trocas de unidades se tornou mais complexo. Para tentar facilitar as trocas, o sistema de medida de troca foi implantado. Sendo assim, eram usadas algumas medidas de troca, como o cobre e o sal. Posteriormente, surgiram as moedas.

Sistema de medida de troca

Desde o seu surgimento, as moedas eram feitas em metais com ouro, prata, cobre, bronze e ferro. Afinal, os metais já eram muito usados em trocas desde a antiguidade. E isso porque eles têm algumas características importantes, tais como:

  • Durabilidade. Os metais duram muito tempo e não estragam como os alimentos.
  • Capacidade de fragmentação. Os metais poderiam ser quebrados e, ainda assim, conservar o seu valor. Por exemplo, você pode quebrar uma barra de ouro ao meio, que as duas partes continuam tendo o seu valor proporcional.
  • Utilidade. Os metais podem ser transformados em ferramentas e armas.

Até mesmo o cobre, que não é tão valioso quanto o ouro, tinha características importantes. Ele, por exemplo, podia ser derretido e usado na confecção de armas em períodos de guerra.

Além disso, esses metais poderiam ser comercializados até mesmo com cidades que tinham uma moeda diferente, visto que eram valorizados por todos os povos. No entanto, com o passar do tempo e a descoberta de novas jazidas e o desenvolvimentos de novas formas de fundição, os metais foram perdendo seu valor.

No entanto, um metal que sobreviveu ao tempo e continua sendo muito valioso é o ouro. Inclusive, é por isso que o ouro serve como reserva de valor. Mas ele parou de ser usado nas moedas por vários motivos como, por exemplo, os altos custos de fabricação das moedas.

Evolução do dinheiro: da origem aos dias atuais

Já sabemos que, antes do dinheiro ser criado, o escambo era usado em todo o mundo. Sendo assim, o comum era a troca de mercadorias entre as pessoas. Os alimentos eram usados como dinheiro, ou seja, serviam como moeda de troca de produtos. Por exemplo, era possível trocar sal por barbante.

Com o passar do tempo e o desenvolvimento da sociedade, o escambo foi deixado para trás e novas formas de negociação surgiram. Há cerca de 4 mil anos, os babilônios criaram as primeiras cédulas e um sistema semelhante aos bancos atuais.

Por exemplo, a pessoa podia depositar sacos de grãos em silos do Estado e, em troca, receber um tablete de argila com a inscrição da quantia que foi depositada. Com esse tablete em mãos, a pessoa poderia fazer a retirada da mesma quantidade de grãos em outros silos da região.

Contudo, surgiu um problema: os alimentos acabavam estragando. Uma das soluções para esse problema foi usar sal para conservar os alimentos. O sal passou a ser usado também como forma de pagamento, inclusive, foi assim que a palavra salário surgiu: pois o sal era usado para pagar os trabalhadores.

Com o passar do tempo, as primeiras moedas surgiram, sendo feitas de ouro, prata e bronze. Depois de um tempo, vieram as primeiras cédulas. Posteriormente, surgiram os cartões, os cheques e, atualmente, temos as moedas digitais.

Qual é a origem do dinheiro no Brasil?

O Brasil começou a usar dinheiro com a chegada dos portugueses. Antes disso, os indígenas praticavam comércio por meio do escambo. No entanto, mesmo com a introdução de moedas no Brasil, a população continuou usando as moedas-mercadorias, tais como açúcar e fumo.

Em resumo, uma moeda-mercadoria é uma moeda que tem o seu valor determinado pelo objeto que a compõe. Isso é diferente de uma cédula, por exemplo, onde o valor não é o papel, mas sim o acordo social firmado sobre ela. Por exemplo, uma nota de R$ 50,00 vale 50 reais por causa da confiança das pessoas.

Quais foram as moedas utilizadas no Brasil?

Na história do Brasil, várias moedas foram usadas. Primeiramente, em 1568, o rei português Sebastião I determinou que as moedas portuguesas fossem usadas no Brasil colônia. Sendo assim, a primeira unidade monetária a circular por aqui foi o Real, sendo que seus múltiplos são os “reais”, que na linguagem popular se tornaram “réis”.

Mas o Real não foi a única moeda a circular na época, já que vários tipos de moedas eram trazidas para o Brasil por meio de invasores, piratas e no comércio com colônias espanholas. Ou seja, existia uma vasta gama de moedas em circulação no período.

No período colonial, houveram várias “invasões” no Brasil por parte, sobretudo, dos franceses e holandeses. Desse modo, a introdução das moedas desses povos se deve por meio dessas invasões.

Uma curiosidade é que os holandeses foram os primeiros a cunhar moedas de ouro no Brasil. Essas moedas foram cunhadas pela Companhia das Índias Ocidentais e serviam para pagar os fornecedores e tropas militares que estavam sitiadas em Pernambuco.

Casa da Moeda

Com tantas moedas circulando, o comércio local passou a enfrentar problemas. Desse modo, quando a União Ibérica chegou ao fim, em 1640, Portugal tentou padronizar as moedas que circulavam no Brasil colônia. Dessa forma, ele ordenou que as moedas portuguesas e hispano-americanas recebessem um carimbo, chamado de “carimbo coroado”.

Posteriormente, em 1694, ocorreu a criação da 1ª Casa da Moeda no Brasil, em Salvador, Bahia. O intuito da Casa da Moeda era cunhar somente moedas na província baiana. Mas como o Brasil estava precisando de moedas, por causa da sua enorme extensão territorial, ocorreu a transferência da Casa da Moeda várias vezes:

  • 1699: Rio de Janeiro;
  • 1700: Pernambuco;
  • 1702: Rio de Janeiro de novo.

Quando a Corte Real Portuguesa veio para o Brasil em 1808, criou-se o Banco do Brasil. Dois anos depois, em 1810, o Banco do Brasil passou a emitir bilhetes, que foram os precursores do papel-moeda. Em resumo, o intuito com essa emissão era sanar os gastos da Coroa com a instalação de sua junta administrativa no Brasil.

Brasil república

Em 1889 ocorreu a Proclamação da República. Dessa forma, as moedas brasileiras, que antes tinham as faces dos antigos imperadores, passaram a ter a imagem feminina representando os ideais de República e Liberdade.

O uso do ouro na cunhagem de moedas continuou até 1922. Depois disso, o ouro passou a ser usado apenas em moedas comemorativas, por causa do alto custo de produção. Além disso, houve a substituição do Real com o intuito de corrigir o excesso de zeros na moeda, por causa da sua desvalorização no decorrer dos anos.

A partir do Estado Novo (1937-1945), a moeda brasileira começou seu período de instabilidade, que passou por um pico de hiperinflação que só entrou nos trilhos com o Plano Real, em 1994. Para você ter uma ideia, entre 1942 e 1994 a moeda passou pelas seguintes mudanças com o intuito de controlar a inflação:

  • 1942 a 1967 – Cruzeiro (Cr$)
  • 1967 a 1970 – Cruzeiro Novo (NCr$)
  • 1970 a 1986 – Cruzeiro (Cr$)
  • 1986 a 1989 – Cruzado (Cz$)
  • 1989 a 1990 – Cruzado Novo (NCz$)
  • 1990 a 1993 – Cruzeiro (Cr$)
  • 1993 a 1994 – Cruzeiro Real (CR$)
  • 1994 até hoje – Real (R$)

Como é o dinheiro hoje no Brasil?

Hoje em dia o Real é a moeda usada no Brasil. Isso desde que o Plano Real foi implementado em 1994. Em resumo, o Plano Real foi uma série de reformas econômicas realizadas com o intuito de combater a hiperinflação.

Antes do Plano Real, várias outras medidas foram postas em prática, mas nenhuma delas conseguiu controlar a inflação por muito tempo. Inclusive, é por isso que o Brasil teve tantas moedas, pois a cada plano que o governo colocava em prática, ele adotava uma moeda diferente.

1- Notas do real

As notas possuem a efígie simbólica da República de um lado e animais da fauna brasileira do outro lado. No momento o Brasil conta com sete tipos de cédulas diferentes, sendo elas:

2,00 reais

A nota de 2 reais tem a imagem de uma Tartaruga-de-pente:

Como surgiu o dinheiro: conheça a história no Brasil e no mundo

5,00 reais

A nota de 5 reais tem a ilustração de uma Garça:

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10,00 reais

Na nota de 10 reais temos uma Arara:

20,00 reais

A nota de 20 reais tem um Mico-leão-dourado:

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50,00 reais

Uma Onça-pintada está presente na nota de 50 reais:

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100,00 reais

A nota de 100 tem um Peixe Garoupa:

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200,00 reais

Por fim, a nota de 200 reais foi colocada para circular no mercado em 2020 e tem a imagem de um Lobo-guará:

Como surgiu o dinheiro: conheça a história no Brasil e no mundo

2- Moedas do real

As moedas contam com ilustrações que homenageiam nomes importantes na história do Brasil. Desse modo, temos:

1 centavo

A moeda de 1 centavo homenageia Pedro Álvares Cabral:

5 centavos

Na moeda de 5 centavos temos a imagem de Joaquim José da Silva Xavier, popularmente conhecido como Tiradentes:

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10 centavos

Do mesmo modo, a imagem de Dom Pedro I está na moeda de 10 centavos:

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25 centavos

Temos Manuel Deodoro da Fonseca na moeda de 25 centavos:

50 centavos

Na moeda de 50 centavos temos José Maria da Silva Paranhos Júnior:

1 real

Por fim, na moeda de 1 real está a Efígie da República:

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Qual a origem dos bancos?

Na Idade Média, os negociantes de ouro e prata, que possuíam cofres e guardas, passaram a aceitar o depósito de ouro e prata de seus clientes. Em troca, era entregue um recibo, conhecido como goldsmith ‘s notes. Esses negociantes se tornaram os primeiros banqueiros. 

Com o tempo, os recibos – que eram mais fáceis e seguros de carregar do que as moedas – começaram a servir como uma maneira de pagar pelas mercadorias e essa foi a origem do dinheiro em cédula.

Contudo, é importante observar que, inicialmente, as notas eram lastreadas em ouro, não eram como hoje em dia. Atualmente, o dinheiro funciona através da crença das pessoas de que ele possui valor. 

Posteriormente, os bancos passaram a emitir moedas de papel, chamadas de Bilhetes de Banco. Os primeiros recibos emitidos no Brasil, através do Banco do Brasil, em 1810, tinham o seu valor preenchido à mão.

Contudo, esse poder de emissão não ficou com os bancos durante muito tempo, já que o governo interviu e tomou para si essa responsabilidade. 

No Brasil

No Brasil antes dos colonizadores chegarem, usava-se o escambo. Depois disso, passou-se a usar várias moedas derivadas de Portugal, de invasores e de piratas. Mas até o momento, as moedas não eram impressas aqui.

Em 1694, ocorreu a criação da 1ª Casa da Moeda no Brasil, em Salvador, Bahia. Anos depois, quando a Corte Real Portuguesa veio para o Brasil, em 1808, criou-se o Banco do Brasil. Em 1810, o Banco do Brasil passou a emitir bilhetes, que foram os precursores do papel-moeda e assim foi a origem do dinheiro no Brasil.

Fontes: Casa da M., Mundo educação, Toda Matéria, I-d. e, por fim, Nova escola.