18 de maio de 2021 - por Nathalia Lourenço
A amortização é um processo que permite quitar uma dívida de forma gradual. Este método é amplamente utilizado em financiamentos e empréstimos, oferecendo uma maneira estruturada de pagar o saldo devedor.
À medida que você paga cada parcela, uma parte do saldo devedor é reduzida. No entanto, as parcelas incluem não apenas o valor da amortização, mas também encargos e juros.
Existem diferentes sistemas de amortização, sendo os dois principais o Sistema de Amortização Constante (SAC) e a Tabela Price.
No SAC, as parcelas diminuem ao longo do tempo, pois a amortização é constante. Por outro lado, na Tabela Price, o valor das parcelas permanece fixo durante todo o período.
Para entender melhor como funciona a amortização e quais são suas implicações, continue lendo a matéria a seguir.
O que é amortização?
A amortização é uma estratégia utilizada para reduzir gradualmente o valor de uma dívida ao longo do tempo, através do pagamento de parcelas em um período pré-determinado. Ela é especialmente útil em situações onde a dívida acumula encargos e juros.
Por exemplo, em um financiamento imobiliário, o pagamento das parcelas mensais vai diminuindo o saldo devedor até que a dívida esteja completamente quitada. A cada pagamento realizado, a parte da dívida amortizada reduz o montante total devido.
Além disso, existe a possibilidade de amortização extraordinária, que ocorre quando o devedor realiza pagamentos antecipados de parcelas. Um exemplo comum é o uso do FGTS para amortizar ou quitar parte do financiamento.
Esse tipo de pagamento antecipado não só reduz o saldo devedor, mas também pode diminuir o valor das parcelas restantes e os encargos e juros associados.
Como funciona a amortização?
A amortização é calculada com base no valor principal da dívida, que é o montante originalmente emprestado. As parcelas, por outro lado, são compostas não apenas pela amortização, mas também pelos juros e encargos adicionais.
Em termos simples, a amortização refere-se à parte do pagamento que reduz o saldo devedor, enquanto as parcelas pagas incluem não só essa amortização, mas também os juros e outros encargos.
Nos empréstimos e financiamentos, as taxas de juros podem ser prefixadas ou pós-fixadas. Nas taxas prefixadas, a taxa de juros é definida no momento da contratação do crédito. Isso significa que o valor dos juros de cada parcela é conhecido desde o início do contrato.
Por outro lado, nas taxas pós-fixadas, os juros variam de acordo com indicadores econômicos, como o índice de inflação. Isso implica que o valor das parcelas pode aumentar ou diminuir conforme a situação econômica nacional muda.
Quais são os tipos de amortização?
Os sistemas de amortização mais usados no Brasil são o SAC e a Tabela Price. Além desses dois sistemas principais, existe ainda o americano, misto e o variável.
Tabela Price
Na Tabela Price, o valor das prestações é a mesma do começo até a quitação da dívida. Dessa maneira, a pessoa já sabe qual será o valor das parcelas e os juros são calculados no momento da contratação. Esse tipo de sistema de amortização é bastante utilizado em compras parceladas de veículos e eletrodomésticos.
A diferença entre o SAC e a Tabela Price, é que no SAC a amortização acontece sempre que uma parcela é paga. Isso significa que a base de cálculo dos juros é reduzida mensalmente, o que faz com que o valor das parcelas seja reduzido conforme o tempo passa.
Por outro lado, na Tabela Price não ocorre a amortização a cada prestação paga, o que significa que os juros podem ser calculados quando a dívida é contraída e a parcela permanece a mesma até a dívida ser quitada.
SAC
O Sistema de Amortização Constante é o mais utilizado nos financiamentos imobiliários. A característica principal desse sistema é a diminuição do valor das parcelas, conforme elas vão sendo pagas. Esse sistema de amortização é chamado de constante, pois o valor deduzido mensalmente do valor da dívida é sempre o mesmo.
Sendo assim, o que faz o valor das parcelas serem reduzidas são os juros. Isso porque, os juros são calculados em cima do saldo devedor, o que faz com que as parcelas iniciais tenham valor maior.
Como a amortização da dívida ocorre de maneira constante, mensalmente ocorre uma redução na base de cálculo dos juros. Logo, quanto mais a dívida é amortizada, menores ficam os juros.
Sistema Americano
No Sistema Americano, você paga só os juros do empréstimo durante a maior parte do tempo. Isso significa que suas parcelas mensais são fixas e bem menores, porque não incluem o pagamento do principal. No final do prazo do empréstimo, você faz um único pagamento grande para quitar o valor total que emprestou.
A vantagem é que suas parcelas mensais são mais baixas, mas a desvantagem é que você precisa se preparar para um pagamento grande no final. Esse sistema é comum em alguns financiamentos e pode ser uma boa opção se você conseguir planejar para o pagamento final.
Sistema de Amortização Misto
O Sistema de Amortização Misto é uma maneira flexível e equilibrada de pagar uma dívida, combinando características de diferentes métodos de amortização.
Em vez de seguir um único sistema, ele mistura elementos de métodos como o Sistema de Amortização Constante (SAC) e a Tabela Price para criar um plano de pagamento mais adaptável.
No início, você pode ter parcelas que são um pouco mais baixas, parecidas com o que você veria na Tabela Price, com uma parte fixa para amortização e outra para juros. Isso ajuda a manter o pagamento mensal mais previsível e acessível.
Depois de um tempo, o sistema pode mudar para algo mais parecido com o SAC, onde a parte da amortização se mantém constante, e as parcelas vão diminuindo aos poucos. Isso significa que você vai pagar menos juros ao longo do tempo e ver sua dívida ser quitada mais rapidamente.
A grande vantagem do Sistema de Amortização Misto é que ele oferece uma boa combinação de estabilidade e redução eficiente da dívida. No entanto, ele pode ser um pouco mais complicado de entender e pode ter parcelas que variam.
É uma boa opção se você quer flexibilidade e um equilíbrio entre pagamentos fixos e a redução gradual do saldo devedor. Se estiver pensando em usar esse sistema, vale a pena conversar com um especialista para ver se ele se encaixa bem nas suas necessidades financeiras.
Sistema de Pagamento Variável
No Sistema de Pagamento Variável, o valor das suas parcelas pode mudar de um mês para o outro. Isso acontece porque as parcelas dependem de fatores como a taxa de juros ou outros índices econômicos que podem variar.
Então, se a taxa de juros ou o índice usado para calcular o empréstimo sobe, suas parcelas podem aumentar. Por outro lado, se esses números caírem, suas parcelas podem diminuir, o que pode ser uma vantagem.
Esse sistema é comum em empréstimos com taxas que não são fixas e é uma boa opção se você está ok com a ideia de ter parcelas que podem variar e consegue se ajustar a essas mudanças no seu orçamento.
Qual tipo vale mais a pena?
Escolher o melhor sistema de amortização depende das suas necessidades, perfil financeiro e outros fatores pessoais. Cada tipo de amortização tem suas próprias características e pode impactar suas finanças de maneira diferente.
Cada modelo afeta o cálculo dos juros e, consequentemente, o valor das parcelas de maneira distinta. Por isso, é fundamental entender como cada sistema funciona para escolher o que melhor se adapta à sua situação financeira.
A melhor abordagem é consultar um consultor financeiro ou fazer uma simulação para ver como cada sistema impactará seus pagamentos antes de tomar uma decisão.
Além disso, antes de assumir um empréstimo ou financiamento, é uma boa ideia organizar suas finanças pessoais. Confira “10 Passos para Equilibrar as Finanças Pessoais” para garantir que você esteja preparado para essa decisão.
Como fazer a amortização?
A amortização é o processo de pagamento de uma dívida ao longo do tempo através de pagamentos regulares. O valor da amortização é a parte do pagamento que é usada para reduzir o valor da dívida.
Aqui está a fórmula básica para calcular a amortização:
Amortização = Pagamento – Juros
Isso significa que o valor amortizado é o que sobra do pagamento depois de descontados os juros. Por exemplo, se uma dívida inicial de 1000 acumulou 40 de juros após um mês e foi feito um pagamento de 90, então a amortização foi de 50 (ou seja, 90 – 40).
É melhor amortizar ou investir?
A decisão entre amortizar uma dívida ou investir o dinheiro depende de vários fatores, incluindo o custo do financiamento, a taxa de rendimento dos investimentos e o perfil de risco do indivíduo.
Aqui estão alguns pontos a considerar:
- Custo Efetivo Total (CET) do Financiamento: Este é o custo real do seu financiamento, que inclui não apenas a taxa de juros, mas também seguros e taxas embutidos no valor da parcela.
- Taxas de Rendimento dos Investimentos: Você deve considerar as taxas de rendimento dos investimentos disponíveis para você.
- Perfil de Risco: Se você é avesso ao risco, pode preferir a certeza de reduzir sua dívida em vez da incerteza dos retornos do investimento.
- Estado da Reserva Financeira: Se você já tem uma reserva financeira sólida, pode ser mais vantajoso investir o dinheiro extra.
Para tomar uma decisão informada, você pode comparar o CET do seu financiamento com a taxa de rendimento do investimento. Se o resultado for:
- Positivo: É mais vantajoso amortizar a dívida, pois você paga mais juros do que ganharia aplicando o dinheiro.
- Negativo: O investimento está rendendo mais do que você paga de juros. Nesse caso, seria mais vantajoso investir o dinheiro.
No entanto, lembre-se: esta não é uma regra que vale para todos e a escolha precisa levar em conta fatores pessoais. É sempre uma boa ideia consultar um consultor financeiro antes de tomar essa decisão.
Saiba mais: Custo Efetivo Total: o que é, para que serve o CET e como calcular
Quais são as vantagens e as desvantagens da amortização?
A amortização é um processo financeiro que tem suas vantagens e desvantagens, e estas podem variar dependendo do sistema de amortização escolhido. Aqui estão algumas vantagens e desvantagens dos sistemas de amortização mais comuns:
1. Sistema de Amortização Constante (SAC):
- Vantagens: As parcelas diminuem ao longo do tempo, pois os juros diminuem à medida que a dívida é paga. Isso pode evitar problemas com endividamento no longo prazo.
- Desvantagens: As parcelas iniciais têm valor mais alto.
2. Tabela Price:
- Vantagens: As parcelas são previsíveis, mantendo um valor constante durante todo o financiamento ou empréstimo. As primeiras parcelas quitam os juros enquanto as últimas pagam o capital tomado.
- Desvantagens: A quitação do saldo devedor é mais demorada em relação a outros sistemas de amortização. Há um maior acúmulo de juros pagos em prazos mais longos.
3. Sistema Americano:
- Vantagens: Pagamentos mensais equivalentes aos juros, sem amortizações mensais, e prevê a amortização total da dívida inicial em um único pagamento no final de um período estipulado.
- Desvantagens: Pode ser arriscado se o devedor não tiver a capacidade de fazer o pagamento final.
4. Pagamento Único:
- Vantagens: Um único pagamento é feito no final de um período estipulado, correspondendo à amortização total da dívida inicial acrescida dos juros.
- Desvantagens: Pode ser arriscado se o devedor não tiver a capacidade de fazer o pagamento final.
A escolha do sistema de amortização depende de diversos fatores, como o valor da sua dívida, o objetivo com a antecipação e outras características. É sempre uma boa ideia consultar um consultor financeiro antes de tomar essa decisão.
Quando fazer uma amortização?
Decidir quando fazer uma amortização pode depender de vários fatores financeiros e pessoais. Aqui estão algumas situações em que pode ser uma boa ideia considerar a amortização
- Parcelas Muito Altas: Se você está achando que as parcelas do seu empréstimo estão pesando no bolso, pagar um pouco da dívida antecipadamente pode ajudar a diminuir o valor das parcelas no futuro.
- Economizar nos Juros: Se você tiver uma grana extra, usar ela para pagar parte da dívida agora pode reduzir o total de juros que você vai pagar ao longo do tempo. Quanto mais cedo você amortiza, menos juros você paga.
- Grana Extra: Recebeu um bônus ou um presente em dinheiro? Usar esse dinheiro para pagar parte do empréstimo pode ser uma ótima forma de reduzir a dívida e aliviar seu orçamento.
- Mudar o Tipo de Amortização: Se o sistema de amortização atual está difícil de gerenciar, como as parcelas que mudam muito, amortizar parte da dívida pode ajudar a ajustar o plano para algo que funcione melhor para você.
- Situação Financeira Melhorando: Se você está com a situação financeira mais folgada e pode pagar mais do que o mínimo, amortizar a dívida pode ser uma boa forma de quitá-la mais rápido.
- Se Preparar para o Fim do Empréstimo: Se você está quase terminando de pagar o empréstimo e quer diminuir o pagamento final, fazer uma amortização antes pode ajudar a deixar esse pagamento mais leve.
- Benefícios Fiscais: Em alguns casos, pagar um pouco mais pode até trazer benefícios fiscais. Vale a pena dar uma conferida para ver se isso se aplica a você.
Como usar o FGTS para amortizar o financiamento?
Se você quer usar o FGTS para dar uma força no pagamento do seu financiamento, é bem simples. Primeiro, confira se seu financiamento é um dos tipos que permitem usar o FGTS, como o de casa própria. Aí, dê uma olhada no saldo do seu FGTS pelo site ou aplicativo da Caixa Econômica Federal.
Depois, entre em contato com a Caixa para pedir a utilização do FGTS e reúna os documentos necessários, como seu CPF, RG e o contrato do financiamento. Eles vão analisar sua solicitação e, se estiver tudo certo, liberar o dinheiro.
O valor do FGTS será usado para reduzir o saldo devedor ou pagar algumas parcelas do financiamento.
Por fim, fique de olho para garantir que o pagamento seja feito corretamente e, se precisar, ajuste seu contrato com a instituição financeira para refletir qualquer mudança nas parcelas ou no prazo. É uma ótima maneira de aliviar um pouco o peso do financiamento e ficar com as finanças mais leves.
Quais as diferenças entre amortizar prazo ou prestação?
Amortizar o prazo e amortizar a prestação são duas formas diferentes de lidar com um financiamento. Quando você escolhe amortizar o prazo, está basicamente reduzindo o tempo total para pagar a dívida.
Isso significa que suas parcelas continuam iguais, mas você termina de pagar o empréstimo mais rápido e paga menos juros no total.
Por outro lado, se você opta por amortizar a prestação, está diminuindo o valor das parcelas mensais, o que pode aliviar seu orçamento mensal, mas pode acabar aumentando o total de juros pagos, já que o prazo do financiamento permanece o mesmo.
Em resumo, se você quer quitar a dívida mais rápido e economizar em juros, amortizar o prazo é uma boa escolha. Se precisar de parcelas menores e mais manejáveis no mês a mês, a amortização da prestação pode ser a melhor opção, mesmo que isso signifique pagar um pouco mais de juros no final.
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Fontes: Cashme, Omie, Serasa, Investnews, Eleve usas vendas, PagSeguro