Regra de Sahm: o que é e qual a relação com a recessão?

A regra de Sahm é um alerta importante para a economia, mas sua aplicação requer cautela e análise contextual. Saiba o que é e como funciona.

7 de agosto de 2024 - por Sidemar Castro


A regra de Sahm é um modelo econômico desenvolvido por Claudia Sahm, ex-economista do Federal Reserve, que serve como um indicador para prever o início de recessões. A regra estabelece que uma economia entra em recessão quando a média móvel de três meses da taxa de desemprego nacional (U3) aumenta em 0,5 ponto percentual ou mais em relação ao seu valor mínimo nos últimos 12 meses.

Saiba mais sobre a regra de Sahm, o que é e qual a relação com a recessão. Continue a ler!

O que é a regra de Sahm?

A regra de Sahm utiliza dados em tempo real, permitindo que as análises sejam feitas com base nas taxas de desemprego mais recentes. Este modelo tem se mostrado um indicador confiável, pois as elevações na taxa de desemprego que cruzam o limite de 0,5 ponto percentual têm precedido recessões nos EUA em anos anteriores, como 2001, 2008 e 2020.

Recentemente, a taxa de desemprego nos EUA subiu para 4,3%, o que representa um aumento de 0,53 pontos percentuais, acendendo alertas sobre uma possível recessão. Apesar disso, Claudia Sahm expressou dúvidas sobre a atual condição econômica dos EUA, afirmando que, embora os dados sejam preocupantes, não está convencida de que o país esteja em recessão.

Origem

A regra estabelece que uma recessão está se iniciando quando a média móvel de três meses da taxa de desemprego nacional aumenta em 0,5 ponto percentual ou mais em relação ao seu valor mínimo nos últimos 12 meses.

A regra de Sahm é um modelo econômico desenvolvido por Claudia Sahm, ex-economista do Federal Reserve, que busca identificar o início de uma recessão de forma antecipada. Essa regra se baseia em um indicador simples, mas eficaz: a taxa de desemprego.

Ao monitorar a taxa de desemprego de acordo com a regra de Sahm, é possível identificar os primeiros sinais de uma desaceleração econômica, permitindo que formuladores de políticas (policymakers) e investidores tomem medidas preventivas. A regra utiliza dados em tempo real da taxa de desemprego, o que a torna uma ferramenta ágil para acompanhar a saúde da economia.

Aplicação

A regra é fácil de entender e aplicar, o que facilita sua utilização por diferentes públicos. Entretanto, assim como qualquer outro indicador econômico, a regra de Sahm não é infalível. Pode haver casos em que a taxa de desemprego aumente sem que uma recessão se inicie, ou vice-versa.

A regra se concentra em um único indicador, o que pode não capturar a complexidade de um ciclo econômico.

Portanto, a regra de Sahm oferece uma ferramenta útil para identificar os primeiros sinais de uma recessão. Ao monitorar a taxa de desemprego de acordo com essa regra, é possível tomar decisões mais informadas e mitigar os impactos negativos de um eventual período de contração econômica.

Relação entre a regra de Sahm e a recessão econômica

A regra de Sahm é uma ferramenta econômica que busca antecipar o início de uma recessão, baseando-se em um indicador simples e direto: a taxa de desemprego. Segundo a economista Claudia Sahm, que a criou, essa regra estabelece que uma recessão está se iniciando quando a taxa de desemprego nacional aumenta.

Quando a economia desacelera, as empresas tendem a demitir funcionários, elevando a taxa de desemprego. Essa relação entre atividade econômica e nível de emprego é histórica e bem documentada.

A taxa de desemprego costuma reagir antes de outros indicadores, como o PIB, tornando-a um sinal precoce de mudanças no ciclo econômico. Imagine que a taxa de desemprego de um país tenha atingido seu menor nível nos últimos 12 meses em 5%.

De acordo com a regra de Sahm, se a média móvel de três meses da taxa de desemprego subir para 5,5%, isso pode ser um sinal de que a economia está entrando em um período de recessão. Assim como qualquer outro indicador, no entanto, a regra de Sahm não é infalível. Pode haver casos em que a taxa de desemprego aumente sem que uma recessão se inicie, ou vice-versa.

A regra se concentra em um único indicador, o que pode não capturar a complexidade de um ciclo econômico. A definição oficial de recessão pode variar entre países e pode levar algum tempo para ser confirmada.

Assim, a regra de Sahm oferece uma ferramenta simples e eficaz para identificar os primeiros sinais de uma recessão econômica. Ao monitorar a taxa de desemprego de acordo com essa regra, é possível antecipar os ciclos econômicos e tomar medidas para minimizar seus impactos negativos.

Controvérsias da regra de Sahm

A regra de Sahm, desenvolvida por Claudia Sahm, tem gerado controvérsias, especialmente em relação à sua eficácia como indicador de recessão. Embora a regra seja baseada em dados de desemprego e tenha mostrado ser um sinal confiável em recessões passadas, algumas análises recentes levantam questões sobre sua aplicabilidade atual.

Entre as principais controvérsias da regra, estão as mudanças nas dinâmicas do mercado de trabalho. Economistas, como Sarah House e Michael Pugliese do Wells Fargo, indicam que o aumento recente na taxa de desemprego pode ser atribuído a fatores como a entrada de novos trabalhadores no mercado. Segundo elas, isso não necessariamente leva a uma deterioração econômica generalizada. Sugerem que o aumento pode não ser um sinal infalível de recessão, como foi em ciclos anteriores.

O aumento do desemprego está sendo impulsionado tanto por demissões permanentes quanto por contratos temporários que estão chegando ao fim. A distinção entre “motivos certos” e “motivos errados” para o aumento do desemprego levanta dúvidas sobre a interpretação da regra. A deterioração nas condições do mercado de trabalho, embora presente, pode não refletir uma recessão iminente.

A regra utiliza uma média móvel de três meses da taxa de desemprego, o que pode levar a interpretações variadas dependendo do contexto econômico. A análise atual sugere que, apesar de cruzar o limite de 0,5 ponto percentual, as condições do mercado de trabalho ainda podem estar em uma fase relativamente saudável, o que complica a avaliação da situação econômica.

A reação do mercado financeiro à aplicação da regra de Sahm também é um ponto de discussão. O aumento do desemprego gerou preocupações, mas também levou a expectativas de que o Federal Reserve possa reduzir as taxas de juros, o que poderia diminuir os efeitos de uma possível recessão.

Essas controvérsias refletem a complexidade da economia moderna e a necessidade de uma análise cuidadosa ao usar indicadores como a regra de Sahm para prever recessões.

Fontes: Exame, Valor Investe, Economia em Pauta, Dinheirama, Eco Sapo, Maketinsider, Poder 360

Reestruturação financeira: o que é e quando fazer na sua empresa?

Economia alternativa: o que é, como funciona e como surgiu?

Economia fechada: o que é e como funciona esse modelo?

Ortodoxia econômica: o que é e quais são os princípios?