29 de junho de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Empreender no Brasil, em tempos de Selic nas alturas, é praticamente um ato de fé. Afinal, com a taxa básica de juros a 14,75% ao ano, investir R$ 100 mil em renda fixa renderia cerca de R$ 14 mil anuais, sem esforço algum. Se você tem R$ 1 milhão, são R$ 147 mil por ano. E com R$ 10 milhões, estamos falando de R$ 1,4 milhão. Tudo isso, simplesmente, deixando o dinheiro parado. Ainda assim, milhares de brasileiros decidem correr o risco e se tornam empreendedores.
Investem tempo, energia e todo o seu capital em um sonho que, com sorte, pode dar certo. Mas é justamente aí que mora o perigo: o sucesso pode fazer você negligenciar os riscos.
Veja também: Como a taxa Selic influencia os seus investimentos?
Diversificação: segredo dos investidores
Quem dá certo, geralmente repete comportamentos de risco achando que é invencível. É como alguém que empina uma moto pela primeira vez, não sofre um acidente, e continua fazendo isso, até o dia em que dá errado.
O empreendedor brasileiro vive esse ciclo. Um mês bom, outro nem tanto. E como o negócio cresce, cresce também a ilusão de segurança. O problema? Muitos colocam todo o patrimônio pessoal dentro da empresa, como se fossem uma coisa só. E isso é perigoso.
Ao contrário de um assalariado, o empreendedor não sabe quanto vai ganhar no próximo mês. Seu faturamento depende de variáveis que fogem do seu controle.
Se sua empresa é o seu único plano, é como estar em alto-mar sem colete salva-vidas. Se o barco afundar, e isso pode acontecer, você afunda junto. É por isso que diversificar é essencial.
Separar a pessoa física da jurídica é o primeiro passo. E isso começa com uma simples ação: ter contas bancárias separadas. Se você é MEI, isso não muda. Crie uma conta para a empresa e outra para você.
Depois, defina um valor que será retirado mensalmente da empresa como sua “remuneração”. Esse valor não precisa estar registrado como pró-labore (caso você queira evitar encargos), mas deve ser um valor fixo, preferencialmente não maior do que 50% do lucro líquido do trimestre.
Não reinvista tudo na empresa
É comum ver empreendedores reinvestirem 100% do lucro no próprio negócio. E, na maioria das vezes, isso os impede de crescer de verdade. O ideal é retirar parte do lucro e investir fora da empresa, em ativos que gerem renda passiva e garantam a sua segurança pessoal.
Assim, se a empresa quebrar, você não quebra junto. E mais: se você tiver um bom planejamento pessoal, pode até usar esse capital para salvar a própria empresa em momentos difíceis.
O segredo dos 25%
A regra é simples: separe 25% da sua renda pessoal para investir todo mês. Parece pouco? Pode parecer no início. No entanto, ao longo dos anos, esse hábito se transforma em liberdade financeira.
Um empreendedor que aplica essa estratégia de forma consistente, com um retorno médio anual, pode chegar em 20 anos a ter uma renda passiva de mais de R$ 17 mil, somente com o dinheiro investido. Isso significa que, mesmo se a empresa quebrar, você continua vivo financeiramente.
A verdade é dura, mas precisa ser dita: se sua empresa quebrar e, em dois meses, você não consegue mais pagar suas contas pessoais, você não está preparado para empreender.
Muitos empresários vivem com 100% do lucro da empresa, compram carro, ajudam a família, financiam casa em condomínio fechado. No entanto, no primeiro ano ruim, tudo desmorona.
Se você estiver organizado financeiramente, poderá suspender retiradas por um tempo, deixar o dinheiro dentro da empresa e respirar com mais tranquilidade até a recuperação. Isso se chama inteligência financeira empresarial.
Saiba mais: Planejamento financeiro pessoal: 15 passos para criar o seu
Melhores ativos de renda fixa
No Brasil, os setores imobiliário e do agronegócio são incentivados pelo governo, o que significa que eles não pagam imposto sobre os recursos captados por meio de CRI e CRA. Ou seja, quando você investe nesses títulos, está emprestando dinheiro para empresas sólidas que, em geral, oferecem maior estabilidade econômica.
Além disso, muitos desses papéis oferecem rentabilidades acima da inflação, como IPCA +10%, por exemplo. É uma forma de proteger seu dinheiro do efeito corrosivo da inflação e, ao mesmo tempo, ter previsibilidade de retorno.
Se você é conservador, pode colocar 70% ou mais do seu patrimônio em renda fixa. Se é um pouco mais arrojado, 50% ainda seria prudente. O importante é começar estruturando sua base de forma sólida antes de pensar em multiplicar capital com mais risco.
Investindo em renda variável
Muitos empresários cometem um erro comum ao investir na bolsa: escolhem ações de empresas do mesmo setor em que atuam. Se você é dono de posto de gasolina, por exemplo, é tentador investir em Petrobras. Se tem um supermercado, vai querer ações do varejo. No entanto, isso é uma armadilha.
Se o seu setor vai mal, a chance da empresa da bolsa que atua na mesma área também estar sofrendo é grande, só que em escala muito maior. Enquanto você perde faturamento, ela pode estar acumulando bilhões em prejuízo.
Por isso, o ideal é fazer o oposto, investir em setores que não têm ligação direta com o seu negócio, criando o que chamamos de descorrelação.
Criar o hábito de investir de forma recorrente, mesmo com pouco, é mais importante do que esperar o “momento perfeito”. O ideal é manter suas finanças organizadas, separando a conta da empresa da sua conta pessoal.
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