5 de agosto de 2025 - por Millena Santos
Entender o Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) é fundamental para quem busca otimizar a gestão do estoque e melhorar os resultados do negócio. Já pensou em como controlar o tempo que seus produtos ficam parados pode transformar a saúde financeira e a eficiência operacional da sua empresa?
Neste texto, vamos entender juntos o que é o PMRE, por que ele importa e como usar esse indicador. Vamos lá?
O que é prazo médio de renovação de estoque (PMRE)?
O Prazo Médio de Renovação de Estoque, ou PMRE, é um indicador importante usado na gestão de estoques. Ele mostra, em média, quanto tempo os produtos permanecem armazenados antes de serem vendidos ou substituídos.
Esse dado é fundamental para entender o ritmo de saída dos itens e ajuda a planejar melhor as compras e a reposição de mercadorias.
Em outras palavras, o PMRE aponta a velocidade com que o estoque está girando, ou seja, a frequência com que os produtos entram e saem da loja. Quanto menor esse prazo, mais rápido o estoque está sendo renovado, o que pode indicar uma boa demanda.
Já um prazo muito longo pode sinalizar acúmulo de itens parados, o que representa custos extras com armazenamento e até risco de perda, no caso de produtos perecíveis ou sujeitos à obsolescência.
Quais são os tipos de estoque calculados pelo PMRE?
1- Matéria-prima
São os materiais básicos utilizados no processo de fabricação dos produtos. Controlar o tempo que essas matérias-primas permanecem estocadas antes de serem usadas é essencial para evitar desperdícios, perdas por deterioração e até problemas com espaço.
2- Embalagem
Inclui caixas, frascos, rótulos e outros materiais usados para embalar o produto final. Esse tipo de estoque também deve ser monitorado, já que a falta ou o excesso de embalagens pode interferir diretamente na entrega dos produtos ao cliente.
3- Insumos
São todos os componentes adicionais utilizados durante a produção, como peças, aditivos, tintas ou produtos químicos. Assim como a matéria-prima, os insumos precisam estar disponíveis no momento certo, mas sem sobrecarregar o estoque.
4- Materiais para atividades indiretas na produção
Para finalizar, esses são itens que não entram diretamente no produto final, mas que são fundamentais para o funcionamento da operação. Exemplos incluem ferramentas, equipamentos de proteção individual (EPIs), lubrificantes e materiais de limpeza.
Como calcular o prazo médio de renovação de estoque?
Para calcular o PMRE, é necessário reunir algumas informações importantes, como o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) e o valor médio do estoque.
O primeiro passo é encontrar o CMV, que representa todos os gastos relacionados à compra, produção e manutenção das mercadorias até o momento da venda.
Entram nesse cálculo despesas como pagamento a fornecedores, impostos, seguros, frete, contas de luz e internet, comissões de vendedores e outros custos diretamente ligados à operação. Esse dado geralmente está disponível no DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) da empresa.
Em seguida, é preciso calcular o valor médio do estoque, que corresponde à média entre o valor do estoque no início e no final do período analisado. A fórmula é a seguinte:
Valor médio do estoque= (Estoque inicial + Estoque final) ÷ 2
Com essas informações, já é possível aplicar a fórmula do PMRE:
PMRE= Valor médio do estoque ÷ (CMV ÷ número de dias do período analisado)
Exemplo de cálculo do PMRE
Imagine uma loja de roupas que deseja calcular o Prazo Médio de Renovação de Estoque referente ao mês de julho.
No dia 1º de julho, o estoque da loja estava avaliado em R$ 80.000. No final do mês, em 31 de julho, o valor do estoque era de R$ 60.000. Para encontrar o valor médio do estoque durante esse período, usamos a fórmula:
Valor médio= (80.000 + 60.000) ÷ 2 = R$ 70.000
Agora, é necessário saber o CMV no período. Suponha que, ao analisar o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), a loja verificou que o CMV do mês foi de R$ 105.000.
Como o período de análise é de 31 dias (referente ao mês de julho), a gente calcula o custo médio diário das mercadorias vendidas:
CMV diário= 105.000 ÷ 31= R$ 3.387,10
Agora, aplicamos a fórmula do PMRE:
PMRE= 70.000 ÷ 3.387,10= 20,67 dias
Isso significa que, em média, os produtos da loja permanecem em estoque por aproximadamente 21 dias antes de serem vendidos e substituídos por novos itens.
Como analisar o prazo médio de renovação de estoque?
1- Comparar com períodos anteriores
Um dos primeiros passos para entender o prazo médio de renovação de estoque é observar sua evolução ao longo do tempo.
Comparar o indicador com meses ou trimestres anteriores ajuda a identificar padrões, como se o estoque está girando mais rápido ou ficando parado por mais tempo.
2- Fazer a correlação com outros indicadores
Um fato importante: o PMRE não deve ser avaliado isoladamente. Relacioná-lo com outros dados, como custo de armazenagem, nível de serviço, volume de vendas e margem de lucro, traz uma visão mais completa do desempenho do estoque.
3- Avaliar a relação com o giro de estoque
O giro de estoque e o PMRE são indicadores complementares. Como a gente já viu, enquanto o PMRE mostra o tempo médio que os produtos permanecem no estoque, o giro indica quantas vezes o estoque é renovado em um período.
Importância do prazo médio de renovação de estoque (PMRE)
O prazo médio de renovação de estoque é importante pelos seguintes motivos:
- Ajuda a identificar o momento certo para repor mercadorias: com o PMRE, é possível prever quando determinado item está prestes a acabar e precisa ser reabastecido. Isso evita rupturas no estoque, ou seja, situações em que o cliente procura um produto e não encontra, o que pode gerar perda de vendas e insatisfação.
- Evita o acúmulo de produtos parados: um dos grandes problemas na gestão de estoque é o excesso de mercadorias que demoram para sair. Isso ocupa espaço, gera custos de armazenagem e, dependendo do tipo de produto, pode levar à perda de validade ou à obsolescência.
- Facilita o planejamento e a gestão do estoque: ter noção sobre o prazo médio de renovação ajuda a organizar melhor os pedidos com fornecedores, ajustar o calendário de compras e manter um equilíbrio saudável entre oferta e demanda. Isso torna a rotina da gestão mais previsível e evita surpresas desagradáveis.
- Ajuda a identificar custos críticos: quando o estoque gira devagar, o capital da empresa fica “parado” em produtos que não estão gerando receita. Ao acompanhar o PMRE, é possível detectar quais itens representam um custo maior por permanecerem muito tempo armazenados.
O PMRE, portanto, funciona como um termômetro que mostra a saúde do estoque, digamos assim. Por isso, usá-lo como ferramenta de análise e tomada de decisão pode trazer mais agilidade, economia e eficiência para o negócio.
Qual a relação entre PMRE e o giro do Estoque?
O Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) e o giro de estoque estão diretamente conectados. Esses dois indicadores funcionam como lados opostos da mesma moeda.
Quando o PMRE é alto, significa que os produtos estão demorando mais tempo para sair do estoque, ou seja, o giro é baixo. Já quando o PMRE é baixo, os produtos estão circulando com mais rapidez, o que indica um giro de estoque mais alto.
Esse equilíbrio é importante porque um PMRE elevado pode trazer diversos desafios para o negócio. Produtos que ficam muito tempo parados geram custos com armazenagem, aumentam o risco de perdas e ainda comprometem o capital da empresa, que poderia estar sendo investido de forma mais produtiva.
Por outro lado, um giro de estoque saudável indica que os produtos estão sendo vendidos dentro do tempo esperado e que o estoque está bem alinhado com a demanda. Isso ajuda a manter um fluxo de caixa mais equilibrado, reduz desperdícios.
Sendo assim, na prática, quanto mais alinhado estiver esse ciclo, com um PMRE ajustado e um giro compatível com o tipo de produto e o perfil do público, mais eficiente será a operação como um todo.
Como o PMRE impacta o fluxo de caixa?
O Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) tem uma ligação direta com o fluxo de caixa da empresa. Isso porque ele influencia o tempo em que o dinheiro investido em mercadorias retorna para o caixa na forma de receita.
Quando o PMRE é alto, significa que os produtos estão demorando para ser vendidos. Isso gera um impacto negativo no fluxo de caixa, já que o capital da empresa fica parado no estoque, sem girar.
Com menos entrada de dinheiro, pode ser mais difícil arcar com despesas operacionais, como pagamento de fornecedores, salários, aluguel, entre outros compromissos do dia a dia.
Além disso, uma baixa rotatividade de mercadorias pode acarretar custos extras com armazenagem, riscos de perdas por vencimento ou desvalorização dos produtos, e ainda a necessidade de fazer promoções com margem menor para tentar movimentar o estoque.
Por outro lado, um PMRE mais curto contribui para um fluxo de caixa mais saudável, já que os produtos entram e saem com mais rapidez, gerando mais receita.
Isso permite um melhor controle financeiro, maior previsibilidade e mais liberdade para fazer novos investimentos ou aproveitar oportunidades de mercado.
Pincipais desafios na gestão do PMRE
1- Logística e atrasos nas entregas
Problemas logísticos, como atrasos no transporte ou falhas no abastecimento por parte dos fornecedores, impactam diretamente o ritmo de renovação do estoque.
2- Capacitação da equipe
A falta de preparo ou de conhecimento específico da equipe responsável pelo estoque pode levar a erros no controle de entrada e saída de produtos.
Por isso, ter profissionais bem treinados é fundamental para acompanhar indicadores como o PMRE com precisão.
3- Controle de estoques
Outro grande desafio é manter o controle rigoroso sobre o que entra e sai do estoque. Falhas nesse acompanhamento podem gerar distorções nos dados e dificultar a tomada de decisões mais estratégicas, a exemplo do momento certo de repor mercadorias.
4- Processos manuais e falta de tecnologia
Ainda existem empresas que fazem a gestão de estoque de forma manual, o que aumenta o risco de erros, retrabalho e lentidão. A ausência de sistemas automatizados ou integrados dificulta a visualização em tempo real do estoque e compromete a gestão.
5- Análise de dados
Mesmo com informações disponíveis, muitas empresas encontram dificuldade em interpretar os dados de forma estratégica. Analisar o PMRE exige mais do que números: é preciso cruzar informações, identificar padrões e entender o comportamento do consumidor.
6- Gestão de crises
Situações como pandemias, desastres naturais ou crises econômicas podem afetar tanto a demanda quanto o fornecimento, impactando diretamente o giro de estoque.
7- Mudanças na demanda
Alterações no comportamento dos consumidores podem dificultar o planejamento e afetar o PMRE. Sendo assim prever essas variações exige análise constante do mercado e flexibilidade nas estratégias.
8- Integração de indicadores
Por fim, gerenciar o PMRE isoladamente pode limitar a visão do negócio. O desafio está em integrar esse indicador a outros, como giro de estoque, margem de lucro e nível de serviço, para tomar decisões mais alinhadas com os objetivos da empresa.
Estratégias que podem reduzir o PMRE
1- Analisar a demanda e a rotatividade
Primeiro, entender o comportamento de compra dos clientes é o primeiro passo. Avaliar quais produtos têm maior e menor saída permite ajustar os pedidos de forma mais precisa, evitando excessos e reduzindo o tempo de permanência das mercadorias no estoque.
Essa análise pode ser feita com base em dados históricos de vendas, sazonalidade e tendências de mercado.
2- Gerenciar o estoque de forma mais estratégica
Um controle mais rigoroso do estoque ajuda a identificar rapidamente o que precisa ser reposto e o que está acumulado. Isso inclui manter registros atualizados, adotar sistemas de gestão automatizados e organizar o armazenamento de forma que os itens com maior saída estejam mais acessíveis.
3- Fazer promoções de mercadorias que estão há mais tempo armazenadas
Itens com baixa rotatividade podem ocupar espaço por tempo demais. Criar campanhas promocionais ou oferecer descontos para esses produtos é uma forma de liberar o estoque, recuperar parte do investimento e também estimular o fluxo de vendas.
Além disso, isso ajuda a evitar perdas por vencimento ou desvalorização.
4- Rever a estratégia de vendas sempre que possível
Se os produtos não estão girando como esperado, pode ser necessário repensar a abordagem comercial. Isso pode incluir mudanças na reformulação de preços, diversificação dos canais de venda ou até mesmo ajustes na comunicação com o público.
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Fonte: Suno, Mais Retorno, F360, Lever Pro+.