ETF de criptomoeda: o que é, como investir, tipos

Descubra as diferenças entre ETFs tradicionais e ETFs de criptomoedas, entenda seus riscos, volatilidade e como investir.

18 de agosto de 2025 - por Millena Santos


ETFs de criptomoedas oferecem uma maneira mais prática de investir em ativos digitais, como Bitcoin e Ethereum, sem a necessidade de comprá-los diretamente. Diferentes dos ETFs tradicionais, que acompanham ações ou commodities, eles apresentam maior potencial de retorno, mas também mais volatilidade.

Neste texto, vamos explorar em detalhes esse tipo de investimento, explicar os principais tipos de ETFs de cripto e trazer tudo o que é importante saber para quem quer diversificar a carteira. Vamos lá?

O que é ETF de criptomoeda?

O ETF de criptomoeda, ou Exchange Traded Fund, é um tipo de fundo de investimento negociado na bolsa de valores, assim como as ações. A principal diferença é que, em vez de investir diretamente na compra de uma criptomoeda, o investidor aplica em cotas desse fundo, que reflete o desempenho de ativos digitais.

Na prática, esses ETFs costumam acompanhar índices de criptomoedas, como o Bitcoin (BTC), ou de altcoins, nome dado a qualquer criptomoeda que não seja o Bitcoin, como Ethereum (ETH), Solana (SOL) ou Cardano (ADA).

Isso torna o acesso ao mercado cripto mais simples e acessível, já que dispensa a necessidade de criar carteiras digitais, lidar com chaves privadas ou comprar diretamente em corretoras especializadas.

Além disso, os ETFs de cripto trazem uma camada de segurança extra, pois são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, o que ajuda a reduzir riscos para quem ainda está começando nesse tipo de investimento.

Quais são os tipos de ETF de criptomoeda?

No Brasil, os principais tipos de ETF de criptomoeda são divididos em duas categorias: ETFs à vista (spot), que acompanham diretamente o preço da criptomoeda, e ETFs de futuros, que se baseiam em contratos futuros desses ativos.

Dentro desses tipos, existem diferentes focos:

1- ETFs de Bitcoin (BTC)

São os mais populares e acompanham o desempenho do Bitcoin, a primeira e maior criptomoeda do mercado. Eles permitem que investidores tenham exposição ao BTC sem precisar comprá-lo diretamente em corretoras ou cuidar de carteiras digitais.

2- ETFs de Ethereum (ETH)

Assim como os de Bitcoin, existem fundos que acompanham o desempenho do Ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo e base para contratos inteligentes, NFTs e muitas aplicações de blockchain.

3- ETFs de altcoins específicas

Alguns ETFs acompanham outras criptomoedas além de BTC e ETH, como Solana (SOL) ou Cardano (ADA). Esses fundos permitem diversificação dentro do mercado cripto, mas ainda são menos comuns no Brasil.

4- ETFs de criptomoedas diversificadas

Em vez de seguir apenas uma moeda, esses fundos reúnem um conjunto de diferentes criptos em um índice. Assim, o investidor tem exposição a várias moedas digitais de uma só vez, reduzindo o risco de depender apenas do desempenho de uma única.

Quais as taxas dos ETFs de criptomoedas?

Assim como acontece em outros fundos de investimento, os cotistas de ETFs de criptomoedas pagam uma taxa de administração anual. Essa taxa serve para remunerar a gestão do fundo, cobrir custos operacionais e garantir que ele funcione de forma adequada.

No Brasil, os valores costumam variar entre 0,25% e 1,3% ao ano, dependendo do tipo de ETF e da gestora responsável. Normalmente, ETFs mais simples, que acompanham apenas uma moeda como o Bitcoin, tendem a ter taxas menores, enquanto aqueles que seguem índices mais complexos ou diversificados podem cobrar um pouco mais.

Além da taxa de administração, é importante lembrar que, ao negociar ETFs na bolsa, pode haver outros custos envolvidos, como taxas de corretagem (dependendo da corretora escolhida) e a taxa de custódia da B3, embora muitas corretoras já isentem esse último custo para o investidor pessoa física.

Mesmo com essas taxas, os ETFs ainda são uma alternativa prática para ter acesso o mercado de criptomoedas, especialmente para quem busca mais simplicidade, segurança regulatória e diversificação sem lidar com a compra direta de ativos digitais.

Quais são as tributações dos ETFs de criptomoedas?

A tributação dos ETFs de criptomoedas segue regras específicas e é diferente da compra direta de ativos digitais. Em 2025, a Receita Federal estabelece que:

  1. Operações comuns (swing trade): os lucros obtidos na venda de cotas de ETFs de criptomoedas são tributados em 15%. Swing trade é quando a operação dura mais de um dia, ou seja, o investidor mantém o ativo por um período maior antes de vender.
  2. Operações de day trade: quando a compra e a venda acontecem no mesmo dia, a alíquota é de 20% sobre o lucro obtido.
  3. Sem isenção para vendas abaixo de R$ 20 mil: diferente de ações, que contam com isenção de IR em vendas mensais de até R$ 20 mil, os ETFs de criptomoedas não possuem essa vantagem. Qualquer lucro deve ser tributado, independentemente do valor movimentado.
  4. Declaração no Imposto de Renda: as cotas de ETFs de criptomoedas precisam ser informadas na ficha “Bens e Direitos” da declaração do IR, com o código específico para fundos de índice. Já os lucros devem ser declarados em “Renda Variável”, e o pagamento do imposto deve ser feito via DARF, sempre até o último dia útil do mês seguinte ao da operação.

Por fim, vale lembrar que o próprio investidor é responsável por apurar e recolher o imposto. Caso o pagamento não seja feito dentro do prazo, há incidência de multa e juros. Certo?

ETFs de criptomoedas no Brasil

No Brasil, os ETFs de criptomoedas são negociados na B3, a bolsa de valores brasileira. Atualmente, existem 5 fundos listados, que permitem exposição direta ao desempenho de ativos digitais, mas de forma regulada e simples, sem a necessidade de comprar criptos em corretoras.

ETFs de criptomoedas listados na B3

HASH11 – Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice

Lançado em 2021, foi o primeiro ETF de criptomoedas da América Latina. Ele acompanha o Nasdaq Crypto Index (NCI), formado por uma cesta diversificada de criptos como Bitcoin, Ethereum e outras altcoins relevantes. É a opção mais indicada para quem busca diversificação dentro do mercado cripto.

QBTC11 – QR CME CF Bitcoin Reference Rate

Criado pela QR Asset, acompanha exclusivamente o preço do Bitcoin (BTC) com base no índice de referência da CME (Chicago Mercantile Exchange). É ideal para quem deseja ter exposição direta à principal criptomoeda do mercado.

QETH11 – CME CF Ether Reference Rate

Também da QR Asset, é o primeiro ETF de Ethereum (ETH) da América Latina. Ele acompanha o preço do ETH com base no índice de referência da CME, sendo uma alternativa para quem acredita no potencial da rede Ethereum, que é a base para contratos inteligentes, DeFi e NFTs.

BITH11 – Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Rate

ETF da Hashdex voltado exclusivamente para o Bitcoin. Ele replica o preço da criptomoeda a partir de um índice de referência internacional, mas com uma pegada de sustentabilidade: o fundo compensa as emissões de carbono associadas à mineração do BTC.

ETHE11 – Hashdex Nasdaq Ethereum Reference Price Fundo de Índice

Por fim, esse é outro fundo da Hashdex, esse acompanha exclusivamente o Ethereum (ETH). É voltado para quem deseja investir apenas nessa cripto, que é a segunda maior em valor de mercado e tem forte relevância no ecossistema blockchain.

Vantagens de investir em ETF de criptomoeda

Sem dúvidas, uma das grandes vantagens dos ETFs de criptomoedas é a facilidade. Não é preciso abrir conta em corretoras internacionais, nem lidar com carteiras digitais ou chaves privadas, isso porque tudo é feito pela bolsa de valores, de forma semelhante à compra de uma ação.

Isso, claro, torna o investimento acessível até para quem está dando os primeiros passos no mercado.

Outro ponto positivo é que os ETFs permitem começar com um investimento baixo. Em vez de precisar comprar uma unidade inteira de Bitcoin ou Ethereum, que podem custar milhares de reais, é possível adquirir cotas do fundo com valores bem menores, o que, sem dúvidas, democratiza o acesso às criptomoedas.

Também, esses fundos oferecem mais segurança e custos competitivos. Por serem regulados pela CVM e negociados na B3, o investidor conta com a proteção do mercado tradicional.

As taxas de administração, embora existam, são bem menores do que os custos de manter uma custódia própria de cripto. Isso significa que é possível ter exposição ao mercado digital de maneira prática, transparente e sem grandes complicações.

Desvantagens e riscos de investir em ETF de criptomoeda

Assim como qualquer investimento, os ETFs de criptomoedas também têm seus riscos. O principal deles é a volatilidade.

Outro ponto é a limitação. Ao investir em ETFs, o cotista não tem posse direta da criptomoeda, o que significa que não pode transferi-la, usá-la em negociações ou aproveitar oportunidades dentro do universo cripto, como staking ou DeFi.

Ou seja, é um investimento voltado apenas para exposição ao preço, sem a experiência completa que o mercado oferece.

Por fim, existem os custos e encargos envolvidos. Apesar de mais acessíveis do que comprar criptomoedas diretamente e manter carteiras digitais, os ETFs cobram taxa de administração e estão sujeitos a regras de tributação, que podem reduzir a rentabilidade final.

Além disso, qualquer movimentação é feita dentro do horário da bolsa, o que pode ser visto como uma limitação, já que o mercado de criptos funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Como investir em ETF de criptomoeda?

1- Abra uma conta em uma corretora

Escolha uma corretora credenciada pela B3 (a bolsa de valores do Brasil). O cadastro é gratuito e feito pela internet, exigindo apenas dados pessoais e documentos básicos.

2- Transfira o dinheiro para a corretora

Para começar a investir, é necessário transferir recursos via Pix ou TED para a conta da corretora. Esse saldo ficará disponível para realizar as operações.

3- Escolha o ETF de criptomoeda

Dentro da plataforma da corretora, pesquise pelo código (ticker) do ETF que deseja investir, como BITH11 (ETF de Bitcoin) ou ETHE11 (ETF de Ethereum).

Cada fundo acompanha um índice ou ativo específico, então vale conferir qual faz mais sentido para sua estratégia.

4- Avalie as taxas e o índice de referência

Antes de comprar, verifique a taxa de administração do ETF e o índice que ele acompanha. Isso ajuda a entender os custos envolvidos e a forma como o fundo reflete o mercado de criptomoedas.

5- Compre as cotas do ETF

Defina a quantidade de cotas que deseja adquirir e finalize a ordem de compra. A negociação funciona como em ações: o valor varia de acordo com a oferta e demanda no pregão.

6- Acompanhe o desempenho do investimento

Depois da compra, é possível monitorar o desempenho das cotas diretamente no site da B3 ou na plataforma da corretora. Vale lembrar que ETFs de criptomoedas costumam ter bastante volatilidade, então é importante acompanhar os resultados com uma visão de médio a longo prazo.

Diferença entre ETF de criptomoeda e o ETF de outros setores?

Os ETFs de criptomoedas se diferenciam dos ETFs tradicionais principalmente pelo tipo de ativo que acompanham.

Enquanto os ETFs tradicionais buscam replicar o desempenho de ações, commodities ou índices do mercado financeiro, os ETFs de cripto estão ligados a ativos digitais, como Bitcoin, Ethereum, ou até índices que combinam várias criptomoedas.

Por conta dessa característica, os ETFs de cripto costumam ter uma volatilidade bem maior, com variações de preço mais intensas em curtos períodos. Já os ETFs tradicionais oferecem mais previsibilidade e estabilidade, tornando-os uma opção mais conservadora para quem busca investir com menor risco.

Além disso, os ETFs de criptomoedas permitem que investidores ganhem exposição ao mercado digital sem precisar comprar as moedas diretamente, o que, sem dúvidas, pode facilitar a diversificação e reduzir preocupações com armazenamento e segurança das criptos.

E aí, o que achou do nosso conteúdo? Que tal aproveitar conferir também: Risco financeiro: o que é, como calcular, evitar e analisar

Fonte: Infomoney, InvestNews, Blog PagSeguro, Mynt.

TAN, TAE e TAEG: quais as diferenças?

Fundos mútuos vs ações: quais as diferenças e qual escolher?

Braskem: tudo sobre essa gigante empresa petroquímica

Diferença entre integração vertical e integração horizontal