Depreciação: o que é, como calcular e analisar?

6 de janeiro de 2021 - por Nathalia Lourenço


O termo depreciação é o nome dado à perda do valor de um bem ao longo do tempo. Em outras palavras, a depreciação representa os custos da empresa com a desvalorização de seus ativos

A depreciação é considerada, desde o momento em que o ativo é instalado, até o fim da sua vida útil. Sendo assim, o intervalo desde a instalação até o fim da vida não pode resultar em um valor maior do o custo de aquisição do bem. 

A Receita Federal é a responsável por estimar o prazo de vida útil de um bem. Dessa maneira, se ao final do prazo estipulado, o bem ainda tiver valor, ele é chamado de valor residual. 

O que é depreciação?

A perda de valor de um bem no decorrer do tempo, é chamada de depreciação. Essa desvalorização pode ser decorrente do desgaste natural, do uso ou ainda de sua obsolescência. Alguns exemplos de bens que sofrem perda de valor são as máquinas, equipamentos e veículos.

A depreciação é registrada na contabilidade das empresas como um percentual do valor contábil de um bem. Dessa forma, este percentual é descontado ao longo do tempo, baseado na perspectiva de vida útil do bem. 

Quais são os tipos de depreciação?

1. Depreciação Contábil

A depreciação contábil é registrada nos demonstrativos financeiros da empresa, seguindo normas contábeis. Esse processo permite reconhecer, ao longo do tempo, a perda de valor dos ativos e ajustar o balanço patrimonial.

2. Depreciação Fiscal

A depreciação fiscal segue as regras da legislação tributária e determina o valor que pode ser deduzido como despesa, reduzindo a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. Além disso, os governos estabelecem taxas específicas de depreciação para cada tipo de bem.

Saiba mais: Lucro: entenda melhor esse importante conceito

3. Depreciação Econômica

Diferente da contábil e da fiscal, a depreciação econômica acontece quando um ativo perde valor devido a fatores externos, como mudanças no mercado, inovação tecnológica ou queda na demanda. Portanto, esse tipo de depreciação não se relaciona diretamente ao desgaste físico do bem.

4. Depreciação Física

a depreciação física ocorre devido ao desgaste natural do bem ao longo do tempo, seja pelo uso contínuo, pela exposição a fatores ambientais (chuva, sol, umidade) ou pela falta de manutenção. Por exemplo, máquinas e veículos perdem valor inevitavelmente devido ao desgaste das peças e ao funcionamento constante.

5. Depreciação Funcional

Além do desgaste físico, a depreciação funcional acontece quando um ativo se torna obsoleto ou ineficiente para sua função original, mesmo que ainda esteja em boas condições físicas. Um exemplo clássico envolve computadores que, embora funcionem, deixam de suportar os softwares mais recentes.

6. Depreciação Acelerada

A depreciação acelerada permite reconhecer a perda de valor do bem de forma mais rápida nos primeiros anos de uso. Esse método incentiva investimentos em determinados setores, possibilitando que as empresas recuperem o investimento mais cedo e renovem seus ativos com maior frequência.

7. Depreciação Linear

A depreciação linear se destaca como o método mais simples e mais utilizado. Nesse caso, o bem perde o mesmo valor a cada ano. Por exemplo, uma máquina que custa R$ 50.000 e tem uma vida útil de 10 anos sofre uma depreciação anual de R$ 5.000, garantindo previsibilidade no cálculo.

8. Depreciação Decrescente

Por fim, a depreciação decrescente reduz o valor do bem de maneira mais intensa nos primeiros anos e de forma mais branda nos anos seguintes. Esse modelo se aplica a ativos que sofrem maior desgaste logo no início da vida útil, como veículos e equipamentos eletrônicos.

Como funciona o registro da depreciação

Quando a depreciação se refere a um bem não utilizado diretamente na produção da empresa, ele é contabilizado como despesa. Em contrapartida, quando o bem está ligado diretamente à produção da empresa, ele é chamado de custo. 

Em síntese, a principal diferença entre os dois tipos de lançamentos é que os custos podem ser atribuídos ao produto final. Desse modo, é possível verificar a relação entre custos e retorno proporcionado pelos produtos.

As despesas podem estar relacionadas a diversos gastos e, por isso, raramente se vinculam à produção de um produto específico.

O registro da depreciação é essencial para o controle financeiro da empresa. Dessa forma, ele impacta diretamente nos cálculos dos impostos, já que a depreciação registrada como custo de produção, é descontada do lucro líquido da empresa.

Além disso, a depreciação funciona como uma forma de corrigir os valores dos bens ao longo do tempo, o que também pode impactar nos impostos a serem pagos.

Um exemplo do impacto da depreciação nos impostos, é a redução do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), conforme os carros envelhecem.

Regras de registro

Em relação aos tributos, a depreciação deve ser lançada no balanço das companhias segundo as regras e os limites determinados pela legislação fiscal.

Portanto, a responsável por determinar qual a vida útil de um bem e qual a sua taxa anual de depreciação, é a Receita Federal. Para facilitar a categorização, a Receita Federal possui algumas tabelas com o tempo de vida útil de cada bem. 

A depreciação deve ser contada a partir do momento em que o bem é instalado, até o final da sua vida útil. Logo, a depreciação não deve ser superior ao custo de aquisição do ativo.

Se a empresa compra um bem usado, deve calcular a taxa de depreciação com base na metade da vida útil ou no período restante desde a sua primeira data de instalação. Ao final da vida útil, o bem mantém um valor residual, também chamado de valor de sucata.

Como calcular a depreciação?

Os cálculos da depreciação podem ser realizados de duas maneiras principais:

  • Linear: Este é o cálculo mais utilizado, já que ele é o mais fácil de ser realizado. A sua aplicação se dá por meio da atribuição de uma taxa igual de depreciação para todos os períodos.

Sendo assim, é preciso dividir o valor total do ativo pelo seu período de vida útil. O resultado desta divisão é o valor da depreciação mensal em reais.

  • Soma de dígitos: A soma de dígitos funciona por meio da atribuição de quotas crescentes ou decrescentes de depreciação. Você deve respeitar a vida útil estabelecida nos cálculos, e o resultado final deve ser igual ao valor total do ativo.

Quais são as diferenças entre depreciação e amortização?

Depreciação e amortização são conceitos contábeis que representam a perda de valor de um ativo ao longo do tempo. No entanto, cada um se aplica a tipos diferentes de bens e segue regras específicas.

1. Natureza do Ativo

  • Depreciação: Aplica-se a bens tangíveis, como máquinas, veículos, equipamentos e imóveis. Esses ativos sofrem desgaste físico ou obsolescência ao longo do tempo.
  • Amortização: Relaciona-se a bens intangíveis, como marcas, patentes, softwares e direitos autorais. Nesse caso, a perda de valor ocorre devido ao tempo de validade ou à obsolescência do ativo.

2. Método de Cálculo

  • Depreciação: Normalmente calculada com base na vida útil estimada do ativo, podendo seguir métodos como linear, acelerado ou decrescente.
  • Amortização: Geralmente segue um critério pré-estabelecido no contrato do ativo intangível, podendo ser uma taxa fixa ao longo dos anos.

3. Motivo da Redução do Valor

  • Depreciação: Ocorre devido ao uso, desgaste físico, envelhecimento ou obsolescência do bem.
  • Amortização: Acontece pela expiração dos direitos sobre o ativo intangível ou pela perda de relevância do bem no mercado.

Enfim, agora que você compreende como a depreciação funciona, aproveite para aprender sobre o funcionamento do Opex, o que é? Como funciona, cálculo e usos na análise de investimentos.

Fontes: Dicionário financeiro, Capital research e Suno

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