1 de abril de 2025 - por Sidemar Castro

As formas de mercado são classificações que ajudam a entender como empresas e consumidores interagem em diferentes cenários econômicos. Elas dependem do número de empresas participantes, do nível de competição e das características dos produtos oferecidos.
Existem quatro principais: Concorrência Perfeita, Monopólio, Oligopólio e Concorrência Monopolística.
Essas formas ajudam a analisar o comportamento dos mercados e identificar tendências econômicas. Leia, a seguir, o que são formas de mercado e quais suas características.
O que são as formas de mercado?
As formas de mercado, também chamadas de estruturas de mercado, são classificações que definem como as empresas se organizam e competem em um setor. Elas variam de acordo com o número de participantes, o tipo de produto e o poder que cada empresa tem sobre os preços.
Cada forma de mercado tem características próprias e impacta diretamente os preços, a qualidade dos produtos e as escolhas dos consumidores. Portanto, entender essas estruturas ajuda a analisar como as empresas se comportam e como o mercado funciona.
Na economia, elas descrevem os mercados e seus componentes. Assim, o estudo das formas de mercado avalia a capacidade de uma empresa e seu poder para definir o preço de um produto.
Origem do conceito
A origem do conceito das formas de mercado remonta aos estudos de economistas clássicos e neoclássicos que buscavam entender como os mercados funcionam e como os preços são determinados. Aqui estão alguns marcos importantes na evolução desse conceito:
Dentre os economistas clássicos, Adam Smith, no século XVIII, em sua obra “A Riqueza das Nações”, introduziu a ideia de uma “mão invisível” que guia os mercados através da oferta e demanda. Desse modo, ele discutiu como a concorrência entre produtores e consumidores leva a preços de equilíbrio.
Entre os economistas neoclássicos, no final do século XIX e início do século XX, estudiosos como Alfred Marshall e Léon Walras desenvolveram modelos mais formais de como os mercados funcionam. Ademais, Marshall, em particular, introduziu o conceito de oferta e demanda em gráficos, que ainda é fundamental na análise de mercado.
A categorização formal das estruturas de mercado (concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística) foi desenvolvida principalmente no início do século XX. Edward Chamberlin e Joan Robinson foram figuras-chave nessa área, com suas obras sobre concorrência monopolística e teoria do monopólio, respectivamente.
No meio do século XX, economistas como John Nash desenvolveram a teoria dos jogos, que forneceu ferramentas para analisar mercados oligopolistas, onde um pequeno número de firmas domina o mercado.
Esses desenvolvimentos teóricos permitiram aos economistas entender e prever o comportamento dos mercados sob diferentes condições, influenciando políticas econômicas e estratégias empresariais.
Quais são as formas de mercado?
1) Concorrência Perfeita
Esse é o tipo ideal de mercado, onde há muitos vendedores e compradores negociando produtos idênticos. Nenhuma empresa consegue influenciar os preços, pois eles são definidos pela oferta e demanda. Um exemplo clássico é o mercado de produtos agrícolas, como soja e trigo.
Para que um mercado seja considerado de concorrência perfeita, algumas condições precisam existir:
- Muitos vendedores e compradores: Nenhum deles é grande o suficiente para influenciar o preço.
- Produto homogêneo: Os produtos são idênticos, sem diferenciação.
- Livre entrada e saída: Qualquer empresa pode entrar ou sair do mercado sem grandes barreiras.
- Informação perfeita: Todos os participantes sabem tudo sobre preços, qualidade e disponibilidade do produto.
Nesse tipo de mercado, as empresas competem apenas pela eficiência, buscando reduzir custos para obter lucro. Portanto, como não há diferenciação de produtos nem controle sobre os preços, a única forma de se destacar é sendo mais produtivo.
Embora a concorrência perfeita seja um modelo teórico difícil de encontrar no mundo real, alguns mercados agrícolas, como o de grãos e commodities, chegam perto desse conceito.
2) Monopólio
Aqui, uma única empresa domina o mercado, sem concorrência direta. E isso pode acontecer devido a patentes, altos custos iniciais ou controle de recursos essenciais. Como resultado, a empresa tem grande poder para definir os preços. Um exemplo comum é o fornecimento de água e energia em certas cidades.
Algumas características principais do monopólio são:
- Uma única empresa: Apenas um vendedor controla todo o mercado.
- Sem substitutos próximos: Os consumidores não encontram alternativas semelhantes ao produto ou serviço oferecido.
- Barreiras à entrada: Novas empresas não conseguem entrar facilmente no mercado, seja por altos custos, patentes ou controle de recursos essenciais.
Por controlar a oferta, o monopolista pode aumentar os preços e reduzir a produção para maximizar seus lucros. No entanto, isso pode prejudicar os consumidores, pois eles pagam mais caro e têm menos opções.
Exemplos de monopólio incluem empresas que fornecem serviços essenciais, como energia elétrica e distribuição de água, em certas regiões. Para evitar abusos, governos costumam regulamentar esses mercados e, em alguns casos, quebrar monopólios para estimular a concorrência.
- Leia também: Monopsônio: o que é, como funciona e exemplos
3) Concorrência Monopolística
Nesse modelo, várias empresas vendem produtos semelhantes, mas cada uma tenta se diferenciar com marcas, embalagens ou qualidade. Apesar da concorrência, as empresas têm certa liberdade para definir preços. Marcas de roupas, cosméticos e fast-foods são bons exemplos.
As principais características desse mercado são:
- Muitos vendedores: Há diversas empresas disputando os consumidores.
- Produtos diferenciados: As empresas criam variações em qualidade, marca, design ou atendimento para atrair clientes.
- Facilidade de entrada e saída: Novos concorrentes podem entrar no mercado sem grandes dificuldades.
- Poder sobre o preço: Como os produtos não são idênticos, cada empresa pode cobrar um pouco mais por suas características exclusivas.
Esse tipo de concorrência é comum em mercados como restaurantes, roupas, cosméticos e eletrônicos. Por exemplo, várias marcas vendem hambúrgueres, mas cada uma tenta se destacar pelo sabor, pelo ambiente ou pelo preço.
Na concorrência monopolística, as empresas investem bastante em marketing para convencer os consumidores de que seu produto é especial. Assim, isso cria um equilíbrio entre concorrência e diferenciação, garantindo variedade para os consumidores.
4) Oligopólio
Poucas empresas dominam o mercado e podem competir entre si ou agir de forma coordenada. Assim, no oligopólio, os preços podem ser influenciados por essas empresas, e a entrada de novos concorrentes é difícil. Exemplos incluem companhias aéreas, fabricantes de eletrônicos e operadoras de telefonia.
As principais características do oligopólio são:
- Poucas empresas: Apenas algumas controlam a maior parte do mercado.
- Produtos podem ser padronizados ou diferenciados: Algumas vendem produtos muito parecidos, como aço e gasolina, enquanto outras apostam na diferenciação, como montadoras de carros e empresas de telefonia.
- Interdependência: As decisões de uma empresa afetam as outras. Se uma reduz preços ou lança um novo produto, as concorrentes precisam reagir para não perder mercado.
- Barreiras à entrada: É difícil para novas empresas entrarem, seja pelo alto custo inicial, tecnologia necessária ou influência das marcas já estabelecidas.
O oligopólio está presente em setores como companhias aéreas, indústrias automobilísticas e empresas de tecnologia. Um exemplo clássico são os fabricantes de smartphones, onde poucas marcas dominam as vendas globais.
Nesse mercado, as empresas podem competir fortemente ou até formar acordos (explícitos ou implícitos) para evitar guerras de preços. Por isso, governos costumam monitorar oligopólios para evitar práticas que prejudiquem os consumidores.
Leia também: Mercado de opções, o que é? Como funciona, tipos, vantagens e riscos
Fontes: Opinion Box, Repositorio, Mindminers.