Fundos Quantitativos: O que são e como funcionam?

12 de abril de 2022, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 5 min, 12 seg


Os fundos quantitativos são um tipo de fundo de investimento. Sendo que os fundos de investimentos são uma reunião de investidores com foco na aplicação em um setor ou ativo específico.

Existem muitos tipos de fundos no mercado, que se diferem tanto em relação ao foco de aplicação, quanto à gestão e a escolha dos ativos.

Os fundos quantitativos, por exemplo, são um tipo de fundo que tem como base a análise quantitativa.

Eles são também chamados no jargão do mercado como “quants”. Por enquanto, ainda existem poucos quants no Brasil.

Mas a demanda está crescendo e a quantidade de quants, também. Sendo que uma vantagem de investir nesse tipo de fundo é a diversificação que ele proporciona para a carteira.

Como os fundos quantitativos funcionam

Os fundos quantitativos usam algoritmos e modelos matemáticos predefinidos e montados por especialistas para escolher os ativos. 

Essa escolha com base na análise quantitativa é a grande diferença da gestão convencional e da gestão dos fundos quantitativos.

Isso porque, na gestão convencional, existe uma equipe fazendo a análise de ativos. Por exemplo, um fundo de ações pode usar a análise fundamentalista e analisar a empresa antes de comprar suas ações.

Como a análise na gestão convencional é feita por pessoas, existe um certo fator emocional e subjetivo na tomada de decisões.

Na análise quantitativa isso não ocorre, já que a escolha dos ativos é feita por um programa que identifica oportunidades sem nenhuma subjetividade.

Ou seja, a intenção do fundo quantitativo é minimizar o julgamento humano que pode ser tendencioso. Ao invés disso, ele deixar a cargo de um programa a identificação de oportunidades.

Neste caso, o papel do gestor é definir os parâmetros que serão levados em conta pelo computador. 

Na prática, os gestores vasculham uma grande quantidade de dados em busca de características e fundamentos que apontam para um desempenho acima do benchmark do fundo.

Contudo, antes de implementar a estratégia com base na análise quantitativa, é feito o chamado back-test. Isto é, um tipo de teste da estratégia.

Os gestores isolam um critério que acreditam possuir uma performance superior em certo período de tempo.

Depois disso, eles simulam como a carteira com esse critério se comporta em relação ao mercado mais amplo durante certo período.

Se o back-test apontar que o critério escolhido ajudou a retornar, a equipe testa a variável em outros ambientes de mercado e conjuntos de dados. A intenção é garantir que o resultado do teste não seja um incidente isolado.

Riscos dos fundos quantitativos

Os fundos quantitativos fazem parte da renda variável. Portanto, eles possuem mais riscos do que os ativos de renda fixa. Os gestores quantitativos, no entanto, conseguem administrar os riscos por meio de uma ampla diversificação.

Isso de acordo com a estratégia predefinida pelo especialista em relação aos modelos matemáticos por trás dos algoritmos.

Sendo assim, os fundos quantitativos costumam fazer um controle em relação ao tamanho das posições do fundo. Com isso, as estratégias quantitativas geralmente são menos concentradas.

Como o modelo segue uma lógica de programação predefinida para os algoritmos de maneira automatizada, é melhor avaliar uma grande quantidade de ativos e selecionar os que mais se encaixam na estratégia do fundo.

O mesmo não ocorre com uma equipe de analistas convencionais, já que eles dificilmente conseguirão analisar profundamente a mesma quantidade de ativos.

Sendo que os modelos quantitativos tendem a procurar por melhores relações de risco/retorno. Por fim, vale destacar que o nível de risco pode variar.

Ou seja, existem fundos mais arriscados e outros menos. Dessa forma, você deve escolher o fundo que melhor se encaixa com o seu perfil de investidor.

A Rainha dos Quants

Se você gostou dos fundos quantitativos, vale a pena conhecer um pouco sobre Leda Braga, considerada a Rainha dos Quants.

Leda Braga nasceu no Rio de Janeiro e virou referência mundial no mercado financeiro como uma gestora de sucesso, seguindo o método da análise quantitativa.

Desse modo, hoje em dia é quase impossível falar em fundos quantitativos sem mencionar a Rainha dos Quants. Até porque nenhum gestor no Brasil conseguiu obter tanta notoriedade lá fora quanto Leda Braga.

Em resumo, Leda Braga acreditou em um modelo de negócio data driven focado em fundos quantitativos, isto é, tendo como base os dados, algoritmos e modelos estatísticos computadorizados.

Carreira de Leda Braga

Em 1987, Leda se mudou para Londres para cursar engenharia mecânica na renomada faculdade britânica Imperial College, onde obteve o seu doutorado.

Ela passou cerca de 3 anos como pesquisadora e acadêmica na área de engenharia. Depois disso, ela ficou cerca de 7 anos como analista na equipe de derivativos do Research do JP Morgan Chase.

Foi lá que ela conheceu Michael Platt e criou a BlueCrest, em 2000. Com o passar do tempo, Leda recebeu a função de administrar o seu próprio fundo, o BlueTrend, em 2004.

A partir daí, ela passou a ter retornos acima da média usando algoritmos. A crise de 2008 fez com que o nome de Leda Braga ficasse ainda mais conhecido no mundo.

Isso porque, em plena crise, ela teve um desempenho de 43%. Depois de mais alguns anos na BlueCrest, Leda decidiu explorar novos caminhos.

Dessa forma, ela encontrou em comum acordo com o antigo sócio e trouxe consigo o seu fundo. Com isso, ela se tornou a fundadora e CEO da Systematica Investiments, uma gestora de hedges funds criada em 2015.

Atualmente ela administra cerca de US$ 10 bilhões e é uma das 100 principais gestoras de hedge funds do mundo.

Enfim, no texto acima eu te expliquei o que é e como funcionam os fundos quantitativos, tendo como fontes os sites Modalmais e XPi.

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