14 de setembro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
A Grande Recessão foi resultado do colapso imobiliário dos Estados Unidos, causado pelas hipotecas subprime que provocaram a crise de 2008.
Com a Grande Recessão, houve a escassez de vários ativos valiosos na economia de mercado e o colapso no setor financeiro. Sendo que muitos bancos sobreviveram apenas por causa dos aportes de governos.
Basicamente, a recessão nos Estados Unidos, que afetou diversos países, teve início no mês de dezembro de 2007 e terminou somente em junho de 2009. Ou seja, no total foram 19 meses de recessão.
O que foi a Grande Recessão?
Primeiramente, o termo recessão é usado para se referir a um período onde as atividades econômicas são reduzidas, e ocorre a contração do PIB durante dois ou mais trimestres consecutivos. Nesse sentido, a Grande Recessão foi um período de forte declínio geral nos mercados mundiais.
Ela foi resultado do colapso do mercado imobiliário dos EUA, que ocasionou a crise de 2008. Ou seja, a Grande Recessão foi um grande fenômeno com múltiplas dimensões diferentes da crise financeira em si.
Sendo que ela ocorreu em um cenário onde houve a crise financeira do subprime e o colapso do sistema financeiro com a quebra do Lehman Brothers. Dentro desse cenário, a economia dos países centrais passaram a ser guiadas por comportamentos como incerteza, pânico e medo.
Logo, a lógica de desalavancagem, aversão ao risco e balance sheet recession passaram a tomar de conta, resultando em instabilidades persistentes nos mercados. Tendo como base o ponto de vista político e social, o consenso some e o sistema econômico passa a exigir intervenções do Estado.
A Grande Recessão foi considerada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como o mais grave colapso econômico desde a Crise de 1929. Por isso, ela é geralmente considerada como a segunda pior crise de todos os tempos.
Origens
Nos anos 1990, a economia norte-americana estava crescendo a níveis razoáveis e com a inflação controlada. Isso foi possível por causa dos avanços tecnológicos e os ganhos de produtividade.
Nesse cenário, as taxas de juros ficaram baixas por um grande período, o que permitiu que as pessoas com baixa renda e risco de crédito se endividassem para comprar imóveis, contribuindo com a bolha do mercado imobiliário. Sendo assim, naquela época era comum uma família ter mais de uma hipotecada da mesma casa.
Isso significa que após pagar uma hipoteca, a pessoa fazia um novo financiamento e dava o imóvel como garantia. Isso era feito para que o dinheiro do financiamento fosse usado para comprar outros bens, como carros, por exemplo. A bolha começou a dar sinais de que iria estourar quando o banco central norte-americano, o Federal Reserve (FED), elevou a taxa básica de juros do país.
Consequentemente, o valor das prestações das hipotecas também subiram, o que fez com que muitas pessoas dessem um calote em suas dívidas, principalmente os clientes subprime. Sendo que subprimes são justamente as hipotecas de alto risco do mercado imobiliário norte-americano.
O desenrolar da crise
Quando os clientes deixaram de pagar suas hipotecas, houve um efeito dominó nos mercados financeiros. Isso porque, quando os juros estavam baixos, os bancos passaram a oferecer títulos lastreados nas hipotecas para os investidores e para outros bancos.
Esses títulos eram comercializados em todo o mundo e ofereciam um retorno maior do que os títulos do governo norte-americano. Em 2007 ocorreu um forte sinal de que os bancos estavam com problemas. O Bear Stearns avisou aos clientes que eles poderiam não receber o dinheiro que haviam aplicado em fundos com exposição aos subprimes.
Depois disso, o BNP Paribas também divulgou um aviso parecido. Depois desses primeiros sinais, os prejuízos começaram a aparecer rapidamente nos bancos norte-americanos e europeus. Desse modo, bancos como UBS, Merrill Lynch e Citigroup divulgaram perdas bilionárias ocasionadas pelos créditos duvidosos.
Pouco depois, os bancos centrais dos EUA, Inglaterra, Zona do euro, Canadá e Japão passaram a realizar intervenções conjuntas no mercado com o objetivo de garantir a liquidez do sistema. Na prática, os bancos, agências hipotecárias e seguradoras que tiveram perdas bilionárias com o subprime, receberam grandes aportes de governos ou foram vendidos.
Aqui cabe um adendo importante sobre as crises: quando uma crise financeira se estabelece, o governo ajuda os credores e não os devedores. Ou seja, o governo ajudou as instituições e ainda absorveu parte dos ativos problemáticos do setor privado. Não foram tomadas atitudes para ajudar os devedores, isto é, as pessoas que não conseguiram pagar suas hipotecas.
Contudo, vale lembrar que antes da crise, os bancos estavam conscientemente concedendo financiamentos sem realizarem as análises de crédito necessárias. Dessa forma, quando a situação se agravou, os bancos receberam ajuda, mas as famílias devedoras perderam suas casas e o nível de desemprego foi elevado.
As consequências da crise
A recessão global que se estabeleceu com a crise dos subprimes, trouxe diversas consequências, tais como uma queda acentuada no comércio internacional, queda dos preços de produtos e o aumento do desemprego. Nessa época, diversos economistas previram que a recuperação só seria alcançada lá para 2011 e que a recessão seria a pior desde a Grande Depressão.
A resposta dos governos e bancos centrais a essas previsões, foi realizar iniciativas de política fiscal e monetária visando estimular as economias e diminuir os riscos do sistema financeiro. Vale destacar que a Grande Recessão não foi sentida da mesma forma em todos os países.
Na verdade, a maioria das economias desenvolvidas, sobretudo na América do Norte, Europa e América do Sul, entraram em recessão definitiva. Entretanto, alguns outros locais tais como China, Polônia e Índia, passaram por um crescimento econômico considerável neste período.
Em contrapartida, a distribuição de renda familiar nos EUA se tornou mais desigual durante a recuperação econômica depois da crise de 2008. Sendo assim, em mais de dois terços das áreas metropolitanas, foi notado um crescimento da desigualdade de renda entre 2005 e 2012.
Em 2009, a instabilidade política pôde ser sentida em vários países. Portanto, em várias nações houve protestos e manifestações, que foram amplificados pelo sofrimento social causado pela Grande Recessão. Desse modo, houve protestos, por exemplo, na Turquia, no Brasil, na Islândia e na França.
A crise no Brasil
O Brasil não ficou imune à Grande Recessão. Com a crise do subprime, primeiramente houve a queda nas cotações das ações na bolsa de valores. Essa queda foi resultado do grande número de venda de ações dos especuladores estrangeiros que estavam desesperados para cobrir suas perdas em seus países de origem.
A próxima consequência foi a alta do dólar justamente por causa dessas negociações dos investidores internacionais. Houve ainda os prejuízos amargados pelas empresas que especulavam derivados de câmbio e apostaram na direção errada.
Apesar de ter sofrido essas consequências, o Brasil não ficou exposto ao centro da crise, que foi a contaminação sistêmica do mercado financeiro internacional. Isso porque o Brasil já tinha feito profundas reformas econômicas no governo de Fernando Henrique Cardoso, onde foram implementados sistemas rígidos de controle ao sistema financeiro doméstico.
As dívidas soberanas
A insolvência das nações desenvolvidas é considerada o desdobramento mais recente da crise financeira e econômica internacional causada pela crise dos subprimes.
Em síntese, o acúmulo da dívida governamental excedeu a capacidade de endividamento dessas nações e resultou em uma grande turbulência financeira, quando provocou o temor de que as nações não conseguissem honrar seus compromissos e optassem por decretar calote da dívida.
Com a crise das dívidas soberanas, houve uma forte instabilidade social por causa dos cortes dos benefícios sociais. O nível de endividamento de algumas nações é altíssimo. Por exemplo, os EUA possuem a maior dívida bruta entre as nações, superando os 14,3 trilhões de dólares.
Por outro lado, o Japão conta com o maior percentual de endividamento e a relação entre dívida e PIB ultrapassam os 200%. Com as crises de insolvência da Grécia, Portugal e Irlanda, houve um temor geral de que a Espanha, Reino Unido e Itália não iriam honrar seus compromissos, o que impactou o mercado financeiro.
Entretanto, o auge dessa segunda crise, que está sendo chamada de déjà vu de 2008, ocorreu com a desconfiança de que os EUA não iriam conseguir honrar seus compromissos.
Com as dúvidas em relação aos Estados Unidos, pela primeira vez em sua história, a agência de classificação de risco Standard & Poor ‘s (S&P) diminuiu a nota da dívida pública dos EUA de AAA para AA+. Nesse cenário as bolsas de valores fecharam em baixa, devido aos temores dos investidores.
E aí, gostou de aprender sobre a Grande Recessão? Então aproveite para aprender também Como se preparar para uma crise? Dicas de atitudes a serem tomadas
Fontes: O Globo, Wikipédia e Scielo
Imagens: Invest news, Alast, Vecteezy, Notícias ao minuto, Bhbit, Uol e Terraço