Hiperinflação: o que é, por que acontece e quais as consequências?

22 de outubro de 2020, por Sidemar Castro

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A hiperinflação ocorre quando há um aumento exorbitante e constante dos preços. Desse modo, quando esse aumento atinge o patamar de 50%, e se mantém ao longo dos meses, constitui-se o cenário de  hiperinflação. 

Além disso, a hiperinflação pode ser alimentada pela insegurança dos produtores e comerciantes. Isso porque, com medo de perder o poder de compra, eles acabam por aumentar os preços como forma de assegurar os seus ganhos. No entanto, o resultado é que, com o aumento dos preços, vem o aumento da hiperinflação. 

Entenda o que é hiperenflação, por que acontece e quais as consequências. Leia a matéria! 

O que é hiperinflação

A hiperinflação é um conceito econômico que se refere a uma alta generalizada e contínua dos preços. De acordo com muitos economistas, pode-se considerar hiperinflação quando o índice de inflação de um país fica acima de 50% ao mês.

Um país que passa por um processo hiperinflacionário sofre com a alta elevada dos preços dos produtos e forte desvalorização da moeda. A recessão econômica (retração do PIB) também pode ser um dos efeitos da hiperinflação.

Como exemplos de hiperinflação, podemos citar o mês de março de 1989 no Brasil, quando a inflação chegou a 81%, e a Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, onde a moeda desvalorizou tanto que para comprar uma mercadoria era necessário levar o dinheiro em sacolas. Nos últimos anos, a Venezuela vem sofrendo muito com a alta elevada e desordenada dos preços e consequente desvalorização da moeda.

O que pode causar a hiperinflação?

A hiperinflação pode ser causada por vários fatores, incluindo o desequilíbrio entre a demanda e a oferta, o aumento nos custos de produção, a inércia inflacionária, as expectativas de inflação e o aumento da oferta monetária.

Quando há mais pessoas querendo comprar do que produtos e serviços sendo vendidos, a hiperinflação pode ocorrer. Além disso, o aumento exorbitante e constante dos preços, a insegurança dos produtores e comerciantes, e o aumento da oferta monetária em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) também podem desencadear a hiperinflação.

A hiperinflação pode causar recessão econômica e afetar de forma generalizada a economia de um país.

Como fica a economia durante uma hiperinflação?

Durante uma hiperinflação, a economia de um país é afetada de forma generalizada. A hiperinflação é caracterizada por uma inflação muito alta e normalmente acelerada, que corrói rapidamente o valor real da moeda local, à medida que os preços aumentam exorbitantemente e constantemente.

A hiperinflação pode ser causada por vários fatores, incluindo o desequilíbrio entre a demanda e a oferta, o aumento nos custos de produção, a inércia inflacionária, as expectativas de inflação e o aumento da oferta monetária.

A recessão econômica (retração do PIB) pode ser também um dos efeitos da hiperinflação. A hiperinflação pode causar a desvalorização da moeda, a perda do poder de compra, a insegurança dos produtores e comerciantes, e a queda na receita tributária real, além de afetar de forma generalizada a economia de um país.

Quais são as consequências de uma hiperinflação?

A hiperinflação pode ter diversas consequências negativas para a economia de um país. Entre elas, podemos citar a desvalorização da moeda, a perda do poder de compra, a insegurança dos produtores e comerciantes, a queda na receita tributária real e a recessão econômica (retração do PIB).

Desse modo, a hiperinflação pode ser causada pelo desequilíbrio entre a demanda e a oferta, aumento nos custos de produção, inércia inflacionária, expectativas de inflação e aumento da oferta monetária. A recessão econômica pode ser um dos efeitos gerados pela hiperinflação.

A hiperinflação é geralmente associada a algum estresse no orçamento do governo, como guerras ou suas consequências, convulsões sociopolíticas, colapso na oferta agregada ou nos preços de exportação ou outras crises que dificultam a arrecadação. A hiperinflação pode ser causada pelo excesso da oferta monetária, onde o Produto Interno Bruto (PIB) não consegue suportar a demanda.

Qual é a relação entre a hiperinflação e o desemprego?

Durante uma hiperinflação, o desemprego pode aumentar devido à recessão econômica que pode ser gerada. A hiperinflação pode causar a desvalorização da moeda, a perda do poder de compra, a insegurança dos produtores e comerciantes, a queda na receita tributária real, além de afetar de forma generalizada a economia de um país.

A recessão econômica (retração do PIB) pode ser também um dos efeitos gerados pela hiperinflação. A hiperinflação pode ser causada pelo desequilíbrio entre a demanda e a oferta, aumento nos custos de produção, inércia inflacionária, expectativas de inflação e aumento da oferta monetária.

Assim, recessão econômica pode levar as empresas a reduzir a produção e, consequentemente, demitir funcionários.

Histórico de hiperinflação na economia mundial

1. Venezuela

A Venezuela vive um dos piores episódios de hiperinflação registrados no mundo desde a Segunda Guerra Mundial. O país tem enfrentado uma grave crise econômica, marcada por hiperinflação, recessão e desvalorização da moeda. Aqui está um breve histórico da hiperinflação na Venezuela:

  • 2013: A inflação na Venezuela começou a crescer e inicialmente subiu para a faixa superior percentual de 2 dígitos.
  • 2017: A Venezuela entrou em um ciclo de hiperinflação. Nesse ano, a inflação anual foi de 862,6%.
  • 2018: A inflação atingiu 130.060%, marcando o pico da hiperinflação.
  • 2019: A alta dos preços começou a desacelerar, registrando variações acima do limiar de 50% apenas em momentos específicos.
  • 2020: A hiperinflação chegou a 3.000% ao ano.
  • 2021: A última vez que a Venezuela registrou uma variação mensal acima de 50% foi em dezembro de 2020, quando os preços aumentaram 77,5%.
  • 2022: A Venezuela completou doze meses com uma variação abaixo de 50%, considerada pelos especialistas como o limiar da hiperinflação. A inflação em setembro de 2021 foi de 7,1%, seguida por 6,8% (outubro), 8,4% (novembro) e 7,6% (dezembro).

Esses dados mostram a gravidade da situação econômica na Venezuela. No entanto, é importante notar que a hiperinflação é um fenômeno complexo e cada caso é único, dependendo das circunstâncias econômicas específicas de cada país.

2. Brasil

O Brasil registrou uma inflação de 82,4% ao mês entre dezembro de 1989 e março de 1990, quando as moedas eram o cruzeiro e o cruzado e os preços dobravam a cada 35 dias.

A hiperinflação no Brasil ocorreu entre os três primeiros meses de 1990, com taxas mensais de inflação entre janeiro e março de 1990 sendo de 71,9%, 71,7% e 81,3%, respectivamente. Este evento econômico foi o culminar de uma série de aspectos estruturais da economia brasileira, incluindo comércio exterior limitado e alta dívida pública externa, bem como medidas preventivas malsucedidas.

O governo brasileiro respondeu à hiperinflação usando vários períodos de congelamento de preços para interromper artificialmente a inflação. Isso foi eficaz no gerenciamento da hiperinflação por alguns meses. Em julho de 1990, os controles de preços foram suspensos e a hiperinflação voltou.

O período de hiperinflação foi resolvido após a implantação do Plano Real em 1994. A economia brasileira tinha recursos financeiros limitados para sustentar uma política fiscal expansionista. O Plano Real envolvia ancorar a economia em uma unidade de conta separada, a Unidade Real de Valor (URV), em vez da moeda, o cruzeiro. A função de pagamento foi então transferida para a URV que passou a ser o real. A separação e reintegração da função do dinheiro foi bem sucedida em limitar a inflação no curto e longo prazo.

Durante os anos 1970, a ditadura militar aproveitou os altos preços do petróleo para explorar suas “vantagens comparativas” com o objetivo de aprofundar sua industrialização e, assim, alcançar um alto crescimento econômico entre 1974 e 1980, ao custo do aumento do endividamento e da inflação. Em 1981, o Brasil estava com sérios problemas para pagar suas obrigações, elevando a taxa de juros, o que resultou na imposição de um plano de austeridade que tentou, sem sucesso, reduzir os grandes déficits fiscais.

3. Alemanha

Entre 1918 e 1924, o marco alemão desvalorizou tanto devido aos elevados índices inflacionários, que para comprar uma mercadoria era necessário levar o dinheiro em sacolas.

A hiperinflação na Alemanha ocorreu principalmente entre 1921 e 1923, durante a República de Weimar, que foi o período entre guerras na Alemanha. Aqui está um breve histórico da hiperinflação na Alemanha:

  • 1914-1923: A inflação alemã teve um início discreto, movendo-se a uma taxa que variava de um a dois por cento. No primeiro dia da Primeira Guerra Mundial, o Reichsbank alemão, como todos os outros bancos centrais das nações beligerantes, suspendeu a conversão de papel-moeda em ouro para impedir que suas reservas se esgotassem.
  • 1923: A economia alemã ainda sofria os efeitos da Primeira Guerra Mundial e estava sob pressão para pagar reparações, a hiperinflação devastou o país. O governo de Weimar decidiu suspender os pagamentos das reparações de guerra, as potências vitoriosas ocuparam a região do Rio Ruhr para garantir o carvão extraído. A população ofereceu resistência passiva, entrando em greve e parando de extrair o combustível. Berlim passou então a imprimir mais dinheiro para continuar pagando parte dos salários aos grevistas “patriotas”.
  • Consequências: A hiperinflação teve efeitos devastadores sobre a vida da população. Os preços subiram meteoricamente, logo um pão custava centenas de milhões de marcos. Em 1923, o dinheiro valia tão pouco na República de Weimar que ele era pesado em vez de contado.

Esses eventos foram um dos maiores exemplos de hiperinflação na história e tiveram um impacto significativo na economia alemã.

4. Hungria

A hiperinflação na Hungria ocorreu principalmente entre 1945 e 1946, após a Segunda Guerra Mundial. Aqui está um breve histórico da hiperinflação na Hungria:

  • 1945-1946: A inflação na Hungria começou a crescer rapidamente. O país, arruinado pela guerra, imprimiu muito mais dinheiro do que podia. Durante esse período, a inflação explodiu e os preços dobravam a cada 15 horas.
  • Julho de 1946: A inflação atingiu seu ápice, com uma taxa de 41.900.000.000.000.000%. Isso significava que os preços médios dobravam aproximadamente a cada 15 horas.
  • Consequências: Milhões de húngaros viram seus salários reais e padrões de vida despencarem, mergulhando muitos em uma nova luta pela sobrevivência. Quando a espiral de preços foi controlada, o valor total de todo o dinheiro em circulação no país era uma fração de um centavo norte-americano.

Esses eventos foram um dos maiores exemplos de hiperinflação na história e tiveram um impacto significativo na economia húngara.

Cada um desses casos de hiperinflação foi único e dependeu das circunstâncias econômicas específicas de cada país.

Fontes: Bora Investir, Mais retorno