Hipótese do mundo justo: o que é e como funciona?

A hipótese do mundo justo é um tipo de viés cognitivo que tem como base a crença de que o mundo é justo. Sendo que essa crença deriva do desejo de que, de fato, o mundo seja justo.

Ou seja, essa é uma crença baseada em um desejo e não na realidade. Por exemplo, acreditar que os bons serão recompensados e os maus serão punidos é crer na hipótese do mundo justo.

O problema em acreditar nesse tipo de coisa é que cada pessoa tem a sua própria história. Sendo assim, se você passar por sofrimentos não quer dizer que você seja uma pessoa ruim e merece sofrer.

O fato é que nem sempre as pessoas conseguem o que merecem e muitas pessoas boas passam por muitos sofrimentos na vida.

Como funciona a hipótese do mundo justo?

A hipótese do mundo justo funciona como um viés cognitivo, onde as pessoas acreditam que o mundo é realmente justo.

Dessa forma, acredita-se que as pessoas boas serão recompensadas, ao passo em que as pessoas ruins serão punidas. Essa é uma crença generalizada, mas que não condiz com a realidade.

Isso porque nem sempre quem é bom consegue só coisas boas, por exemplo. Da mesma forma, quem faz coisas ruins, nem sempre é punido.

Enfim, a hipótese do mundo justo foi identificado e nomeado pelo psicólogo canadense Melvin J. Lerner, em um artigo no Journal of Personality and Social Psychology, em 1965.

Sendo que essa hipótese tem sido amplamente estudada por psicólogos sociais desde que Melvin J. Lerner fez um trabalho seminal sobre a crença em um mundo justo no início dos anos 1960.

Desde então, vários estudos foram feitos, examinando a capacidade preditiva da hipótese em situações variadas e clarificando e expandindo os entendimentos teóricos sobre as crenças de mundo justo.

Os impactos da crença em um mundo justo

Acreditar na hipótese do mundo justo pode causar alguns problemas. Por exemplo, a pessoa pode passar a acreditar que tudo acontece por um motivo e passar a reforçar as injustiças.

Um estudo feito na Universidade de Washington apontou que as pessoas que acreditam que o mundo é um lugar justo, são mais propensas a se opor aos planos de ação afirmativa voltado para ajudar mulheres ou minorias.

No fim das contas, quanto mais uma pessoa acredita que o sucesso deriva apenas do trabalho árduo e que as pessoas têm o que merecem, menores são as chances delas apoiarem programas que visam favorecer grupos desfavorecidos.

Por que nos apegamos à hipótese do mundo justo?

Nós apegamos à hipótese do mundo justo, pois sem ela o mundo parece muito caótico, aleatório e sem sentido.

Isso porque o fato de existir violência, pobreza e discriminação no mundo é simplesmente assustador.

De acordo com o repórter Nicholas Hune-Brown : “As pessoas acreditam em um mundo justo porque é muito difícil aceitar os caprichos do universo.

Acreditando em um mundo fundamentalmente justo, um lugar onde é improvável que você seja morto a menos que seja membro de uma gangue, é improvável que você vá à falência, a menos que seja tolo, e é igualmente improvável que venha estuprado a menos que o procure é reconfortante “.

Ou seja, acreditar na hipótese do mundo justo é uma forma de nos sentirmos mais reconfortados e com menos medo do mundo como ele é.

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Fontes: Gauchazh, Musa e Guia invest.

Bibliografia

• Valentine, Loris. A hipótese do mundo justo pode nos deixar entorpecidos. Musa. Acesso em 25 de outubro de 2022.