16 de fevereiro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Já parou para pensar de onde veio o dinheiro que circula no mundo todo hoje? A história começa lá no século VII a.C., na antiga Lídia, onde hoje fica a Turquia, quando surgiram as primeiras moedinhas de ouro e prata.
Quando a moeda enfim apareceu, tudo ficou mais prático e as sociedades conseguiram crescer de verdade. E o mais interessante é que essa evolução não parou, passamos por notas, cartões, cheques e chegamos até as criptomoedas.
Quer saber mais? Vem com a gente!
Por que surgiu o dinheiro?
A resposta não é tão simples quanto parece. Ao longo do tempo, várias teorias tentaram explicar essa história. Uma delas aponta para a busca por algo que facilitasse as trocas.
Antes do dinheiro, tudo dependia do escambo, e isso criava situações bem complicadas. Imagine tentar trocar um saco de trigo por um par de sandálias quando o artesão não precisava de trigo naquele momento?
Percebe que faltava um meio-termo que deixasse as negociações mais equilibradas e favoráveis?
Outra tese aponta para o papel do Estado. Segundo essa visão, o dinheiro nasceu também como uma ferramenta de organização social, especialmente para lidar com taxas, tributos entre outros.
Por isso, em vez de cobrar impostos em produtos diferentes, o governo podia padronizar o pagamento e manter um controle mais claro do que entrava e saía.
Entre essas ideias, o que pode justificar o seu surgimento foi a necessidade de facilitar trocas, organizar a economia e criar uma forma mais estável e reconhecida de valor.
Afinal, como surgiu o dinheiro?
Tudo começou muito antes das notas e moedas como se conhece hoje. Durante muito tempo, as trocas eram feitas pelo escambo: um item era oferecido em troca de outro.
Esse sistema funcionava bem enquanto as necessidades eram simples e as pessoas produziam quase tudo o que consumiam.
Só que as sociedades cresceram, novas atividades surgiram e, junto delas, uma variedade enorme de produtos e serviços. De repente, ficou complicado encontrar equivalência entre as trocas.
Como comparar um pote de mel com uma peça de tecido? Ou um dia de trabalho com um saco de grãos? A negociação ficava lenta, incerta e dependia demais da coincidência de interesses.
Foi nesse cenário que nasceu a ideia de criar algo que funcionasse como um mediador, algo aceito por todos, fácil de transportar e que representasse valor.
Assim, surgiram as primeiras formas de dinheiro. As moedas metálicas, por exemplo, começaram a aparecer por volta do século VII a.C., na antiga Lídia, região onde hoje fica parte da Turquia.
Um detalhe importante é que essas moedas eram bem diferentes do que se imagina atualmente. No início, eram pedaços de metal marcados de maneira bem rudimentar: bastava uma pancada com um objeto pesado para registrar o símbolo de autoridade que garantia seu valor.
Com o tempo, a técnica evoluiu para a cunhagem a martelo, permitindo formas mais detalhadas, desenhos mais nítidos e um controle maior sobre o peso e o metal usado, ouro, prata ou outras ligas que representavam riqueza e confiança.
Evolução histórica do dinheiro
1- Alimentos
No começo, antes de qualquer moeda existir, alimentos funcionavam como uma espécie de “valor universal”. Grãos, sal, azeite e até animais eram usados nas trocas.
Não era o sistema mais prático do mundo, afinal, comida estraga e nem sempre quem recebia precisava daquele item naquele momento, mas foi um dos primeiros passos para estabelecer algo com valor reconhecido pela comunidade.
2- Cédulas criadas pelos babilônios
Com o tempo, os povos antigos começaram a registrar transações de um jeito mais organizado. Na Babilônia, surgiram documentos escritos em tabuletas de argila que funcionavam como uma espécie de “cédula primitiva”. Esses registros representavam dívidas, pagamentos e acordos comerciais.
3- Metais
A evolução natural chegou com o uso de metais. Ouro, prata e bronze começaram a circular porque eram duráveis, fáceis de moldar e já tinham valor reconhecido.
Aos poucos, esses metais foram ganhando forma de moedas, com peso e marcas padronizadas para evitar confusão. Esse passo mudou completamente o comércio, já que tornou as trocas mais rápidas, confiáveis e práticas de transportar.
4- Papel-moeda
Com o comércio crescendo e o transporte de metais ficando arriscado e pesado, alguns povos, especialmente na China, durante a dinastia Tang e depois a Song, começaram a usar notas de papel que representavam uma quantidade de metal guardada em algum lugar seguro.
Era muito mais prático circular com papel do que com barras ou sacos de moedas. Aos poucos, essa ideia se espalhou e se tornou o dinheiro em formato de cédula como se conhece hoje.
5- Moedas padronizadas pelos governos
Em determinado momento, surgiu a necessidade dos governos assumiram o controle da produção das moedas. Isso garantiu padrão e maior confiança.
Cada moeda passou a carregar símbolos, pesos e composições definidos por uma autoridade, o que diminuía fraudes e organizava a vida econômica.
6- Sistema bancário e cheques
Com a ampliação das trocas, surgiram os bancos, lugares que guardavam valores, emprestavam dinheiro e emitiam documentos que autorizavam pagamentos.
Os cheques apareceram como uma forma prática de movimentar grandes quantias sem precisar transportar moedas ou notas.
7- Cartões (crédito e débito)
Já no século XX, chegou a vez dos cartões, que mudaram completamente a relação com o dinheiro. Em vez de carregar notas, bastava usar um cartão que autorizava a compra.
Primeiro vieram os cartões de crédito, depois os de débito, cada um permitindo uma nova forma de organizar a vida financeira.
8- Dinheiro digital
Não para por aqui. Quando a tecnologia trouxe mudanças, o dinheiro ganhou mais um formato: o digital. Transferências, pagamentos por aplicativos e saldos controlados por meios eletrônicos se tornaram comuns.
Nesse modelo, o valor existe, mas não precisa aparecer fisicamente, ele circula por registros eletrônicos.
9- Criptomoedas
Por fim, mais recentemente surgiram as criptomoedas, como o Bitcoin. Elas funcionam em redes descentralizadas e usam criptografia para garantir segurança e autenticidade.
Um detalhe muito importante, aqui, é que, diferentemente do dinheiro tradicional, não dependem de um governo ou banco para existir.
Como o dinheiro surgiu no Brasil?
Antes da chegada dos portugueses, as comunidades indígenas mantinham suas trocas pelo escambo, que funcionava bem dentro da própria lógica social de cada povo.
Nada de moedas ou cédulas, já que aqui o valor estava nos objetos que eram úteis no cotidiano, como alimentos, ferramentas, utensílios e outros itens produzidos pela própria comunidade.
Quando os portugueses chegaram, trouxeram consigo o uso de moedas metálicas. Mesmo assim, a adoção desse novo sistema não foi imediata.
Durante muito tempo, o comércio por aqui continuou dependendo das chamadas moedas-mercadorias, produtos que tinham valor próprio e eram amplamente aceitos nas trocas.
Açúcar, fumo, algodão e até mandioca podiam funcionar como pagamento.
Essas moedas-mercadorias se diferenciavam bastante do dinheiro que se acostumou a ver hoje. No dinheiro moderno, o valor não está no material, até porque uma cédula vale muito mais do que o seu papel, mas no acordo coletivo que garante a confiança naquele valor.
Uma nota de 50 reais, por exemplo, representa 50 reais porque toda a sociedade aceita e reconhece esse acordo.
A transição entre moedas-mercadorias e um sistema monetário organizado levou tempo, envolveu diferentes tipos de moedas trazidas ou cunhadas por autoridades coloniais e acompanhou o próprio desenvolvimento econômico do país.
Aos poucos, o Brasil passou do escambo ao uso de moedas metálicas e, depois, às cédulas, até chegar ao sistema financeiro como se conhece hoje.
Evolução histórica do dinheiro no Brasil
1- Brasil Colônia
Durante o período colonial, o dinheiro não circulava de maneira organizada. As comunidades indígenas usavam o escambo e, mesmo após a chegada dos portugueses, as moedas metálicas demoraram a se firmar.
A falta de moedas era tão grande que produtos como açúcar, fumo, algodão e até aguardente passaram a funcionar como moedas-mercadorias. Era o que realmente movimentava o comércio do dia a dia.
Com o tempo, a Coroa portuguesa autorizou a circulação de moedas estrangeiras e iniciou cunhagens locais esporádicas, mas ainda assim o sistema era confuso: moedas diferentes, valores diferentes e pouca padronização.
A economia colonial cresceu nesse improviso até que a administração portuguesa tentou organizar melhor a circulação monetária para controlar impostos e transações.
2- Moedas no Brasil República
Com a Proclamação da República, o país começou a caminhar para uma estrutura monetária mais estável. Novas moedas surgiram ao longo dos anos, mil-réis, cruzeiro, cruzado, cruzeiro real, real.
A criação do Banco Central, na década de 1960, também marcou um passo importante, trazendo mais controle sobre a política monetária.
A partir de então, o país passou a desenvolver sistemas de emissão de moeda, controle de circulação e políticas para combater a inflação, que foi um desafio marcante durante boa parte do século XX.
3- Era digital e novas formas de pagamento
Já no século XXI, o dinheiro no Brasil ganhou outros formatos. Pagamentos eletrônicos, cartões, transferências online e, mais recentemente, o Pix, transformaram o jeito como as transações acontecem.
A circulação de cédulas continua existindo, mas boa parte da economia passou a funcionar por meio de registros digitais.
Além disso, criptomoedas e carteiras digitais começaram a ganhar espaço, trazendo uma nova camada de possibilidades sobre o futuro do dinheiro no país.
Curiosidades sobre a história do dinheiro
- A Casa da Moeda do Brasil foi criada em 1694, por ordem de Dom Pedro II de Portugal, para padronizar a produção de moedas e organizar a circulação monetária no território colonial.
- A fabricação das cédulas brasileiras é oficialmente regulada pelo Ministério da Fazenda e coordenada pelo Banco Central, que define desde a quantidade de notas até os elementos de segurança que precisam estar impressos.
- A moeda brasileira já recebeu vários nomes ao longo da história, como réis, cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro real e, atualmente, real, cada um ligado a mudanças econômicas e tentativas de estabilização do sistema monetário.
- O design das cédulas brasileiras não homenageia pessoas, e sim elementos simbólicos e animais da fauna nacional, criando uma identidade visual mais neutra e representativa.
- O Banco Central produziu cédulas de R$ 1 até 2005, quando a emissão foi interrompida e a moeda metálica de R$ 1 passou a ocupar o espaço no dia a dia por ser mais resistente.
- O Brasil já teve moedas estrangeiras circulando simultaneamente, especialmente durante o período colonial, quando moedas portuguesas, espanholas e até holandesas eram usadas de forma misturada no comércio.
- As notas brasileiras contam com diversos itens de segurança invisíveis ou quase imperceptíveis, como fibras coloridas, marcas d’água, faixas holográficas e tintas especiais, que dificultam falsificações.
- O real, lançado em 1994, tornou-se uma das moedas mais estáveis da história recente do país, fazendo parte do Plano Real, conjunto de medidas que reduziu drasticamente a hiperinflação.
- Algumas notas antigas se tornaram peças valiosas para colecionadores, especialmente cédulas com erros de impressão, edições limitadas ou séries comemorativas.
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Fonte: Mundo Educação, Toda Matéria, Gov, Pequod Investimentos, VC S/A.