Papel-moeda: o que é, como surgiu e qual a importância?

19 de julho de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 7 min, 13 seg


O papel-moeda é o dinheiro oficial de um país ou região. Ele é controlado pelo governo do país, sendo assim pode ser emitido apenas de acordo com as determinações do governo.

No Brasil, o responsável por estabelecer a quantidade de papel-moeda a ser emitido é o Banco Central do Brasil (Bacen)

Dessa forma, a determinação da quantidade de papel-moeda a ser impresso considera a política econômica nacional e os indicadores econômicos.

O que é o papel-moeda?

O termo papel-moeda se refere à moeda escritural oficial de um país ou região. No Brasil, o papel-moeda é o Real, desde a adoção do plano real, em 1994. Em síntese, o plano real foi uma série de medidas tomadas (inclusive a adoção de uma nova moeda, o Real), para controlar a hiperinflação da época.

Para ser garantida a legitimidade do dinheiro, o papel-moeda brasileiro pode ser emitido apenas pela Casa da Moeda, por meio da solicitação do Banco Central do Brasil (Bacen). A definição da quantidade de dinheiro que será produzido é feita tendo como base a política econômica adotada pelo Ministério da Fazenda. 

Como funciona

O papel-moeda funciona como um intermediário na compra de produtos e serviços. A sua emissão ocorre por meio das autoridades monetárias de cada país.

O papel-moeda é o padrão monetário mais usado no mundo, desde que o padrão-ouro chegou ao fim. O valor do papel-moeda depende do seu uso e da confiança que o público e consumidores têm nele.

Sendo assim, as moedas e notas são objetivos com valor intrínseco menor do que o escrito. Isso representa uma evolução em relação aos antigos sistemas metálicos onde as moedas eram feitas de ouro ou prata e o seu valor derivava da origem desse bem.

Quando a sociedade passou a usar o papel-moeda, o controle das moedas se tornou responsabilidade da autoridade monetário do país.

Desse modo, a sua emissão envolve a imposição de limitações para que a confiança do público na moeda seja mantida.

Origem e história do papel-moeda

Acredita-se que a primeira versão do papel-moeda surgiu no século VII, na China. Entretanto, a consolidação do uso de cédulas e moedas ao redor do mundo demorou bastante. Isso porque o comércio funcionava sobretudo por meio do escambo, ou seja, a troca de mercadorias.

Conforme o comércio foi se desenvolvendo e novos produtos foram sendo criados, ficou cada vez mais difícil fazer uma troca justa de mercadorias. Sendo assim, foi adotada a moeda de ouro e prata, para facilitar as transações.

Essas moedas passaram a ficar sobre a guarda dos ourives, que se tornaram os primeiros banqueiros e, desse modo, os primeiros bancos surgiram. Esses banqueiros davam recibos que informavam a quantidade de moedas que estavam guardadas.

Com o passar do tempo, esses recibos passaram a ser usados nas transações financeiras e assim surgiu o papel-moeda. Vale destacar que nesta época as cédulas eram lastreadas em ouro. Isso significa que as pessoas podiam trocar as notas pela quantidade de ouro correspondente.

Por fim, as notas deixaram de ter rastro e surgiram as moedas fiduciárias, fundamentadas apenas na confiança da população no governo.

No Brasil

No Brasil as transações comerciais dependiam das moedas de ouro e prata até o século XVII. Contudo, no próximo século o uso de moedas começou a se tornar insustentável, sobretudo, pois existiam poucas moedas em circulação na economia.

Quando a família real chegou ao Brasil e os portos foram abertos, houve a necessidade de modernizar o sistema monetário brasileiro. Dessa forma, D. João VI mandou criar o Banco do Brasil, que se tornou responsável pela emissão do papel-moeda.

Naquela época, a emissão de dinheiro tinha que respeitar a quantidade de ouro presente nos cofres públicos. Em 1820 D. João VI saiu do Brasil e uma crise econômica teve início. Acontece que, além de voltar para Portugal, ele extraiu as reservas disponíveis no Brasil.

Desse modo, o papel-moeda do Brasil se desvalorizou, a inflação saiu do controle e surgiram diversas revoltas que se estenderam pelo Primeiro Reinado e Período Regencial.

No Segundo Reinado a economia cafeeira deu sinais de melhora, mas os empréstimos no exterior e a economia agroexportadora forçaram um sistemático processo de desvalorização do papel-moeda. Paralelo a isso, o papel-moeda brasileiro foi se modernizando aos poucos.

Inicialmente, a sua fabricação era em moldes de cartas e o preenchimento era à mão. Como a falsificação era fácil, o processo teve que ser modificado. Com a modernização veio os processos de impressão e o papel-moeda brasileiro foi ganhando cada vez mais detalhes e sendo cada vez mais difícil de ser falsificado.

Como o papel-moeda é feito?

Em todos os países, a emissão de papel-moeda é controlada pelo Estado. A justificativa é que essa centralização serve para defender os interesses monetários dos países e evitar falsificações. Inclusive, o processo de produção do dinheiro conta com um alto nível de controle para garantir a maior integridade possível no processo.

Grande parte das moedas produzidas na América Latina usa a matéria-prima da fornecedora Fedrigoni, localizada em São Paulo, capital. Quando o papel chega na casa da moeda, ele passa por um longo processo que envolve várias camadas de tintas e testes de durabilidade.

Alguns dos itens de segurança presentes nas cédulas são: alto relevo, micro impressões e marca d’água. Lembrando que, no Brasil, somente a casa da moeda pode imprimir dinheiro. Portanto, essa impressão ocorre sempre por decisão do Banco Central.

Outro detalhe que vale ressaltar é que o Bacen faz uma análise antes de decidir sobre a produção de papel-moeda. Isso porque, se houver dinheiro em excesso na economia, pode ocorrer a desvalorização do real e o aumento da inflação.

Enfim, o papel-moeda brasileiro possui a efígie da República de um lado e do outros animais da fauna brasileira:

  • Tartaruga-pente (R$ 2,00)
  • Garça (R$ 5,00)
  • Arara (R$ 10,00)
  • Mico-leão-dourado (R$ 20,00)
  • Onça-pintada (R$ 50,00)
  • Peixe Garoupa (R$ 100,00)
  • Lobo-Guará (R$ 200,00)

Em contrapartida, as moedas possuem algumas personalidades:

  • Pedro Álvares Cabral (R$ 0,01)
  • Joaquim José da Silva Xavier (R$ 0,05)
  • Dom Pedro I (R$ 0,10)
  • Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (R$ 0,25)
  • José Maria da Silva Paranhos Júnior (R$ 0,50)

Além disso, até o ano de 2005 produzia-se a nota de R$ 1,00 que tinha o beija-flor. Contudo, ela foi substituída pela moeda de R$ 1,00 com a efígie da República.

Qual é a importância dele para a economia?

Em síntese, o papel-moeda é muito importante para a economia já que possibilita que as transações financeiras ocorram de forma mais rápida e fácil do que a troca direta de produtos.

Dessa forma, essa agilidade que o papel-moeda proporciona contribuiu muito para o desenvolvimento econômico mundial.

Além disso, usar o papel-moeda nas transações já virou um hábito tão enraizado na sociedade, que atualmente é difícil encontrar pessoas dispostas a fazer a troca entre produtos. Portanto, usar o papel-moeda é mais fácil, rápido e a troca ocorre de forma mais justa.

O papel-moeda vai acabar?

Sim, existe a possibilidade do dinheiro em espécie acabar no futuro. De fato, o uso do dinheiro físico está diminuindo.

Para você ter uma ideia, em 31 de dezembro de 2020, haviam 363 bilhões de reais distribuídos por 8,5 bilhões de cédulas em circulação. Um ano depois, o valor circulante caiu para 331 bilhões, divididos em 7,6 bilhões de cédulas.

O motivo pelo qual o uso do papel-moeda está diminuindo são as opções digitais. Por exemplo, antes do Pix era comum andar com pelo menos um pouco de dinheiro na carteira, mas hoje em dia basta fazer um Pix que o dinheiro já cai na conta da pessoa na hora.

Mas essa diminuição do uso de dinheiro físico não está ocorrendo apenas no Brasil. Isso porque, nos mais diversos países do mundo, a tecnologia está tornando mais fácil o uso de outras formas de pagamento, que não envolve o dinheiro físico.

Fontes: Suno, The cap, Dicionário financeiro, Inteligência financeira e, por fim, Brasil escola.