10 de dezembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer
O rating serve para mostrar aos investidores qual o risco que eles correm ao investir em determinada empresa ou país. Deste modo, através da análise de crédito de um Estado ou empresa, é possível determinar o nível de risco de um calote.
As responsáveis por realizar as análises de risco de crédito, são as agências de classificação de risco. Essas agências atribuem uma nota para os agentes econômicos, de acordo com o seu grau de risco.
No entanto, as notas atribuídas não são definitivas. Afinal, uma empresa que possui dificuldade de honrar com seus compromissos financeiros pode passar por uma mudança em seu quadro financeiro e, com isso, reduzir o seu grau de risco.
O que é rating
O termo rating, em português, significa classificação. No entanto, seu uso não ocorre por meio da tradução literal do termo. No setor econômico, a palavra rating está relacionada ao risco de crédito. Uma agência de classificação de risco realiza a avaliação de risco de crédito.
Assim, essa agência avalia um Estado ou uma empresa. Geralmente, essa análise, também chamada de classificação de crédito ou nota de crédito, mostra o risco que o investidor assume ao investir em determinado país ou empresa.
Como funciona o rating?
Existem diversas agências de classificação de risco espalhadas pelo mundo. Porém, as três principais são: Standard & Poor’s (S&P), Fitch e Moody’s.
Para que estas agências possam divulgar uma nota de risco, elas avaliam diversos aspectos, como: fluxo de caixa, nível de alavancagem, contexto político do país, projeções de resultados futuros e balanço patrimonial.
A intenção das agências é avaliar tanto aspectos internos das empresas, quanto o contexto social em que ela está inserida. Desse modo, se um país estiver passando por um período político conturbado, a nota de uma empresa pode cair, já que a situação influencia indiretamente a companhia.
Para averiguar todos estes critérios, a agência envia para a empresa um analista de riscos. Este profissional é o responsável por realizar um estudo completo sobre a empresa, sua realidade econômica é fazer consultas aos membros da administração fiscal.
O analista estuda os dados e os apresenta ao comitê de pontuação, que determinará um rating para a instituição. Contudo, o comitê pode alterar essa nota posteriormente, de acordo com o desempenho da empresa ao longo do tempo, podendo tanto subir quanto cair.
Big three
O termo big three se refere às três maiores agências de rating do mundo. Portanto, a maioria dos países e investidores considera as notas que essas três empresas atribuem em suas análises:
Standard & Poor’s: A S&P é provavelmente a mais tradicional entre as maiores agências de rating do mundo.Tem sede em Nova York e é conhecida especialmente por avaliar empresas, títulos públicos e privados. A empresa foi fundada em 1860, nos Estados Unidos. Contudo, a companhia iniciou o serviço de avaliação de risco na década de 40.
Moody’s: John Moody criou esta agência em 1990. Uma curiosidade é que a Moody’s possui ações listadas na Bolsa de Nova York (NYSE), com o ticker MCO. Na década de 90, os papéis eram negociados por cerca de 10 dólares, mas hoje em dia chegam a quase 300 dólares.
Fitch: Para finalizar a lista das três principais agências de rating, temos a Fitch. Dentre as três maiores do mundo, ela tem o menor market share, cerca de 15%. A empresa, fundada por John Knowles Fitch, tem sede em Nova York e Londres.
Para que serve o rating?
O rating serve para avaliar o risco de crédito de uma instituição, empresa ou país. Ele é uma classificação atribuída por agências especializadas (como as “big three” – Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch) e reflete a capacidade da entidade de honrar suas dívidas.
Essas notas ajudam investidores, credores e outros interessados a entenderem o nível de risco associado ao investimento ou empréstimo em uma empresa ou governo. Quanto mais alta for a nota de rating, menor é o risco de calote, e, consequentemente, mais atraente o investimento se torna.
Por outro lado, notas mais baixas indicam maior risco, o que pode resultar em custos mais altos para quem busca financiamento.
Quais são os tipos de rating?
As notas de rating podem aparecer de algumas formas diferentes:
1- Rating por grau
Nos ratings por grau, o investidor consegue analisar a posição de um ativo e seu risco de crédito dentro de uma escala de notas. Em outras palavras, o investidor consegue averiguar se a relação entre o risco e o retorno compensa para a sua carteira de investimentos. Além disso, o grau de risco pode ainda ser dividido em:
- Grau especulativo: Dentro do grau especulativo estão listados aqueles com maior risco de crédito. Isso significa que a probabilidade de darem o calote é alto.
- Grau de investimento: Dentro do grau de investimento, estão listados os títulos com menores chances de darem calote. É claro que, como possuem um risco menor, eles também possibilitam um retorno menor. Como exemplo, podemos citar os títulos de países desenvolvidos e com economias estáveis.
No entanto, o grau de risco geralmente está aliado à possibilidade de retorno. Logo, como são mais arriscados, estes ativos podem oferecer um retorno maior.
Por exemplo, um país com uma dívida gigantesca em comparação com o seu PIB, com elevadas taxas de juros e situação política instável, pode ser classificada no rating de grau especulativo.
2- Rating por nota
O rating por nota procura mostrar qual o nível de risco de um ativo dentro da classificação de rating por grau. Dessa forma, ele demonstra a nota do ativo dentro do grau especulativo ou de investimento.
Sendo assim, as notas atribuídas pela Fitch ou pela S&P, começam em A como um valor alto e D como a pior nota. Ou seja, da letra D para frente, são empresas com altíssimo risco de inadimplência. Já na Moody’s, a pior nota é representada pela letra C.
Qual é a importância da classificação de rating?
A classificação de risco de crédito é muito importante para o investidor, pois é ela quem mostra qual o grau de risco de calote com aquela aplicação. Ou seja, ao analisar os ratings das empresas, o investidor consegue fazer um paralelo entre o risco e o retorno com o investimento.
Por outro lado, para as empresas e governos o rating também é muito importante, pois, baseado nele, é possível alinhar o risco com o prêmio. Isso significa que um país ou empresa mais arriscados, precisam alinhar a perspectiva de retorno com o grau de risco, para que se tornem opções vantajosas para os investidores.
Justamente por esta dinâmica de risco e retorno que as empresas buscam manter uma boa saúde financeira. Afinal, se elas tiverem uma boa nota, conseguem emitir papéis mais baratos e assim seus lucros aumentam.
Críticas
Apesar de ajudar o investidor na tomada de decisão na hora de investir, o rating também possui suas limitações. A principal crítica feita ao sistema de rating se refere à sua má avaliação.
Um exemplo disso foi a crise de 2008. Acontece que as agências de rating tinham atribuído boas notas aos bancos, sendo que eles estavam com uma situação financeira bem ruim.
Além da má avaliação, existe também a crítica de que a indústria do rating possui diversos conflitos de interesses. Em resumo, as agências de rating ganham dinheiro através de suas avaliações, porém, eles são pagos justamente pelas empresas que eles terão que avaliar.
Quais são os critérios de análise do rating?
1. Capacidade Financeira
A capacidade financeira de uma entidade é um dos principais critérios avaliados pelas agências de rating. Primeiro, as agências analisam a liquidez, que mostra se a entidade tem dinheiro suficiente para pagar suas dívidas de curto prazo. Também é verificada a rentabilidade, ou seja, se a entidade gera lucro de forma regular.
Isso ajuda a garantir que a empresa ou o governo consiga cumprir suas obrigações financeiras. Além disso, o fluxo de caixa é crucial. Ele mostra se a entidade tem dinheiro entrando de forma constante para cobrir suas dívidas.
2. Endividamento
O endividamento também é cuidadosamente analisado. As agências observam o nível de dívida da entidade. Isso mostra o quanto a entidade está endividada em relação à sua capacidade de pagamento.
A relação dívida/patrimônio líquido também é importante. Esse índice mostra a proporção entre as dívidas e o capital próprio da entidade. Por fim, o serviço da dívida é avaliado. Ele revela se a entidade consegue pagar os juros e as amortizações das suas dívidas de forma pontual.
3. Gestão e Governança
Outro critério essencial é a qualidade da gestão. As agências analisam se os gestores são competentes e se suas decisões financeiras são adequadas.
A experiência e o histórico dos líderes da entidade também são fatores importantes. Além disso, as agências avaliam a governança corporativa. A forma como a empresa é administrada e sua transparência influenciam diretamente o rating.
4. Condições Econômicas e de Mercado
As condições econômicas e de mercado também afetam o rating. As agências analisam o desempenho setorial. Isso significa verificar como o setor no qual a entidade atua está se comportando, já que isso afeta diretamente suas finanças.
Além disso, os riscos macroeconômicos são considerados. Fatores como inflação, crescimento econômico e taxa de câmbio podem impactar a capacidade da entidade de pagar suas dívidas.
5. Aspectos Políticos e Regulatórios
A estabilidade política de um país é um fator importante na análise. A política pode afetar as finanças de uma entidade. Assim, uma política estável tende a melhorar o rating.
Além disso, as mudanças regulatórias também são observadas. Alterações em leis e regulamentações podem impactar a capacidade de uma entidade de cumprir com suas obrigações financeiras.
6. Histórico de Crédito
O histórico de crédito da entidade é outro ponto fundamental. As agências de rating verificam o histórico de pagamentos. Se a entidade tem um bom histórico de pagamentos, isso melhora sua nota.
Além disso, a reputação de crédito é importante. O mercado confia mais em entidades com boa reputação, o que também pode aumentar seu rating.
7. Perspectivas Futuras
As previsões econômicas também são um fator relevante. As agências consideram o futuro econômico antes de determinar o rating. Elas analisam as projeções de crescimento e os possíveis riscos que podem surgir.
Mudanças no cenário global, como crises econômicas, podem afetar a capacidade de uma entidade de pagar suas dívidas no futuro.
Como o rating afeta os investimentos?
1. Custo do Crédito
O rating afeta diretamente o custo do crédito. Quando uma entidade recebe um rating mais baixo, isso indica um risco maior. Nesse caso, os investidores exigem uma taxa de juros mais alta para compensar o risco.
Como resultado, a entidade precisará pagar mais para levantar dinheiro, seja por empréstimos ou emissão de títulos. Além disso, empresas ou governos com ratings mais baixos enfrentam custos mais altos para obter financiamento. Isso pode impactar suas finanças e operações de maneira negativa.
2. Atração de Investidores
O rating também influencia a atração de investidores. Investidores mais conservadores, como fundos de pensão e investidores institucionais, geralmente preferem ativos com ratings altos, pois buscam segurança. Por isso, um rating elevado torna o ativo mais atraente para esse tipo de investidor.
Por outro lado, investidores dispostos a assumir mais risco, em busca de maiores retornos, podem se interessar por ativos com ratings mais baixos. No entanto, esses investidores sabem que o risco de perda é maior.
3. Liquidez
A liquidez de um ativo é afetada pelo seu rating. Ativos com ratings mais altos tendem a ser mais líquidos. Isso significa que é mais fácil vender esses ativos, já que mais investidores estão dispostos a comprá-los.
No entanto, ativos com ratings baixos têm menor demanda, o que os torna mais difíceis de vender. Muitas vezes, os investidores evitam esses ativos devido ao risco. Isso pode levar a uma maior volatilidade nos preços desses ativos.
4. Impacto nas Decisões de Investimento
O rating também influencia as decisões de investimento. Ele ajuda os investidores a escolher onde colocar seu dinheiro. Um rating alto pode fazer um ativo se destacar, enquanto um rating baixo pode desmotivar investimentos.
Mudanças no rating de uma empresa ou país podem levar os investidores a reavaliar seus portfólios. Por exemplo, se o rating de uma empresa cair, os investidores podem decidir vender seus ativos para reduzir o risco.
5. Impacto nos Investimentos de Risco
O rating afeta a volatilidade do mercado. Quando o rating de uma empresa ou governo é rebaixado, isso pode gerar um impacto negativo nas ações e outros investimentos relacionados.
Como resultado, os preços desses ativos podem cair. Esse movimento aumenta a volatilidade do mercado e afeta os investimentos em ações e títulos dessa entidade.
6. Confiança do Mercado
Por fim, o rating também afeta a confiança do mercado. Ele ajuda a moldar a percepção do risco de uma entidade, influenciando a confiança dos investidores.
Isso, por sua vez, afeta as decisões de investimento. Se o mercado perceber a entidade como mais arriscada, os investidores podem se afastar, impactando negativamente o valor dos ativos.
E aí, gostou de conhecer sobre o rating? Então, aproveite para entender sobre a importância do Gerenciamento de risco, o que é? Quais os riscos e como fazer a gestão
Fontes: Suno, Apprenda fixa e Mais retorno