Reserva de valor: o que é, para que serve, como fazer?

2 de outubro de 2020, por Jaíne Jehniffer

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A reserva de valor é uma forma de manter o poder de compra no decorrer do tempo, garantindo que o valor do seu patrimônio será mantido independente do cenário econômico. Essa reserva é composta por ativos que preservam o seu poder de compra a longo prazo.

Para ser uma boa reserva de valor, o ativo deve ter algumas características como, por exemplo, ter liquidez, ser escasso, preservar o seu valor no longo prazo e não se deteriorar com o passar do tempo. Um ativo que se encaixa em todos esses critérios é o ouro e é por isso, que ele é uma ótima reserva de valor.

Outros metais preciosos e o dólar também podem ser uma reserva de valor. Mas é preciso tomar cuidado ao usar moedas como reserva de valor, já que elas não correspondem a todos os critérios de uma boa reserva de valor.

O que é reserva de valor?

A reserva de valor serve como uma proteção contra as variações do mercado. Sendo assim, a reserva de valor é composta por ativos que preservem o seu poder de compra a longo prazo.

Ao criar uma reserva de valor, você garante a manutenção do valor do seu patrimônio independente do cenário econômico. Inclusive, muitos investidores usam esse tipo de reserva para preservar seus patrimônios em meio a crises econômicas e políticas. 

Para ser uma boa reserva de valor, os ativos e bens devem ter quatro características principais:

  • Preservação do valor ao longo do tempo;
  • Escassez;
  • Ter liquidez;
  • Não se deteriorar com o passar do tempo.

Se analisarmos os ativos disponíveis no mercado, poderemos notar que vários deles são tidos como reserva de valor, apesar de não possuírem todas essas quatro características. Entretanto, existe um ativo que se encaixa nos quatro critérios: o ouro.

O ouro é uma ótima opção para reserva de valor pois é considerado valioso à séculos e nunca perdeu seu valor. Como trata-se de um metal extraído da natureza, os governos não podem simplesmente imprimir mais, como ocorre com as moedas fiduciárias.

Por ser um metal com bastante valor agregado, sempre existem pessoas interessadas em comprar ouro e por fim, ele mantém sua qualidade ao longo do tempo e não se deteriora. Devido a essas características, o ouro é usado como reserva de valor até mesmo pelos bancos centrais de vários países.

Importância da reserva de valor

Criar uma reserva de valor é importante para todos os investidores que querem se proteger contra crises econômicas. Afinal de contas, durante as crises a reserva de valor irá servir para proteger o patrimônio do investidor, já que a reserva é feita de ativos que não perdem o valor com o tempo.

Portanto, ter uma reserva de valor é importante para que você:

  • Saiba o valor do seu dinheiro: Ao aprender o conceito de reserva de valor, você poderá lidar melhor com seu dinheiro e os altos e baixos da economia.
  • Entenda o momento econômico: Ao saber o que é reserva de valor e como o conceito se relaciona com os diferentes cenários econômicos, você consegue acompanhar o mercado e entender o porquê a procura por diferentes ativos varia de acordo com as movimentações econômicas.
  • Proteja do poder de compra: Entender o conceito e criar uma reserva de valor é fundamental para que você possa manter o seu poder de compra. Isso porque, em momentos de inflação alta, quanto as pessoas estão perdendo o poder de compra, você pode aplicar em ativos que servem como reserva de valor.

Tipos de reserva de valor

Existem diferentes formas de criar uma reserva de valor e se proteger contra as crises. Algumas opções de ativos são:

1- Ouro

Como dito anteriormente, o ouro é a principal alternativa de reserva de valor do mundo, já que possui todas as características importantes em uma reserva de valor. É possível investir em ouro de três maneiras:

1- Bolsa de valores

Você pode entrar na sua conta na corretora, acessar o home broker e, investir em ouro na bolsa de valores brasileira. Nessa alternativa, você pode aplicar em contratos futuros de ouro.

Os contratos disponíveis são OZ1D, OZ2D e OZ3D que possuem preços diversos, já que estão atrelados a quantidades de ouro diferentes. Contudo, esse tipo de negociação não é interessante para todos os investidores, apenas para os mais experientes em renda variável. 

2- Fundos

A segunda opção é muito mais acessível para os investidores em geral. Basta criar uma conta em uma corretora e adquirir cotas de fundos de investimentos que sejam focados na compra de ouro.

Essa forma é muito mais simples, já que a compra do ouro fica por conta do gestor do fundo, o investidor só compra as cotas. 

3- Ouro físico

A última opção é comprar o ouro físico. Mas essa é uma alternativa arriscada e burocrática. Primeiramente, é preciso encontrar uma instituição financeira que venda ouro.

Além disso, é preciso comprovar renda, preencher formulários e, por fim, encontrar um lugar que seja seguro para deixar o ouro. Posteriormente, para vender o ouro também pode ser difícil, já que você precisa encontrar alguém disposto a comprar ouro em barra. 

2- Outros metais

Alguns investidores também consideram alguns outros metais preciosos como reserva de valor, como por exemplo, a prata. No entanto, esses metais não têm a mesma liquidez que o ouro e por isso, não são uma reserva de valor perfeita.

Um detalhe importante sobre o investimento em prata e ouro, é que não é interessante que a reserva de valor seja feita com esses metais em formato de joias. Pois, quando você compra uma joia, você está pagando não apenas o metal, mas também o trabalho do ourives.

3- Moedas

Normalmente, as moedas são as primeiras reservas de valor que a maioria dos investidores opta por possuir. Afinal, elas são bons instrumentos de troca, os produtos são vendidos com preços baseados nas moedas e o pagamento pode ser realizado com moedas, independentemente do tempo.

Entretanto, em crises pode ser que a inflação suba e o poder de compra das moedas não se mantenha. Isso porque, quando existe um excesso de dinheiro em circulação na economia, a demanda frente a oferta aumenta e ocorre o aumento dos preços.

Com o aumento generalizado dos preços dos bens e produtos, a população perde poder de compra e o dinheiro se desvaloriza. Logo, é preciso de cada vez mais dinheiro para comprar os mesmos produtos de antes. Nesse sentido, as moedas não são boas reservas de valor, já que o dinheiro vai perdendo seu valor com o tempo.

Como a moeda pode ser impressa pelo governo, ela não possui a característica de ser escassa, o que também contribui para que ela não mantenha seu valor com o passar dos anos. No entanto, algumas moedas estrangeiras podem ser opção para os investidores brasileiros.

Essas moedas são as consideradas fortes como o euro e o dólar. Mas mesmo as moedas sendo fortes, elas ainda têm alguns pontos fracos, como por exemplo, a inflação e o fato de que podem ser impressas pelo governo.

Durante muito tempo o dólar foi tido como uma reserva de valor, já que ele é usado internacionalmente e é uma moeda bastante antiga. Porém, com a possibilidade de uma nova crise mundial e o fim do dólar, é preciso ficar atento ao aplicar nessa moeda.

4- Criptomoedas

Atualmente, as criptomoedas estão sendo pontuadas como passíveis de serem usadas como reservas de valor. Afinal, elas possuem algumas características importantes como a descentralização, a escassez e a proteção contra a inflação.

Contudo, vale ressaltar que as criptomoedas possuem alta volatilidade, o que significa que seus preços variam muito. Além disso, em comparação com o tempo de existência de outros tipos de ativos, as criptomoedas ainda são um lançamento recente.

Ou seja, como as moedas digitais ainda não se provaram com o tempo, elas não possuem todas as características necessárias para valerem como uma reserva de valor perfeita. Apesar disso, elas são usadas por alguns investidores já que criptomoedas como o Bitcoin correspondem aos outros critérios de uma boa reserva.

5- Imóveis

Alguns investidores usam os imóveis como reserva de valor. No entanto, é importante lembrar que os imóveis têm baixa liquidez e podem se deteriorar com o passar do tempo.

Por exemplo, se você comprar uma casa, é preciso realizar manutenções constantes para que o valor deste imóvel se mantenha. Além disso, não existe nenhum tipo de garantia quanto a manutenção dos valores do imóvel, mesmo que ele esteja bem conservado.

Diferenças entre reserva de valor e reserva de emergência

Apesar dos nomes parecidos, reserva de valor e reserva de emergência são bem diferentes, e você não deve confundir as duas.

Como você já sabe, a reserva de valor serve como uma proteção contra as variações do mercado, sendo que ela é composta por ativos que preservem o seu poder de compra a longo prazo.

Por outro lado, a reserva de emergência é uma reserva de dinheiro que deve ser usado apenas em casos de imprevistos. Ou seja, como o próprio nome indica, é uma reserva que serve para te socorrer em casos de emergência.

Por que saber o que é reserva de valor?

Primeiramente, saber o que é reserva de valor é importante para que você possa realizar o gerenciamento dos seus recursos financeiros de acordo com o cenário econômico.

Dessa forma, de acordo com as movimentações econômicas você poderá aplicar em ativos que possam ajudar na manutenção da sua riqueza com o passar do tempo. Desse modo, saber o que é reserva de valor é essencial para que você:

  • Entenda o valor do seu dinheiro
  • Consiga proteger o seu poder de compra
  • Possa acompanhar as tendências dos ativos

Enfim, agora que você entende a importância de saber o que é reserva de valor, assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e entenda o por que ele investe em ouro:

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