Risco não sistêmico: o que é e como funciona?

28 de julho de 2021, por Sidemar Castro

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Risco não sistêmico é aquele que está relacionado com uma empresa ou setor específico. Como este risco é inerente àquele ativo, pode ser diluído por meio de uma boa diversificação de investimentos.

Para diversificar, no entanto, não basta investir em ações de empresas diferentes. Na verdade, o mais eficaz é aplicar em diferentes classes de ativos. Se algum deles sofrer desvalorização, sua carteira não será tão impactada.

Além do risco não sistêmico existe ainda o risco sistêmico. Em síntese, o risco sistêmico é aquele que afeta o mercado como um todo. Isso significa que ele não pode ser diluído por meio da diversificação, como ocorre com o risco não sistêmico.

O que é risco não sistêmico?

O risco não sistêmico, também conhecido como risco não sistemático ou risco específico, é o tipo de risco inerente ao ativo. Ou seja, este tipo de risco está relacionado apenas com os aspectos particulares da empresa ou empresas que atuam em determinado segmento.

A sazonalidade, a dependência de insumos importados, padrões de comportamento dos consumidores de um segmento específico, as legislações que se aplicam à empresa e a eficácia da gestão, são todos exemplos de riscos não sistemáticos. 

Por exemplo, uma indústria de plástico depende de derivados do petróleo como insumo. Logo, as alterações nos preços do petróleo impactam diretamente a produção dessa indústria, podendo afetar suas vendas e causar a desvalorização das suas ações.

Outro exemplo é a Uber. Como ela é uma empresa inovadora, está sujeita à criação de novas leis que podem impactar suas operações. Dessa forma, se as regulações colocarem obstáculos demais e ela quebrar, as pessoas que investiram nela podem ficar no prejuízo.

Como ele funciona?

O risco não sistemático, também conhecido como risco específico ou diversificável, está relacionado a fatores específicos de uma empresa ou setor. Ele não afeta o sistema como um todo, ao contrário do risco sistemático.

Vamos dar um exemplo: imagine que você seja dono de uma empresa e que 90% de sua receita venha de apenas um cliente. Se esse cliente cancelar o contrato com a sua empresa, ela estará em imensa dificuldade. No entanto, nada ocorrerá com as outras empresas da economia, pois este foi um efeito que afeta apenas a sua empresa.

Alguns fatores que podem afetar o risco não sistemático incluem:

  • Desempenho financeiro da empresa
  • Mudanças na liderança
  • Problemas legais
  • Transformações nas tendências do mercado

É importante notar que o risco não sistemático pode ser diluído por meio de uma boa diversificação de investimentos. Isso significa que, ao investir em diferentes classes de ativos ou setores, é possível reduzir o impacto desse tipo de risco na sua carteira de investimentos.

Quais são as diferenças entre o risco sistêmico e o não sistêmico?

O risco não sistemático é aquele que afeta um setor ou empresa em específico. Em contrapartida, o risco sistemático é também chamado risco de mercado, já que pode afetar o sistema econômico como um todo.  Sendo assim, o risco sistemático é um fato que impacta direta ou indiretamente todos os ativos do mercado. Um exemplo disso é a taxa Selic e a taxa de câmbio.

Portanto, a diferença é que o risco sistêmico não é inerente ao ativo, e impacta o mercado como um todo. Já o risco não sistemático é inerente ao ativo e impacta apenas as empresas pertencentes a determinado segmento.

Um detalhe importante é que todos os ativos estão sujeitos ao risco sistemático e não sistemático. Se ocorrem juntos, formam o risco total.

Outros tipos de riscos

Os investimentos podem ser afetados por diversos tipos de riscos além do risco não sistêmico. Alguns deles são:

1. Risco de liquidez

A liquidez é a facilidade com que o investidor consegue comprar ou vender determinado ativo. Nesse sentido, o risco de liquidez é o risco de que o investidor não consiga vender seu ativo ou que a venda resulte em prejuízos.

Por exemplo, um imóvel é um investimento que possui alto risco de liquidez, já que a sua venda pode demorar muito tempo e é possível que não apareça uma pessoa disposta a pagar o preço justo. Por outro lado, as ações das grandes empresas possuem um grande volume de negociação diário, logo, elas são ações com baixo risco de liquidez.

2. Operacional

Este risco refere-se às falhas internas que interrompem as operações e podem levar algum tipo de prejuízo ao negócio, seja ele financeiro, de produção ou até mesmo relacionado à imagem da empresa. Essas falhas operacionais podem ser causadas por diversos fatores, como erros humanos, problemas de tecnologia, eventos naturais, mudanças regulatórias, entre outros.

3. Risco de crédito

O risco de crédito é a probabilidade de um tomador de crédito não cumprir suas obrigações financeiras, resultando em perdas financeiras para a parte que concedeu o crédito. Isso pode incluir o não pagamento de uma dívida, o não reembolso de um empréstimo ou o não cumprimento de uma garantia. Por exemplo, as debêntures são títulos com grande risco de crédito.

Isso porque, quando você investe em debêntures você está basicamente emprestando seu dinheiro para uma empresa em troca de uma taxa de juros. Sendo assim, você corre o risco da empresa não te devolver o dinheiro e os juros.

Como se proteger dos riscos não sistêmicos?

Os riscos não-sistêmicos podem ser minimizados, pois afetam apenas um setor determinado. Aqui estão algumas maneiras de se proteger contra riscos não-sistêmicos:

Diversificação de investimentos

A maneira mais objetiva de proteger um portfólio de ativos contra o risco não sistemático é por meio da diversificação. Ou seja, é recomendável construir uma carteira formada por vários tipos de ativos.

O conceito dessa maneira de se proteger dos riscos não sistemáticos consiste em dividir capital. Então, basta que seja parte dele, fragmentando-o em vários outros ativos. Dessa forma, a exposição aos riscos pode ser reduzida.

Investimentos assegurados pelo Fundo Garantidor de Crédito

Uma forma de minimizar os riscos não-sistêmicos é usando investimentos assegurados pelo Fundo Garantidor de Crédito, como: Poupança; CDBs; LCA; LCI.

Conclusão

Entender os riscos associados aos seus investimentos é uma parte crucial do processo de investimento. Sempre faça sua própria pesquisa ou consulte um profissional financeiro antes de tomar decisões de investimento.