21 de setembro de 2025 - por Sidemar Castro

Rentabilidade real x rentabilidade nominal. Você sabe as diferenças? A rentabilidade nominal mostra o retorno bruto de um investimento, sem levar em conta a inflação. Já a rentabilidade real ajusta esse resultado, revelando de fato quanto o poder de compra aumentou ou diminuiu.
Para chegar a esse valor, é preciso considerar a inflação do período no cálculo. Saiba mais sobre as diferenças entre a rentabilidade real e a nominal neste artigo.
Saiba mais: Rentabilidade: o que é, tipos, como funciona e como calcular
O que é rentabilidade real?
A rentabilidade real mostra o retorno efetivo de um investimento já considerando a inflação do período. É a medida que diz se o seu dinheiro realmente valorizou, ou se parte do ganho nominal foi “comido” pelo aumento do custo de vida.
Quando você calcula a rentabilidade real, consegue ver se seu investimento está protegendo ou ampliando o valor do seu poder de compra.
Como calcular a rentabilidade real?
Imagine que você guardou dinheiro numa gaveta e, um ano depois, foi comprar algo com ele. Só que os preços subiram. Mesmo com o dinheiro intacto, ele “valeu menos”. É aí que entra a rentabilidade real, ela mostra se o seu investimento conseguiu vencer a inflação e preservar (ou aumentar) seu poder de compra.
A fórmula é simples, mas poderosa:
Rentabilidade real = [(1 + rentabilidade nominal) / (1 + inflação)] – 1
Vamos ilustrar com um caso:
- Você aplicou R$ 100 e recebeu R$ 110 após um ano. Rentabilidade nominal: 10%.
- A inflação foi de 6% no mesmo período.
Cálculo:
(1 + 0,10) / (1 + 0,06) = 1,10 / 1,06 ≈ 1,0377
1,0377 – 1 = 0,0377 ou 3,77%
Esse 3,77% é o que você realmente ganhou, já considerando o aumento dos preços. Se a inflação tivesse sido de 12%, por exemplo, o resultado seria negativo: seu dinheiro teria perdido valor, mesmo com um rendimento nominal positivo.
A rentabilidade real é essencial para quem quer investir com consciência. Ela ajuda a evitar ilusões e tomar decisões mais inteligentes, especialmente em tempos de inflação alta. E se quiser ir além, vale considerar investimentos que já vêm com proteção contra a inflação, como o Tesouro IPCA+.
Veja também: Entenda o que é inflação e aprenda como se proteger
O que é rentabilidade nominal?
Rentabilidade nominal é o retorno bruto que seu investimento gera num determinado período, sem descontar inflação, taxas ou impostos.
É o valor que aparece quando você escuta algo como “este título rende 8% ao ano”; ele mostra quanto seu dinheiro cresceu, mas não leva em conta o quanto esse crescimento é corroído pelo aumento geral dos preços.
Como calcular a rentabilidade nominal?
Calcular a rentabilidade nominal é como dar a primeira olhada no resultado bruto de um investimento. É aquele número que a gente vê na tela do aplicativo ou do home broker e pensa “uau, rendeu X%!”. Basicamente, ela mostra o crescimento aparente do seu dinheiro, antes de qualquer ajuste pela inflação ou taxas.
A matemática por trás disso é bem tranquila. A ideia é comparar quanto você tinha no início com quanto você tem no final, e transformar essa diferença em porcentagem. A fórmula é:
(Valor Final ÷ Valor Inicial) – 1 x 100
Para ficar mais claro, vamos colocar a mão na massa:
Exemplo 1: A Poupança (ou um Tesouro Prefixado)
Você separou R$ 5.000 e colocou na poupança. Depois de exatamente 12 meses, você foi verificar e o saldo estava em R$ 5.350.
Basta jogar na conta:
- (5.350 / 5.000) = 1,07
- (1,07 – 1) = 0,07
- 0,07 x 100 = 7%
- Sua rentabilidade nominal para aquele ano foi de 7%.
Exemplo 2: Um Fundo de Investimento
Digamos que você entrou em um fundo com uma cota de R$ 80,00. Um ano depois, o valor da cota estava cotado a R$ 90,00. Nesse meio tempo, o fundo ainda distribuiu R$ 5,00 por cota em rendimentos.
Aqui, você precisa somar tudo o que ganhou para achar o valor final verdadeiro.
- Valor Inicial (por cota): R$ 80,00
- Valor Final (valor da cota + rendimentos): R$ 90,00 + R$ 5,00 = R$ 95,00
- Cálculo: (95 / 80) = 1,1875
- (1,1875 – 1) = 0,1875
- 0,1875 x 100 = 18,75%
- A rentabilidade nominal do fundo foi de 18,75%.
Agora, vem o pulo do gato: esse é o retorno “de fachada”. Se a inflação no mesmo período foi de 6%, o seu poder de compra não aumentou em 18,75%. Na verdade, o dinheiro valeu menos.
O desafio de todo investidor é buscar uma rentabilidade nominal que não apenas cubra a inflação, mas que também gere um ganho real efetivo. A rentabilidade nominal é o ponto de partida essencial, mas a real é a que realmente importa para o seu bolso.
Confira: Diferença entre rentabilidade e lucratividade: tudo o que você não sabia
Diferenças entre rentabilidade real e rentabilidade nominal
Quando você vê anúncios dizendo “rende 10% ao ano”, normalmente isso se refere à rentabilidade nominal, o retorno antes de qualquer desconto ou ajuste. Mas esse número pode dar uma impressão que engana, porque se a inflação também estiver alta, aquele rendimento pode valer muito menos no bolso. A rentabilidade real é o que sobra depois do impacto da inflação, mostrando o ganho de verdade para quem investe.
Então, a grande diferença entre elas está em considerar ou não a inflação. A nominal mostra quanto você recebe “em cima”, mas a real mostra quanto você realmente ganhou, em termos de poder de compra. E observar a diferença entre os dois é essencial para tomar decisões acertadas nos investimentos.
Como usar a rentabilidade real e a rentabilidade nominal nos investimentos?
Usar a rentabilidade nominal e a real nos investimentos é como entender a diferença entre o preço de uma mercadoria e o seu valor. A nominal é o preço de etiqueta, aquele número bruto e reluzente. A real é o valor que aquele produto realmente agrega para a sua vida, considerando tudo ao seu redor.
A rentabilidade nominal é a mais fácil de visualizar. Ela é a protagonista das propagandas e a primeira informação que recebemos. Seu papel é puramente matemático: ela te diz o crescimento do saldo da sua conta.
Digamos que você invista em um fundo que valoriza 15% em um ano. A rentabilidade nominal de 15% é o que você usa para comemorar o retorno absoluto do seu capital. É um número importante, sem dúvida, pois sem um bom retorno nominal, dificilmente se terá um bom retorno real.
Mas a verdadeira sabedoria está em empregar a rentabilidade real como sua métrica principal. Ela é a narrativa por trás dos números. Para calculá-la, você precisa conhecer a inflação do período, medida por índices como o IPCA. A pergunta que a rentabilidade real responde é simples e profunda: “Com o que eu ganhei, consigo comprar mais coisas do que conseguia antes?”.
Se a sua meta é juntar dinheiro para uma aposentadoria confortável daqui a 20 anos, olhar apenas para a nominal é um erro. Um investimento pode ter uma nominal alta, mas se a inflação for ainda mais alta, você estará perdendo dinheiro sem nem perceber. A rentabilidade real, portanto, é a bússola para investimentos de longo prazo. Ela guia suas escolhas para aplicações que não só prometem bons retornos, mas que efetivamente protegem e aumentam o seu poder de compra no futuro.
No fim das contas, o que importa não é a quantidade de reais que você acumula, mas a qualidade de vida que esse dinheiro pode te proporcionar.
Saiba mais: Taxa de retorno: o que é, como calcula, importância
Rentabilidade real x rentabilidade nominal: qual usar?
A escolha entre usar a rentabilidade nominal ou a real não é sobre qual é a “certa”, mas sobre qual é a mais adequada para cada momento da sua análise financeira. Pense nelas como duas lentes diferentes para examinar o mesmo investimento: a lente ampla e a lente de aumento.
A rentabilidade nominal é a lente ampla, ideal para o primeiro olhar. Você deve usá-la quando está comparando diferentes opções de investimento lado a lado, calculando o retorno bruto que virá para a sua conta ou lendo o desempenho passado de um fundo. Ela é ótima para operações do dia a dia, pois lida com os números frios e diretos. Se você quer saber exatamente quantos reais um CDB de 12% ao ano vai te pagar sobre um capital de R$ 10.000, a resposta virá da nominal.
Já a rentabilidade real é a lente de aumento, essencial para quem quer enxergar a verdade mais profunda. Esta é a métrica que você deve usar para qualquer planejamento de médio e longo prazo, como aposentadoria ou a compra de um imóvel.
Ela responde à pergunta que realmente importa: minha vida está melhorando com esse investimento? Se a nominal mostra o crescimento do seu dinheiro, a real mostra o crescimento do seu poder de compra. Ignorar a real é correr o risco de ver seu saldo crescer no extrato, mas seu padrão de vida estagnar ou até cair por causa da inflação.
Portanto, use a nominal para tomar decisões táticas e fazer comparações iniciais. Mas use a real para traçar sua estratégia de vida. No final das contas, o objetivo não é juntar uma montanha de reais, mas sim garantir que essa montanha seja suficiente para comprar a vida que você deseja.
Importância da rentabilidade real e da rentabilidade nominal
Nominal ou real: cada uma dessas taxas cumpre um papel diferente no planejamento financeiro.
A nominal serve para dar uma estimativa crua de quanto seu investimento vai render, algo fácil de encontrar em propagandas, relatórios ou na oferta de produtos financeiros.
Já a real mostra se você está “ganhando dinheiro de verdade”, ou seja, se o rendimento supera a inflação e preserva seu poder de compra. Essa diferença é fundamental, porque sem ela pode parecer que você está prosperando financeiramente, mas na prática está perdendo parte do que poderia comprar com seu dinheiro.
Por isso, quem olha só para a nominal pode se enganar; quem considera a real consegue tomar decisões mais acertadas, escolher ativos que realmente compensam em longo prazo, proteger o patrimônio e traçar metas financeiras mais seguras e realistas.
Leia mais: Diferenças entre rendimento e rentabilidade
Fontes: Sicredi, Krone Capital, Nahu, Linkedin, App Rendafixa.