Dólar vai acabar? Dinheiro em excesso e crise econômica

29 de junho de 2021, por Jaíne Jehniffer

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Recentemente, os investidores começaram a se perguntar se uma crise de fato está chegando e se o dólar vai acabar. Inclusive, Robert Kiyosaki autor do livro Pai Rico, Pai Pobre alertou sobre essa possibilidade.

Pensando nisso, preparamos um texto para te explicar sobre o possível desenrolar de uma crise e quais são as causas desse cenário.

Lembrando que, apesar de falarmos sobre a possibilidade de uma crise e sua relação com os investimentos, esse texto não deve ser considerado como uma recomendação de investimentos.

O dólar vai acabar?

Robert Kiyosaki é o autor de um dos livros de finanças mais famosos do mundo, o Pai Rico, Pai Pobre. Sendo assim, quando ele começou a falar sobre a possibilidade de uma crise e do fim do dólar, o mercado ficou em alvoroço. Um dos principais motivos que levou Kiyosaki a fazer essa previsão foi a injeção de dinheiro na economia.

Quando os governos desejam estimular o crescimento econômico, eles recorrem a um dos truques mais velhos do mundo, que é a injeção de dinheiro na economia. Eles podem fazer isso por diversos meios, como, por exemplo, reduzindo a taxa básica de juros.

dólar vai acabar?

Agencia Brasil

Quando a taxa básica é reduzida, o acesso ao crédito é facilitado de várias maneiras, como, por exemplo, através do aumento do limite do cartão de crédito e da concessão de empréstimos. Portanto, com a redução da taxa de juros, cria-se uma economia baseada no crédito, o mercado fica mais aquecido e as pessoas consomem mais.

O problema é que, na realidade, o que aumentou na economia foi a quantidade de dinheiro em circulação e não a quantidade de produtos. Desse modo, com o excesso de dinheiro em circulação na economia, temos o aumento da demanda frente à oferta. Nesse momento entra em ação a velha lei da oferta e demanda.

Com o excesso de demanda frente à oferta, a tendência é que os preços sejam elevados, resultando na inflação. Em outras palavras, a redução da taxa básica resulta no aumento do dinheiro em circulação, que causa a elevação da demanda frente a oferta e por fim, temos a inflação. Esse cenário pode causar uma crise econômica e o fim do dólar.

Limite de corte

Apesar de o corte da taxa de juros ser um dos mecanismos mais utilizados pelos governos ao redor do mundo, existe um limite para que ela seja cortada. Ou seja, se a taxa chegar a zero, então o governo não consegue mais injetar dinheiro na economia por meio desse mecanismo.

Entretanto, no dia 15 de março de 2020 o FED (banco central norte-americano) comunicou o corte da taxa de juros dos Estados Unidos em 1 ponto percentual.

Logo, a taxa foi reduzida para 0,25%. Isso significa que os EUA já injetaram dinheiro na economia até o limite. Dessa maneira o país recorreu ao chamado Quantitative Easing, ou em português, flexibilização quantitativa.

dólar vai acabar?

Infomoney

O Quantitative Easing é basicamente um nome usado para impressão desenfreada de dinheiro. Sendo assim, o banco central começa a comprar títulos públicos com o dinheiro que ele imprime, para que os bancos tenham mais dinheiro para ser emprestado para a população.

Por meio desse mecanismo, o país vai além do limite da taxa básica, e consegue injetar muito mais dinheiro na economia. O efeito disso tudo é que a economia real deixa de corresponder à quantidade de dinheiro em circulação e o dinheiro perder o valor.

Não é a primeira vez que um país injeta dinheiro em excesso na economia. Na verdade, esse cenário já foi presenciado em vários países. Inclusive, o Brasil passou por isso e teve um cenário de hiperinflação. Portanto, com o excesso de dinheiro na economia dos EUA, surgiu o medo de uma crise econômica e do fim do dólar.

Uma breve história do dólar

O dólar é uma das moedas mais antigas do mundo, já que ele foi criado em 1785. Sendo que, até 1971 o dólar era lastreado em ouro. O lastro serve como uma espécie de garantia. Dessa forma, a quantia de dinheiro em circulação tinha uma quantidade equivalente em ouro depositada no banco.

Sendo assim, com o dólar lastreado em ouro, as pessoas poderiam ir até o banco e trocar o dinheiro em papel por uma quantidade de ouro equivalente. Com o passar do tempo, o dólar passou a ser utilizado nas negociações entre outros países.

The cap

Por exemplo, um brasileiro e um chinês podem usar o dólar na intermediação das operações, já que ele se tornou uma moeda confiável e é utilizada internacionalmente. O problema é que o dólar estava sendo muito utilizado e os países começaram a suspeitar que os EUA não tinham ouro o suficiente para lastrear todo o dólar que estava circulando na economia.

As pessoas então começaram a sacar a quantidade de ouro. Nesse momento os Estados Unidos perceberam que estavam com um grande problema.

A solução foi acabar com o padrão ouro e afirmar que o dólar passaria a ser baseado na economia norte-americana. Desde então os EUA podem imprimir quanto dinheiro eles quiserem, já que se trata de uma moeda fiduciária.

Excesso de dinheiro e o fim do dólar

Desde que o dólar deixou de ser lastreado em ouro, os EUA passaram a imprimir muito dinheiro. Um dos motivos para imprimir tanto dinheiro é porque um presidente depende da popularidade. Porém, se o governo parar de imprimir dinheiro, pode haver alguns problemas temporários na economia e a sua popularidade pode acabar.

Ou seja, apesar de a diminuição da injeção de dinheiro ser necessária para regular a economia, essa não é uma atitude muito popular. A consequência do excesso de injeção de dinheiro na economia com o passar dos anos é  que o dólar foi perdendo o seu valor.

Suno

Dessa maneira, de 1913 até 2018 o dólar perdeu 95% do seu poder de compra. Além disso, os países que usam o dólar como reserva sofrem com a diminuição cada vez mais forte do poder de compra do dinheiro. A questão é: se de 1913 até 2018 o dólar perdeu 95% do seu poder de compra, em quanto tempo ele vai perder os 5%?

Outra pergunta que fica é: se 70% dos países usam o dólar de alguma forma, o que vai acontecer com a economia global quando o dólar não valer mais nada? Por fim temos o questionamento: o dólar vai acabar?

Bolha e fim do dólar

Quando uma bolha começa a se ensaiar, a tendência é que haja uma concentração de renda nas classes mais altas. Teoricamente, as pessoas que ganham mais dinheiro passam a ganhar cada vez mais, ao passo em que as classes mais baixas são fortemente impactadas já que a inflação corrói o salário delas.

Nesse cenário os indicadores econômicos aparecem em suas máximas. Logo, de 2006 a 2021 a bolsa brasileira subiu 216.84% e a bolsa norte-americana subiu 377%, de 2002 a 2021. Apesar de parecer que o mercado está indo bem para os investidores, na verdade esse é apenas um dos indícios de uma bolha.

Quando essa bolha estourar, todos serão impactados, inclusive os investidores. É por isso que Robert Kiyosaki teme o fim do dólar, está comprando ouro e está esperando uma queda no Bitcoin para comprar criptoativos. Sendo que, o ouro é uma estratégia de reserva de valor, já que ele é um metal escasso e que mantém valor ao longo dos anos.

Para saber mais sobre a estratégia do uso de ouro e criptomoedas como reserva de valor contra o fim do dólar e uma crise econômica, veja o vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha:

Enfim, agora que você sabe se o dólar vai acabar, aprenda a Como se preparar para uma crise? Dicas de atitudes a serem tomadas

Imagens: Suno, Agencia Brasil, Infomoney, The cap e Suno