Reserva de emergência: muito mais importante do que você pensa 


A jornada do investidor iniciante é repleta de aprendizados e, muitas vezes, de uma boa pitada de teimosia. É possível que já tenham martelado na sua cabeça a importância de se constituir uma reserva de emergência. Mas, você é o teimosão – ou teimosona – e tem jogado esse conselho no lixo toda vez que ouve, não é mesmo?

Então, vamos lá!

Primeiro, você realmente não tem ideia de como a reserva de emergência é essencial na sua vida.

Em segundo lugar, quando eu digo isso você, provavelmente, vai acionar na sua mente o chamado efeito Dunning-Kruger.

O que é o efeito Dunning-Kruger?

O efeito Dunning-Kruger é um viés cognitivo que faz uma pessoa que sabe muito pouco sobre um assunto se sentir um especialista.

A lógica é a seguinte: quanto menos você sabe, mais se acha especialista; quanto mais você sabe, mais acha que não sabe nada.

Reserva de emergência: muito mais importante do que você pensa 

Trazendo pro nosso caso, acontece assim: você mal descobriu o mundo dos investimentos e já tende a pensar que domina o processo de escolha de ações, de montar uma carteira e tudo mais.

Pois, preciso te contar uma coisa.

Com essa mentalidade, suas chances de perder dinheiro na Bolsa de Valores aumentam consideravelmente.

E aqui está o ponto que quero destacar: especialistas em finanças pessoais e investimentos são quase unânimes num ponto específico.

Antes de apertar qualquer botão de corretora, você precisa constituir sua Reserva de Emergência!

Este, portanto, é o passo “zero” na jornada do investidor.

Pra que serve a reserva de emergência

Como o nome já diz, a reserva de emergência é um valor suficiente para custear todos os seus gastos mensais, num determinado período de tempo – em geral, de 6 a 12 meses. Serve, basicamente, para te salvar de imprevistos.

Esse dinheiro deve estar no local mais acessível possível.

Você pode ter o dinheiro em espécie, deixar em conta corrente e poupança ou, no máximo, em uma renda fixa com liquidez diária.

O objetivo, aqui, é o de, literalmente, guardar o dinheiro. Ou seja, você não deve pensar em valorização.

Afinal, ter ganhos não é uma emergência!

Quando usar a reserva de emergência?

Precisamos ter em mente que imprevistos acontecem.

Você nunca sabe quando poderá – inesperadamente – perder o emprego, bater o carro, ter o cartão clonado, o CPF bloqueado (e não conseguir acessar bancos e corretoras), ou, mesmo, ver o mundo desabar sobre você.

Sim, até seu telhado pode ceder e, literalmente, sua casa cair!

Tudo isso é bastante improvável, quase uma conjunção astral.

Mas, estamos num mundo com 7 bilhões de pessoas. Então, posso te assegurar que uma tragédia financeira está acontecendo, neste momento, com algum terráqueo por aí.

Reserva financeira e investimentos

Depois de anos lidando com investidores iniciantes, eu aprendi uma coisa.

Por mais que a gente se esforce pra botar a reserva de emergência na cabeça do cidadão, ele simplesmente ignora e já começa a investir na Bolsa de Valores.

Então, resolvi aceitar esta realidade e facilitar as coisas.

Ao invés de fazer o certo – primeiro o cavalo e depois a carroça –, vamos botar cavalo e carroça pra andarem lado a lado.

Assim, proponho que você, investidor iniciante, já comece colocando dinheiro nos investimentos e na reserva de emergência, ao mesmo tempo. Mais uma vez: isto não é o ideal!

Mas, resolvi aceitar porque dói menos.

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Como montar a reserva de emergência

Se você é um cidadão “comum”, tem lá seu salário mensal mas não é rico, o ideal é separar 25% do salário para os investimentos.

Deste valor, então, vamos pegar pelo menos a metade e colocar na reserva de emergência.

Suponha que você ganha R$ 4.000 por mês. Então, você precisa separar R$ 1.000 (25%) para os investimentos/reserva.

Dessa forma, você deve investir R$ 500 e guardar R$ 500 pra reserva de emergência.

Reserva de emergência: muito mais importante do que você pensa 

Porcentagens da reserva de emergência

Para ter a maior segurança possível, uma boa forma seria manter entre 10 e 20% do dinheiro da reserva de emergência em espécie. Você pode guardar num local seguro, dentro de casa, e informar seu cônjuge – afinal, a emergência por ser com você.

Do restante, 30% ficaria em um bancão tradicional (nada de banco pequeno ou digital), de forma a facilitar o acesso ao dinheiro via caixa eletrônico 24h.

Por fim, você poderia colocar os outros 50% numa renda fixa com liquidez diária, como o Tesouro Selic ou um fundo DI. Estes investimentos permitem sacar os valores em, no máximo, 1 dia útil.

Lembre-se de que o objetivo é o de acessar o dinheiro, num eventual imprevisto, da forma mais simples e rápida possível.

Se você, por outro lado, tiver muito dinheiro sobrando – for rico mesmo – poderia fazer sentido, também, manter uma parte da reserva em dólar, ouro físico e até criptomoedas.

No caso das criptos, entretanto, você estaria fazendo uma reserva de valor e não uma reserva de emergência.

Como calcular a reserva de emergência

Para te ajudar a montar sua estratégia, o Investidor Sardinha criou uma calculadora de reserva de emergência (acesse AQUI).

A ferramenta gratuita permite que você descubra qual o valor correto da sua reserva e quanto tempo vai precisar para juntar o dinheiro.

Basta colocar, na calculadora, todos os seus custos fixos mensais. E é tudo mesmo: aluguel, condomínio, água, luz, alimentação, internet, TV por assinatura, Netflix, e etc.

A ideia da reserva de emergência é garantir que você tenha o mesmo padrão de vida pós imprevisto.

Dessa forma, não vamos abrir mão da sua série preferida nem da cervejinha no final do dia.

Reserva de emergência: 3, 6 e 12 meses

Na calculadora de reserva de emergência do Investidor Sardinha, você vai encontrar 3 possíveis cenários: para CLT, servidor público e MEI/autônomos.

Para o trabalhador celetista, o ideal é manter uma reserva de emergência que cubra todos os seus custos mensais – e não o seu salário – no prazo de 6 meses.

Para os servidores públicos, por sua vez, o prazo cai para 3 meses.

Por fim, para os autônomos e empreendedores, o prazo sobe para 12 meses.

Obviamente, a variação decorre dos riscos inerentes ao perfil de renda de cada um.

Agora, que eu facilitei as coisas e propus que investimento e reserva de emergência caminhem juntos, chegou a hora de você se livrar do efeito Dunning-Kruger e começar, já, a fazer a sua reserva.

Lembre-se: a forma mais eficiente de evitar o Dunning-Kruger é questionar suas certezas.

Garanto que sua vida financeira se tornará mais saudável e, claro, muito mais lucrativa!

Se você gostou do conteúdo, veja mais detalhes sobre como constituir sua reserva de emergência, no vídeo acima, que publiquei no canal do Investidor Sardinha.

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E não deixe de conferir, também: Reserva de oportunidade, o que é? Definição, como fazer e onde deixar.

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