29 de dezembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer
A crise do petróleo é uma das muitas que já assolaram a ecnomia mundial e brasileira. Entender sobre as diversas crises é importante para que o investidor fique antenado às novas que podem surgir. Além disso, compreender sobre a crise do petróleo é fundamental para os investidores que pretendem aplicar neste setor.
Desde a Segunda Guerra Mundial, três grandes crises do petróleo afetaram a economia de vários países. Todas elas foram resultados de embargos na exportação de petróleo do Oriente Médio, um dos principais exportadores deste produto.
O Brasil é um grande produtor de petróleo, no entanto, nós não estamos imunes aos efeitos da crise. Isso porque nós exploramos a matéria-prima, mas temos que comprar o produto final do exterior.
Quer conhecer mais sobre a crise do petróleo? Prossiga na leitura.
Contexto histórico da crise do petróleo
O petróleo é um recurso esgotável, o que faz dele uma energia não renovável. Apesar disso, ele ainda é utilizado como principal fonte de energia no mundo, sendo conhecido também como ouro negro. Ou seja, como o petróleo é um recurso muito utilizado em diversos setores e ele vai acabar um dia, existe muita disputa por ele.
Outro dado importante a se considerar, é que as maiores reservas de petróleo do mundo estão localizadas no Oriente Médio. Isto é um problema, porque os maiores consumidores são os Estados Unidos e Europa. Contudo, como os interessados não conseguem uma paz duradoura, a instabilidade no Oriente Médio é constante.
Por fim, como resultado dos desentendimentos entre os EUA, países europeus e o Oriente Médio, algumas crises do petróleo ocorreram.
Em síntese, após a Segunda Guerra Mundial, ocorreram três grandes crises do petróleo. Essas foram desencadeadas por embargos na exportação de petróleo do Oriente Médio, afetando a economia de vários países e resultando em impactos significativos no mercado internacional
Os embargos foram realizados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), criada em 1960, e composta por 12 países membros, sendo países fundadores: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela.
O objetivo da OPEP, ao ser criada, foi dar aos países produtores de petróleo maior poder de barganha e influência sobre os preços internacionais do produto, contrapondo-se ao domínio das grandes empresas petrolíferas multinacionais da época, chamadas de “sete irmãs”, e combater a baixa do preço do barril.
Atualmente, a OPEP é composta por 13 países membros. São eles: Argélia, Angola, Guiné Equatorial, Gabão, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. Os ex-membros da OPEP incluem Equador, Indonésia e Catar.
Após chegar a atingir 50% da produção global nos anos 70, a participação do grupo tem flutuado em torno de 40% nas últimas décadas. No entanto, algumas fontes indicam que a produção atual de petróleo bruto dos países da OPEP é de cerca de 30%. Essas variações podem ocorrer devido a uma série de fatores, incluindo mudanças na demanda global, políticas internas dos países membros e acordos de produção dentro da OPEP.
Fases de crise do petróleo
A crise do petróleo ocorreu três vezes desde a Segunda Guerra Mundial, dessa maneira temos as seguintes fases:
1) Crise do petróleo de 1973
A Crise do Petróleo de 1973, também conhecida como o “primeiro choque do petróleo”, foi um evento marcante na história econômica e política mundial.
Tudo começou em outubro de 1973, quando os membros da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (OPAEP), que inclui os membros árabes da OPEP, além do Egito e da Síria, proclamaram um embargo petrolífero. Esse embargo foi uma resposta ao apoio dos EUA a Israel durante a Guerra do Yom Kippur.
Os países alvo do embargo inicialmente foram Canadá, Japão, Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos, com o embargo se expandindo posteriormente para Portugal, Rodésia e África do Sul. Até o fim do embargo, em março de 1974, o preço do petróleo subiu de 3 dólares por barril para cerca de 12 dólares globalmente.
A crise teve um impacto significativo nas relações internacionais e causou uma divisão na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Alguns países europeus e o Japão procuraram se desassociar da política externa americana no Oriente Médio para evitar serem alvo do boicote.
A crise ocorreu em um momento de crescente consumo de petróleo pelos países industrializados e coincidiu com um forte aumento nas importações do produto pelos Estados Unidos. O sucesso do embargo demonstrou o poder diplomático e econômico da Arábia Saudita e resultou em vários países mudando suas políticas energéticas para evitar futura dependência.
2) Crise do petróleo de 1979
A Crise do Petróleo de 1979, também conhecida como o “segundo choque do petróleo”, ocorreu devido à diminuição da produção de petróleo após a Revolução Iraniana.
A crise começou quando a produção de petróleo no Irã foi severamente reduzida devido à Revolução Islâmica. Em meio a protestos massivos, o xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, fugiu de seu país no início de 1979 e o aiatolá Khomeini logo se tornou o novo líder do Irã. Os protestos interromperam gravemente o setor de petróleo iraniano, com a produção sendo bastante reduzida e as exportações suspensas.
Apesar do fato de o suprimento global de petróleo ter diminuído apenas cerca de 4%, o pânico generalizado resultou em uma elevação brusca do preço, que mais do que dobrou para US$ 39,50 por barril nos 12 meses seguintes. Em 1980, após o início da Guerra Irã-Iraque, a produção de petróleo no Irã quase parou e a produção de petróleo do Iraque também foi severamente cortada.
A crise desencadeou recessões econômicas nos Estados Unidos e em outros países. Os preços do petróleo não diminuíram para os níveis pré-crise até meados dos anos 1980. A crise teve um impacto significativo na política global e no equilíbrio de poder.
3) Crise do petróleo de 1991
A Crise do Petróleo de 1991, também conhecida como a “terceira crise do petróleo”, foi desencadeada pela Guerra do Golfo.
Em janeiro de 1991, as forças iraquianas começaram a despejar petróleo no Golfo Pérsico para impedir um pouso na água pela coalizão liderada pelos Estados Unidos em suas costas. Além disso, poços de petróleo foram incendiados, iniciando uma crise não apenas econômica, mas também ecológica.
A guerra entre o Irã e o Iraque, que eram os maiores produtores de petróleo, reduziu a produção de petróleo e causou o aumento do preço do produto no mundo, já que a oferta de petróleo ficou reduzida no mercado mundial.
Essa crise teve um impacto significativo na economia global e levou a mudanças nas políticas energéticas de muitos países.
As crises e o Brasil
O Brasil é um grande produtor de petróleo. O problema é que ele é extraído no Brasil, vendido para ser refinado no exterior e depois o país o compra novamente.
Em outras palavras, o Brasil não produz petróleo para o consumo interno, o que é ruim nos momentos de crise do petróleo. Afinal de contas, nós temos a matéria prima, mas não temos o produto final.
Antes da primeira crise do petróleo, o Brasil era um país com um modelo de abertura ao mercado externo, uma recuperação da renda nacional, um bom aproveitamento da interdependência e uma inflação mais controlada. A crise levou a uma onda global inflacionária.
A segunda crise do petróleo, em 1979, trouxe uma nova onda global inflacionária, seguida pela abrupta elevação dos juros nos EUA e a quebradeira dos endividados países latino-americanos. Entre eles, o Brasil, que entrou em recessão nos últimos anos da ditadura militar.
Na crise de 1991, o Brasil sofreu instabilidade econômica e procurou diversificar suas fontes de energia e reduzir sua dependência do petróleo. Em resposta às crises recentes do petróleo, o governo brasileiro anunciou que não haverá leilão de petróleo em determinado ano e que os royalties serão reduzidos em torno de 40 a 50%. Isso tem implicações significativas para um país como o Brasil, que tem problemas fiscais.
Essas crises destacam a importância de políticas energéticas diversificadas e resilientes. Elas também sublinham a necessidade de transição para fontes de energia renováveis e sustentáveis para reduzir a dependência do petróleo.
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Fontes: Infoescola, Brasil escola, Infoescola, Stoodi