Setores da bolsa de valores: quais são eles?

20 de outubro de 2020, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 14 min, 42 seg


Os setores da bolsa de valores referem-se à classificação das empresas listadas na bolsa, agrupadas de acordo com sua atividade principal ou ramo de negócios. No Brasil, a B3 compreende diversos setores econômicos, incluindo energia, financeiro, exploração, refino e distribuição, materiais básicos, saúde, tecnologia da informação, entre outros.

Cada setor desempenha um papel importante na economia e é responsável por diferentes aspectos da produção e distribuição de bens e serviços. A compreensão desses setores é fundamental para os investidores, pois facilita a análise de desempenho financeiro e a comparação entre empresas do mesmo setor, além de auxiliar na identificação de oportunidades de investimento.

Neste texto, você vai aprender quais são os diversos setores da Bolsa de Valores. Continue a leitura.

O que são os setores da bolsa de valores?

Os setores da Bolsa de Valores, como a brasileira B3, são classificações que permitem dividir as empresas e separá-las umas das outras.

Em outras palavras, para facilitar a identificação das empresas, a bolsa de valores estabeleceu diversos setores segundo os produtos e serviços ofertados pelas empresas. 

A B3 aponta quatro razões para a criação dos setores da bolsa:

  1. Garantir uma identificação objetiva dos setores de atuação das empresas.
  2. Permitir uma visão do investidor sobre empresas que tendem a responder de maneira semelhante às condições econômicas.
  3. Facilitar a localização dos setores das empresas listadas na Bolsa de Valores.
  4. Seguir critérios do mercado financeiro nacional e internacional para classificação das empresas.

Atualmente, existem 11 setores principais na B3:

  1. Financeiro
  2. Consumo cíclico
  3. Consumo não cíclico
  4. Utilidade pública
  5. Saúde
  6. Petróleo
  7. Indústria
  8. Comunicação
  9. Tecnologia
  10. Outros

Cada setor é composto por várias empresas, e essas empresas são agrupadas com base em seus produtos e serviços que geram mais receita. Por exemplo, se você estiver interessado em investir em uma empresa que produz proteína animal, você pode selecionar o setor de “Consumo não cíclico”, que reúne os subsetores da agropecuária, alimentos processados, bebidas, comércio e distribuição, produtos de uso pessoal e de limpeza.

Quais são os setores da bolsa de valores?

Bens industriais

O setor de Bens Industriais na Bolsa de Valores é um dos maiores e mais importantes segmentos, composto por empresas de grande porte e com alto volume de negociação. Este setor inclui empresas que atuam em diversos subsetores, como:

  1. Comércio
  2. Construção e Engenharia
  3. Máquinas e Equipamentos
  4. Material de Transporte
  5. Serviços
  6. Transporte

Estas empresas podem pertencer à indústria nacional, mas através de segmentos distintos. Por exemplo, o segmento de construção pode ser dividido em dois grandes grupos de empresas: Materiais de construção (como Portobello que vende revestimentos e Eternit que vende telhas e sistemas construtivos) e Engenharia (empresas que atuam em projetos de engenharia estrutural, como rodovias, metrôs, aeroportos, imóveis, entre outros).

Cada segmento que forma o setor industrial está exposto a diferentes cenários e fatores econômicos. Portanto, a análise do setor exige um estudo mais aprofundado em cada segmento.

Consumo cíclico

O setor de Consumo Cíclico na Bolsa de Valores é um dos maiores e mais abrangentes, e inclui empresas cuja demanda por produtos ou serviços é fortemente influenciada pelo ciclo econômico. Isso significa que o desempenho dessas empresas está diretamente relacionado a indicadores econômicos como taxas de juros e níveis de emprego.

As empresas de consumo cíclico geralmente oferecem produtos e serviços que não são essenciais, portanto, em tempos de prosperidade econômica, quando as pessoas têm mais dinheiro disponível, essas empresas tendem a ter um desempenho melhor. Por outro lado, em tempos de recessão econômica, as vendas dessas empresas podem diminuir.

Este setor é bastante diversificado e inclui segmentos como:

  1. Automóveis e Motocicletas
  2. Comércio
  3. Construção Civil
  4. Diversos
  5. Hotéis e Restaurantes
  6. Tecidos, Vestuário e Calçados
  7. Utilidades Domésticas
  8. Viagens e Lazer

Exemplos de empresas de consumo cíclico incluem marcas de varejo bem conhecidas, como Lojas Renner, Magazine Luiza, Arezzo e Lojas Americanas. Essas empresas podem ter um desempenho acima da média em datas comemorativas, como o Dia das Mães ou o Natal, mas essas vendas não se mantêm ao longo do ano inteiro. Portanto, investir em empresas de consumo cíclico requer uma compreensão cuidadosa do ciclo econômico e dos fatores que podem afetar a demanda do consumidor.

Consumo não cíclico

O setor de Consumo Não Cíclico na Bolsa de Valores inclui empresas cujos produtos ou serviços são considerados essenciais e, portanto, a demanda por eles é menos afetada pelos ciclos econômicos. Isso significa que o desempenho dessas empresas é mais estável e menos vulnerável a fatores econômicos conjunturais.

Este setor é bastante diversificado e inclui segmentos como:

  1. Agropecuária
  2. Alimentos Processados
  3. Bebidas
  4. Comércio e Distribuição
  5. Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza

Exemplos de empresas de consumo não cíclico incluem marcas bem conhecidas, como empresas do ramo de alimentos e bebidas, empresas de produção, distribuição e comercialização de energia elétrica, e empresas do setor agrícola. Essas empresas mantêm uma boa parte da sua demanda mesmo em momentos de maior adversidade econômica.

Saúde

As empresas deste setor são essenciais para a vida do consumidor e têm uma importância crescente devido ao aumento da expectativa de vida populacional e ao enriquecimento da população brasileira. Portanto, mesmo dentro do grupo de saúde, as características e condições de cada negócio podem variar.

O setor de Saúde na Bolsa de Valores inclui empresas que fornecem produtos e serviços essenciais para a vida humana. Este setor é bastante diversificado e abrange várias áreas, incluindo:

  1. Comércio e Distribuição: Empresas farmacêuticas responsáveis por criar e comercializar medicamentos. Exemplos incluem Biomm (BIOM3), Blau Farmacêutica (BLAU3), D1000 (DMVF3), Grupo Dimed (PNVL3), Pague Menos (PGMN3), Hypera (HYPE3), Nortec Química (NRTQ3), Ouro Fino (OFSA3), Profarma (PFRM3), Raia Drogasil (RADL3).
  2. Equipamentos, Medicamentos e Outros Produtos: Empresas que desenvolvem e fabricam equipamentos médicos e medicamentos.
  3. Serviços Médicos Hospitalares: Inclui hospitais e outras instituições que fornecem cuidados de saúde diretos aos pacientes.
  4. Análises e Diagnósticos: Empresas que fornecem serviços de diagnóstico, como laboratórios de análises clínicas.

Comunicações

O setor de Comunicações na Bolsa de Valores inclui empresas que atuam em atividades de comunicação. Este setor é dividido em dois grandes grupos: mídia e telecomunicações.

  1. Mídia: Composto por empresas menos conhecidas pelos investidores de um modo geral, as companhias de mídia são responsáveis por atividades relacionadas ao mercado publicitário. Atualmente, temos apenas um representante para o setor que é a Eletromidia, uma companhia focada em anúncios digitais.
  2. Telecomunicações: A maior parte do setor de comunicação está relacionado com telefonia. Aqui, estão algumas das maiores empresas do Brasil como Telefônica, Oi e Tim, por exemplo.

Este setor também envolve as áreas de mídia, telecomunicações e telefonia fixa. Além disso, outras áreas, como a produção e difusão de filmes também, fazem parte desse segmento. Empresas como Oi e Tim se enquadram nesta categoria.

Financeiro

O setor Financeiro na Bolsa de Valores é composto por empresas que atuam no mercado. Este setor é bastante diversificado e inclui vários segmentos, como:

  1. Bancos Comerciais: São instituições financeiras privadas ou públicas que têm como principal atividade a concessão de empréstimos e financiamentos a pessoas físicas e jurídicas.
  2. Bancos de Investimentos: São instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros.
  3. Bancos Múltiplos: São instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento.
  4. Financeiras: Também conhecidas como sociedades de crédito, financiamento e investimento, são instituições financeiras privadas que têm como objetivo básico proporcionar recursos para o financiamento de bens de consumo duráveis, capital de giro e prestação de serviços.
  5. Empresas que Intermediam Pagamentos e Investimentos: São empresas que facilitam as transações financeiras entre partes através de sistemas de pagamento online, plataformas de negociação de ações e outras tecnologias financeiras.

Vale destacar que a B3, a bolsa do Brasil, também possui seu capital aberto e está incluída no setor financeiro, sob o ticker B3SA3. Portanto, o setor Financeiro é bastante diversificado e abrange várias áreas, cada uma com suas próprias características e condições de negócio.

O segmento financeiro também é um dos maiores setores da bolsa. Nele estão presentes os grandes bancos e subsetores, como de previdência e seguros. Alguns bancos que fazem parte dele, são: Itaú, Bradesco e Santander

Energético

O setor Energético na Bolsa de Valores inclui todas as empresas que trabalham na produção ou fornecimento de energia derivadas de várias fontes, como o petróleo, gás natural, nuclear, eólica e solar. Este setor é bastante diversificado e abrange várias áreas, cada uma com suas próprias características e condições de negócio.

As principais ações de empresas de energia elétrica do Brasil são: Alupar, AES, Celesc, Cemig, CPFL, Copel, Eletrobras, Eneva, Energisa, Engie, Equatorial, Light, Neoenergia, Ômega, Taesa e Transmissão Paulista. Hoje, há mais de 30 alternativas de ações de empresas de energia elétrica à disposição do investidor de Renda Variável.

O Índice de Energia Elétrica (IEE) é o indicador do setor de energia elétrica. Seu objetivo é apresentar as cotações dos ativos mais negociados e mais representativos do setor. Ele é formado por uma carteira teórica de ativos, elaborada de acordo com critérios pré-estabelecidos, reformulada a cada 4 meses.

A Petrobrás é a empresa que domina esse setor da bolsa de valores. Uma curiosidade é que esse segmento não engloba nenhum subsetor. Algumas empresas que fazem parte dele, fora a Petrobrás, são: Petro Rio e Cosan.

Utilidade Pública

O setor de Utilidade Pública na Bolsa de Valores é composto por empresas que fornecem serviços essenciais para a vida cotidiana da população. Este setor é dividido em três grandes grupos:

  1. Energia Elétrica: Inclui empresas responsáveis por produzir e entregar luz para as residências. Dentro do sistema de produção energético brasileiro, há três fases principais: geração de energia, transmissão de energia e distribuição de energia.
  2. Água e Saneamento: Empresas que fornecem serviços de saneamento básico e abastecimento de água.
  3. Gás: Empresas que distribuem gás, um insumo muito importante para aquecimento de água ou para ligar o fogão, por exemplo.

As ações de uma empresa de utilidade pública seguem o índice de utilidade pública (UTIL) da B3. O objetivo principal desse índice é ser o indicador do desempenho médio dos preços dos ativos mais relevantes do setor de utilidade pública.

O setor de utilidade pública é composto, principalmente, por empresas estatais. A sua área de atuação é voltado para o saneamento e energia. Algumas empresas que fazem parte desse segmento são: Sabesp, Sanepar e Taesa

Tecnologia da informação

O setor de Tecnologia da Informação na Bolsa de Valores é composto por empresas que estão, de alguma forma, diretamente atreladas ao desempenho de produtos e serviços com relação ao segmento de tecnologia. Este setor é bastante diversificado e abrange várias áreas, como:

  1. Desenvolvimento de Softwares: Empresas que criam e comercializam softwares para diversos fins.
  2. Serviços de Nuvem: Empresas que fornecem serviços de armazenamento e processamento de dados na nuvem.
  3. Produção de Computadores: Empresas que fabricam computadores e outros dispositivos de hardware.

As empresas deste setor podem ter como potenciais clientes outras empresas (modelo B2B – Business to Business) ou consumidores finais. Portanto, o consumidor final acaba recebendo essas inovações tecnológicas de forma indireta, quando compra um produto de uma empresa intermediária no processo.

Algumas empresas do segmento de tecnologia já estão disponíveis para investimentos na bolsa de valores brasileira. Em resumo, elas se dividem em dois grandes grupos: criação de produtos (computadores e equipamentos) ou serviços (como o desenvolvimento de softwares, por exemplo).

O segmento de tecnologia da informação engloba subsetores como programas, computadores e equipamentos. Algumas empresas como Sinqia, Linx e Locaweb se enquadram nessa área. 

Qual é a importância de conhecer os setores da bolsa?

Conhecer os setores da Bolsa de Valores é fundamental para qualquer investidor por várias razões:

  • Diversificação: Investir em diferentes setores pode ajudar a diversificar seu portfólio e reduzir o risco. Se um setor está tendo um desempenho ruim, outro pode estar se saindo bem.
  • Entendimento do Mercado: Cada setor tem suas próprias características e é influenciado por diferentes fatores econômicos. Compreender esses fatores pode ajudar a prever como um setor pode se comportar no futuro.
  • Estratégia de Investimento: Alguns investidores usam uma estratégia chamada “rotation”, na qual movem seu dinheiro de um setor para outro com base em onde eles acreditam que o mercado irá a seguir.
  • Oportunidades de Investimento: Diferentes setores podem apresentar diferentes oportunidades de investimento. Por exemplo, o setor de tecnologia pode oferecer oportunidades de crescimento, enquanto o setor de utilidades pode oferecer rendimentos de dividendos estáveis.
  • Benchmarking: Os índices setoriais podem ser usados como benchmark para comparar o desempenho de um investimento específico ou de um portfólio inteiro.

Portanto, ter um bom entendimento dos setores da bolsa é uma parte importante da construção de uma estratégia de investimento sólida.

O que é investimento setorial?

Investimento setorial é um tipo de investimento que se concentra em um setor específico da economia. Isso pode ser feito através de fundos setoriais, que são estruturas utilizadas para o financiamento de projetos em um setor específico¹.

Os fundos setoriais são financiados por impostos e taxas cobrados sobre determinados setores e são gerenciados pela União. Eles desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de segmentos específicos no Brasil. Além disso, esses fundos contribuem para o uso de novas tecnologias nos negócios do segmento, participando assim na evolução do setor.

A análise setorial é uma ferramenta importante para entender o contexto econômico no qual uma empresa está inserida, o posicionamento dessa organização no mercado e suas principais tendências. Através dessa análise, é possível identificar oportunidades ainda não exploradas e as chances de sucesso do negócio.

No entanto, é importante notar que a concentração setorial pode não ser adequada para todos os investidores, pois pode aumentar o risco devido à falta de diversificação. Portanto, é sempre recomendável buscar aconselhamento de um consultor financeiro antes de tomar decisões de investimento.

Vale a pena esse tipo de investimento?

A ideia por trás do investimento setorial é que, se um setor específico da economia está previsto para ter um bom desempenho, então as empresas desse setor também devem se sair bem. Por exemplo, se o setor de tecnologia está crescendo rapidamente, um investidor pode querer investir em ações de empresas de tecnologia.

Além disso, alguns índices setoriais se transformaram em Fundos de Índices, os conhecidos ETFs (Exchange Traded Funds), que são negociados na bolsa como se fossem uma ação comum. Portanto, também é possível investir diretamente em um índice setorial.

No entanto, é importante notar que o investimento setorial pode ser arriscado, pois se o setor escolhido não se sair bem, o investimento pode resultar em perdas. Portanto, é sempre importante fazer uma análise cuidadosa e considerar a diversificação do portfólio.

Em síntese, para as pessoas que optam por diversificar a carteira de investimentos, a diversificação por setor é sempre levado em consideração. Isso porque, não basta apenas diversificar entre empresas que sejam do mesmo setor. 

Vamos para um exemplo prático: Suponhamos que você investiu no setor financeiro, por exemplo, no Itaú, Banco do Brasil e Santander. Com esses investimentos você terá diversificado as empresas, mas caso todo o setor financeiro tenha baixa, sua carteira pode sofrer. 

Por isso existe a diversificação de setores. Dessa forma, ao invés de investir em três empresas do setor financeiro, você opta, por exemplo, por uma empresa de saúde, outra de consumo não cíclico e uma da área financeira. 

Fontes: Investidor em Valor, XPEducação, Warren, Clube do Valor