21 de junho de 2021 - por Jaíne Jehniffer
O preço que você paga por uma ação importa muito, assim como investir em ações no momento correto, pois esses fatores podem mudar totalmente a estratégia da sua carteira de investimentos.
Isso porque, o preço pago e o momento em que você investe irá impactar diretamente na quantidade de dividendos que você irá receber.
É claro que o preço não é o único fator determinante, entretanto é um dos critérios que devem ser levados em consideração. Lembrando que esse texto não deve ser considerado como uma indicação de investimentos.
Preço importa ou não?
Existe um debate entre os holders em relação à importância do preço. De um lado temos os adeptos do Buy and Hold que acreditam que o preço da ação não é muito relevante, já que a intenção é realizar aportes frequentes.
Nesse sentido, os investidores iriam comprar ações todos os meses, tanto quando as ações estiverem baratas, quanto quando elas se valorizarem.
Portanto, se o objetivo é investir todos os meses, os ganhos iriam ser alcançados ao longo do tempo e o investidor teria um preço médio interessante. Por outro lado, alguns outros holders preferem investir em empresas com bons fundamentos, cujas ações estejam com preço baixo. Desse modo, eles conseguem uma margem de segurança maior e a maximização do retorno.
Preço importa
Nesse texto não iremos focar na discussão entre os holders, mas sim na importância no preço ao comprar ações. Primeiramente, precisamos entender o conceito de dividendos. Em síntese, os dividendos são parte dos lucros de uma empresa aberta na bolsa de valores.
Essa divisão dos lucros da empresa entre os acionistas, é feita de maneira proporcional à quantidade de ações que cada investidor possui. Logo, quanto mais ações de uma empresa você possuir, mais proventos você irá receber.
Para descobrir o quanto de dividendos uma companhia está distribuindo para os sócios, basta digitar no Google: RI e o nome da empresa. Ao entrar na área de relacionamento com os investidores, você terá acesso a diversas informações sobre a empresa, inclusive o quanto de dividendos ela está pagando.
Analisar a distribuição de dividendos e o preço da ação, é muito importante antes de investir em uma empresa. Sobretudo se a sua intenção for montar uma carteira de investimentos para receber renda passiva. Isso porque, a porcentagem de dividendos recebida está relacionada com o preço da ação.
Dividend Yield
O Dividend Yield (DY) serve para indicar a relação entre a distribuição de dividendos e o preço da ação. Ele é um dos principais indicadores utilizados ao se analisar o pagamento de dividendos de uma empresa. Principalmente pelos investidores que desejam montar uma carteira de dividendos.
Para determinar o DY de uma empresa, basta dividir os dividendos pagos por ação pelo valor unitário da ação. Depois disso, multiplique o resultado por 100 para que o DY seja dado em porcentagem. Sendo assim, a fórmula é:
Por exemplo, se a Itaúsa está com o DY anual de 2,52%, então para cada ação que o investidor tivesse, ele teria recebido R$ 0,29 em dividendos nos últimos 12 meses. Apesar de ser uma conta bem fácil, você não precisa fazer esses cálculos, já que o Dividend Yield de uma empresa pode ser facilmente encontrado na internet.
Limitações
Apesar de ser um dos indicadores mais utilizados, o DY possui algumas limitações. Isso porque, ele é um indicador teórico. Logo, ele não determina exatamente o quanto o investir vai receber. Na verdade, ele demonstra o valor que o investidor receberia em um cenário hipotético.
Você não irá receber o mesmo dividendo indicado pelo DY, pois o preço da ação muda e o lucro distribuído também varia, o que faz com que o DY seja alterado.
Por isso não é recomendado investir em uma empresa tendo como base apenas o seu DY, já que esse muda de acordo com as variações de preço das ações e a distribuição de lucros.
Ao verificar apenas o Dividend Yield, um investidor mais novo no mercado pode ficar desanimado de investir em ações. Por exemplo, se ele investisse R$ 100.000 em ações de Itaúsa custando R$ 11,81 e comprasse 8.841 ações com um DY de 2,52%, ele receberia apenas R$ 2.459 de dividendos anualmente. Ou seja, pareceria impossível viver de dividendos.
Dessa maneira, apesar de ser um dos principais indicadores de dividendos, é muito importante que você tome cuidado com ele, pois ele nem sempre faz sentido para todos os investidores. Vamos supor que você investiu nas ações da Itaúsa em 2016, quando o preço da ação era de R$ 5,51.
Nesse caso o seu retorno de dividendo será muito diferente da pessoa que investiu na Itausa hoje com a ação custando R$ 11,81. Enfim, devido às limitações do Dividend Yield, é interessante usar o Yield On Cost, que é um indicador mais completo e fiel do que o DY.
Yield On Cost
O Yield On Cost calcula o dividendo que você está recebendo com o preço médio das suas ações. Enquanto o DY é um indicador mais para o mercado, o Yield On Cost é um indicador mais individual, usado para verificar o quanto cada investidor está recebendo de dividendos.
Esse indicador é mais fiel do que o DY, pois você pode determinar o quanto exatamente você está recebendo de dividendos tendo como base o seu preço médio e não o preço atual da ação.
Para calcular o Yield On Cost, basta os dividendos pagos por ação pelo seu preço médio de compra. Depois disso, multiplique o resultado por 100 para que ele seja expresso em porcentagem. A fórmula é a seguinte:
Por exemplo, uma pessoa que investiu na Itaúsa em 2016 quando o preço das ações era R$ 5,51 e nunca mais investiu, terá um Yield On Cost muito diferente do Dividend Yield atual da empresa. Sendo assim, se colocarmos na fórmula o valor de dividendos que a empresa pagou em 2021 e o preço da ação em 2016 temos:
Importância do preço da ação
No exemplo podemos notar que o Yield On Cost do investir será 5,2%, quase o dobro do Dividend Yield. Portanto, se você investir nessas ações agora, vocês podem ter o mesmo rendimento de dividendos na teoria, porém, na prática, quem comprou mais barato está recebendo muito mais, pois a alavancagem de capital dessa pessoa ocorreu muito mais vezes.
É por isso que o preço importa ao investir em ações, assim como o momento escolhido para investir. Em outras palavras, você pode ter indicadores melhores se você conseguir comprar ações no momento certo com preços mais baixos.
Por isso que é muito importante considerar o preço da ação ao investir, pois, posteriormente ele pode subir, juntamente com o aumento do Yield On Cost. Nesse cenário, ao longo dos anos o seu Yield On Cost pode subir a níveis altíssimos. Assista ao vídeo de Raul Sena e entenda mais sobre o funcionamento desse indicador:
Enfim, agora que você sabe o porque o preço importa ao investir em ações, descubra Como receber dividendos mensais – Seis empresas para montar a carteira
Fonte: Economia de palito
Imagens: Capital research, Paraná portal, Suno e Onze