11 de outubro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Naji Nahas é um empresário que atua como especulador. Sendo que ele é conhecido como o homem que quebrou a bolsa de valores do Rio de Janeiro, em 1989.
Isso porque ele realizava operações que inflacionam as ações. Por causa dessa acusação, ele ficou preso um ano em prisão domiciliar.
No entanto, ele acabou sendo absolvido de todas as acusações. Já em 2008, ele foi preso de novo, dessa vez na operação Satiagraha.
Vida de Naji Nahas
Naji Robert Nahas nasceu no dia 03 de novembro de 1947, no Líbano. Os seus pais se mudaram para o Egito, mas ele continuou no Líbano até 1969, quando veio para o Brasil. Desse modo, Naji Nahas se mudou para o Brasil aos 22 anos de idade, com o intuito de encontrar melhores oportunidades.
Ao se mudar, ele trouxe uma fortuna de cerca de 50 milhões de dólares, que ele tinha herdado da família, para dar início a uma nova vida. Casado com uma brasileira, Nahas já chegou aqui com visto de residente.
Quando tinha em torno de 24 anos, Nahas conheceu dois irmãos, William e Lamar Hunt, que criaram um fundo de investimentos em união com dois sheiks árabes e um investidor saudita. A intenção era controlar o preço da prata, para lucrar com a desvalorização do dólar nas décadas de 70 e 80.
Nesse meio, Naji Nahas foi o intermediador dos árabes, a ponte entre eles e os Hunt. Porém, com o medo da formação de um Cartel, o mercado norte-americano começou a regular o mercado de maneira mais firme.
Sendo assim, foram criadas diversas regras contra operações alavancadas e os preços começaram a embutir a incerteza dos investidores. O resultado disso foi que Naji Nahas foi condenado a pagar uma multa de 250 mil dólares.
Paralelo a isso, Naji Nahas construiu o seu conglomerado. Dentre os seus muitos negócios, estavam: fábricas, banco, seguradoras e fazendas de produção de coelhos. Ele se tornou dono de um conglomerado multimilionário antes dos 40 anos de idade.
O homem que quebrou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
Naji Nahas começou a investir em ações na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em 1980. Sendo que ele tinha ações de estatais como Petrobras e Vale. Em 1998, o nome Naji Nahas virou manchete nos jornais.
Ele comprou muitas opções de compra de ações da Petrobras quando elas estavam com valor baixo. Através de laranjas e com a ajuda de empréstimos bancários, ele tinha cada vez mais lucros com a compra de ações que eram negociadas com ele mesmo.
Ou seja, ele fazia um tipo de manipulação que inflacionam as ações. Basicamente, Nahas usava nomes de laranjas e empréstimos bancários para negociar ações entre si. Isso fazia com que as ações se valorizem artificialmente de forma rápida, o que causava o desequilíbrio entre valor de preço dos ativos.
Durante meses, Naji Nahas manteve esse esquema. Entretanto, depois de uma análise profunda da Bolsa, o seu esquema foi identificado. Logo, o presidente e diretores da Bovespa, convenceram os credores a não emprestarem mais dinheiro para Nahas.
A quebra
Sem ter dinheiro para continuar com seus esquemas, começaram a aparecer cheques sem fundos nas corretoras. Sendo assim, as corretoras que intermediaram os negócios passaram a ficar com as dívidas.
A Bovespa então confiscou a carteira de cerca de US$ 500 milhões em ações de Naji Nahas, para compensar o prejuízo. Mas a carteira de Nahas não foi suficiente para compensar o dano que ele havia causado.
Dessa forma, mesmo com a carteira de Nahas, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro quebrou em 1989. Logo, Naji Nahas ficou conhecido como o homem que quebrou a bolsa de valores do Rio de Janeiro. Com a quebra, a Bolsa se tornou frágil e não conseguiu se recuperar. Naji Nahas então foi preso e ficou em prisão domiciliar por um ano.
Contudo, a sua defesa alegou que o esquema praticado por ele era comum na época e vários grandes investidores do Brasil praticavam este mecanismo. Além disso, Nahas afirmou, em sua defesa, que a Bolsa só quebrou por causa da intervenção da própria equipe da Bolsa. Portanto, ele foi declarado inocente de todas as acusações.
Segunda prisão
No dia 8 de julho de 2008 Naji Nahas foi preso de novo. A Polícia Federal chegou até Nahas, por meio de uma operação chamada Satiagraha. Em resumo, ela foi uma operação contra o desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e corrupção. Sendo que a Satiagraha foi um dos desdobramentos do Mensalão.
O juiz federal Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, decretou a prisão de Naji Nahas. Nessa operação também foram presas outras pessoas, tais como: Daniel Dantas, (banqueiro dono do grupo Opportunity), Celso Pitta, (ex-prefeito de São Paulo) e Dório Ferman (presidente do grupo Opportunity).
Naji Nahas foi acusado de comandar, junto com Daniel Dantas, um esquema de manipulação e especulação do mercado acionário. Na época surgiu como prova uma gravação onde Nahas dava a ordem de compra de ações da Petrobrás, uma semana antes da divulgação de que a empresa tinha descoberto um mega-campo de petróleo.
Naquele momento, as ações da Petrobras estavam desvalorizadas, mas o juiz responsável entendeu que Nahas fez as compras tendo como base informações privilegiadas. Enfim, agora que você conhece a biografia do Naji Nahas, assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, para entender mais detalhes de como foi o esquema que Nahas realizou e como ele quebrou a bolsa:
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Fonte: Roteiro de Raul Sena