CMV (Custo da Mercadoria Vendida): O que é e como calcular?

15 de abril de 2025 - por Sidemar Castro


O CMV (Custo de Mercadorias Vendidas) é o valor que a empresa gasta para adquirir os produtos que revende. Em outras palavras, mostra quanto foi investido nas mercadorias que já saíram do estoque e foram vendidas.

Esse indicador é essencial para calcular o lucro bruto, pois, ao subtrair o CMV do faturamento, é possível saber se a operação está sendo realmente lucrativa.

Além disso, o CMV ajuda a definir preços de venda, controlar o estoque e tomar decisões estratégicas com mais segurança.

Entenda melhor o que é o Custo da Mercadoria Vendida e como calcular no texto a seguir.

Veja também: Margem de lucro: o que é e como calcular?

O que é o CMV (Custo de Mercadorias Vendidas)?

O Custo de Mercadorias Vendidas (CMV) é um indicador financeiro que representa os custos associados à produção ou aquisição de produtos vendidos por uma empresa durante um período específico. Ele é essencial para calcular o lucro bruto, pois mostra quanto foi gasto para produzir ou adquirir os itens vendidos.

O CMV inclui tanto custos diretos quanto indiretos:

  • Custos diretos: gastos com aquisição de mercadorias, matéria-prima, mão de obra direta e outros custos ligados à produção.
  • Custos indiretos: despesas gerais, custos de armazenamento e transporte.

Essa métrica ajuda a entender a lucratividade operacional e a eficiência da empresa em gerenciar seus estoques e precificar seus produtos de forma competitiva.

O CMV é fundamental para determinar o lucro bruto (receita de vendas menos o CMV), avaliar a eficiência operacional e a capacidade de gerar lucro. Também para tomar decisões estratégicas sobre precificação, promoções e gestão de estoques. E identificar áreas para redução de custos e melhoria nos processos operacionais.

Para que serve o CMV?

O CMV é um indicador que serve para calcular o lucro bruto de uma empresa. Ele mostra, de forma direta, se a atividade comercial está gerando lucro ou prejuízo.

Para empresas do setor de revendas, é fundamental que o valor pago ao fornecedor seja menor do que o preço cobrado ao cliente final. Caso contrário, a operação se torna insustentável.

O CMV inclui não só o custo das mercadorias, mas também outros gastos relacionados, como despesas com armazenagem e logística. Ao subtrair o CMV do faturamento, temos o lucro bruto, que aparece logo nas primeiras linhas da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Além disso, o CMV é uma referência importante na formação de preços. Como o custo de reposição do estoque varia conforme os preços praticados pelos fornecedores, o valor final ao consumidor também sofre alterações.

Esse indicador também é útil para calcular a margem de contribuição, ou seja, quanto cada produto vendido ajuda a cobrir as demais despesas da empresa e gerar lucro.

Como o CMV funciona?

O Custo das Mercadorias Vendidas é utilizado como um indicador para avaliar a eficiência operacional de uma empresa. Ele reflete os gastos necessários para sustentar sua atividade principal.

Esse indicador é calculado com base na gestão estratégica do estoque, que considera os valores investidos na aquisição e manutenção das mercadorias até o momento da venda e conversão em receita.

Para entender melhor o CMV, é essencial diferenciar dois conceitos que frequentemente geram dúvidas: custo e despesa.

  • Custo: refere-se aos gastos diretamente ligados à atividade-fim da empresa, como aquisição de mercadorias, matéria-prima e pagamento de mão de obra da produção.
  • Despesa: abrange os gastos indiretos, como água, salário do setor administrativo, telefone, material de escritório e limpeza.

Ao deduzir o CMV das vendas totais, obtém-se o lucro bruto da empresa. Em seguida, ao subtrair as despesas — sejam fixas ou variáveis — chega-se ao lucro líquido.

Como calcular o CMV?

Calcular o CMV é simples, mas exige atenção a alguns detalhes. Esse cálculo ajuda a entender quanto a empresa gastou para vender seus produtos durante um determinado período.

Passo a passo para calcular o CMV:

1) Comece com o estoque inicial: Esse é o valor do estoque que a empresa já tinha no início do período.

2) Some as compras do período: Inclua todas as mercadorias compradas para revenda. Se houver, adicione também outros custos, como frete e armazenagem.

3) Subtraia o estoque final: Esse é o valor do estoque que restou no fim do período.

A fórmula é esta:

CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final

Vamos agora para um exemplo prático. Imagine que, no início do mês, a empresa tinha R$ 20.000 em estoque. Durante o mês, comprou mais R$ 50.000 em mercadorias. No fim do mês, sobraram R$ 15.000 em estoque.

Daí, é só aplicar a fórmula:

CMV = 20.000 + 50.000 – 15.000 = R$ 55.000

Ou seja, a empresa gastou R$ 55.000 para vender as mercadorias daquele mês.

Uma dica importante: Manter um controle atualizado do estoque é fundamental para calcular o CMV com precisão. Isso ajuda na análise do lucro bruto, na precificação e até na tomada de decisões estratégicas.

Leia também: 10 dicas de como aumentar a margem de lucro da sua empresa

O que entra e o que não entra no cálculo do CMV?

O cálculo do CMV inclui todos os gastos diretamente relacionados à compra, produção e armazenamento das mercadorias até que sejam vendidas. No entanto, é importante saber o que deve ou não ser considerado. Vamos detalhar:

O que entra no cálculo do CMV

  • Estoque inicial: O valor do estoque disponível no início do período.
  • Compras adicionais: Os custos com aquisição de mercadorias ou insumos durante o período.
  • Frete e transporte: Gastos com o transporte das mercadorias até o local de armazenamento.
  • Impostos sobre compras: Tributos que incidem diretamente sobre a aquisição de mercadorias.
  • Estoque final: O valor do estoque restante ao final do período, que é subtraído no cálculo.

O que não entra no cálculo do CMV

  • Despesas administrativas: Gastos como aluguel, água, telefone e salários do setor administrativo.
  • Impostos sobre faturamento: Tributos como PIS, Cofins e ICMS que não estão diretamente ligados à compra ou produção das mercadorias.
  • Despesas operacionais: Custos indiretos, como marketing, manutenção e outros gastos gerais.

Ou seja, o CMV foca nos custos diretamente relacionados às mercadorias vendidas, excluindo despesas e tributos que não têm ligação direta com a produção ou aquisição dos produtos.

Qual é o CMV ideal?

Qual seria o CMV ideal? Não há uma resposta única ou definitiva para essa pergunta, já que o valor ideal pode variar de acordo com o tipo de negócio.

Em geral, quanto menor o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), maior será o lucro bruto da empresa, pois eles possuem uma relação inversamente proporcional. No entanto, as estratégias podem diferir:

  • Empresas de alto giro: operam com margens de lucro mais baixas por venda, mas compensam com um grande volume de vendas.
  • Empresas de baixo giro: vendem menos, mas trabalham com margens de lucro mais altas.

A situação econômico-financeira ideal depende das características de cada negócio. No caso de empresas comerciais que revendem mercadorias, costuma-se considerar saudável um CMV entre 30% e 50% do faturamento. Quando o índice supera os 50%, pode se tornar desafiador equilibrar as contas.

Além disso, é fundamental lembrar que, além do CMV, outras despesas diretas e indiretas também precisam ser levadas em conta para calcular o resultado financeiro final.

Qual é a importância do CMV?

O CMV é muito importante para os negócios, pois representa a soma dos gastos diretamente relacionados aos produtos comercializados pela empresa.

Esse indicador é uma ferramenta eficaz para garantir um melhor gerenciamento do estoque, ajudando a evitar prejuízos decorrentes de falhas na administração desse setor.

Além disso, o CMV oferece ao gestor oportunidades para criar estratégias mais assertivas voltadas ao controle e à redução de custos. Sendo assim, isso pode ser alcançado por meio da otimização das despesas relacionadas ao estoque ou pela negociação de condições de compra mais vantajosas com os fornecedores.

A importância desse controle é evidente: ao diminuir os custos das mercadorias vendidas, é possível aumentar o lucro sem a necessidade de alterar o preço final para o consumidor.

O CMV é um ativo ou passivo?

O CMV não é classificado como ativo nem passivo. Ele é considerado uma conta de resultado, pois está diretamente relacionado à demonstração de resultados da empresa.

Ele representa os custos associados à produção ou aquisição das mercadorias vendidas durante um período. Por isso, ele não aparece no balanço patrimonial, que é onde estão os ativos e passivos. Em vez disso, o CMV é utilizado para calcular o lucro bruto, sendo subtraído da receita líquida.

Essa distinção é importante porque o CMV não mede o patrimônio da empresa, mas sim o desempenho financeiro das operações.

Leia mais: CPV: o que é e como analisar o custo de produtos vendidos?

Fontes: FIA, Exame, Contabilizei, Conta Azul e Conteúdos XPI.

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