Estocástico: o que é, como funciona, como usar

Estocástico é um conceito que envolve aleatoriedade e probabilidade, muito usado em finanças para entender movimentos de mercado. Entenda como como ele funciona!

18 de dezembro de 2025 - por Sidemar Castro


Estocástico refere-se a algo que é aleatório ou incerto, oposto ao determinístico. É usado em matemática, ciência e finanças para descrever processos que evoluem ao longo do tempo de maneira imprevisível, com base em probabilidades, como o lançamento de um dado ou a movimentação do mercado de ações.

Entenda neste artigo como funciona e como usar o conceito de estocástico.

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O que é estocástico?

Estocástico, na teoria das probabilidades, representa processos que evoluem com base em variáveis aleatórias. Em outras palavras, é o oposto de algo totalmente previsível.

No universo dos investimentos, esse conceito ganhou forma prática com o oscilador estocástico, criado por George Lane nos anos 1950. Essa ferramenta compara o preço atual de um ativo com sua faixa de preços ao longo de um tempo, ajudando a identificar se ele está sobrecomprado ou sobrevendido.

Para quem opera na bolsa, é uma forma de enxergar oportunidades escondidas nos gráficos, mesmo em meio à aparente aleatoriedade dos mercados.

Para que serve o estocástico?

Suponha que você esteja acompanhando o movimento de um ativo e queira saber se o preço já está “esticado” para cima ou “afrouxado” para baixo. É mais ou menos isso que o estocástico faz: ele mostra a posição do fechamento em relação à faixa de preço dos dias anteriores.

Quando esse indicador mostra valores muito altos (por exemplo, acima de 80), pode sinalizar que o ativo está sobrecomprado; valores muito baixos (abaixo de 20) podem indicar que está sobrevendido.

Leia também: Indicadores fundamentalistas: o que são e quais são os principais?

Como funciona o estocástico?

O Estocástico foi criado por George Lane, e ele costumava usar a metáfora do foguete: “Antes que o foguete pare de subir, ele precisa desacelerar.”

O indicador mede o momento, ou a velocidade, por trás do movimento do preço. A ideia é que o momento, ou a força, da subida ou da queda, costuma mudar de direção antes do próprio preço.

Pense em uma forte tendência de alta: o preço de fechamento tende a ocorrer consistentemente perto da máxima do dia. Isso mantém o estocástico alto, mostrando que a força está com os compradores.

Quando a tendência começa a se esgotar, o preço de fechamento começa a se afastar da máxima recente, mesmo que o preço do ativo ainda esteja subindo. Essa “desaceleração” é o que o estocástico capta, gerando um sinal de que a força compradora está diminuindo e uma reversão pode estar próxima.

Ele te ajuda a ver se o movimento atual do preço ainda tem “combustível” ou se já está começando a perder o ritmo.

É importante lembrar que o estocástico funciona melhor em mercados que estão se movendo lateralmente ou em faixas, mas pode ser complementado com outros indicadores para ajudar a identificar divergências mesmo em tendências fortes.

Exemplo prático

Suponha agora que a mesma ação nos últimos 14 dias variou entre R$ 100 e R$ 120, e hoje fechou em R$ 102.

O cálculo fica (102 – 100) ÷ (120 – 100) × 100 = 10.

Esse valor bem baixo (abaixo de 20) indica que o fechamento está na borda inferior da faixa, ou seja, pode estar “sobrevendido”.

Nesse cenário, um investidor pode enxergar uma oportunidade de compra, porque o momentum (o impulso dos preços) pode estar se esgotando e estar prestes a virar.

Porém, como sempre, é prudente confirmar com outros indicadores ou suportes/resistências.

Confira também: Stock picking: o que é, como funciona e como fazer

Como analisar o estocástico?

A forma mais comum de analisar o estocástico é observando as duas áreas que ele demarca: a zona de sobrecompra e a zona de sobrevenda.

O indicador varia de 0 a 100. A zona acima de 80 é a de sobrecompra. Quando as duas linhas do Estocástico (a %K e a %D) entram nessa região, isso sugere que o ativo subiu muito rapidamente e que a pressão compradora está se esgotando. Você não deve necessariamente vender imediatamente, mas sim ficar em alerta máximo para uma possível correção ou reversão de baixa.

A zona abaixo de 20 é a de sobrevenda. Se as linhas caem para essa área, indica que o ativo caiu demais em um curto período, e a pressão vendedora pode estar acabando. É o momento de procurar sinais de que os compradores estão voltando ao jogo, sinalizando uma possível reversão de alta.

A chave aqui é não agir apenas porque o indicador está em uma zona extrema, mas sim esperar que ele saia dessa zona para confirmar o sinal.

Veja também: Análise gráfica: o que é, como se faz e para que serve?

Quais são as vantagens e desvantagens do estocástico?

Vantagens do estocástico

O estocástico ajuda a identificar de forma visual situações em que um ativo pode estar “esticado” para cima ou para baixo, ou seja, em condições de sobrecompra ou sobrevenda, o que pode dar pistas de reversão de tendência.

Ele também é relativamente simples de interpretar: os valores vão de 0 a 100 e faixas tradicionais como acima de 80 ou abaixo de 20 já chamam atenção.

Desvantagens do estocástico

O estocástico pode gerar muitos sinais falsos, principalmente em mercados muito voláteis ou em movimentos laterais (sem tendência definida).

Além disso, ele não mede a tendência em si, apenas a posição do preço em relação à faixa recente, então usá-lo sozinho pode dar uma imagem incompleta.

Diferença entre estocástico e RSI

Embora o estocástico e o Índice de Força Relativa (RSI) tenham ambos o objetivo de identificar sobrecompra e sobrevenda, eles fazem isso de maneiras fundamentalmente diferentes.

A principal distinção está no que a fórmula de cada um realmente está analisando:

  • O estocástico foca na posição do preço: Ele compara o preço de fechamento atual de um ativo com a faixa de negociação (entre a máxima e a mínima) de um determinado período recente (geralmente 14 dias).
  • O RSI foca na velocidade do preço: Ele mede a velocidade e a magnitude das mudanças de preço. Em termos simples, o RSI compara a média dos ganhos (fechamentos em alta) com a média das perdas (fechamentos em baixa) em um período.

Origem e a evolução do oscilador estocástico

O oscilador estocástico foi desenvolvido no final da década de 1950 por George C. Lane, analista técnico norte-americano, que buscava uma forma de quantificar o “momentum” dos preços antes de uma reversão.

Ele percebeu que, em mercados em alta, os fechamentos tendem a acontecer próximos às máximas da faixa de preço recente, e em mercados em baixa, próximos às mínimas, daí a ideia de medir o fechamento em relação à faixa máxima-mínima.

Com o tempo, o indicador ganhou versões mais suaves (“slow stochastics”) e passou a ser utilizado não só em ações, mas também em futuros, câmbio e outros mercados.

Leia também: Negligência da probabilidade: o que é e como afeta as finanças?

Fontes: Suno, Mais Retorno, Toro, Investopedia, Master Class, XPI.

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