Juros compostos: como calcular, fórmula, exemplos

Os juros compostos são calculados em cima do valor aplicado e em cima dos juros do período. Entenda como fazer esse cálculo.

18 de outubro de 2021 - por Pedro Guimarães


Os juros compostos representam um modelo de cálculo que considera não apenas o valor inicialmente aplicado, mas também os rendimentos acumulados ao longo do tempo. Por isso, são conhecidos como “juros sobre juros”.

Neste texto, a gente te explica o que são juros compostos, como calcular, para que servem e muito mais. Vamos lá?

O que são juros compostos?

Os juros compostos são uma forma de cálculo que considera não apenas o valor inicial investido, também chamado de capital, mas também os juros que vão sendo acumulados com o tempo. É o famoso “juros sobre juros”.

Na prática, isso significa que, a cada novo período, os rendimentos anteriores passam a fazer parte da base de cálculo dos novos juros. Esse efeito vai se somando e criando uma espécie de bola de neve, uma vez que o valor cresce de maneira cada vez mais acelerada, principalmente no longo prazo.

É justamente esse efeito multiplicador que torna os juros compostos tão vantajosos para quem investe com foco em objetivos futuros, como aposentadoria, compra de imóvel ou independência financeira.

Por fim, ainda vale ressaltar que esse modelo é o mais usado em aplicações financeiras como Tesouro Direto, CDBs, fundos de investimento, previdência privada e até em financiamentos e dívidas de cartão de crédito. Logo, isso significa que os juros compostos estão presentes tanto para quem investe quanto para quem toma crédito.

Qual é a fórmula dos juros compostos?

Para calcular os juros compostos, você deve levar em consideração a seguinte fórmula:

M= C × (1 + i)ᵗ

Nesse caso, significa:

  • M é o montante, ou seja, o valor total acumulado no final;
  • C é o capital inicial (o valor investido no começo);
  • i é a taxa de juros (em forma decimal, por exemplo, 5% vira 0,05);
  • t é o tempo, ou seja, o número de períodos em que o capital ficará aplicado.

Como calcular os juros compostos?

Considere uma situação na qual uma pessoa investe R$ 5.000, com taxa de juros de 8% ao ano, por um período de 5 anos. Aplicando na fórmula:

M= 5.000 × (1 + 0,08)⁵

M= 5.000 × (1,4693)

M= R$ 7.346,50

Isso significa que, ao final de 5 anos, o valor total será de aproximadamente R$ 7.346,50. O rendimento foi de R$ 2.346,50, claro, graças ao efeito dos juros compostos ao longo do tempo.

Agora, considere esse outro exemplo: um valor de R$ 1.200 é aplicado por 12 meses, com uma taxa de 1,5% ao mês. Ao jogar na fórmula, temos as seguintes informações:

M= 1.200 × (1 + 0,015)¹²

M= 1.200 × (1,1956)

M= R$ 1.434,72

Portanto, ao final de 12 meses, o valor acumulado será de aproximadamente R$ 1.434,72. Isso representa um ganho de R$ 234,72 sem fazer novos aportes durante o período.

Para que servem os juros compostos?

Os juros compostos aparecem como um tipo de recompensa para quem empresta dinheiro. Em outras palavras, quem empresta acaba ganhando não só sobre o valor inicial, mas também sobre os juros que vão sendo acumulados ao longo do tempo.

Por isso, são muito atrativos para quem recebe. Mas, por outro lado, podem pesar bastante para quem precisa pagar. Se você já passou por isso, sabe bem do que a gente está falando.

Com o passar do tempo, esses juros vão crescendo e se acumulando em cima de si mesmos, o que cria o efeito conhecido como “bola de neve”. Para quem está investindo, essa bola de neve é positiva: o dinheiro vai crescendo de forma acelerada, praticamente sozinho.

Mas para quem está do lado de quem está devendo, o cenário pode ser bem diferente, já que a dívida aumenta rapidamente e, se não houver controle, pode acabar comprometendo todo o planejamento financeiro.

Nos investimentos, especialmente na renda fixa, os juros compostos estão presentes. É o caso de ativos como o Tesouro Direto, os CDBs, LCIs, LCAs e até mesmo fundos de renda fixa. Neles, os rendimentos vão se acumulando dia após dia, fazendo o dinheiro crescer mais rápido ao longo do tempo.

Portanto, quando os juros compostos são bem utilizados, eles podem ser grandes aliados, principalmente quando a gente pensa em investimento. Mas, quando mal administrados, têm o potencial de virar um problema sério. Concorda?

Qual a diferença entre juros compostos e juros simples?

A principal diferença entre os juros simples e os compostos começa na forma de cálculo. Isso porque, quando a gente vai para os juros simples, a forma é a seguinte:

J= C × i × t

Cada item significa que:

  • J representa os juros
  • C é o capital inicial
  • i é a taxa de juros
  • t é o tempo da aplicação ou da dívida

Diante disso, essa fórmula mostra que, nos juros simples, os rendimentos são calculados sempre sobre o valor original, ou seja, o capital inicial nunca muda. Por isso, o valor total cresce de forma linear ao longo do tempo.

Já com os juros compostos, os juros de cada período são incorporados ao capital para o cálculo do próximo. Isso faz com que o montante aumente de forma bem acelerada, criando o efeito que muita gente chama de “juros sobre juros”, e é justamente aí que mora a diferença principal.

No curto prazo, pode até parecer que não muda tanto, mas no longo prazo o impacto é enorme, uma vez que os juros compostos disparam e o valor final pode crescer muito mais.

Na prática, isso significa que se a ideia for pagar um empréstimo, parcelamento ou qualquer dívida, os juros simples são mais vantajosos, porque o valor total a ser pago é menor e mais previsível.

Em contrapartida, se o objetivo for investir, os juros compostos são os grandes aliados das expectativas de ganhos.

Afinal, quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, maior tende a ser o rendimento, por isso que começar cedo faz tanta diferença nos investimentos.

Como os juros compostos funcionam nos investimentos?

No universo dos investimentos, os juros compostos podem ser grandes aliados. Quando há consistência nos aportes e paciência para deixar o tempo agir, esse mecanismo trabalha silenciosamente a favor da construção de patrimônio. Ideal para quem não tem muita pressa, né?

Aplicar uma parte da renda com regularidade é o primeiro passo para transformar pequenos valores em resultados bem expressivos no futuro.

Mesmo que os ganhos não chamem atenção logo de cara, a longo prazo o efeito se multiplica. Isso porque os rendimentos de cada período passam a gerar novos rendimentos, e, claro, essa reação em cadeia vai ganhando força com o tempo.

É por isso que quem investe com frequência e mantém os recursos aplicados costuma ver o dinheiro “crescendo sozinho”.

Quanto maior o tempo e maior o comprometimento com os aportes, maior também a chance de alcançar aqueles objetivos mais ousados, como a aposentadoria tranquila, a compra de um imóvel ou até mesmo a conquista de independência financeira.

E o melhor: tudo isso sem depender de grandes quantias iniciais, já que o segredo mesmo está na constância e na paciência.

Portanto, no fim das contas, os juros compostos recompensam quem planta com regularidade. Logo, quanto antes se começa e mais disciplina se tem, maiores são os “frutos” colhidos a longo prazo.

Quais são os investimentos utilizam juros compostos?

1- Tesouro Direto

O Tesouro Direto é uma das formas mais acessíveis de investir com segurança e, também, previsibilidade. Ele faz parte da renda fixa e conta com a garantia do Tesouro Nacional, ou seja, é um investimento considerado de baixíssimo risco.

Os rendimentos são calculados com base em juros compostos, o que significa que, com o tempo, os ganhos se acumulam sobre os ganhos anteriores. Existem diferentes tipos de títulos disponíveis. Confira:

  • Tesouro Prefixado: a taxa de juros é definida no momento da aplicação.
  • Tesouro Selic: acompanha a variação da taxa Selic, ideal para quem busca liquidez.
  • Tesouro IPCA+: oferece rendimento atrelado à inflação, garantindo ganho real.
  • Tesouro RendA+: voltado para quem quer uma renda complementar futura, geralmente usado em planejamento de aposentadoria.

2- Certificado de Depósito Bancário (CDB)

Os CDBs são títulos emitidos por bancos para captar dinheiro junto aos investidores. Na prática, o banco pega esse valor e o utiliza em operações de crédito, como empréstimos e financiamentos.

Como compensação, o investidor recebe juros, acumulando rendimento sobre rendimento durante o período da aplicação. Existem três tipos de CDB:

  • Pré-fixado: a taxa de juros é determinada no momento da aplicação.
  • Pós-fixado: acompanha algum índice, geralmente o CDI.
  • Híbrido: mistura uma taxa fixa com um índice de inflação, como o IPCA.

Além disso, ainda vale citar que os CDBs são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), até o limite de R$ 250 mil por instituição e por CPF.

3. LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio)

As LCIs e LCAs são títulos de renda fixa isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que já representa um atrativo a mais no retorno líquido do investimento. Concorda?

Esses papéis são emitidos por bancos com o objetivo de captar recursos para os setores imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA). Além disso, também contam com a proteção do FGC e costumam usar juros compostos no cálculo dos rendimentos.

Por outro lado, é importante observar a liquidez: muitos desses títulos têm prazos de carência, o que pode limitar o resgate antecipado. Ou seja, é melhor avaliar, porque pode não ser a melhor escolha para quem precisa do dinheiro a qualquer momento.

4- Opções de renda variável

Embora os investimentos em renda variável não tenham um rendimento previsível, os juros compostos também podem atuar nesse universo, principalmente quando o investidor opta por reinvestir os lucros, dividendos ou aluguéis recebidos.

Nesse caso, a ideia não é que os ativos paguem juros compostos diretamente, mas sim que o reinvestimento frequente crie um efeito semelhante. Quanto mais se reinveste, maior o potencial de crescimento da carteira no longo prazo.

Exemplos de investimentos em renda variável onde esse efeito pode ser observado:

  • Ações com pagamento de dividendos
  • Fundos de Ações
  • Fundos Imobiliários (FIIs)
  • ETFs (Fundos de Índice)
  • BDRs (certificados de ações estrangeiras negociadas no Brasil)

Por fim, vale lembrar que, em todos esses casos, o crescimento do patrimônio depende de estratégia, disciplina e tempo.

Como usar os juros compostos para o seu benefício?

1- Evite dívidas com juros altos

Um dos maiores vilões quando o assunto é juros compostos mal utilizados são as dívidas, especialmente as do cartão de crédito e do cheque especial.

Quando a fatura não é paga por completo ou um empréstimo rotativo é contratado, os juros compostos acabam pesando.

Para não cair nessa armadilha, o ideal é manter os gastos sob controle e, se surgir uma dívida com juros elevados, buscar alternativas com taxas menores, como empréstimos pessoais ou financiamentos mais acessíveis.

2- Invista com regularidade

A constância é uma das chaves para aproveitar o poder dos juros compostos. Investir todos os meses, mesmo que com valores mais baixos, já coloca o seu dinheiro para trabalhar e crescer com o tempo. A gente já viu que, quanto mais cedo esse hábito for incorporado, melhor.

Além da frequência, aumentar gradualmente o valor investido também potencializa os resultados. Com o passar dos anos, os juros compostos vão atuar sobre um valor cada vez maior, fazendo com que os rendimentos se tornem mais expressivos.

3- Tenha paciência e foque no longo prazo

Tempo é um dos ingredientes mais importantes quando se fala em juros compostos. Eles funcionam muito melhor quando o dinheiro é deixado por lá por vários anos.

Ao investir desde os primeiros anos da vida adulta, por exemplo, é possível construir uma reserva sólida apenas com a força do tempo e dos aportes constantes.

4- Diversifique seus investimentos

Por fim, outro ponto importante é não colocar todos os ovos na mesma cesta. Isso significa que diversificar a carteira é uma forma inteligente de reduzir os riscos e, ao mesmo tempo, aumentar as chances de ter bons rendimentos com o passar do tempo.

Com uma carteira bem distribuída entre ativos de renda fixa e variável, é possível aproveitar diferentes tipos de rentabilidade. Afinal, essa combinação traz mais equilíbrio à estratégia e pode acelerar o crescimento do patrimônio de forma consistente.

Enfim, gostou de aprender sobre os juros compostos? Então aproveite para descobrir Como escapar dos juros do cartão de crédito?

Fontes: BTG Pactual, Brasil escola, Toda matéria.

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