Arbitragem financeira: o que é, como funciona e riscos

30 de julho de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 6 min, 31 seg


A arbitragem financeira é uma operação onde uma pessoa busca lucrar com a diferença de compra e venda de determinado ativo. Nesse sentido, a oportunidade de ganhar dinheiro seria resultado das distorções de preços entre o mesmo ativo ou mercado.

Apesar de à primeira vista parecer uma forma fácil de ganhar dinheiro, a verdade é que as chances de arbitragem não costumam permanecer por muito tempo. Isso porque a lei da oferta e demanda entra em ação e a possibilidade de arbitragem deixa de existir.

Apesar de falarmos sobre arbitragem financeira, este texto não deve ser considerado como uma indicação de investimentos. O mais recomendado é montar uma carteira diversificada, com ativos com bons fundamentos e investir com foco no longo prazo.

O que é arbitragem financeira?

A arbitragem financeira é uma operação onde o investidor busca lucros com poucos riscos, e de preferência, sem usar os seus próprios recursos. Dessa forma, essa operação consiste basicamente na compra e venda de um ativo com o objetivo de obter lucros com a diferença entre o preço do mesmo ativo em mercados diferentes.

Arbitragem financeira: o que é, como funciona e riscos

Exame

No mercado financeiro a arbitragem pode envolver operações com opções, aluguel de ativos, derivativos e moedas estrangeiras. Sendo que, o tipo de arbitragem mais comum é aquela onde o investidor aproveita a diferença dos preços de um mesmo ativo no mercado à vista e no mercado futuro. Existem três maneiras do arbitrador lucrar com a diferença de preços do mesmo ativo:

  1. Cambial: Consiste em uma operação de troca entre moedas em duas praças financeiras. A intenção é ter lucros com a diferença de preços entre as duas moedas.
  2. De bolsa a bolsa: Ocorre a compra e venda dos mesmos ativos negociados em bolsas diferentes, como, por exemplo, as bolsas de dois países. Sendo assim, é possível comprar um ativo em uma bolsa e vender por um preço maior na outra.
  3. À vista contra a prazo: Por fim, nesta operação a intenção é ter lucros com a diferença entre o preço à vista de determinado ativo e o seu preço a prazo. 

Exemplo

Para entender melhor o que é arbitragem financeira, vamos imaginar que uma pessoa decida operar uma arbitragem entre classes de ativos. As classes mais usadas nesse tipo de operação são as ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN).

Em síntese, as ações ordinárias dão direito ao voto nas assembleias da empresa. Em contrapartida, às ações preferenciais dão prioridade no recebimento de dividendos. Mesmo que as ações sejam da mesma empresa, é possível fazer arbitragem entre elas, pois geralmente os preços são diferentes.

Arbitragem financeira: o que é, como funciona e riscos

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Um detalhe importante é que ao realizar esse tipo de arbitragem, o investidor não se expõe ao risco da empresa, apenas aos riscos desse tipo de arbitragem, que são três:

  1. Risco de liquidez: As ações da mesma empresa podem ter preços diferentes, pois um tipo pode ser mais líquido do que outro.
  2. Dividendos: A diferença de preços entre as ações pode ser resultado da diferença de dividendos de cada uma delas.
  3. Risco de governança: Por fim, a diferença de preço também pode ser causada por questões de governança. Sendo que, as ações ON podem ser negociadas mais caras, pois trazem maior segurança em relação ao controle da companhia.

Como a arbitragem funciona?

A arbitragem financeira funciona como uma operação que visa lucrar com a diferença entre o preço de compra e venda de determinado ativo. Em uma situação de arbitragem perfeita, existiria um comprador e um vendedor dispostos a pagarem preços diversos pelo mesmo ativo. Neste caso, o intermediador conseguiria lucrar com a diferença.

Contudo, uma arbitragem perfeita é uma situação hipotética, já que dificilmente ela ocorre. Um exemplo de arbitragem financeira que realmente pode acontecer no mercado é a seguinte: determinado investidor está interessado em negociar café.

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Desse modo, ele analisa o mercado e descobre que o preço da saca de café naquele momento está custando R$ 65,00 e que no mercado futuro, daqui a seis meses, o preço da mesma saca de café é de R$ 70,00. Esse investidor pode pegar um empréstimo para comprar no mercado à vista e esperar seis meses para vender no mercado futuro.

Por outro lado, um exemplo de arbitragem no cotidiano seria o seguinte: suponhamos que você conhece uma pessoa que pretende comprar um carro do modelo X e também conhece uma outra pessoa que deseja vender um carro do modelo X.

Vamos imaginar que a pessoa que quer comprar o carro esteja disposto a pagar no máximo R$ 100 mil por ele e que a pessoa que vai vender o carro, está disposto a vender o veículo por R$ 60 mil. Nessa situação, você pode comprar o carro de R$ 60 mil e posteriormente vendê-lo por R$ 100 mil, lucrando R$ 40 mil.

Como a arbitragem financeira acaba?

A própria existência da arbitragem faz com que ela deixe de existir no futuro próximo. Isso porque, com o passar do tempo, mais pessoas percebem a sua existência e ocorre um aumento da quantidade de pessoas tentando aproveitar. Então a lei da oferta e demanda entra em ação. Logo, as oportunidades vão acabando conforme mais pessoas vão utilizando.

Por exemplo, vamos imaginar que um investidor notou que as ações da Petrobras estão sendo negociadas por R$ 10,00 no mercado à vista e por R$ 12,00 no mercado futuro. Dessa maneira, ele decide comprar ações da Petrobras no mercado à vista ao mesmo tempo em que vende os papéis no mercado futuro.

Migalhas

Entretanto, este investidor não foi o único que percebeu essa oportunidade de arbitragem. Logo, vários investidores começam a realizar a mesma operação, o que faz com que a demanda no mercado à vista suba e eleve o preço dos ativos. Ao mesmo tempo em que os preços sobem no mercado à vista, eles caem no mercado futuro, já que muitas pessoas estão tentando vender os ativos por lá.

O resultado disso é que os preços do mercado à vista e do mercado futuro ficam praticamente iguais e a oportunidade de arbitragem deixa de existir. Na prática a possibilidade de arbitragem dura apenas alguns segundos. É por isso que os traders geralmente usam sistemas que acompanham e identificam essas flutuações.

Riscos

O principal risco da arbitragem é o risco operacional. Sendo assim, o risco é o de não conseguir realizar as duas partes da operação, isto é, a compra e a venda. Isso pode ocorrer por causa da velocidade em que a distorção se equilibra ou por falha no home broker.

Em relação à velocidade, como dito anteriormente, as oportunidades de arbitragem duram pouquíssimo tempo. Sendo que a falta de liquidez de um dos ativos pode prejudicar a realização da arbitragem.

Clear

Portanto, se o investidor não aproveitar rapidamente, a distorção é corrigida, a oportunidade passa e o investidor permanece com o ativo sem querer. É por isso que algumas pessoas usam robôs traders. Apesar dos riscos, os lucros com arbitragem costumam ser pequenos e os ganhos vêm da quantidade de vezes que a operação é realizada.

Como dito anteriormente, o mais recomendado é investir com foco no longo prazo. Sabia como essa estratégia funciona: Investimento a longo prazo – Opções de aplicações e como investir

Fontes: Suno, The cap e Modalmais

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