Bandas cambiais: como funciona este tipo de regime cambial

15 de setembro de 2021 - por Jaíne Jehniffer


Bandas cambiais são um tipo de regime cambial onde o Banco Central do país determina uma faixa de cotação máxima e mínima que a moeda pode oscilar.

Esse tipo de regime cambial é considerado como um meio termo entre o câmbio fixo e o câmbio flutuante. Isso porque, no câmbio fixo, o Banco Central realiza a compra e venda de moedas com o objetivo de impedir as variações na cotação.

Em contrapartida, no câmbio flutuante o preço das moedas variam de acordo com a oferta e demanda dela no mercado. Além desses, existe ainda a flutuação suja, onde o país adota o câmbio flutuante, mas realiza intervenções em situações específicas.

O que são bandas cambiais?

Também conhecida como câmbio deslizante ou crawling peg, as bandas cambiais é um tipo de regime cambial. Neste regime, o Banco Central determina uma cotação mínima e máxima para o câmbio. Ou seja, ele estabelece uma faixa ou banda, na qual a moeda pode flutuar.

Para garantir que o câmbio irá permanecer dentro do limite estipulado, o Banco Central realiza a compra e venda das moedas. O câmbio deslizante pode ser considerado uma espécie de meio termo entre o regime de câmbio fixo e o flutuante. No câmbio fixo, o Banco Central determina um valor fixo para as moedas e não permite oscilações.

Bandas cambiais: como funciona este tipo de regime cambial

Capital research

Já no câmbio flutuante, o preço das moedas estrangeiras variam de acordo com o livre mercado e o Banco Central não intervém. Esse tipo de regime se tornou bem popular entre os países emergentes nos anos 1990. Uma das causas para isso, é que ele adota as vantagens do câmbio fixo e flutuante.

Nesse sentido, ele é atrativo, pois possibilita a intervenção na taxa de câmbio o que influencia na inflação. Sendo que no final do século XX a inflação foi um dos principais problemas enfrentados pelos países emergentes. Um país que adotou o regime de bandas cambiais mais recentemente, foi a Argentina em 2018.

Tipos de bandas cambiais

O regime de bandas cambiais pode ser de banda unilateral ou bandas bilaterais. Primeiramente, na banda unilateral, também chamada de meia banda, é determinado somente o limite máximo ou mínimo. A escolha do tipo de banda vai depender da estratégia do país.

Por exemplo, ao estabelecer somente o limite máximo, a intenção principal do país é impedir a inflação. Ao determinar o valor mínimo, o objetivo é impedir que a economia se desaqueça. Já no regime de bandas bilaterais, que é o mais comum, é estabelecido o limite máximo e mínimo.

Brasília empresas

Esses dois tipos são os principais, mas alguns outros tipos também foram criados como, por exemplo, a banda diagonal endógena, onde as bandas são redefinidas a cada três dias com limite progressivamente mais altos. Uma curiosidade é que no primeiro período do Plano Real, foi adotado a banda unilateral.

Dessa maneira, o Banco Central do Brasil (Bacen) determinou somente o limite máximo de cotação. Este tipo de regime foi utilizado entre julho de 1994 e fevereiro de 1995. Porém, a partir de março de 1995 o Bacen adotou o regime de bandas bilaterais. Este regime permaneceu até 1999, quando o câmbio flutuante foi adotado.

Como funciona?

O regime de bandas cambiais funciona por meio do estabelecimento das bandas, isto é, do lado máximo e mínimo da cotação da moeda. Dentro dessa faixa de variação, o preço da moeda pode oscilar de acordo com a oferta e demanda.

Para garantir que a moeda não irá se valorizar ou desvalorizar mais do que as bandas estabelecidas, o Banco Central do país faz operações de compra e venda de moeda no mercado.

Com essas operações, o Banco Central consegue controlar a oferta e demanda da moeda e, consequentemente, a sua cotação. Sendo assim, os objetivos com o regime de bandas cambiais são:

  • Estabelecer uma faixa de variação da moeda;
  • Controlar a inflação;
  • Maior estabilidade econômica.

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A cotação das moedas estrangeiras variam de acordo com a oferta e demanda dela no mercado. Desse modo, quando a demanda é elevada, ela se valoriza. Quando é reduzida, o seu valor cai. Entretanto, uma grande variação cambial pode ser maléfica.

Isso porque, a falta de estabilidade e grandes mudanças podem comprometer as empresas que possuem contratos, despesas, receitas e investimentos em dólar.

Nesse cenário, o planejamento das empresas é afetado e ocorre o aumento da incerteza para investimentos. Sendo que o câmbio está relacionado também com a inflação. É por esses motivos que alguns países escolhem manter algum nível de controle no regime cambial ao invés de adotar o câmbio flutuante.

Tipos de regimes cambiais

Os regimes cambiais se diferenciam principalmente em relação ao nível de intervenção na moeda. O câmbio fixo é o regime com maior intervenção. Nesse tipo, a cotação não muda, independente das variações do mercado. Para que isso ocorra, o Banco Central estabelece um preço para a moeda e realiza intervenções para que o seu preço não varie.

Já o regime flutuante, é o que possui menor intervenção. Dessa maneira, o preço da cotação varia de acordo com a oferta e demanda no mercado e não são adotadas medidas de compra e venda visando controlar a sua oferta e demanda.

Bandas cambiais: como funciona este tipo de regime cambial

Infomoney

Já o regime de bandas cambiais fica no meio dos dois, já que a moeda pode variar de acordo com o mercado, mas existem limites para essa oscilação de preços. Vale destacar que o uso das bandas cambiais exige compromisso do governo com a compra e venda da moeda.

Isso significa que o governo deve ter saldo em caixa para que essa medida econômica possa ser realizada. Além disso, é preciso lembrar que no regime de bandas cambiais o governo realiza uma forte intervenção no preço da moeda, o que pode resultar na desregulação e maior fragilidade econômica do país.

Flutuação suja

No câmbio flutuante o Banco Central do país não deve realizar intervenções, deixando o preço da moeda variar de acordo com a oferta e demanda. No entanto, isso pode resultar em uma instabilidade muito grande. É por isso que muitos países adotam a flutuação suja. Em síntese, a flutuação suja é uma espécie de flexibilização do câmbio flutuante.

Bandas cambiais: como funciona este tipo de regime cambial

Jornal empresas e negócios

Dessa forma, o regime cambial oficial do país é o câmbio flutuante. Contudo, em situações de grande turbulência e instabilidade, o Banco Central intervém com o objetivo de reduzir a oscilação. Essas intervenções pontuais possibilitam que os momentos de volatilidade do mercado não impactem muito a cotação da moeda. 

Enfim, agora que você sabe o que são bandas cambiais, não deixe de aprender sobre a Maior inflação desde o Plano Real: o que fazer com os investimentos

Fontes: Suno, Mais retorno e The cap

Imagens: Opldigital, Jornal empresas e negócios, Infomoney, Capital research, Exporta mais, Brasília empresas e Câmbio online

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