27 de agosto de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Como o próprio nome sugere, a bolha das tulipas foi uma bolha financeira em que o ativo que passou por uma forte valorização foram as tulipas. Na verdade, foi a primeira bolha financeira de que se tem notícia na história e ela ocorreu no século XVII nos Países Baixos, que atualmente é a Holanda.
Conhecer a primeira bolha financeira é importante para que você possa perceber como é fácil se deixar levar pela euforia do mercado e que é sempre bom estar atento para não entrar em uma bolha.
Quer saber mais sobre a bolha das tulipas, como aconteceu e estourou? Leia a seguir!
O que foi a bolha das tulipas?
A bolha das tulipas foi uma bolha financeira que ficou conhecida também como: mania das tulipas, febre das tulipas, tulipomania e crise das tulipas. Ela ocorreu no século XVII nos Países Baixos (atual Holanda) e foi a primeira bolha especulativa que se conhece na história.
A bolha financeira, também conhecida como bolha especulativa ou bolha econômica, é uma situação onde ocorre a supervalorização de um ou vários ativos. Ou seja, esses ativos passam a custar muito mais do que eles de fato valem.
As pessoas acreditam que o ativo vai continuar a se valorizar e, por isso, passam a investir altas quantias nele. Além disso, algumas pessoas ficam com medo de perder a oportunidade de ter altos ganhos e acabam comprando o ativo quando ele já está supervalorizado.
Quando as pessoas percebem o fenômeno e decidem se desfazer dos ativos, o preço cai de forma abrupta. A consequência disso é que a maior parte dos investidores fica no prejuízo e podem ficar traumatizados com o mundo dos investimentos.
Crescimento da bolha das tulipas
Em 1593, o botânico Carolus Clusius trouxe alguns bulbos de tulipa de Constantinopla (hoje Istambul, na Turquia) para plantar em seu jardim na Holanda. As tulipas, que eram novidade no país, despertaram grande interesse entre os moradores por sua beleza e raridade.
Com o tempo, as tulipas se tornaram um símbolo de status na Holanda, e a demanda por elas cresceu exponencialmente. Isso levou a um aumento dramático nos preços, com alguns bulbos sendo vendidos por mais de 20 vezes o seu valor em um único mês. Em alguns casos, pessoas trocavam todos os seus bens por um único bulbo de tulipa.
Essa supervalorização das tulipas é o que caracteriza uma bolha financeira. Nesse cenário, o preço de um ativo se descola do seu valor real, sendo comercializado muito acima do que valeria em condições normais. Quando o mercado percebe que o preço está fora da realidade do ativo, a bolha estoura, e o ativo volta para seu valor médio, causando prejuízos para os investidores que apostaram nele.
A bolha estourou quando o mercado percebeu que os preços das tulipas estavam inflados além do seu valor real. Isso resultou em uma queda brusca nos preços e em grandes perdas para aqueles que haviam investido pesadamente em tulipas.
Hoje, a bolha das tulipas é citada como um exemplo clássico de uma bolha financeira e serve como um alerta para os perigos da especulação desenfreada.
Um problema das tulipas é que elas demoraram anos desde o plantio até começarem a florescer, o que limitava sua venda. Para que as tulipas fossem negociadas o ano todo, os holandeses começaram a negociar contratos de tulipas.
Com o contrato, o comprador se comprometia a adquirir o bulbo no final da temporada por um preço previamente estipulado. Esses contratos eram parecidos com os contratos futuros negociados hoje em dia na bolsa de valores. De fato, foi por meio dos contratos de tulipas que surgiu o primeiro mercado de derivativos do mundo.
Com os títulos, desde os grandes empresários até os pequenos poupadores passaram a investir no mercado de tulipas. O sucesso das tulipas ultrapassou as fronteiras e chegou também nos países vizinhos como, por exemplo, a França. Por fim, o sucesso dos contratos de tulipas fez com que eles passassem a ser negociados na Bolsa de Amsterdã.
O estouro da bolha das tulipas
A bolha das tulipas teve um impacto significativo na economia da Holanda. Quando a bolha estourou, os preços das tulipas caíram drasticamente, levando a uma forte depressão econômica que demorou anos para ser superada.
O início do estouro da bolha se deu no inverno de 1636-1637. Tudo começou quando um comprador da cidade de Haarlem não honrou seu contrato de compra de tulipas. Isso gerou um pânico muito grande, que se alastrou pelo país.
Aqueles que haviam investido fortemente nas tulipas, tiveram enormes prejuízos financeiros. Além disso, a crise das tulipas impactou de tal forma na sociedade, que os holandeses passaram a desconfiar de todo e qualquer investimento de caráter especulativo.
As pessoas estavam cada vez mais desesperadas para se livrar dos bulbos, e os preços começaram a cair rapidamente. Muitos investidores se negaram a honrar seus contratos e aqueles que haviam trocado suas casas por bulbos, estavam arruinadas.
Para impedir que o pânico se alastrasse, o governo holandês foi forçado a intervir: passou a honrar os contratos com 10% do valor de entrada, para impedir que houvesse um crash econômico. No entanto, o mercado de tulipas caiu ainda mais, o que tornou essa restituição praticamente impossível.
Apesar dos impactos negativos, a bolha das tulipas também gerou aprendizados importantes. Ela serve como um exemplo histórico dos perigos da especulação desenfreada e da importância de entender o valor real dos ativos antes de investir.
Consequências
A bolha das tulipas resultou em uma depressão econômica que demorou anos para ser curada. Muitas pessoas trocaram terras e imóveis em áreas nobres de Amsterdam para investir em tulipas. Logo, essas pessoas tiveram grandes prejuízos quando a bolha estourou. Além disso, os investidores em geral ficaram traumatizados e hesitantes em relação às aplicações financeiras.
Apesar de ter sido a primeira bolha financeira de que se tem notícia na história, ela não foi a última. Por exemplo, no início dos anos 2000, aconteceu a bolha da internet, também chamada de bolha das pontocom. Em síntese, muitas empresas de tecnologia foram fundadas e listadas na bolsa.
Os investidores ficaram entusiasmados com essas empresas e a possibilidade de ter altos lucros. Contudo, a especulação que gerou a bolha financeira resultou em prejuízos para grande parte dos investidores.
Antes ainda, ficou famosa a chamada “doença holandesa”. Este é um termo econômico que se refere às consequências negativas que podem surgir do aumento na valorização da moeda de um país, primariamente causado pela descoberta ou exploração de um recurso natural.
O termo foi criado pelo jornal The Economist em 1977 para descrever os problemas da economia da Holanda na década de 1960. Naquela época, grandes reservas de gás natural foram encontradas no país, que passaram a ser exploradas e exportadas. A atividade de gás natural causou um aumento do preço do gás, que fez crescer as receitas advindas da exportação. Isso resultou na valorização da moeda holandesa (florim), o que acabou prejudicando as exportações de outros bens holandeses.
- Leia mais: Agora que você entendeu o que foi a bolha das tulipas, veja outro exemplo, mais recente: a bolha imobiliária que resultou na Crise de 2008, o que foi? Contexto histórico e efeitos no Brasil e no mundo
Fontes: Suno, Andre bona e Pandhora