Ciclo econômico: o que é, como funciona e por que ocorre?

Os ciclos econômicos são as mudanças marcadas por períodos de expansão, boom, contração e recessão. Saiba quais são os estágios.

23 de março de 2021 - por Jaíne Jehniffer


O ciclo econômico é um padrão de expansão e contração da atividade econômica de um país ou região ao longo do tempo. Ele é caracterizado por fases alternadas de crescimento e recessão na economia, com flutuações no nível de produção, emprego, renda e demanda agregada.

Os ciclos econômicos são um fenômeno complexo e estudado por economistas, que buscam entender suas causas, prever seus impactos e desenvolver políticas econômicas para suavizar suas flutuações e promover um crescimento econômico sustentável.

Saiba mais sobre o que é um ciclo econômico, como funciona e por que ocorre, na matéria a seguir.

O que é ciclo econômico?

Os ciclos econômicos são as mudanças que ocorrem na economia de um país, sendo que elas são marcadas por períodos de expansão, boom, contração e recessão. Ou seja, é natural que uma economia passe por períodos de prosperidade e estagnação ou crise. 

Na prática, o ciclo passa por flutuações no curto prazo, com alternâncias de períodos de prosperidade e estagnação ou recessão.

Os países têm como base de sua economia a produção de bens e serviços elaborados de forma agregada, sendo assim, esses cenários de expansão e contração sempre irão ocorrer.

Em relação aos investimentos, as atitudes tomadas pelos investidores variam de acordo com os cenários. Por exemplo, em épocas de expansão, a tendência é que os investidores apliquem em empresas de tecnologia, commodities e bens de capital.

Por outro lado, em épocas de recessão, a tendência é o aumento da procura por setores mais defensivos como, por exemplo, empresas de saúde e de serviços públicos.

Enfim, desde o século XVII, os cientistas buscam explicar as causas das crises econômicas, tendo como base o comportamento dos mercados. Os estudos dos ciclos visam entender os fatores que contribuem para o crescimento da economia, com flutuações, e não pela tendência que deveriam acompanhar. 

Quais são os estágios de um ciclo econômico?

Os ciclos econômicos são marcados por quatro fases principais:

1) Expansão

A fase de expansão ocorre quando o país está se recuperando de uma fase de recessão. Nesse estágio, as taxas de juros costumam estar baixas, o que estimula o consumo.

Desse modo, essa fase do ciclo é caracterizada pelo crescimento da produção de mercadorias e serviços. Como a economia fica aberta aos novos negócios, a tendência é a queda dos índices de desemprego e o aumento dos salários. 

2) Boom

O Boom é o pico resultante do forte crescimento da primeira fase. Dessa maneira, ele é caracterizado como o ponto máximo da produção de produtos e serviços e a economia está no auge.

No entanto, são nesses picos que costumam ocorrer os desequilíbrios econômicos como, por exemplo, a inflação alta.

3) Contração

O Boom não se sustenta para sempre, já que a tendência é que, após atingir seu ponto máximo, a economia comece a diminuir. Na contração ocorre a redução das atividades econômicas e o consequente aumento dos índices de desemprego.

Nessa fase, normalmente as empresas buscam reduzir os preços dos produtos e serviços, com o objetivo de ganhar maior competitividade no mercado, já que o consumo no geral cai.

4) Recessão

A última etapa do ciclo econômico é a recessão, onde ocorre o declínio econômico. Portanto, nesta fase, a taxa de desemprego é alta, os juros são elevados e, se a economia continuar em queda, a recessão pode se tornar uma crise econômica. Após a recessão, temos a expansão e o ciclo recomeça.

Por que existem ciclos econômicos?

Os ciclos econômicos são fenômenos intrínsecos à atividade econômica de um país. Eles envolvem flutuações na produção, emprego e investimentos ao longo do tempo.

Como foi explicado no início desta matéria, os ciclos são caracterizados por quatro estágios principais, a expansão, o boom, a contração e a recessão. Eles estão ligados ao ciclo de crédito: mudanças nas taxas de juros afetam diretamente a atividade econômica, tornando empréstimos mais ou menos acessíveis.

Além disso, fatores como choques tecnológicos, políticas monetárias e fiscais, flutuações na demanda agregada e eventos imprevistos também influenciam os ciclos econômicos.

Quais são os tipos de ciclo econômico?

Como os ciclos econômicos não têm uma periodicidade regular, podendo durar muito tempo ou serem rápidos, alguns autores de ciências econômicas, estabeleceram alguns tipos de ciclos econômicos, de acordo com a sua durabilidade. São eles:

1) Curto prazo

Os ciclos de curto prazo, que duram de 2 a 4 anos, são também conhecidos como Ciclos de Kitchin, pois eles foram estudados pelo estatístico Joseph Kitchin.

Kitchin analisou os ciclos de negócios das empresas de uma economia e levou em conta as mudanças que as empresas realizam, de acordo com as alterações de demanda, preços dos fornecedores e as taxas de juros dos empréstimos. 

2) Ciclos de Kuznets

Os ciclos de Kuznets, também conhecidos como “longas oscilações”, são padrões de flutuação de longo prazo na atividade econômica identificados pelo economista Simon Kuznets.

Eles têm uma periodicidade de 15 a 30 anos, ocupando uma posição intermediária entre os ciclos de negócios de curto prazo (ciclos de Juglar) e as ondas longas de Kondratiev.

Kuznets associou esses ciclos de médio prazo principalmente a investimentos em infraestrutura e mudanças demográficas, como taxas de natalidade e migração.

3) Ciclos de Kondratiev

Os ciclos longos que duram entre 40 a 60 anos, foram estudados por Nikolai Kondratiev, um economista russo. Segundo Kondratiev, esses ciclos fizeram parte das revoluções tecnológicas que impactaram o mundo capitalista, resultando em crescimentos e crises.

4) Ciclos de Juglar

Clément Juglar estudou os ciclos de longo prazo, que duram entre 7 a 11 anos no séculos XIX, no Reino Unido. Juglar estabeleceu um paralelo entre as altas e baixas do PIB e os gastos com investimentos, flutuações do mercado de trabalho e inflação. 

Como saber em que estágio do ciclo econômico estamos?

Determinar a fase precisa do ciclo econômico em que nos encontramos é um desafio para economistas e especialistas, mesmo com acesso a dados e indicadores. No entanto, podemos analisar alguns sinais para ter uma ideia:

Na Expansão:

  • Crescimento do PIB: Aumento da produção de bens e serviços do PIB (Produto Interno Bruto) por um período prolongado.
  • Baixo desemprego: Nível de pessoas sem trabalho está baixo.
  • Aumento da renda: Renda familiar média das pessoas está subindo.
  • Confiança do consumidor: Otimismo das pessoas em relação à economia está alto.
  • Investimento em alta: Empresas estão investindo em novos projetos e maquinários.
  • Aumento dos lucros das empresas: Lucros das empresas estão crescendo.
  • Taxas de juros baixas: Custo do crédito menor.

Durante o Pico (Boom):

  • Economia operando acima de sua capacidade: A produção está no máximo, podendo gerar inflação.
  • Possíveis sinais de superaquecimento: Aumento da inflação, bolhas financeiras em setores específicos da economia.

Durante a Contração:

  • Decréscimo do PIB: Redução da produção de bens e serviços por dois trimestres consecutivos (recessão técnica).
  • Aumento do desemprego: Mais pessoas perdendo seus empregos.
  • Queda da renda: Renda familiar média das pessoas está diminuindo.
  • Diminuição da confiança do consumidor: Pessoas pessimistas em relação à economia.
  • Redução do investimento: Empresas diminuem investimentos em novos projetos e maquinários.
  • Queda dos lucros das empresas: Lucros das empresas estão diminuindo.
  • Taxas de juros podem subir: Custo do crédito pode aumentar para conter a inflação.

Finalmente, na Recessão:

  • Economia operando muito abaixo de sua capacidade: Queda da produção por um período prolongado, com alto desemprego e baixa renda.

É importante lembrar que nem todos os indicadores apresentam sinais claros em cada fase. A economia pode apresentar sinais mistos, dificultando a determinação precisa da fase. Especialistas analisam diversos indicadores e modelos econométricos para tentar determinar a fase do ciclo.

Como ganhar dinheiro em cada estágio de um ciclo econômico?

Para ganhar dinheiro investindo é preciso levar em conta o ciclo que o país está passando, assim você consegue escolher os melhores ativos para cada cenário.

1) Na Expansão

Durante a fase de expansão da economia, quando a produção e o consumo estão em alta e as taxas de juros são baixas, é um bom momento para investir em ativos de risco, como ações e fundos imobiliários.

As empresas tendem a ter margens de lucro maiores e seu valor de mercado aumenta, o que pode gerar bons retornos para os investidores.

2) Durante o Boom

Quando a economia atinge o pico do ciclo, no estágio de boom, é importante adotar uma postura mais cautelosa. Nesse momento, a produção e a demanda podem ficar desbalanceadas, levando a um aumento da inflação.

Para proteger o capital, os investidores podem considerar a diversificação da carteira, incluindo ativos mais defensivos, como títulos públicos de baixo risco indexados à Selic e à inflação.

3) Na Contração

Após o boom, a economia entra em um período de contração, caracterizado pela diminuição das atividades econômicas e aumento do desemprego. Nessa fase, as empresas tendem a reduzir preços para ganhar competitividade, e os investimentos em renda fixa podem se tornar mais atrativos devido ao aumento das taxas de juros.

4) Na Recessão

Durante a recessão, quando a atividade econômica está em queda, os investimentos mais seguros, como títulos públicos e renda fixa, podem ser uma boa opção. Ativos de risco, como ações, tendem a ter um desempenho mais fraco nesse cenário.

É importante manter uma carteira diversificada e estar atento aos indicadores econômicos para ajustar as estratégias de investimento de acordo com as fases do ciclo.

Fontes: Suno, Mundo Educação, Guide Investimentos

GDR: o que são e como funcionam os Global Depositary Receipts?

Sociedade de Crédito Direto (SCD): o que é e como funciona?

IPI: o que é, como funciona e quando este imposto é cobrado?

Método de equivalência patrimonial: o que é e como funciona?