Desmonetização: o que é, como funciona, vantagens e desvantagens

17 de fevereiro de 2021, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 6 min, 39 seg


A desmonetização é a diminuição da moeda em circulação em comparação com a quantidade de ativos financeiros disponíveis na economia. Ou seja, é a redução do uso do dinheiro físico, a favor de formas alternativas. O fenômeno da desmonetização pode ser causado por vários motivos, como por exemplo a preferência por meios como cartão de crédito, ao invés de usar o dinheiro físico. 

Apesar de trazer muitas vantagens, a desmonetização também traz riscos à economia, sendo o principal deles a segurança das informações dos usuários contra um ataque hacker.

O que é desmonetização da economia?

A desmonetização é a redução da base monetária, ou seja, a diminuição da circulação da moeda em relação ao total de ativos financeiros existentes na economia. Isso pode ocorrer quando as pessoas começam a substituir os depósitos à vista por depósitos a prazo, ou o dinheiro físico por dinheiro eletrônico.

Por exemplo, em vez de ter dinheiro disponível, uma pessoa pode preferir adquirir um investimento, como um título de CDB de longo prazo.

Normalmente, quando a inflação está alta, as pessoas tendem a investir dinheiro em ativos mais rentáveis, cuja rentabilidade não perca para a inflação. Dessa forma, a circulação de dinheiro na economia tende a diminuir. Assim, nesse cenário, as pessoas geralmente não consomem tantos produtos e serviços devido à alta inflação, e esse fenômeno pode estimular a desmonetização.

Por outro lado, quando a inflação está baixa, os investidores costumam manter o dinheiro em ativos com liquidez diária, isto é, que possibilitam o saque imediato dos recursos. Nesse caso, a circulação de dinheiro pode aumentar.

Além disso, em um cenário de baixa inflação, a população tende a consumir mais produtos e serviços e estimular a circulação de moeda.

Como esse fenômeno funciona?

A desmonetização funciona, sobretudo, como uma redução da moeda em circulação em relação aos ativos existentes. Logo, uma maneira desse processo acontecer é as pessoas começarem a dar preferência para meios alternativos de dinheiro ou até mesmo por dinheiro eletrônico.

Uma das causas da desmonetização é a mudança no comportamento das pessoas frente às novas tecnologias lançadas. Ou seja, antigamente o dinheiro físico era o único meio existente de consumir produtos. Porém, atualmente existem opções como cartão de crédito, moedas digitais como o Bitcoin e até mesmo o cashback. 

A redução da moeda em circulação também pode ser resultado de investimentos. Em situações de inflação alta, por vezes, as pessoas procuram manter o seu poder de compra aplicando em ativos com rentabilidade superior à inflação.

Desse modo, ao optar por um investimento, muitas vezes de longo prazo, ao invés de colocar o dinheiro para circular, essa pessoa está contribuindo com a desmonetização. 

A diminuição do dinheiro em circulação estimula debates sobre o fim do dinheiro físico. Por um lado, com a desmonetização, a quantidade de dados sobre os usuários será maior nas plataformas digitais.

Isso significa que instituições como os bancos, podem melhorar seus serviços e oferecer produtos personalizados para os clientes. Por outro lado, com todos esses dados online, aumentam os riscos de ataques hackers nas contas digitais. 

Quais são as vantagens da desmonetização?

Existem várias vantagens da desmonetização da economia. Aqui estão algumas das mais comuns:

  • Aumento do cashback: Uma das vantagens da desmonetização é o aumento do cashback, que é um termo em inglês que significa “dinheiro de volta”. Esse conceito é bastante comum nos EUA e está ganhando força no Brasil.
  • Redução de custos: A desmonetização pode levar à redução de custos resultantes da manutenção do dinheiro físico. No Brasil, são gastos bilhões de reais para manter o dinheiro em circulação, já que as notas possuem uma durabilidade que gira em torno de 14 meses.
  • Redução da criminalidade: A desmonetização pode ajudar a reduzir a criminalidade, pois torna mais difícil para os criminosos lavar dinheiro e realizar outras atividades ilegais.
  • Maior controle dos gastos públicos: Com a desmonetização, o governo pode ter um maior controle sobre os gastos públicos.
  • Combate à lavagem de dinheiro: A desmonetização pode ajudar a combater a lavagem de dinheiro, pois torna mais difícil para os criminosos ocultar a origem ilícita de seus fundos.
  • Melhoria dos serviços bancários: Com a desmonetização, as instituições financeiras podem coletar mais dados sobre os usuários e melhorar seus serviços, oferecendo produtos personalizados para os clientes.

E as desvantagens?

Existem várias desvantagens da desmonetização da economia. Aqui estão algumas das mais comuns:

  • Segurança das informações: Com todos esses dados online, aumentam os riscos de ataques hackers nas contas digitais.
  • Efeito limitado na redução da atividade criminal: A desmonetização pode não ter o efeito pretendido da redução da atividade criminal, uma vez que essas entidades podem ser experientes o suficiente para manter ativos em outras formas que não seja moeda física.
  • Exposição de informações pessoais: A desmonetização expõe suas informações pessoais a uma possível violação de dados.
  • Problemas tecnológicos: Você pode ficar sem usar o seu dinheiro no caso de uma instabilidade técnica, por exemplo.
  • Dificuldades para os pobres: Os pobres e aqueles sem contas bancárias terão dificuldade em pagar e receber pagamentos.

Qual é o futuro do dinheiro?

O futuro do dinheiro é um tópico de grande interesse e debate. Aqui estão algumas previsões de especialistas:

Stablecoins substituem a “dolarização

Antigamente, os países cujas moedas entraram em colapso se dolarizavam. Eles importavam notas de dólar e começavam a usá-las como dinheiro. Daqui a dez anos, isso será uma relíquia. Os países irão dolarizar usando stablecoins, e os bancos centrais de todo o mundo acabarão temendo a cripto-dolarização como um cheque contra a alta na inflação.

Criptomoedas e dinheiro fiduciário irão coexistir

As criptomoedas e as principais moedas fiduciárias continuarão a coexistir. Podemos ver uma consolidação em moedas nacionais menores, à medida que as pessoas passarem a achar mais fácil acessar o dólar por meio de blockchains públicos.

Todo mundo se tornará um programador

Objetos digitais estão se tornando tão comuns quanto e-mails, e o conhecimento de programação é semelhante ao conhecimento de leitura. Espera-se que nos próximos anos as pessoas criem centenas de tokens por ano, todos com descoberta de preço, negociáveis ​​e múltiplos atributos financeiros.

Além disso, o futuro das fintechs também é um tópico relevante. Após um período tumultuado para as criptomoedas, os ativos digitais e a indústria de tecnologia como um todo, os investidores se tornaram mais cautelosos com as ambiciosas fintechs, e os reguladores começaram a cercar a atividade.

Com uma estimativa de 1,4 bilhão de pessoas sem conta bancária e com a maioria dos cidadãos de economias desenvolvidas dependendo de sistemas de pagamentos do século 20, ninguém duvida que os serviços financeiros estejam prontos para inovações tecnológicas. Mas após um período de exuberância irracional, muita especulação e caos no mercado, o futuro próximo das fintechs vem se tornando mais incerto.

Se você gostou de aprender sobre a desmonetização, então poderá também aprender um pouco sobre Recessão econômica, o que é? Como identificar, causas e consequências