Recessão econômica: o que é, causas e consequências

2 de setembro de 2020, por Dayane Borges

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Quando falamos em recessão, o primeiro pensamento que nos vem à mente é: crise. De certa forma, uma recessão realmente simboliza situações de crises econômicas que são causadas por diversos fatores, como o nível de produção, a renda média familiar e a taxa de desemprego.

Em síntese, o termo recessão se refere à redução na atividade econômica, caracterizada por índices econômicos diversos, como o Produto Interno Bruto (PIB). Neste caso, o PIB é o principal indicador para apontar se um país está, ou não, no período de redução econômica.

Ao longo da história, mais especificamente desde 1980, o Brasil já passou por 10 recessões econômicas, sendo, a mais intensa delas, registrada durante março de 2014 e dezembro de 2016, ou seja, 33 meses de redução na economia.

Dessa forma, para indicar se o país está em recessão, o primeiro critério é a queda do PIB registrada em dois trimestres consecutivos. Neste caso, o período é classificado como recessão técnica, em outras palavras, quando há duas quedas seguidas do Produto Interno Bruto, que indicam uma possível recessão econômica.

O que é recessão?

Recessão representa o período em que um país registra queda consecutiva do PIB (soma geral da produção do país, disponibilizada de três em três meses pelo IBGE). Porém, apesar da queda do PIB, não podemos considerar o indicador como demonstração de economia deteriorada. Então, o que isso significa?

Bem, a relação da queda do PIB está diretamente ligada com a produção dos setores econômicos. Ou seja, em alguns casos, o PIB pode apresentar queda por conta de apenas um setor econômico, enquanto os demais setores se mantêm estáveis.

Além disso, a recessão pode ser causada por fatores inesperados, como uma pandemia, ou por uma série de fatores a longo prazo.

Contudo, quando o período de recessão é detectado, a situação econômica pode sim ser afetada. Os setores correm o risco de sofrer encolhimento por um período prolongado o que, consequentemente, aumenta o tempo de retrocesso econômico.

Dessa forma, alguns critérios são levados em consideração para constatar se um país está, ou não, em recessão. Além do PIB, também são analisados, por exemplo, fatores como: nível de produção do país, a taxa de desemprego e a renda média familiar.

Tipos de recessão

1- Recessão técnica

A recessão técnica é quando ocorre a queda do PIB de um país em dois ou mais trimestres seguidos.

2- Recessão rasa

A recessão rasa é aquela que tem uma duração menor, mesmo assim ela é grave para a economia. A recessão durante a pandemia é exemplo disso, pois apesar de ter durado apenas alguns meses, ela deixou milhões de desempregados e empresas fecharam em todo o mundo.

3- Recessão de crescimento

A recessão de crescimento é quando a economia desacelera abaixo da tendência de crescimento de longo prazo, mas não se contrai, ao passo em que o desemprego aumenta.

4- Recessão de fato

Esse tipo leva em conta diversas variáveis, tais como: nível de emprego, produção industrial, salários e afins. Por levar em conta esses fatores, esse tipo de recessão é mais interessante para medir o real momento da situação econômica de um país do que a recessão técnica.

Um detalhe importante é que um país pode entrar em uma recessão técnica sem necessariamente entrar em uma recessão de fato. Afinal, a recessão técnica serve mais como um alerta, mas não é suficiente para mostrar se a contração atingiu todos os setores da economia.

5- Cálculo do PIB

A sigla PIB significa Produto Interno Bruto. Em resumo, o PIB é o somatório dos produtos e serviços finais de uma economia.

O responsável por fazer esse cálculo no Brasil é o IBGE e os cálculos são feitos tendo como base outros índices produzidos pelo próprio IBGE como, por exemplo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Um detalhe importante é que o cálculo do PIB pode ser a partir da demanda dos consumidores e da oferta de bens e serviços.

No caso da demanda, é levado em conta o consumo das famílias, investimentos e gastos do governo e ainda os investimentos das empresas, bem como a diferença entre as exportações e importações do período. Por outro lado, o cálculo com base na oferta leva em conta a produção dos setores de serviço, indústria e agropecuária.

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Características de uma recessão econômica

O primeiro indicador de uma recessão é a queda consecutiva – registrada em dois trimestres – do PIB. Com isso, quando o país está em um período de retrocesso econômico, ocorre a diminuição da produção e, consequentemente, a queda no poder de compra. As características dessas situações são:

  • Aumento do desemprego;
  • Dedução da renda familiar;
  • Queda na taxa de lucro;
  • O número de falências e concordatas;
  • Diminuição dos níveis de investimentos.

Causas da recessão

A recessão pode ocorrer por várias causas. Por exemplo, ela pode ser resultado de uma grave crise sanitária internacional como foi o caso do Covid-19 ou pode ser ainda devido a guerras e questões geopolíticas. 

Seja qual for a causa, as pessoas tendem a reduzir os gastos durante a depressão, já que existe um clima de incerteza sobre o futuro. Desse modo, as pessoas passam a priorizar os itens básicos de alimentação, saúde e moradia.

A questão é que mesmo cortando apenas os gastos supérfluos, esse comportamento acaba impactando toda a atividade empresarial.

Vamos supor que todo mundo opte por cortar gastos com lazer. Neste caso, as empresas que atuam nesse setor terão que cortar os salários ou demitir pessoas. Com isso, a taxa de desemprego sobe e as pessoas afetadas cortam ainda mais gastos. Ou seja, é uma espiral negativa que vai se autoalimentando.

Como evitar a recessão econômica?

Como a recessão pode ser por vários fatores ou ainda por uma soma de fatores, a tomada de medidas para evitar ou conter uma recessão é mais difícil.

No entanto, a partir da identificação dos problemas, os governos e bancos centrais podem tomar certas medidas. Essas medidas estão relacionadas, sobretudo, com a política fiscal e monetária. 

O governo deve formar uma equipe econômica com experiência em lidar com esse tipo de situação. Depois disso, é preciso fazer a liberação de pacotes econômicos com o intuito de estimular a atividade econômica.

Os investidores devem ficar atentos ao cenário econômico e tomar algumas atitudes em caso de recessão. Por exemplo, vale a pena ter uma reserva de oportunidade para investir em bons ativos com preços baixos durante períodos de recessão.

Diferenças entre recessão e depressão

Como você já sabe, a recessão se refere à redução expressiva da atividade econômica. Já a depressão é uma recessão em nível mais grave como, por exemplo, a Grande Depressão de 1929 e a Crise de 2008.

Portanto, a recessão é a fase normal dos ciclos econômicos da economia, ao passo em que a depressão é bem mais severa. Na prática, uma queda acentuada do produto interno bruto por um período relativamente longo já caracteriza uma depressão.

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Fontes: G1, R7 Notícias, Organize, Blog Nubank, Mais Retorno e Terra