Flipagem: o que é e como funciona essa estratégia de investimentos?

23 de dezembro de 2020 - por Sidemar Castro


A flipagem é uma manobra de curtíssimo prazo realizada por investidores que pretendem lucrar no dia de estreia das ações na bolsa. Dessa maneira, os investidores reservam ações na IPO e, no primeiro dia de pregão, aproveitam a valorização para lucrarem.

Para realizar suas operações, o flipper fica de olho nas empresas que estão planejando abrir o capital. Sendo assim, ele estuda o mercado e prevê se as ações daquela empresa irão se valorizar ou não no dia de estreia na bolsa de valores. 

Apesar de parecer uma forma de ganhar dinheiro fácil e rápido, a flipagem é considerada uma manobra extremamente arriscada. Isso porque as previsões de valorização do investidor podem não se concretizar. Entenda.

O que é flipagem?

A flipagem é um tipo de operação na qual o investidor compra ações na IPO para vender na abertura. Em outras palavras, quando uma empresa vai abrir o capital, o investidor participa da sua IPO reservando ações.

Posteriormente, no primeiro dia de estreia da empresa na bolsa, ele aproveita a valorização dos ativos para vender essas ações por um valor acima do que ele comprou. 

O termo flipagem vem do inglês to flip, que traduzido significa “virar algo”. Os investidores que praticam esta estratégia de curtíssimo prazo, são conhecidos como flippers.

No entanto, é importante não confundir o flipper com o Fliper app. Afinal, o Fliper app é uma ferramenta de autogestão financeira.

Como a flipagem funciona?

Quando uma empresa vai abrir o seu capital na bolsa de valores, ela passa por um processo chamado de IPO – Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial. Sendo assim, as empresas abrem seu capital como uma forma de arrecadar recursos, geralmente destinados para o seu crescimento. 

Por ser um momento muito aguardado pela empresa e pelo mercado, normalmente existe uma alta expectativa por parte dos investidores. Esta expectativa pode resultar na alta do valor dos papéis no primeiro dia, e é aí que o flipper entra. 

Acontece que, antes que as ações sejam vendidas para os investidores em geral, a empresa abre um prazo onde os investidores podem reservar ações. O valor das ações e a quantidade são determinados pela empresa.

Desse modo, os flippers reservam ações com a expectativa de que, no primeiro dia de negociações dos ativos na bolsa, eles irão se valorizar. Com a valorização, os flippers vendem as ações por um preço maior do que o pago ao reservá-las. 

A flipagem também pode ser feita na emissão de cotas de fundos de investimento. Por exemplo, quando um fundo imobiliário (FII) emitir novas cotas, o investidor pode optar por negociá-las na abertura do mercado no dia em que elas estiverem integralizadas. 

Aspectos analisados na flipagem

Para realizar as operações de flipagem, o flipper fica atento ao mercado e às empresas que pretendem abrir o capital.

Dessa forma, ele verifica se existe expectativa de valorização dos ativos de determinada empresa. Se tiver, então existe potencial de lucro. Alguns dos aspectos analisados pelos flippers são:

  • Book de ofertas: Se um book de ofertas tiver um volume menor do que o book de compras, então existe potencial para valorização dos ativos.
  • Prazo de liquidação: Após a abertura, o investidor possui um prazo para fazer o pagamento das ações que ele reservou. Desse modo, quanto maior for este prazo, mais vantajosa é a flipagem, pois o investidor tem mais tempo para vender os papéis ou se organizar para pagar as ações caso não ocorra a valorização esperada. 
  • Setor: Um fator determinante na expectativa de valorização de um ativo, é o setor que a empresa pertence. Os setores que apresentarem maior solidez e tiverem boas projeções, possuem maior possibilidade de valorização. 
  • Volume de ofertas: Para os flippers, quanto mais papéis a empresa emitir, melhor. Isso porque as IPOs grandes chamam mais a atenção do mercado, o que, consequentemente, impacta na expectativa de valorização dos ativos. 

É possível fazer flipagem em todas as ofertas?

Sim, é possível fazer flipagem em todas as ofertas, mas é importante considerar alguns fatores para aumentar suas chances de sucesso.

Primeiramente, nem toda oferta tem potencial de flipagem, já que isso depende de aspectos como a demanda, o preço e o valor percebido pelo público.

Para garantir melhores resultados, você deve analisar o mercado. Verifique se a oferta tem um público interessado e se existe espaço para revenda.

Em seguida, calcule os custos. Considere não apenas o preço de compra, mas também eventuais taxas, impostos e custos de logística.

Depois, identifique oportunidades; em outras palavras, ofertas exclusivas, itens em promoção limitada ou produtos com alta demanda são ideais para flipagem.

Finalmente, planeje a revenda. Escolha os canais certos para revender, como marketplaces ou redes sociais.

Com essas práticas, você pode fazer flipagem em várias ofertas, mas sempre priorize a análise cuidadosa de cada uma antes de agir.

Quais são os riscos da flipagem?

A flipagem é caracterizada por sua alta volatilidade, especialmente nas primeiras horas ou dias após um IPO. Essa volatilidade pode resultar em perdas consideráveis se o preço das ações cair rapidamente.

A natureza especulativa da operação implica que os investidores estão expostos a flutuações imprevisíveis do mercado, o que aumenta a probabilidade de perdas.

Além disso, para ter sucesso na flipagem, é essencial possuir habilidades avançadas em análise técnica e capacidade de execução rápida. Sendo assim, isso significa que traders precisam ser capazes de tomar decisões informadas em um curto espaço de tempo, o que pode ser desafiador para iniciantes.

Outro risco importante é a liquidez das ações. Se um ativo não tiver volume suficiente de negociações, o investidor pode enfrentar dificuldades para vender suas ações no momento desejado.

A flipagem depende fortemente da análise de mercado. Se as previsões não se confirmarem — por exemplo, se as ações estiverem supervalorizadas no momento da venda — o investidor pode acabar perdendo dinheiro.

A pressão emocional é um fator que não deve ser subestimado. A rapidez e a volatilidade da flipagem podem causar estresse significativo, levando os traders a agir impulsivamente.

Ao alocar recursos para flipagem, o investidor pode perder oportunidades em outras negociações ou investimentos mais seguros. Por exemplo, se um investidor vende ações para participar da flipagem e essas ações se valorizam mais do que o retorno esperado da nova operação, ele poderá sentir o impacto financeiro dessa decisão.

Vale a pena fazer flipagem?

Antes de mais nada, vamos aos prós e contras da flipagem:

  • Potencial de Lucro Rápido: Um dos principais atrativos é a possibilidade de ganhar dinheiro rapidamente. A alta demanda inicial por ações em uma IPO pode levar a um aumento significativo no preço logo após o lançamento.
  • Alto Risco: Embora o potencial de lucro seja tentador, o risco também é elevado. Os preços das ações podem ser voláteis e não há garantia de que o valor aumentará após a IPO.
  • Competição Intensa: Muitos investidores, incluindo grandes instituições financeiras, também estão de olho nessas oportunidades. Isso pode dificultar a obtenção das ações ao preço inicial.
  • Custo das Transações: Taxas e comissões de corretagem podem reduzir seus lucros. Certifique-se de calcular esses custos antes de decidir se a flipagem é viável.
  • Tempo e Esforço: Requer acompanhamento constante do mercado e rapidez nas decisões. Pode ser exigente e estressante.
  • Implicações Fiscais: Ganhos de capital de curto prazo podem ser tributados a uma taxa mais alta. Verifique as regras fiscais aplicáveis no seu país.

Conclusão: Fazer flipagem pode ser lucrativo, mas envolve riscos significativos. É essencial fazer uma pesquisa cuidadosa, entender o mercado e avaliar sua tolerância ao risco antes de se aventurar nessa estratégia. Se você prefere uma abordagem menos arriscada, talvez investir a longo prazo seja mais adequado.

Fontes: Ipe Invest, Toro, Suno, Genial, Terra, Remessa Online, Ativa

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