O que é contabilidade mental e como se aplica?

10 de agosto de 2022, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 5 min, 54 seg


A contabilidade mental é um conjunto de operações cognitivas usadas para manter o controle das finanças. Ela envolve a forma com que o cérebro e as emoções influenciam nas decisões financeiras.

Essa teoria surgiu na década de 1980 mas ganhou notoriedade por meio das pesquisas de Richard H. Thaler, que ganhou o prêmio Nobel de Economia em 2017.

Enfim, a contabilidade mental é prejudicial, pois pode fazer com que você avalie erroneamente certas situações de consumo e tome decisões ruins.

Como a contabilidade mental funciona

A contabilidade mental é um conjunto de operações cognitivas que as pessoas usam para avaliar e manter o controle das suas finanças. Ou seja, é como o cérebro e as emoções influenciam as decisões financeiras.

A teoria da contabilidade mental teve origem na década de 1980. No entanto, ela ganhou destaque por causa do economista norte-americano Richard H. Thaler e as ciências comportamentais.

Em resumo, Thaler fez uma pesquisa sobre o assunto e ganhou o prêmio Nobel de Economia em 2017.

A teoria da contabilidade mental vai contra o princípio de que as pessoas são racionais e levam e calculam os custos e benefícios ao fazer escolhas de consumo.

A teoria econômica tradicional tem como pressuposto que os seres humanos são racionais e buscam sempre maximizar os lucros e minimizar prejuízos.

Mas o fato é que nós não processamos de maneira matemática as informações para fazer escolhas. Isso porque o ambiente influencia muito na nossa escolha.

De acordo com Thaler, o nosso comportamento de consumo tem como base os enganos que criamos na mente por meio da contabilidade mental inadequada.

Segundo os seus estudos, os fatores externos fazem com que pensemos que estamos fazendo boas escolhas, quando na verdade, estamos perdendo dinheiro.

Como ela afeta o seu cotidiano?

A contabilidade mental é um processo que usamos para organizar as nossas finanças. Por meio dela, somos levados por emoções ou racionalidade limitada e tomamos decisões de consumo ruins.

Portanto, a contabilidade mental pode estar presente sempre que você toma uma decisão de consumo.

Por exemplo, você já notou que é mais fácil gastar uma quantia maior no cartão de crédito do que em dinheiro vivo? Outro exemplo da contabilidade mental em ação, é o que as pessoas fazem com o 13º salário.

A tendência da maior parte das pessoas é alocar esse recurso para diversão e lazer. Apesar do 13º ter o mesmo valor que os outros salários.

Isso ocorre pois o cérebro vê o 13º como uma renda extra e não como o dinheiro do seu trabalho. Em caso de prêmios de loteria, a contabilidade mental também costuma entrar em ação.

Por exemplo, se você ganhar R$ 2 mil na loteria, a tendência é que você use esse dinheiro em festas, viagens e afins. Mas se os R$ 2 mil forem fruto do seu trabalho, o seu destino certamente será outro.

Como é possível notar por meio dos exemplos, a contabilidade mental pode afetar os mais diversos aspectos das suas escolhas de consumo. Por isso, é preciso tomar cuidado com ela.

Como ela se aplica às empresas?

A pesquisa que Thaler realizou não tem os negócios como foco. De fato, trata-se de uma pesquisa genérica que envolve as pessoas comuns e seus hábitos de decisões de consumo.

Contudo, a teoria pode ser ajustada para as empresas. Isso porque, no ambiente empresarial, onde o dono de um negócio tem uma rotina cheia, ele está propenso a fazer escolhas ruins.

Isso ocorre pois a pessoa não tem tempo para refletir sobre todas as decisões e pode acabar tomando decisões de forma forma simplificada e limitada, sem observar as consequências gerais.

Nesse ambiente, o tempo é o grande vilão, já que não há tempo para aprender na gestão de uma empresa, pois nem sempre é preciso repetir os processo internos até que a prática leve à perfeição.

Para você entender isso melhor vamos considerar como exemplo a compra de insumos para repor o estoque. A falha na reposição pode resultar em um prejuízo pequeno, se for escolhido um fornecedor mais caro.

Esse gasto excessivo pode ser sanado ao longo do tempo. Sendo que, com o tempo, o gestor pode aprender com a experiência e tomar boas decisões.

Como usar a contabilidade mental para favorecer o comportamento de consumo?

Entender a influência da contabilidade mental no dia a dia é uma forma de tomar melhores decisões de consumo. Isso envolve, inclusive, pensar em decisões com foco na sustentabilidade e na preservação do planeta.

Sendo assim, é essencial que você compreenda não apenas a influência da contabilidade mental, como também os seus padrões de consumo.

Além disso, o estudo do comportamento humano pode ser útil na esfera política como base para iniciativas em favor do meio ambiente.

Para que isso ocorra, é preciso traçar o que Thaler chama de arquitetura da escolha, tendo como base informações claras sobre os produtos que consumimos.

Sendo assim, a tomada de decisões conscientes envolve, por exemplo, saber qual é o real preço da energia, quais são as opções mais sustentáveis e o impacto que cada aquisição tem nas emissões de CO2.

É muito importante também, ficar atento ao marketing feito para a venda de um produto. Por exemplo, a propaganda pode fazer parecer que certo produto vegano e eco-friendly é inofensivo. Mas será que é verdade?

Rótulos mentais

A contabilidade mental estabelece que o dinheiro será gasto de acordo com o contexto que ele foi ganho. Além disso, a contabilidade mental também determina rótulos mentais no nosso padrão de consumo.

Por exemplo, se você ganhar um dinheiro de aniversário, é provável que você o rotule como um dinheiro a ser gasto com prazer e diversão. Contudo, esse tipo de rótulo pode atrapalhar a tomada de decisão sustentável.

Nesse sentido, ter rótulos claros é essencial para evitar os erros da contabilidade mental. Por exemplo, na Suíça, parte da taxa de é devolvida aos cidadãos através da redução nos custos do seguro de saúde.

Entretanto, essa medida poderia ser mais eficaz se fosse rotulada como “receita da ação climática”.

LEIA MAIS

Finanças comportamentais, o que são? Como surgiu e importância

Fontes: Ecycle, Nucont e Apprenda fixa.