Técnica da ancoragem: o que é e como usá-la?

4 de agosto de 2022, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 5 min, 0 seg


A ancoragem é um dos tipos de viés comportamental. Com a ancoragem, a pessoa tende a atribuir um peso desproporcional a certo parâmetro usado para tomar uma decisão.

Desse modo, a decisão pode ser equivocada. Sendo que, no mundo dos investimentos, uma decisão errada pode causar um grande prejuízo financeiro.

O que é ancoragem?

No mundo das finanças, a ancoragem é um tipo de viés comportamental.

Dessa forma, este conceito está ligado às finanças comportamentais, que estuda os efeitos das questões psicológicas e emocionais nas tomas de decisões financeiras.

Por meio da ancoragem, a pessoa tende a atribuir um peso desproporcional a certa referência usada para tomar uma decisão.

Com isso, a pessoa pode tomar uma decisão equivocada. Além disso, esse viés também pode fazer com que uma pessoa leve em conta uma informação que parece relevante, mas que não é, para definir o valor de um ativo.

Vale destacar que nas finanças comportamentais, existe ainda a heurística da ancoragem. Em resumo, a heurística da ancoragem é um atalho mental que age nos momentos de tomadas de decisão.

Como funciona?

A ancoragem funciona por meio de uma ação inconsciente. Ou seja, você não sabe conscientemente, que está sendo guiado pelo viés da ancoragem.

Sendo que experiências intensas e ações repetitivas, estabelecem âncoras. No entanto, nem todos os seres humanos percebem os estímulos via olfato, paladar, tato, visão e audição da mesma forma.

Dessa forma, durante o processo de ancoragem são definidas âncoras específicas para cada um dos tipos de estímulos. Portanto, temos as:

1- Âncoras visuais

As âncoras visuais são estímulos desencadeados por processos visuais. Por exemplo, um desenho animado pode te lembrar da sua infância e dos seus amigos.

2- Ancoras auditivas

Nesse tipo de âncora, a resposta é despertada por sons. Por exemplo, o canto dos pássaros pode te lembrar uma viagem especial que você fez.

3- Âncoras cinestésicas

Em resumo, as âncoras cinestésicas estão relacionadas com as experiências táteis e corporais. Por exemplo, deitar na grama pode te lembrar de um piquenique com a sua família.

4- Âncoras olfativos e gustativas

Por fim, temos as âncoras olfativas e gustativas, que estão relacionadas, respectivamente, com o olfato e paladar. Por exemplo, o cheiro da terra pode te lembrar da sua infância.

Consequências da ancoragem

No mundo dos investimentos, a consequência da ancoragem pode ser prejuízos financeiros.

Por exemplo, você pode querer manter uma posição de ativos ou comprar ainda mais ativos de uma empresa que se desvalorizou. Isso com base no preço que os ativos custavam antes.

Inclusive, uma das âncoras mais comuns entre os investidores são os números. Isso envolve, por exemplo, as previsões dos especialistas e os históricos dos ativos.

Desse modo, o investidor se baseia em números ao invés de tomar decisões racionais com base na análise dos fundamentos do ativo.

Por fim, pode ocorrer ainda do investidor tomar decisões de investimento com base em um único dado. Ou seja, ele não leva em conta os múltiplos dados sobre o ativo.

Como driblar a ancoragem?

Para driblar a ancoragem, você precisa adotar uma postura crítica. Isso envolve olhar para as informações de uma forma mais crítica e entender os fatores que as compõem.

Com isso, pode você deixar o viés de lado, e buscar entender a situação como ela realmente é. Por exemplo, a pesquisa e a avaliação de fatores pode te impedir de tomar decisões erradas no mercado financeiro.

Outra forma de driblar a ancoragem é evitar tomar como parâmetro em apenas um dado. Ao invés disso, prefira considerar múltiplos dados.

É claro que considerar múltiplos dados é mais complexo do que tomar apenas um como base. Contudo, as suas decisões serão mais precisas e seguras.

Como usar a ancoragem a seu favor?

Grande parte dos investidores é influenciado pelo viés da ancoragem. Sabendo disso, você pode montar uma estratégia de investimentos que antecipe como a massa dos investidores irá se comportar.

Vamos supor que um especialista indica o ativo XYZ. Com isso, pode haver um grande número de investimentos interessados nesse ativo.

Se você perceber que essa é uma indicação fraca, você pode aproveitar a alta demanda para vender o ativo por um preço mais alto.

Seja como for, tome cuidado. Até mesmo ao tentar usar a ancoragem a seu favor, você pode acabar caindo em um viés comportamental e sair no prejuízo.

Ancoragem no mercado financeiro

Como trata-se de uma presença subjetiva, a ancoragem influencia em vários aspectos internos e externos das empresas.

Por exemplo, ela pode afetar as avaliações de precificação de ativos, estimação de retornos, reavaliação do spread da dívida, previsão de analistas, julgamento da auditoria e etc.

No caso das finanças, a ancoragem tem uma grande relação com as experiências passadas e as informações dispostas.

Apesar de passado não garantir futuro, muitas vezes as experiências passadas podem afetar nas decisões de investimento.

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Fontes: Vox, Tc e Mais retorno.